"Lucidez", mandala sobre vidro (25 cm) de Maria Helena Conceição Silveira |
Com a exposição “Aventura das Cores”, a psicóloga Maria Helena Conceição Silveira se iniciou na exploração do mundo da arte. O Corredor Arte do Hospital Escola UFPel mostrou, em julho de 2013, as pioneiras obras desta novel artista: mandalas e desenhos pintados sobre vidro.
Maria Helena baseia seu trabalho nos estudos de Carl Jung (1875-1961), psiquiatra suíço que formulou o conceito de inconsciente coletivo e, entre outras coisas, descobriu que as mandalas expressam conteúdos interiores do ser humano.
Jung viu que seus pacientes produziam, de forma espontânea, desenhos de mandalas, sem ter conhecimento anterior sobre elas. Segundo ele, isso significa um progresso no caminho do autoconhecimento e da individuação. Ele observou o efeito de autocura das mandalas, inclusive em si mesmo, e verificou uma dupla eficácia destes desenhos: enriquecer a ordem psíquica, se ela já existe, ou restabelecê-la, se ela desapareceu.
A psicóloga entrou no terreno da criação depois de um longo tempo de encantamento com a pintura, como observadora do que outros faziam. Para começar a construir, escolheu a transparência do vidro como suporte e a exploração de conteúdos internos como conteúdo.
Para ela, a pintura no vidro lança o desafio e a liberdade de deixar as cores seguirem seu rumo e seu ritmo. Ela declarou o seguinte, como reflexão sobre seu método:
— Mesmo quando faço um falso vitral, com um contorno pré-definido, eu preciso deixar a tinta livre para poder seguir seu curso e se aconchegar nas margens que a delimitam. Se eu não conseguir me conter nessa interferência, as cores não me darão uma boa resposta. E este é um dos grandes lances da vida. Como me segurar ante a vontade e o condicionamento cultural de controlar racionalmente o que estou pintando?
Maria Helena garante que em todas estas vivências, a satisfação é indescritível.
— Qualquer um de nós que tenha afinidade com esses materiais (tintas, cores, pincéis, vidro) pode também arregaçar as mangas, abrir as janelas da casa e da alma para ventilar os resíduos tóxicos das tintas e dos entraves pessoais, como o medo de tentar, a ideia pré-fabricada de não ter condições, de não ter criatividade, e se lançar na aventura das cores.
Para a psicóloga, as cores e seus significados são fundamentais. Segundo a cromoterapia, todas as cores têm propriedades que nos afetam diretamente, tanto física — cada cor vibra em um órgão, reequilibrando-o, de forma curativa — quanto emocionalmente, interferindo em nosso humor e nosso ânimo.
Sobre o Corredor Arte, Maria Helena filosofa:
— Sabe quando a gente vai caminhando, envolvidos em sentimentos desconfortáveis, de tensão, preocupação, medo, muitas vezes sem perceber com muita nitidez o que se passa à volta? E aí, repentinamente, somos surpreendidos por algo fora de nós que nos puxa para outra gama de sentimentos? E, momentaneamente, ficamos absorvidos por esses outros estímulos “do bem” e quando retomamos nossa caminhada, parece que estamos um pouquinho mais aliviados... Eis um dos objetivos de um espaço de arte dentro de uma instituição em que muita alegria e realização acontecem. Mas também, onde passamos por situações desafiadoras.
— O Hospital Escola merece parabéns por manter essa prioridade e por valorizar tudo isto que o Corredor Arte representa. Manter por tantos anos, um espaço de arte dentro do Hospital, se constitui num esforço persistente de fazer valer o olhar para o belo, para a criatividade, tornando possível aos que ali passam, uma pausa para conectar com outras sensações, um estímulo à conexão consigo mesmo, auxiliando na superação dos momentos difíceis, fazendo crer que é possível otimismo e alegria, mesmo que talvez numa das situações mais complexas e desafiadoras da vida.
Mandala dos 7 Chacras, pintura sobre vidro (25cm) |
Jung viu que seus pacientes produziam, de forma espontânea, desenhos de mandalas, sem ter conhecimento anterior sobre elas. Segundo ele, isso significa um progresso no caminho do autoconhecimento e da individuação. Ele observou o efeito de autocura das mandalas, inclusive em si mesmo, e verificou uma dupla eficácia destes desenhos: enriquecer a ordem psíquica, se ela já existe, ou restabelecê-la, se ela desapareceu.
A psicóloga entrou no terreno da criação depois de um longo tempo de encantamento com a pintura, como observadora do que outros faziam. Para começar a construir, escolheu a transparência do vidro como suporte e a exploração de conteúdos internos como conteúdo.
"Noite", pintura sobre vidro (30x20cm) |
— Mesmo quando faço um falso vitral, com um contorno pré-definido, eu preciso deixar a tinta livre para poder seguir seu curso e se aconchegar nas margens que a delimitam. Se eu não conseguir me conter nessa interferência, as cores não me darão uma boa resposta. E este é um dos grandes lances da vida. Como me segurar ante a vontade e o condicionamento cultural de controlar racionalmente o que estou pintando?
Maria Helena garante que em todas estas vivências, a satisfação é indescritível.
— Qualquer um de nós que tenha afinidade com esses materiais (tintas, cores, pincéis, vidro) pode também arregaçar as mangas, abrir as janelas da casa e da alma para ventilar os resíduos tóxicos das tintas e dos entraves pessoais, como o medo de tentar, a ideia pré-fabricada de não ter condições, de não ter criatividade, e se lançar na aventura das cores.
"Tarde de inverno", pintura s/vidro (15x20cm) |
Sobre o Corredor Arte, Maria Helena filosofa:
— Sabe quando a gente vai caminhando, envolvidos em sentimentos desconfortáveis, de tensão, preocupação, medo, muitas vezes sem perceber com muita nitidez o que se passa à volta? E aí, repentinamente, somos surpreendidos por algo fora de nós que nos puxa para outra gama de sentimentos? E, momentaneamente, ficamos absorvidos por esses outros estímulos “do bem” e quando retomamos nossa caminhada, parece que estamos um pouquinho mais aliviados... Eis um dos objetivos de um espaço de arte dentro de uma instituição em que muita alegria e realização acontecem. Mas também, onde passamos por situações desafiadoras.
Maria Helena Conceição Silveira |
Texto e foto da artista: Agência Completa
Imagens das obras: F. A. Vidal:
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