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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Os troncos que atrapalham

Túlio Pinto introduziu cem toras de madeira em duas janelas de paredes internas, no segundo piso do velho edifício da Cotada. Deixando atrás os tradicionais talentos plásticos, a arte contemporânea utiliza materiais concretos para promover a autocrítica e a reflexão social.
Neste caso, a instalação-intervenção parecia representar o conselho bíblico de não considerar a palha em olho alheio e procurar ver as vigas no próprio, que - por incômodas e grandes que sejam - às vezes não as percebemos, pelo simples fato de serem parte do olho que vê.
Haverá nos pelotenses alguma tendência a criticar defeitos de outros, que na verdade pertencem ao observador, ou a lamentar-se pelos defeitos próprios, como se fossem uma tragédia? Ou estamos numa fase mais primitiva, em que nem percebemos que a visão está obstruída? Se não, busquemos remover esses obstáculos.
Fotos de Guitavares (1) e F. A. Vidal (2)

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