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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Pelotas agradece ao dr. Gilberto L. Braga

Há algumas semanas (sábado 17-12-11), faleceu silenciosamente Gilberto Langlois Braga, hospitalizado havia algum tempo, com grave doença. Não quis velório nem anúncios, somente a cremação como humilde saída desta vida.

Apaixonado pela arte musical, batalhou com idealismo, nos últimos cinquenta anos, pelo desenvolvimento da música erudita em Pelotas e do crescimento da Sociedade Pelotense Música pela Música, fundada em 1990 (leia a história desse projeto em duas reportagens do Diário Popular: Sociedade completa 11 anos e Festa para comemorar 15 anos).

Em 2006, o médico Nei Guimarães Machado, que foi outro dos fundadores, resumiu em breve crônica (A concretização de um sonho) o papel de Gilberto Braga naqueles inícios. Em dezembro de 2010, quando do concerto ao ar livre na Av. Bento Gonçalves, uma nota do Diário Popular destacou novamente seu trabalho com a SPMM:
O sonho de Gilberto Braga frutificou e é hoje essa realidade linda, que encanta a plateia pelotense e a emociona a cada apresentação do coral e da Orquestra Filarmônica.

É um belo presente que Gilberto legou a Pelotas, que, secundado pelo esforço e pela dedicação de tantos outros idealistas, não só foi mantido sem interrupções, como ampliado em sua estrutura e aprimorado, nessa difícil mas gratificante arte de cultivar o belo através das mágicas tonalidades do canto e da música
[leia a nota completa: Música na Praça].

Incômodo com o silêncio em torno à morte do dr. Braga, o ex-secretário da SPMM José Galli escreveu a nota abaixo, publicada ontem (2) no Diário da Manhã.


Pelotas Musical deveria pôr luto

Há cerca de um ano, tentava descobrir o nome de música que, em minha juventude, ouvia com relativa frequência na Voz do Povo, chamada bem-humoradamente de "voz do poste", um conjunto de alto-falantes colocados na "ilha dos malandros", esquina da Quinze de Novembro com Marechal Floriano. Queria testar minha memória, procurando a melodia na internet.

Consultei todos os maestros e músicos que conhecia em Pelotas, mas, embora alguns lembrassem a melodia, foram incapazes de lembrar o nome do trecho. Foi então que a conhecida soprano Carmem Vera Bassols me sugeriu: "Telefona para o Braga".

Seguindo seu conselho, telefonei-lhe e, ao cantarolar-lhe a melodia, imediatamente respondeu que "via a partitura" na sua frente e que até a cantara na SPMM. Pouco depois, veio a resposta: Notturno d'amore, do balé I Milioni D'Arlecchino (Les Millions d'Arlequin)!

Assim era o Dr. Gilberto Langlois Braga. Amante desde jovem e profundo conhecedor de música erudita que, na década de 60, junto com o consagrado maestro Tagnin, fundaram o Grupo Lírico que germinou na formação e desenvolvimento da SPMM.

Nessa Associação, tinha a característica de insistir na qualidade musical e manter-se sempre em segundo plano, apesar de no tempo das vacas magras financiar do próprio bolso até o deslocamento de coralistas menos aquinhoados. Ele também foi o responsável pela vinda para Pelotas do talentoso maestro Sérgio Sisto (acima à esq.).

Faleceu há algumas semanas como viveu: sem homenagens e sem alarde. Que me perdoem se o descontento com esta nota.
J. Galli
Fotos da web

3 comentários:

  1. A gravação com Beniamino Gigli é da década de 1950.

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  2. FRANCISCO CARLOS COUTO DE MORAES06/02/2012, 22:21

    PARABÉNS ao GALLI, ao DIÁRIO DA MANHÃ e ao "blog" pela merecida homenagem ao GILBERTO LANGLOIS BRAGA. Fui colega do Gilberto na Faculdade de Direito e no Banco do Brasil. Em ambos ele era mais antigo do que eu, e saiu pouco depois que entrei - porque deixou o Banco do Brasil para dedicar-se à advocacia, em que foi muito bem sucedido. No Direito, tentou fundar um coral, com a regência do simpaticíssimo Maestro TAGNIN (que também foi meu regente no coral do COLÉGIO GONZAGA, na época do Sesquicentenário de Pelotas - há cinquenta anos - para cantar o hino da cidade, composto por ele). Tagnin tinha um ouvido fantástico. Quando o Fernando Mello da Costa (irmão do pintor, e que também tem um talento extraordinário para o desenho), que tem uma voz de baixo profundo, entrou pela primeira vez na sala, emitindo uma nota espantosamente grave, os olhos do Maestro brilharam: "de quem é esse mi, que é raríssimo?" - e tocou na tecla do piano, mostrando que realmente era um "mi" grave. A música em Pelotas deve muito ao Gilberto, sem dúvida.

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  3. Esse reconhecimento das frequências musicais sem apoio de instrumento chama-se "ouvido absoluto", como no exemplo do maestro Romeu Tagnin.

    O "ouvido relativo" é a capacidade de identificar intervalos, ou distâncias de alturas entre as notas, que é o que todos fazemos quando recordamos melodias.

    O Hino é de 1935, composto para as comemorações do centenário da Cidade de Pelotas. O que se comemora em 2012 é o bicentenário da Freguesia.

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