Sábado passado (13), o filme "Futebol, Sociedade Anônima" (2009), da produtora Moviola, conseguiu um verdadeiro prêmio: ser exibido na televisão para milhares de espectadores, no segmento "Curtas Gaúchos", da RBS. Até agora, este trabalho de Cíntia Langie e Rafael Andreazza só havia sido projetado em ocasiões especiais, nunca em cinemas regulares nem na internet.
A equipe criativa tratou um tema humano universal num local assumidamente pelotense, cotidiano e atual: o bairro Simões Lopes, na fronteira entre o centro e a periferia, entre a vida e o abandono. Na estação férrea em ruínas, um sonhador de outra época ainda espera o trem. No jogo da vida, as emoções e o desespero para conseguir coisas reais. A denúncia não poderia ser mais clara e ao mesmo tempo mais sutil.
No clipe musical que a mesma equipe produziu, um irônico Edu daMatta dá conselhos enganosos aos pelotenses: não espere o trem, esqueça seus ideais, não se apaixone, fique na zaga, deixe os outros fazerem o gol, não fale com o motorista, tente agradar a sua mãe e ao diabo. Será que alguém vai se dar conta desses impossíveis e fazer o contrário?
Se você vê que isso não dá pé,
Não deixe uma pétala na flor de bem-me-quer
Para saber se ela ainda te ama.
Não meta a mão no fogo por ninguém
E não pergunte informação ao maquinista deste trem
Para saber se ela foi embora.
Passa a bola, Mané,
Que tu não tem as perna torta nem chuta no gol
E no teu time todos querem ser o Dez.
Não meta a mão no fogo, meu irmão,
Tu vai encontrar outra mulher,
Como a tua mãe queria, como o diabo quer.
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