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sábado, 18 de abril de 2009

Estação da tristeza

Há uns dias, vimos aqui no blogue um escuro diagnóstico de nossas vias férreas, com uma imagem de nossa ex-estação em total abandono (veja o post). Num dia de sol, já entrado o outono, pensei que a Estação Ferroviária em ruínas pudesse render uma foto que não fosse tão melancólica ou dolorosa como aquela, que era ao mesmo tempo de grande beleza.
Chegando à Praça Rio Branco, que é o nome oficial daquele espaço hoje vazio (dir.), vi a estação com suas linhas solenes, tão firme como sempre, bem iluminada de cima, mas com aspecto de réu perpétuo que foi dar um passeio ao sol. Como se não fosse expressiva sua deterioração, alguém escreveu na fachada a palavra "socorro" (clique na foto para aumentar).
Nenhum elemento muito animador parecia destacar-se visualmente, exceto alguns detalhes arquitetônicos oferecendo contrastes com o céu azul (acima à esq.).
Cada detalhe do lugar merecia uma atenção específica, que poderei tratar futuramente, mas vou destacar agora o seguinte.
Ao ver-me fotografando a antiga cobertura do lado interno, literalmente caindo aos pedaços (dir.), uma senhora que passava me dirigiu a palavra, em tom mais de censura que de lamento:
— O senhor está fotografando essa tristeza?
Sua expressão facial denotava incomodidade; seria pela intromissão do fotógrafo? A segunda frase definiu, sem mediar pergunta de minha parte, a quem se dirigia sua fúria:
— Foi o governo que deixou a estação nesse estado!
As pedras falam quando o povo cala, diz o Evangelho. Mas neste caso a voz do povo ainda se escuta com força. Só os governantes estão cegos e surdos.
Fotos de F. A. Vidal.

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