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domingo, 19 de setembro de 2010

Lembranças da Confeitaria Brasil

O cronista Rubens Amador traz hoje lembranças da elegante e deliciosa Confeitaria Brasil, que se situava na praça Coronel Pedro Osório, numa das esquinas com a travessa Conde de Piratini, vizinha à Biblioteca Pública. A reconstituição dos prédios na década de 1920 (abaixo) foi publicada numa página do antigo CEFET-RS (a Brasil é a casa de um piso).
A foto do queque foi tomada hoje (19) no Café Aquários. A canção do
Candy Man (Willy Wonka & the chocolate factory, 1971) tem a mesma filosofia implícita de que é a infância que nos permite adoçar a vida.
Memorizando um dias destes, com amigo contemporâneo meu, falamos um pouco da inesquecível Confeitaria Brasil, que ficava ali onde hoje está o Banco HSBC, lembrando fatos interessantes sobre aquele extinto estabelecimento.

A primeira lembrança é que lá reunia-se, diariamente, a nata dos varões economicamente bem abonados da cidade. Alguns médicos habitualmente sentavam-se em três ou quatro mesas, e lá confraternizavam diariamente. Eram então, clientes permanentes: o Comandante dos Bombeiros, Sr. Jango Costa, o Dr. Paulo Campelo, o Dr. Avelino Costa, o importador Pedro Capdeboscq e vários outros.

Acredito que, além do convívio entre amigos, havia as famosas empadas que lá eram produzidas diariamente e que Pelotas jamais viu iguais. Generosas no tamanho, eram feitas de uma massa folheada extremamente bem temperada, e no tempo certo tiradas do forno. Seu recheio era maravilhoso. Onde reinavam sempre uma ou duas azeitonas importadas, de alta qualidade. E sei, por ouvir dizer pelos últimos donos, que a fórmula das empadas e do queque - não menos famoso e jamais igualado - morreram com o que as fazia, e que era um cidadão de cor, antigo funcionário.

Ah, os queques! (corruptela de cake, bolo, em inglês), jamais foram igualados - repito - também. Sua massa era de uma leveza fantástica, sem ser pão-de-ló. Seu sabor era o de um néctar. O “olho”, aquela protuberância do bolinho em questão, era mais claro, de um amarelo bonito que contrastava com a cor característica da guloseima. Pessoas de outras cidades vinham cá comprar os queques e as empadas da Brasil.

Isto sem falar nas balas cor-de-rosa, que imitavam bonequinhos, e as balas de framboesa, as Céu Sul. A gente, quando criança, atravessava a Coronel Pedro Osório, nas noites de domingo, brincando na praça acompanhados de nossos pais, no verão. Ia-se até aquela confeitaria, em sortidas seguidas, na busca daquelas delícias inesquecíveis, que só a Confeitaria Brasil tinha, guardadas em vidros brancos, enormes, sobre o balcão. Ah, que saudade.

Tenho certeza de que muitos lembrarão daquela Casa, que era um tesouro de coisas boas, e muito bem atendida sempre. Era difícil obter-se uma mesa vaga na Confeitaria Brasil, lembro-me. Bem iluminado, aquele ambiente deixava as pessoas viverem momentos simples com imensa alegria, onde todos confraternizavam saudando-se, e abanando uns para os outros quando suas mesas estavam distantes.

Hoje, parece que distante é toda uma época que mudou radicalmente - com o “progresso” - infelizmente, para pior, só restando a saudade.
Rubens Amador
Imagens: CEFET (1), COP (2), F. A. Vidal (3)

9 comentários:

  1. Maravilhoso!!!! Ai que saudades que eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais! Parabéns pelo Blog

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  2. Parabéns pelo blog!

    Cada vez que vejo um queque minha consciência entra num redemoinho e instantaneamente me encontro na casa de minha avó, aos 10 ou 12 anos de idade, e sou capaz de sentir aroma e sabor dos queques que preparava um vizinho, na Av. Brasil, bem ali... pertinho da igreja do Padre Ozi,a uma quadra do estádio do Bancário...

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  3. Realmente a confeitaria Brasil era maravilhosa. Meu pai trabalhava lá era garçom o nome dele era Batista. Eu me deliciava com os doces de lá.Realmente nunca mais tive o prazer de comer os doces iguais. E a roupa velha que era um bolo que só eles faziam tenho saudades as empadas. Que maravilhas!

    Saudades

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  4. No meu tempo de adolescência, anos 1959 a 1963, eu ia no Cine Avenida, bem ali na Avenida Bento Gonçalves em Pelotas para assistir os filmes de Western, capa e espada e de romance. Entre os intervalos da sessões cinematográficas eu e o meu amigo alemão Ênio Storch íamos fazer um lanche num bar bem ao lado daquela famosa casa de cinema. O nosso lanche sempre era feito saboreando o famoso QUEQUE pelotense e acompanhado de um refrigerante. O Queque é um bolo pelotense e de origem inglesa (cake). Se saudade matasse, bem, se eu merecesse, estaria no Céu comendo muito Queque.

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  5. A pergunta é simples. Na famosa Fenadoce o Queque de Pelotas está presente? Bem, ouvi falar que Pelotas, a cidade cultural e com inúmeros patrimônios históricos está deixando para trás feitos do passado, ou histórias incríveis do povo pelotense. Eu estou longe, mas pessoas que visitaram a Fenadoce nos últimos tempos disseram que o famoso Queque está meio esquecido. QUEQUE É CRIAÇÃO PELOTENSE. É só olhar a história de Pelotas desde o século XIX, que saberão que o Queque esteve sempre presente e com destaque junto com outros doces pelotense. O Queque pelotense faz parte da história de Pelotas.

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  7. Eu tiver oportunidade pelas mãos de meus pais frequentar algumas vezes esta confeitaria e no meu imaginário ainda vejo e saboreio o famoso queque bem como as bolachas maravilhosas que la produziam.
    O queque realmente nunca mais provei algo igual.

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  8. O queque da foto tem um bom aspecto quando for a Pelotas vou ao aquario provar.

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  9. Brincava na praça e ia até a confeitaria tomar sorvete de creme russo

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