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domingo, 20 de setembro de 2009

Pinturas reflexivas perdem para a estridência

De 21 de agosto a 22 de setembro, o restaurante João 100 Gilberto está expondo uma dúzia de quadros do Grupo de Pintura de Olga Reis. Além da professora, as artistas que participam são: Odette Teixeira, Eva Miozzo, Vani Almeida, Lydia da Silva e Clara Macedo.

As telas são pintadas em tinta acrílica, com motivos abstratos e figurativos, e se encontram à venda por preços entre 150 e 350 reais (contato com o Ateliê Zilah Costa).

Odette Teixeira se refere à cidade uruguaia de Colônia do Sacramento (esq.), não muito conhecida pelos pelotenses.

Situada no lado mais ocidental do Uruguai, defronte a Buenos Aires, Colônia é bem mais antiga que Pelotas, tendo sido fundada por portugueses. Seus descendentes, expulsos dali em fins do século XVIII, vieram dar justamente na nossa zona e estão entre os primeiros habitantes da Freguesia de São Francisco de Paula.

A relação histórica entre as duas cidades pode iluminar - como o farol - algo de nossa situação afetiva atual e nossa tendência a olhar o passado, as heranças e as coisas antigas sem alegria nem liberdade. A arte permite sublimar parte dessa angústia, quando ela não é alta demais.

Olga Reis reflete sobre a interioridade da mulher com suas Três Marias (detalhe, esq.), da série Rostos e Rastos. Os traços de pureza física e espiritual aludem diretamente à Maria bíblica, enquanto o elemento moderno do batom parece atualizá-la, tanto no aspecto visual como no simbólico.

Por outro lado, a relação implícita com a trindade devolve a reflexão ao terreno religioso, sugerindo que o lado feminino de Deus também se manifesta no ser humano, em seus três aspectos.

Estas reflexões não se fazem durante a refeição ou no meio dos shows, e mesmo às 18h, quando de minha visita para as fotos, se viram interrompidas pelo ensaio do grupo musical daquela noite e pela colocação de duas caixas de som por cima de alguns quadros (dir.).

Só pelo tamanho delas se pode imaginar o volume da música e a violenta incongruência entre esta última e a delicadeza da pintura. Mesmo que as caixas tivessem permitido a visão, a estridência já não deixava pensar direito. No desequilíbrio entre reflexão e percussão, predominou esta última.
Fotos de F. A. Vidal

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