quarta-feira, 8 de abril de 2009

Um blog que viaja no tempo

O Século XX é um blog feito em Pelotas, desde junho de 2008, abordando situações atuais e sobre a evolução tecnológica. Seu autor é Sérgio Fontana, engenheiro e meteorologista, que se autodefine como "viajante do tempo".

Entre assuntos históricos e conjunturais, ele integra a realidade local, nacional e internacional, tangenciando a história geral da humanidade. Às vezes mais científico, às vezes mais cultural ou sentimental, ele parece algo assim como um filósofo prático. Voa nas abstrações, como meteorologista, e caminha com o pé no chão, como engenheiro. Seus posts são variados e interessantes, precisando somente de um pouco de enxugamento ou concisão. Abordar o século vinte é um bom conceito, mas requer capacidade de síntese. A gente entende e topa a viagem.

Em 25 de março, ele se referiu ao transporte ferroviário no Brasil, deteriorado por decisões governamentais dos últimos 50 anos e agora em estado de sucateamento. Como ele diz, a privatização da malha ferroviária brasileira foi “um crime”. Ou, em termos mais poéticos: o incentivo desmesurado ao transporte rodoviário, e o consequente desincentivo ao ferroviário fez com que, aos poucos, os nossos trilhos enferrujassem e os nossos dormentes apodrecessem - literal e simbolicamente.

Após uns parágrafos explicativos, ele mostra uma impressionante imagem de Pelotas (veja o post). Em azul, as transcrições literais.

Em poder do capital especulativo, o sistema ferroviário brasileiro não foi contemplado, até hoje, com quaisquer melhorias na sua malha ferroviária que data do século XIX.
Não há uma política séria voltada para reduzir, paulatinamente, o tráfego de caminhões pesados pelas grandes rodovias, o que só pode ocorrer com a reconfiguração generalizada da rede ferroviária do país, onde os caminhões se destinem somente para transportar frações de carregamentos dos locais de produção aos terminais das linhas férreas, cabendo às composições ferroviárias o transporte pesado a longas distâncias, até os portos marítimos.

O retrato do descaso
Assim se encontram as construções que foram antes estações de trens [de passageiros] no Rio Grande do Sul.
A composição estacionada junto à antiga plataforma de embarque é da empresa que comprou os direitos de uso da malha ferroviária desta região. Aparentemente não há relação entre a tal empresa e o prédio que constitui o patrimônio público que fazia parte da RFFSA.
Por culpa das autoridades e pela ação do tempo e do vandalismo, acham-se em ruínas históricos edifícios, que muito bem poderiam estar "na ativa", se o Brasil fosse, de fato, um país sério.


Esta foto [que vale por mil palavras] é de Alfredo Rodrigues.

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