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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Schlee lançando "Don Frutos"

A RBS indicou 4 escritores para o Prêmio Fato Literário 2010 na categoria "Personalidade": Aldyr G. Schlee (jaguarense radicado em Pelotas), Kathrin Rosenfield (austríaca residente em Porto Alegre), Lya Luft (natural de Santa Cruz do Sul) e Verônica Stigger (porto-alegrense residente em São Paulo).
Existente desde 2003, o prêmio será entregue no próximo 15 de novembro, dia final da Feira do Livro de Porto Alegre. Antes, dia 3, Schlee autografará, na mesma Feira, uma nova obra,
Don Frutos. Zero Hora enviou a ele 3 perguntas e ele respondeu o seguinte (texto no Caderno Cultura deste sábado 23, versão impressa).

1– Os Limites do Impossível – Contos Gardelianos é um romance. Você o vê assim ou prefere classificá-lo como um livro de contos? E em algum momento pensa em escrever um texto ficcional longo?

Aldyr Schlee – Chamei Os Limites do Impossível subsidiariamente de Contos Gardelianos porque como tais os imaginei e os construí; mas sempre percebendo que podia (e até devia) levar o leitor a admitir que a trama ficcional urdida em cada história imbricava-se na de outra história e na de outra e outra... De modo que, tendo a ver todas as histórias entre si, resultava tudo numa só. Sempre estive consciente de que não queria estruturar um romance convencional. Estava apenas no exercício de meu ofício, que é duro e sério – de dizer, redizer, desdizer, contradizer o que seja, sempre bem e da melhor maneira; mas é também ofício divertido – de fazer de conta, imaginar, admitir que tudo é verdade e que não se está mentindo nem inventando; e que é, enfim, um ofício mágico – de recriar o mundo, ordenar e desordenar vidas, interferir na realidade e irrealidade.

A propósito: antes de Os Limites do Impossível, eu havia escrito um romance – que será lançado agora, na Feira. Ele se chama Don Frutos e é uma longa narrativa ficcional de 500 páginas a partir da vida de Don Fructuoso Rivera, caudilho pampeano e primeiro presidente constitucional do Uruguai, que passou os últimos meses de sua vida em Jaguarão (RS).

2– A formação de artista gráfico o ajuda no processo de escrita, especialmente na construção de cenas literárias?

Schlee – Não exatamente: o cinema me ajuda mais. Sempre, entretanto, com a certeza de que o texto, como forma de concretização da criação literária, deve se impor entre a invenção do autor e a imaginação do leitor – entre aquilo que talvez pudesse ter sido e aquilo que bem poderia ser. Aí, sobressaindo a palavra: a palavra precisa ser posta a
serviço do texto como mediadora entre o inventar e o imaginar, impondo-se e valorizando-se também pela sonoridade que oferece e pela imagem que ajuda a construir.

3– Você se considera mais brasileiro, uruguaio ou gaúcho?

Schlee – Eu sou um brasileiro sul-rio-grandense que, como escritor fronteiriço, sente-se quase uruguaio. Aqui, sobre a fronteira uruguaio-brasileira, tenho a gostosa e permanente ilusão de estar com meus leitores e personagens dentro de um particularíssimo mundo ficcional – fiel a mim mesmo e a eles –, com a sempre renovada certeza de que assim posso
melhor me dedicar honesta e autenticamente à execução de meu projeto literário.
Foto: Blog Alpialdelapalabra

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