Antes
Na verdade, esse é dos casos mais fáceis e menos polêmicos de palavras compostas modificadas pelo Acordo. Grafava-se "pôr-do-sol", com dois hifens e circunflexo em "pôr". Curiosamente, o nascer do sol não requeria hifenização.
A anterior reforma, da década de 1970, conservou o acento em "pôr", monossílabo tônico, que serve para diferenciar da preposição "por". Na época, os professores de Português brincavam: era preciso, sim, pôr o acento. O circunflexo é tão útil que distingue, por exemplo: "vamos por comida" e "vamos pôr comida" - no primeiro caso, a frase indica fome; no segundo, satisfação.
Hoje
O novo Acordo ainda mantém o circunflexo em pôr. Mas retira os hifens. O composto "pôr-do-sol" ficou simplificado em três palavras, igualando-se ao "nascer do sol". Se a natureza não diferencia a aurora do crepúsculo - nem nós falamos com hifens - para que fazê-lo no papel?
Às vezes sem lógica, o Acordo conserva hifens que poderia abolir (como em pé-de-meia), mas simplifica palavras compostas, de dois modos: aglutinando-as (como em paraquedas) ou fragmentando-as (como em pôr do sol).
Ao publicar o artigo comentado, o blogue Amigos de Pelotas usou a forma nova, mas o Diário Popular criou uma peregrina versão: "pôr-do-Sol" - que, além de ignorar este Acordo internacional, inventa uma figura não contemplada na língua portuguesa: o uso de maiúscula no meio de um substantivo comum (sobre maiúsculas no meio de um nome próprio veja o post Sul-Rio-Grandense).
Foto: Eduardo Amorim/Flickr
Canal São Gonçalo serpenteia em busca do pôr do sol. |
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