A SeCult tem uma diretoria de Artes Visuais, que é das mais ativas na Secretaria, mas se vê algo acanhada na produção de atividades, pelo menos no contexto de uma cidade como Pelotas. Digo isto à luz das duas exposições organizadas pela entidade este ano: uma em fevereiro (veja o 1º post) e outra em abril (veja o 2º post).
A Secretaria tem um privilégio, em relação a outros municípios: focar exclusivamente na Cultura, sem a exigência de administrar outras áreas, como Educação ou Turismo, habitualmente relacionadas. No entanto, o que se observa aqui é que a gestão não vai no mesmo intenso ritmo do ambiente artístico.
A agenda de exposições da UCPel fica lotada já no início do ano, com vinte mostras, e o Hospital da UFPel programa outras tantas (cada uma de duração quinzenal). Somando as atividades do MAPP e de vários ateliês, realizam-se pelo menos 60 exposições anuais na cidade (em média, uma a cada 6 dias). Quantas delas vai organizar a SeCult em 2009? Uma a cada dois meses (veja a notícia).
A gestão cultural, em geral, já é lenta em si mesma, pela dificuldade de planejar e executar políticas de longo prazo, mas em Pelotas - cidade de boa produção artística e científica - a autoridade segura as rédeas com firmeza, e ainda parece orgulhosa do seu ritmo, como se bastasse administrar a tradição e as glórias do passado.
O Casarão 2 foi tombado em 1977, e teve que esperar 25 anos para ser restaurado; os trabalhos levaram mais dois anos, até novembro de 2005, quando ele foi batizado como Centro Cultural Adail Bento Costa (veja a notícia). Desde então, a SeCult ocupa - provisoriamente - o piso superior, até poder ir a um lugar definitivo. Enquanto isso, o Centro Cultural segue esperando o momento de utilizar plenamente seu espaço como casa de cultura, museu, galeria, e local de encontros culturais em geral. Serão precisos mais 25 anos?
Enquanto a Lei de Incentivo à Cultura não sai, a Secretaria de Cultura poderia
- aprimorar seu organograma,
- programar ações conjuntas com outras pastas,
- melhorar sua apresentação no site da Prefeitura,
- trabalhar um melhor relacionamento com os artistas e a comunidade no Conselho de Cultura,
- conhecer e apoiar mais as iniciativas em bairros periféricos e zona rural...
- talvez até, estimular que a Câmara de Vereadores tivesse uma divisão cultural.
Nas cidades com maior investimento na cultura, o Executivo e o Legislativo são criativos e incentivam a criatividade. Faltam 3 anos para o Bicentenário da Freguesia; em que situação estaremos até lá?
Fotos de Francisco Vargas.
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