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sábado, 30 de abril de 2011
Diogo Portugal descobre Pelotas
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Sarney recebe a doce comitiva de Pelotas
Ontem (28) a visita foi com o presidente do Senado, advogado e escritor maranhense famoso como José Sarney, mas cujo nome completo é praticamente desconhecido (inclusive pelo sítio do Senado Nacional): José Ribamar Sarney de Araújo Costa.
A rainha Karen e suas princesas Manoela e Juliana presentearam o hoje senador pelo Amapá com uma caixinha de doces tradicionais de Pelotas. Com 81 anos, completados este domingo (24), o sr. José de Araújo Costa elogiou a mulher gaúcha e pelotense dizendo à Corte que ali estavam presentes "os doces mais doces de Pelotas".
Foto: R. Marin (Prefeitura)
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Fotografando Pelotas satoleP
Não é usada a palavra "concurso", pois não há nenhum tipo de premiação em jogo, nem sequer pagamento de cachê. A inscrição custa R$ 30 (para sócios do MAPP, R$ 20).
Nesta primeira versão, a Mostra propõe que os participantes sigam o percurso do fotógrafo Selbor, personagem de "Satolep". As fotos que aparecem nesse livro de Vitor Ramil foram tomadas em Pelotas, provavelmente em 1920 e 1921, e serviram de base ao relato (veja a do Paço Municipal).
O concurso convida os fotógrafos de hoje a registrar os mesmos lugares, revistos por olhos do século XXI. Há dois anos, a postagem Sumiço de um casarão mostrou o lado mais dramático de nossa decadência. Os inscritos que cumprirem as condições verão suas obras expostas de 4 a 14 de julho de 2011.
terça-feira, 26 de abril de 2011
Duo Ímpar, um coquetel musical
No repertório, os experientes músicos aliam o erudito ao popular, especialmente de autores argentinos e brasileiros do século XX. Na apresentação, o duo mescla a seriedade com o bom-humor, a começar pelo próprio nome.
A próxima apresentação do Duo Ímpar será esta quarta (27), às 20h, no Centro Português 1° de Dezembro (Andrade Neves, 2042).
Imagens: Piano Class
domingo, 24 de abril de 2011
Exposições de abril e maio na SECULT
- Interconexões, telas de Adelina Lintzmaier Petiz (Sala Frederico Trebbi, Pç Osório nº 101, das 8h às 14h),
- Lembranças e Reflexões, de Henrique Amaral (Sala Antônio Caringi, Pç Osório nº 2, das 8h às 17h),
- Pinturas de Eliana Bonini (Sala Inah D'Ávila Costa, Pç Osório nº 2, das 8h às 17h).
Lançamento da Grife Para Vos, de Pimenta Buena
Em parceria com a Confraria de Ideias, a banda Pimenta Buena criou a Grife Para Vos, cujo nome passará a ser usado nos produtos e eventos de sua produção.
A apresentação do logo será feita a partir das 22h da próxima quarta-feira (27), no Bar João Gilberto, numa noite de pocket show do Pimenta Buena, mais outra edição do Poesia no Bar, e a banda uruguaia Tamiflú (rock latino-americano dos anos 80 e 90).
A marca também será aplicada ao novo trabalho do grupo Pimenta Buena, o Extended Play "Nada Original", ainda em fase de pré-estreia (lançamento anunciado para maio).
Venda de ingressos antecipados: loja N Concept e Posto Cidadão capaz (R$ 10 primeiro lote). Reservas somente pelo 9241 3016, de segunda a sexta em horário comercial, e sábados até 12h.sábado, 23 de abril de 2011
Crônica para uma Sexta-Feira Santa
Aprendi a gostar de música clássica na infância. Na sexta-feira santa, para ser mais objetivo. As emissoras de rádio, à época, não tocavam outro gênero musical. Da manhã à noite o silêncio era estilhaçado pelos mestres da música. Debussy, Chopin, Beethoven, Tchaikovsky e tantos outros nasciam das ondas do rádio, preenchendo os vazios da casa. O aparelho de rádio a pilha ficava sobre o guarda-comida verde, onde os vidros de compotas de pêssego e figo eram guardados.
Eu me sentava à mesa da cozinha e ficava quieto, deixando a estranha música invadir-me, cavando em mim ninhos, onde deixaria sementes luminosas, as quais, à medida que fosse crescendo, germinariam e se espalhariam pelo corpo chegando à alma, amansando-a.
Minha mãe, desde muito cedo, impunha silêncio na casa. Nada de correrias, brincadeiras, gritarias. O dia era de luto. Nem o cabelo castanho ela penteava. Deixava-o cair sobre os ombros, brilhando sob o sol da manhã. Ao lado do relógio de pêndulo havia pequeno oratório, onde ela de quando em quando parava a orar. Dentro havia um Cristo crucificado de madeira, chagas em vermelho. Eu podia jurar que, às vezes, o sangue gotejava no chão da varanda.
Ilusão, claro. Todavia, Napoleão, gato angorá que vivia dormindo pelos cantos da casa não achava que fosse visão. Punha-se a lamber o sangue que pingava do oratório. Enquanto lambia, jogava a cabeça para cima, presumindo algo apetitoso enfiado dentro daquela coisa horrorosa pendurada à parede, que pertencera a uma tia velha que colecionara santos. Quando a visitávamos, enquanto os adultos conversavam, eu caminhava amedrontado pela grande casa de olhos nas imagens que pendiam das paredes, nas pequenas estatuetas sobre os móveis. Davam a impressão de mudarem de lugar, rirem e piscarem os olhos onde a tristeza e a aflição boiavam.
Quanto às manchas de sangue, de olhos fechados eu nutria a esperança de que sumissem. Enquanto isso a música me invadia inteiramente. Chopin era o meu músico predileto. Ainda é, aliás, embora eu o escute em outro contexto. À minha imaginação, motivada pelos acordes dos instrumentos, desfile de seres e coisas inimagináveis se formavam. E, claro, tentava entender, como ainda faço hoje, a relação daquela tristeza toda com os ovos de chocolate escondidos, os quais, quando presenteados, encheriam a casa de felicidade.
Hoje pela manhã, ao abrir a janela e olhar o dia bonito, nuvens brancas agarrando-se a pedaços de céu, meu pensamento voou em direção às sextas-feiras santas do passado. Fechei os olhos e o som do velho relógio de pêndulo regulando as horas inundou o silêncio.
Enxerguei-me à mesa da cozinha olhando os vidros de compota, enquanto Debussy, preguiçoso e enfadado, nascia do pequeno radinho de pilha, percorria a cozinha e se deixava engolfar pelo silêncio da manhã.
Clipe 1: Prelúdio opus 28 nº 15, em Ré Bemol Maior ("Gota d'água"), de Chopin (pianista Ferruccio Busoni, áudio de 1923)
Clipe 2: Clair de Lune, da Suite Bergamasque, de Débussy (pianista Lívia Rév, aos 88 anos, áudio de 2004)
Foto 1: Crucifixo na sacristia da Catedral Metropolitana de Pelotas
Arte sacra baiana, oração mediante fotos
Até 29 de abril, a Galeria de Arte da UCPel expõe a série Bahia de Todos os Santos, 20 fotografias digitais de Francisco Vargas, tomadas em igrejas de Salvador da Bahia.
Como na mostra alusiva ao Espírito Santo (veja o post), o fotógrafo propõe a ideia de que a vida não se completa materialmente, mas que está relacionada com algo que a transcende.
Neste caso, o foco não sugere o lado espiritual da vida biológica (como na série Universo Singular), mas se concentra em artes como a escultura e a arquitetura, que por sua vez apontam à esfera espiritual humana.
As fotos mostram espaços amplos de capelas ou catedrais, e detalhes como estátuas de santos, um altar adornado ou um púlpito iluminado indiretamente pelo sol. Num dos registros (esq.) vemos o Sagrado Coração de Jesus, que denota o sacrifício de sofrimento que Deus dedica ao bem da humanidade.
Francisco (dir.) captou as imagens em 2009, quando visitou diversos templos católicos de Salvador, como a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, a Catedral Basílica, o Convento de São Francisco e igrejas do Pelourinho.
A relação entre a arte e a fé impregna as obras sacras desses templos, alguns deles com até quatro séculos de antiguidade.
Essa relação pode ser apreciada por nós indiretamente, graças a estas fotografias, tomadas com uma concentrada e sensível observação de como o homem se relaciona com Deus.
Fotos de F. Vargas (1) e W. Lima (2)
sexta-feira, 22 de abril de 2011
A eterna violência humana (crônica)
O cronista Rubens Amador traz um texto atual, em que interpreta nossa natureza e nosso futuro, à luz dos fatos históricos do último século.
Caim matou Abel, num ato de violência. David atingiu Golias noutro ato desses. Dos hunos, bárbaros antigos, até os nazistas, bárbaros modernos, este pequeno globo em que vivemos nunca teve uma paz duradoura. Conhecemos os kamikazes, armas humanas em que com o próprio corpo se tornavam petardos, levados pela intolerância mesclada com o fanatismo. Não faz muito tempo que estiveram na ativa, esses pobres homens. Pearl Harbor foi seu palco e sua finalização daquela prática.
Depois, em dose gigantesca, vieram Hiroshima e Nagasaki, o superlativo da violência, em que não foram respeitados crianças, velhos, civis, em sua maioria amainando a terra naquele momento do cogumelo.
Foi esta a violência mestra, que haverá de marcar para sempre o lado negro da humanidade. Os japoneses praticavam a violência convencional, como os seus inimigos, até as bombas, sem jamais pensarem que a ciência poderia causar uma hecatombe contra seu povo, como aquela que até hoje ainda medica vítimas dela.
Hoje, por inabilidade de governantes e intrigas entre os muçulmanos, divididos em religiões diversas em cada tribo, os fundamentalistas terroristas (“arma” difícil de combater) são o novo fulcro que se instala, e que, pior do que os kamikazes, estão se imolando e levando consigo dezenas de inocentes. Fanáticos, foram capazes de causarem o 11 de setembro, de triste memória.
Não esqueçamos das duas guerras mundiais, outro indicativo de que o homem é um ser violento e agressivo, capaz de, entre uma sinfonia e uma ópera, construir foguetes capazes de destruir uma cidade. E lembremos que os gases venenosos estiveram em evidência na Segunda Guerra Mundial. Todos nós lembramos as máscaras contra gases, que a cada sirene que tocava, crianças e cidadãos as colocavam. Mas, quando os dois lados se deram conta de que cada um poderia usar do mesmo processo, cessaram; num átimo de bom senso ante o ensandecimento de que estavam possuídos, sob a tutela da Convenção de Genebra.
Desde menino que eu ouço falar no “perigo amarelo” (Yellow Peril), referindo-se aos chineses, que talvez por terem descoberto a pólvora, sempre foram um povo temido, que procuraram manter sob a incultura e o servilismo. Os ingleses – que os dominavam – tinham à porta de seus clubes sociais um letreiro: "Proibida a entrada de chineses e cachorros." A vitória de Mao Tsé-Tung teve muito a ver com este passado de injustiças sofridas por seu povo, em mãos dos estrangeiros. Expulsaram-nos, e exerceram a violência de forma inaudita, até que as gerações posteriores se deram conta de era preciso uma forma de convivência, para saírem da miséria em que se encontravam, com seus bilhões de habitantes para alimentarem.
Hoje os chineses se tornaram polidos e espertos. Mas eu acho que ainda são o “perigo amarelo” de que ouvi falar desde criança. Será o comércio, mais uma vez, que desencadeará a nova guerra que todos nós sentimos no ar. Tem sido quase sempre a economia o pano de fundo das guerras.
Pelo meu modo de ver, estamos caindo na armadilha dos amarelos, pois, enquanto eles compram aos demais matérias-primas importantes, como o ferro, o manganês, e outras matérias estratégicas, ficamos a importar quinquilharias copiadas, de má qualidade, mas muito baratas. Estão conquistando o mundo com esses balangandãs e enriquecem de tal forma, dado que não têm uma legislação trabalhista, com um salário mínimo equivalente a 200 reais.
Mas lá a ONU e os seus aliados nada fazem como estão fazendo com Khadafi na Líbia, e já fizeram com Sadham no Iraque, até porque esses tinham muita “gasosa”, e estão comprando empresas e TERRAS em países estrangeiros, principalmente no Brasil. Nos EUA, três trilhões de dólares são empregados pelos chineses em títulos do Governo Americano, que necessita de muita grana para sair da imensa crise do capital. A sociedade comunista, hoje extinta, há setenta anos já previa que um dia isso iria acontecer, no embate capitalismo e comunismo. Os americanos estão em recessão apesar da sua grandeza, ainda hoje.
Deus queira que eu esteja errado, mas o próximo período de violência mundial que se aproxima terá o velho “perigo amarelo” como um dos principais participantes. E a história de Caim e Abel se repetirá, de tempos em tempos, até a consumação dos séculos.
Fotos da web
quinta-feira, 21 de abril de 2011
No trânsito todo cuidado é pouco
Foto: Marcel Ávila (DP)
segunda-feira, 18 de abril de 2011
domingo, 17 de abril de 2011
Via Sacra Encenada, esta terça na UCPel
Esta terça-feira (19), o grupo da Comunidade Eclesial da Trindade encenará a Via Sacra, por terceiro ano consecutivo no pátio do Campus I da UCPel. O grupo, que pertence à Paróquia Santo Cura D'Ars, se apresenta em outros pontos da cidade na mesma época.
No início da Semana Santa, a Capelania Universitária da UCPel organiza esta atividade comunitária para relembrar a caminhada de Cristo até o monte Calvário. O costume mais apegado à Bíblia é realizar a Via Crucis (Caminho da Cruz) na manhã da Sexta-Feira Santa, encenada ou não. Jesus foi condenado ao amanhecer e crucificado ao meio-dia, morrendo perto das 15h, conta a tradição.
Como nos anos anteriores, esta Via Sacra terá 15 estações, com início em frente à Capela do Campus I (rua Gonçalves Chaves, 373), às 18h.
Foto: UCPel
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Vaticano eleva Diocese de Pelotas a Arquidiocese
A Diocese de Pelotas anunciou hoje (13) sua elevação a Arquidiocese, segundo decisão tomada pelo papa Bento XVI.
A notícia foi dada em Pelotas pelo sítio da UCPel (leia a matéria) e pelo blogue da Diocese, que mudou seu nome para "Arquidiocese de Pelotas". O Diário Popular antecipou o anúncio ontem e hoje postou foto de Jô Folha (dir.) e vídeo (veja as notas).
O significado histórico dessa decisão associa-se à criação, há precisamente cem anos, da Diocese de Pelotas e da Arquidiocese de Porto Alegre. Esta última desmembra-se agora em quatro.
Os 3 novos arcebispos do Rio Grande do Sul assumirão oficialmente dia 29 de junho, em Roma, na celebração da Solenidade de São Pedro e São Paulo, quando o papa lhes entregar o pálio (esq.), que simboliza o poder arquidiocesano e a união com o papa.Na prática, a nossa diocese segue existindo igual que sempre, e surge aqui a superestrutura de coordenação arquidiocesana, realizada em Porto Alegre desde 1910 até hoje. Dom Jacinto Bergmann (foto de Wilson Lima) se mantém como Bispo da Diocese de Pelotas e adquire a função de Arcebispo Metropolitano.
No entanto, o que veremos é que ele passará a ser denominado somente como Arcebispo e Pelotas como Província Eclesiástica de Roma (com 3 dioceses).
Até hoje a Arquidiocese de Porto Alegre englobava as 18 dioceses gaúchas, o que a fazia a mais extensa do mundo, com 13,5 mil km quadrados. Para uma gestão mais ágil, o nosso Estado terá quatro arcebispos, cada um coordenando entre 3 e 6 dioceses:
- Dom Dadeus Grings para Porto Alegre, Montenegro, Caxias do Sul, Osório e Novo Hamburgo,
- Dom Jacinto Bergmann para Pelotas, Rio Grande e Bagé,
- Dom Hélio Adelar Rubert para Santa Maria, Uruguaiana, Cruz Alta, Santa Cruz do Sul, Cachoeira do Sul e Santo Ângelo, e
- Dom Ercílio Simon para Passo Fundo, para Frederico Westphalen, Erechim e Vacaria.
Fotos: DP (1), Mahal Na Ingkong (2), UCPel (3)
domingo, 10 de abril de 2011
Bingo na Cantina
O restaurante Cantina dos Sabores emprestou seu salão para o 1º Bingo Show do Coral Linguagem de Emoções, realizado durante toda a tarde e início da noite deste sábado (9).
Após o bingo, "cantado" pelas mesmas coralistas (esq.), foram apresentadas três músicas com o coro completo, seis com cantores solistas, um aluno de teclado da escola de música de Cláudia Braunstein, e o Trio VIP (Cláudia no teclado e voz, Renato Popó na bateria e Ottoni de Leon no baixo).
No primeiro ano de existência, o grupo de canto feminino, fundado e dirigido por Cláudia, cresceu rapidamente em tamanho, até ficar em cerca de 30 integrantes. Além de apresentar-se em grupo ou em canto solo, as coralistas preparam esquetes teatrais em seu Teatro Fascinação. Podem participar mulheres acima dos 50 anos de idade, sem necessidade de experiência musical ou conhecimentos de canto.
Instalada há um ano onde era a fábrica de gelo da antiga Cervejaria Ritter, a Cantina dos Sabores funciona com buffet de almoço (todos os dias exceto sábados) e restaurante à la carte (de quarta a sexta, à noite), na Rua Santos Dumont nº 137 (3025 7301).
Foto de F. A. Vidal
Grupo Superfície expõe em Porto Alegre
O Grupo Superfície, formado por estudantes de Artes Visuais da UFPel, vem reunindo-se para estudo e trabalho desde setembro de 2010. A partir de janeiro de 2011 está criando, além da produção individual, obras coletivas.
Os oito integrantes do grupo vêm trabalhando num estilo coral, com linguagens próprias que buscam o encontro de diversidades. Uma primeira criação grupal destes artistas plásticos foi vista na Laneira, em dezembro passado.
Sua próxima exposição chama-se "Poética da Coletividade", justamente com obras construídas a várias mãos. Será apresentada amanhã, segunda-feira 11 de abril, a partir das 18h, no Espaço Cultural do TRT-RS (Av. Praia de Belas, 1100, Porto Alegre). Visitação das 10h às 18h, até sexta 29 de abril.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
O dia em que o Zepelim sobrevoou Pelotas
Eu tinha sete anos de idade, mas lembro-me muito bem de onde ele surgiu, lá para o lado nordeste, a uma altura de 600 metros. Morador das imediações da hoje chamada Praça Cel. Pedro Osório, eu estava brincando, quando, de repente, vi grupos de pessoas aqui e ali olhando para o céu. Curioso, olhei para cima e vi, aproximando-se da praça, aquele enorme aparelho. Na época eu nem sabia o que era, e por certo já tinha sido anunciado, na imprensa, seu sobrevôo sobre Pelotas. Ao ver o aerostato sobre minha cabeça, podia perceber claramente, a enorme gôndola, local onde os passageiros e tripulantes se acomodavam, acenando-nos de várias janelas, e todos, do solo, retribuíam aos acenos. Viam-se lenços brancos lá do alto.
Passando por sobre a Praça Cel. Pedro Osório, o Zeppelin fez um longo círculo, tomando a direção do bairro Fragata, onde ficava a Sociedade Germânia, entidade então de muita influência social na cidade. A seu pedido, bem como da comunidade alemã, o dirigível fez aquele sobrevôo para nós inesquecível. O brilho de sua superfície prateada de duralumínio era intenso, dado ao forte sol então reinante naquela tarde.
Foi um espetáculo inesquecível, só posso repetir. Os meus contemporâneos deverão ter, vívidos, em suas mentes, ainda hoje, aquela visita famosa, pois então acreditava-se que ali estava o transporte do futuro. Pensava-se que poderia transportar mais de uma centena de pessoas, em vôo sereno, capaz de ir a qualquer parte do mundo, e sobretudo acreditava-se: altamente seguro. Essas eram, basicamente, as razões de o acontecimento ter assumido as proporções que assumiu, marcando definitivamente a própria história do mais pesado que o ar.
Graf Zeppelin sobre Buenos Aires |
Apesar da tragédia que nos privou dos dirigíveis, o sobrevôo do Zeppelin sobre Pelotas jamais foi esquecido pelos que o viram e viveram naqueles dias de 1934. Colheram-se depoimentos inusitados: Um popular entrevistado na época, no Café Caneca, no bairro do Porto, local de reunião de estivadores que lá bebericavam, disse o seguinte:
— O tal de Zé Pelin me deu um susto danado. Pensei que era uma bomba da Grande Guerra ainda voando.
Houve outras descrições interessantes, como esta:
— Minha mulher dizia que era um grande charuto, reclame de alguma marca nova.
E um punguista uruguaio bateu várias carteiras, ali na praça Cel. Pedro Osório, enquanto as pessoas olhavam maravilhadas para o Zeppelin. Soube-se que acabou preso. No dia imediato ao sobrevôo impressionante (30-06-34), a imprensa local publicou, com certa poesia:
A alma pelotense viveu, ontem, instantes de infinita satisfação e se deixou maravilhar ante a passagem serena, deslumbrante, majestosa, da grande aeronave alemã “Graff Zeppelin”, que, pela primeira vez (e seria a última), atendendo o seu ilustre comandante, o conspícuo engenheiro Sr. Eckner, aos reiterados reclamos das associações e personalidades de destaque da colônia germânica entre nós, cruzou o céu de Pelotas.
POST DATA
22-09-14
Veja a reportagem Foto do Zepelim foi montada em 1957.