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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

João Affonso Corrêa de Almeida, gramático de dois idiomas

Nesta crônica, Rubens Amador compartilha um dado cultural que repousava há tempos em sua memória e que veio à tona ao passar pela casa da antiga escola João Affonso Corrêa de Almeida, no Parque Dom Antônio Zattera nº 500.

Naquele domingo ensolarado eu vinha pela rua Andrade Neves, cerca de onze horas da manhã. Nas proximidades do Asilo de Mendigos, ao passar pela hoje Academia Pelotense de Letras (dir.), por associação, lembrei-me de um velho amigo, chamado Epitácio Torres, hoje delegado de polícia aposentado. Homem muito inteligente, autor de uma vintena de livros e professor de inglês, viveu por quatro anos com sua família nos Estados Unidos.

Desde os tempos de ginásio, quando nos conhecemos, estabelecemos uma grande amizade que dura até hoje. Possuo a foto do Kennedy que foi Ministro da Justiça Americana, entregando-lhe o seu diploma, na Academia de Polícia de Chicago, onde concluiu seu curso.

Pois a associação de ideias veio porque um tio seu, o professor João Affonso Corrêa de Almeida, emprestara seu nome por muitos anos à escola que ali existiu por décadas, até as bandeirantes ocuparem o prédio da hoje Academia. E aqui vai um fato histórico que poucas pessoas conhecem; eu, soube-o pelo meu querido e grande professor de português no Ginásio Pelotense, Francisco de Paula Alves da Fonseca (1893-1986).

Certo dia, em aula, contou-nos ele que fora contemporâneo e aluno do professor João Affonso, o qual — e aqui a revelação importante — foi o ÚNICO pelotense que escreveu uma gramática francesa e outra do idioma português.

Para os que gostam de história da cidade, posso informar que o professor João Affonso nasceu em 1854 e morreu em 1914, aos 60 anos. Ao subir num bonde (naquela época, puxado por alimárias), caiu fulminado por um infarto. Quando me encontrava defronte à casa da hoje Academia, lembrei-me das coisas que acabo de narrar.
Rubens Amador
Foto 1: H. Borba (Panoramio)

Helena Neves, Giane Amaral e Elomar Tambara pesquisaram sobre o ensino privado no final do século XIX, em nossa cidade (ver o artigo Professores, a alma do negócio? As propagandas impressas dando visibilidade à atuação docente em Pelotas, 1875-1910).

Entre duzentos nomes de professores, citam a atuação de João Affonso Corrêa de Almeida, de 1879 em diante: como professor — no Ateneu Pelotense e no Colégio Pelotense (anterior ao Ginásio Pelotense, fundado em 1910) — e como diretor do Colégio Sul-Americano, em 1886. Não mencionam as gramáticas do professor João Affonso.

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