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quinta-feira, 30 de junho de 2011
Telas de Henrique Amaral e Cristina Mendes
A Galeria de Arte da UCPel está apresentando, de 13 de junho a 8 de julho, a mostra coletiva de dois artistas autodidatas que vêm mostrando seu trabalho há poucos anos.
Maria Cristina Mendes apresenta flores em óleo sobre tela, na mostra "Fases". A artista formou-se em Artes Visuais em 1998 e retomou os pincéis em 2009. Seus quadros são figurativos, com formas claras e precisas, mas ela prefere expressar-se mais pelas acentuadas cores da natureza vegetal.
Henrique Almeida Amaral pinta desde 2003, e desta vez expõe “Lembranças e Reflexões”, em acrílico sobre tela. Seu estilo formal sugere primitivismo, mas os conteúdos das imagens fazem reflexões interessantes sobre a sociedade e sobre os sentimentos humanos.
Suas "Locomotivas" (dir.) cheias de movimento, ruído e fumaceira preta são personagens simbólicas, saídas de um tempo passado ou talvez utópico. A imagem não é tão realista como parece, nem deixa o espectador indiferente sobre os significados de um trem, ontem ou hoje: potência, velocidade, poluição, perigo.
Fotos: W. Lima (1) e F. A. Vidal (2)
Janelas que olham Pelotas
quarta-feira, 29 de junho de 2011
Zezinho Santos
Zezinho desde sua infância foi um apaixonado pelo mundo das artes, quer pela música como pelo desenho e pintura. Nas artes plásticas, teve aulas com seu tio, Rui Ramos, com o grande Nestor Marques Rodrigues (Nesmaro) e com Ibrahima Duquia Ribeiro. Na UFPel, cursou Educação Artística e graduação em Pintura; em Florianópolis, fez Mestrado na área Educação e Trabalho. De volta em Pelotas, exerceu o Magistério no CAVG.
Na década de 70, foi guitarrista e vocalista no conjunto Os Santos. A música lhe tornou possível profissionalizar o lazer da juventude, transitar por diversas categorias sociais, fazer muitos amigos, aprender a base das relações humanas: o reconhecimento e o afeto!
Hoje a música ainda é parte de sua vida, porém não é mais um músico profissional, toca para si mesmo e para seus amigos quando o visitam. Zezinho continua aberto a re-encontrar seus velhos amigos, a receber quem queira conhecer a ele, seu trabalho, seu espaço ecológico... enfim, considera essencial essa possibilidade de trocas entre as pessoas, considerando isto como sendo o essencial à vida!Em sua trajetória outras portas foram sendo abertas, como a pintura e a escultura.
Hoje aposentado, Zezinho Santos vive num verdadeiro paraíso ecológico que constrói a cada dia: o Trilha Jardim, que reflete muito bem sua filosofia de trabalho e simplicidade como forma de viver plenamente, com amor à natureza e ética nas relações humanas. Busca na vida simples, organizando seus jardins, uma forma de interagir com a beleza e se permitir ver o tempo e as coisas de uma forma sagrada e, assim encontrar sua verdadeira essência e felicidade.
No mundo das Artes Plásticas, transita livremente dando formas a sua imaginação prodigiosa. Tem feito uma série de esculturas em concreto celular, com a intenção de homenagear os antigos moradores de seu sítio, as vítimas da escravidão, os negros dos Quilombos. São belíssimas esculturas que traduzem toda uma cultura negra e que se integram maravilhosamente ao local.
Esta filosofia zen de viver amadureceu seu olhar para a arte que foi se tornando mais sintética, enxuta, livre de conceitos e princípios estéticos para observar e externar como ele vê e sente este mundo imensamente rico que nos cerca e que está ao alcance “daqueles que tem olhos de ver”.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Mostra de Filmes no Instituto Mário Alves
No final de cada sessão, um debate buscará a reflexão e a sistematização do trabalho que é realizado atualmente no Projeto do IMA "Memórias em Movimento: Juventude, Cultura e Política". A sede do Instituto fica na Rua Andrade Neves 821. Sempre às 17h 30min e com entrada gratuita, foram programados os filmes:
- Terça 28 de junho: Utopia e Barbárie, documentário de Sílvio Tendler (2005) sobre a geração de 1968 em todo o mundo.
- Quarta 29 de junho: O ano em que meus pais saíram de férias, filme de Cao Hamburguer (2006) sobre um menino de 12 anos que sofre a separação dos pais, por causa da perseguição política no Brasil.
- Quinta 30 de junho: Ou Ficar a Pátria Livre ou Morrer pelo Brasil, documentário de Sílvio Tendler (2007) sobre o Movimento Estudantil Brasileiro.
domingo, 26 de junho de 2011
Ana Izabel Bretanha e a busca do eu
Imagens: F. A. Vidal
terça-feira, 14 de junho de 2011
A batalha do Graf Spee no Rio da Prata
Rubens Amador narra os detalhes da Batalha do Rio da Prata, entre Inglaterra e Alemanha, ocorrida perto de Montevidéu, em dezembro de 1939. Além de nossa proximidade física em relação aos fatos (uns 800 km), o cronista menciona outra conexão histórica: parte dos víveres usados pela Marinha de Sua Majestade eram fabricados num frigorífico de Pelotas, o Anglo (em mãos de ingleses, justamente).
Logo no começo da Segunda Guerra Mundial, verdadeiras trilhas de navios ingleses levavam o famoso corned beef (carne em conserva) da Argentina para a Inglaterra, pelo Atlântico. Também daqui do Frigorífico Anglo [veja o post sobre os ingleses em Pelotas], enlatávamos tal carne para a Velha Albion. Mas os alemães trataram logo de destruir aqueles comboios que alimentavam o inimigo.
Pouco antes de a guerra ser declarada, à socapa, os germânicos já haviam construído três “encouraçados de bolso”, rápidos como cascavéis, pesadamente armados, e capazes de despejar, com canhões de onze polegadas, 500 quilos de explosivos de dez em dez segundos. Os três corsários alemães chamavam-se: Deutschland, Admiral Scheer e Admiral Graf Spee.
Eram “monstros” na sua categoria, até então jamais vistos na arte bélica do mar. Em 1939, em somente dois meses e meio, afundaram dos ingleses mais de 50 mil toneladas de importantes navios, sempre sumindo sem deixar pistas. Os ingleses estavam preocupados, porquanto o fluxo de carne e cereais da Argentina estava, literalmente, sendo sufocado pelo Graf Spee, couraçado alemão de onze mil toneladas (dir.), que operava do Atlântico Norte até o Índico.
Os britânicos destacaram três pequenos navios: o H.M.S. Exeter, de 8.400 toneladas, o HMS Ajax, de 6.200, e o HMS Achilles, de 5.600, para atacarem o perigoso Graf Spee, comandado pelo Almirante Hans Langsdorff.
Por dias seguidos, os três navios de Sua Majestade procuravam um sinal diferente no horizonte. Até que, às 5 horas da manhã de 13 de dezembro de 1939, dia claro e sem vento, foi avistada uma fímbria de fumaça, ao longe, que marcaria o início da primeira batalha naval da Segunda Guerra, aqui bem perto de nós, no Estuário do Rio da Prata, que separa o Uruguai da Argentina.
O Oficial Britânico, da ponte, gritou para o imediato: “Inimigo à vista!”. E completou: “Deve ser a nossa caça.” O alvoroço foi enorme entre os homens. E vinham mais informações: ”Fumaça a 324 graus pelo través de bombordo”! “Homens a postos!”. Pelo rádio e em código acertaram um plano de combate: em vez de manterem os navios juntos, atacariam em duas frentes, para que o inimigo dividisse o seu fogo.
O Ajax e o Achilles, deslocando-se juntos, deveriam chegar o mais perto possível do Graf Spee, para lançarem-lhe torpedos. Por outro lado, o Exeter se afastaria e lutaria de bordada, o que equivalia dizer que ficaria à própria sorte, pois, com apenas seis canhões de oito polegadas, atacaria a um encouraçado de bolso com alta capacidade de fogo, capaz de fazer voar pelos ares qualquer navio menos pesado que um couraçado verdadeiro.
Após uma troca de salvas, os navios avançaram, um para o outro, a toda força. Exatamente às 6h 23 min, uma granada do Graf Spee matou a maioria do pessoal dos torpedos de estibordo, cobrindo o Exeter com uma chuva de estilhaços. Mais seis salvas foram disparadas pelo Spee. Uma granada caiu bem no meio da torre, borrifando o passadiço com outra chuva de estilhaços afiados como navalhas.
Todos os sistemas de comunicação com a praça das máquinas haviam sido destruídos; o leme não funcionava; a principal bússola giroscópica, que dirigia o navio, fora posta fora de ação. Pois assim, desgovernado e todo estropiado, com suas máquinas a toda força, o Exeter avançava contra o Spee, como um cavalo desenfreado, enquanto o couraçado alemão disparava de dez em dez segundos com seus potentes canhões.
O Exeter já estava bem próximo do Spee, e seus disparos desproporcionais surtiram algum efeito, tendo inclusive atingido a linha d’agua do navio alemão, obrigando-o a mudar de rota. Ao mesmo tempo, o Spee respondia ao fogo inglês, demolindo os dois últimos canhões em ação no convés de vante, e o avião de patrulha do navio. Havia incêndios espalhados por todo o Exeter. Finalmente, outro tiro do Spee pôs fora de ação a última torre de canhões.
O audaz ataque do Exeter fez com que o Almirante Langsdorff, comandante do Spee, concluísse equivocadamente que havia encontrado a vanguarda de uma grande esquadra que estaria protegendo comboio importante. Raciocinando que seu sucesso como incursor dependia não de afundar navios de guerra, mas sim de impedir o trânsito de víveres, e assim forçar os britânicos a dispersarem sua esquadra, Langsdorff ordenou ao Spee lançar uma cortina de fumaça e rumar para o porto de Montevidéu.
O Ajax e o Achilles (dir.), embora sem muita esperança de sucesso, ainda avançaram para um último ataque com torpedos. O Spee imediatamente assestou seus canhões de onze polegadas sobre eles, derrubando duas torres do Ajax, e pôs-se a salvo. Eram 7h 40min daquela manhã. Toda a batalha durara menos de hora e meia. O Exeter, adernado, ardia em chamas.
O Ajax e o Achilles se posicionaram no Estuário do Prata, fora das águas territoriais uruguaias, numa paciente espera. Pelo rádio, pediam reforços adequados para uma batalha que, esperavam, seria final contra o enorme couraçado germânico.
O Graf Spee encostou em Montevidéu e pediu permissão, de acordo com o Direito Internacional, para “reparar os danos e ficar em condições de navegar” (posteriormente verificou-se que ele estava em perfeitas condições, e poderia ter facilmente partido de Montevidéu, destruído o Ajax e o Achilles, e fugido.)
Mas foi imobilizado pelo notável Serviço de Informações Navais dos ingleses, que espalhou uma complexa combinação de boatos, e enganosas mensagens telegráficas, para que caíssem nas mãos de espiões alemães que pululavam no porto de Montevidéu naquele dia. Também boa parte da diplomacia internacional daqueles dias era pró-britânica, e exerceu coação sobre o governo uruguaio, forçando os orientais a expulsarem os marujos alemães e seu barco do porto, sem tardança.
Não restava outra alternativa ao Almirante Langsdorff, que acreditava estar sendo aguardado em águas internacionais para ser destruído ou aprisionado. O golpe que assegurou este temor deu-se quando os oficiais alemães perceberam, com seus binóculos, outro navio inglês, o Cuberland, gêmeo do Exeter, juntando-se ao Achilles e ao Ajax. O Almirante perdeu então todas as esperanças. Reuniu a oficialidade e disse: “O Graf Spee tem de ser afundado. Não nos resta outra alternativa ante a pressão diplomática irresistível.” (De sua parte queriam ganhar tempo para chegarem reforços, possivelmente do Deutschland ou do Admiral Sheer).
No domingo 17 de dezembro, foram fretados vários rebocadores para transportar a tripulação para a Argentina, e o couraçado saiu para sua última viagem. No porto de Montevidéu, 750 mil pessoas aglomeradas esperavam por um desfecho. Logo o Spee saiu para águas internacionais, fundeou, e embarcou toda sua tripulação nos rebocadores para a Argentina, sob o olhar vigilante e distante dos ingleses.
Assim que o sol mergulhou no horizonte, houve uma labareda, um enorme estrondo, e o Graf Spee explodiu (esq.). Horas depois, enrolado na bandeira da velha Marinha Imperial Alemã — não na suástica de Hitler —, Langsdorff suicidou-se.
Os ingleses tiveram festiva recepção em Londres. Levados a Buckingham, o Rei Jorge VI ofereceu aos heróis a rutilante Cruz de ouro e esmalte da Ordem do Banho, a mais alta da cavalaria militar da Inglaterra. Todas as contendas bélicas são assim, desde tempos imemoriais: prosaicamente tem que haver um vencedor e um vencido, enquanto a História tudo testemunha.
Artistas homenageiam Carybé
Nascido na Argentina e naturalizado brasileiro, Carybé mostrou o Brasil e principalmente a Bahia ao mundo. Em mais de cinco mil obras de arte - entre pinturas, esculturas, painéis, murais e desenhos - o multiartista descreve, com simplicidade e colorido vibrante, o cotidiano do povo brasileiro. A graça da mulher é exaltada mediante cores e curvas sedutoras; o esforço comunitário fica evidenciado na expressão de movimentos corporais que lembram bailes coletivos.
Imagens: G. Casaretto
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Ingleses na cidade de Pelotas
Entre as comunidades de estrangeiros em Pelotas, a de ingleses é das menos documentadas, talvez por dois motivos principais: porque estes foram relativamente poucos no início, ou por ter-se ligado sua vinda, já no século XX, aos frigoríficos: uma atividade industrial e radicada em zona urbana (por oposição ao trabalho artesanal e rural, como foi o da maioria dos colonos). Junto à abolição da escravatura, os frigoríficos contribuíram a sepultar a riqueza das charqueadas, que fundou o desenvolvimento da cidade. Fiquem estas reflexões para futuros estudos históricos.
De acordo a pesquisas do escritor Joaquim Moncks (leia artigo), sete famílias inglesas chegaram a Pelotas por volta de 1840: Sinott, Stone, Ward, Anderson, Laks ou Yacks, Yeats e Moncks. Os Sinott (pronunciado sínot) se estabeleceram no Monte Bonito, na zona hoje conhecida como "Represa do Sinott" (entre nós, a sílaba tônica deslocou-se para o "o", parecendo italiano: sinótti). Isto não significa que fossem os únicos nem os primeiros ingleses em chegar a Pelotas.
O Dicionário de História de Pelotas (organizado por Loner, Gill e Magalhães, UFPEL, 2010) não menciona imigrantes britânicos, exceto um grupo de 300 ou mais irlandeses provenientes de Liverpool, que ocuparam em 1850 a Colônia Dom Pedro II, no caminho para o Capão do Leão (p. 79). Teria sido nas proximidades do Clube Campestre ou country club?
Ainda no século XIX, o empresário Irineu Evangelista de Sousa (Barão de Mauá, 1813-1889), natural da Zona Sul do Estado, manteve excelentes relações com os banqueiros e a Coroa Inglesa, teve empresas nos Estados Unidos e na Europa, mas suas ações não incidiram em nossa economia local, pois seu fim era mais o lucro: para ele mesmo e, indiretamente, para o Império Brasileiro.
Na primeira década do século XX, chegaram a Pelotas famílias de origem anglo-judaica, provenientes da Argentina e da comunidade de Phillipson (Santa Maria, RS). Salomão Millman fundou a Casa Londres, de roupas masculinas, e Miguel Galanternick abriu uma filial da firma porto-alegrense "A Moda Inglesa", de móveis e tecidos, na rua General Osório 663 (informações do blogue Querendo Deus). Sobre judeus em Pelotas há mais dados no Dicionário de História de Pelotas.
Segundo um histórico da UFPel (leia a nota), no local do novo Campus Porto existiu até 1916 a charqueada de Brutus Almeida, posteriormente a Companhia Frigorífica Rio Grande, que foi vendida, em 1924, para a firma inglesa Westerns Brothers, que transformou o local em Frigorífico Anglo. Com o mesmo nome houve outros em Barretos, SP, e em Fray Bentos, Uruguai.
De acordo à professora Neuza Regina Janke, o Frigorífico Anglo S.A. começou a funcionar em Pelotas ao redor de 1940, e o Bairro da Balsa foi ocupado por operários que vinham até de outras cidades, para morar perto do trabalho. Os empresários se ocuparam dos lucros, sem se envolver com a situação social dos trabalhadores, quase todos brasileiros. Muito poucos teriam sido estrangeiros, segundo o artigo Frigorífico Anglo e Bairro da Balsa: histórias paralelas e tão diferentes (Janke, 2009).
Em 1998, um desses ingleses, o sr. Oliver Murray Cunningham, declarou à mesma pesquisadora que não havia sido preciso construir colônias de imigrantes, pois aqui já havia mão-de-obra (com experiência nas antigas charqueadas): Não precisava buscar em outros lugares. E não vamos esquecer que Pelotas tinha uma tradição de carne (Janke, link acima). Pode-se consultar também o artigo Vilas Operárias no Rio Grande do Sul, na Revista Dimensões, vol. 24 (Janke, 2010).
Ao parecer, então, os únicos ingleses chegados a Pelotas no século XX teriam sido alguns mecânicos e administradores do Frigorífico Anglo. Com o fechamento da empresa na década de 1990, os trabalhadores brasileiros ficaram morando no Bairro da Balsa (sem boas condições de saneamento e urbanização) e os estrangeiros tiveram a opção de retornar.
Consultado sobre este tema, o cronista Rubens Amador escreveu o seguinte, em email ao editor deste blogue:
O Frigorífico Anglo foi criado pelos britânicos na Segunda Guerra, aqui em Pelotas, com o principal objetivo de mandar carne enlatada para a Inglaterra, para os soldados no front. Em barcos afundados pelos nazistas, muitas vezes ia Corned Beef do Anglo, de Pelotas, e do Frigorífico Swift, da Argentina. Também era enviada carne congelada à Inglaterra e também à África.
Em Pelotas foi fundada uma colônia muito expressiva de ingleses, que moravam no início da rua Quinze de Novembro. A Casa chamava-se Clube dos Ingleses. Fui amigo de vários deles, falávamos em inglês e português, e com eles tomei muitos whiskies 12 anos, que recebiam constantemente de familiares da Europa. Saboreei muitas latas de corned beef, que ganhava de presente. O chefe do Clube dos Ingleses era o Mr. Allan, que usava monóculo, apaixonado por uma brasileira, mais jovem do que ele.
Do time de ingleses que governava o Anglo, o gerente geral em Pelotas era o Mr. Cunningham. Havia o Mr. Kirby, o Mr. Tath, que era laboratorista e destilava o seu próprio gim, e o Mr. Grantham, cujo filho Richard hoje é Cônsul da Inglaterra na cidade de Rio Grande. Alguns brasileiros também desempenhavam altos cargos, como o Sr. Novaes (morava na Benjamin Constant, pai do hoje Coronel Novaes) e o Mr. Mendonça, filho de inglês com brasileira (de tradicional família em Pelotas), solteiro muito procurado pelas moças casadoiras de então, mas que acabou voltando para a Inglaterra.
POST DATA
22-10-13
Fiz uma revisão deste artigo, publicada na Gigalista hoje como Britânicos em Pelotas.
20-8-2020
No comentário recebido hoje neste post, a sra. Cristiane Allman Braz Santin pediu retificar, no artigo do sr. Rubens Amador, duas palavras que estimou ofensivas sobre seu avô, o chefe do Clube dos Ingleses, erroneamente identificado como "Mr. Allan".
Cristiane contribuiu com informações adicionais: seu avô se chamava Collin John Allman, nasceu em 19-5-1912, faleceu em 18-8-1985 e está sepultado no Cemitério São Francisco de Paula. A brasileira aludida no texto é Maria da Conceição Garcia Allman, nascida em 27 de janeiro de 1928, atualmente com 92 anos.
domingo, 12 de junho de 2011
Ensinamentos do Professor Pascoal
Mesmo tendo fumado em excesso, o estimado Professor Pascoal ― como era conhecido ― viveu mais de oitenta anos, vindo a morrer de pneumonia, num dos dias mais frios deste ano de 2011.
Cavalheiro à moda antiga, o professor lecionou História por várias décadas, no Colégio Municipal Pelotense e em outros estabelecimentos da cidade. Quem foi seu aluno lembra que ele passava a matéria devagar, com clareza, precisão e impecável ordem no discurso, sem faltar o humor elegante para comentar personagens e fatos históricos.
A juventude dos estudantes do Ensino Médio nem sempre permitia entender o significado de algumas ironias. Uma delas era a explicação humorística da palavra ultimato: o general comunicava ao inimigo "Se tu não cumprires estas condições, eu te mato".
Aos 15 anos de idade, um colega meu no 2º A, bom desenhista e também capaz de ironias, caricaturizou o mestre (dir.), corpo magro, bigode fino, grossos óculos, dentes amarelados pela nicotina. A irreverência mais genial foi mostrar, nas letras SP, a contradição entre a fragilidade física do homem e o seu grande poder de conhecimento.
Veja abaixo alguns ensinamentos do Professor Pascoal em 1976, das minhas notas do Segundo Grau no Pelotense:
Absolutismo Real
- O clero era isento do pagamento de impostos, mas tinha a responsabilidade da assistência social (hospitais, escolas, asilos), pois o rei não se interessava.
- Os reis eram responsáveis por seus atos apenas perante Deus; ante o povo, eram irresponsáveis.
- A burguesia tinha influência econômica mas não política; como eram mais ricos, pagavam mais impostos. Sem influir no governo e só pagando imposto, a burguesia sentia-se tolhida.
- A nobreza não pagava impostos, nem trabalhava, a não ser que fosse em ajuda do rei, no governo ou na guerra.
- As famílias nobres com muitos filhos pré-determinavam: ao primogênito, maior parcela no patrimônio; o segundo, ao Exército ou Marinha; o terceiro, ao clero; às mulheres, a família buscava esposo (se não, ao convento).
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Ganhadores do concurso sobre o Laranjal
1º lugar: O Escritor do Laranjal, de Marcos de Oliveira Treptow, pelotense residente em Jaguarão;
2º lugar: Sereia da Praia, de Lia Rosa Bachettini Duarte, escritora do CLIPE (Centro Literário Pelotense);
3º lugar: Ana Açores, de Clara Maria Ortiz da Costa.
Esperamos que os autores aceitem publicar aqui no blogue.
Foto: F. A. Vidal
terça-feira, 7 de junho de 2011
A bola e a roda, de Zé e Tatu
Imagens de divulgação
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Fotos de um amor edipiano
A sala de exposições da Sociedade Sigmund Freud reúne vinte imagens sugestivas do erotismo entre um homem jovem e uma mulher com idade para ser sua mãe. Sensível ao psiquismo, o fotógrafo mostra os dois "solteiros" - cada um com sua personalidade - e o casal em encontro.
A tragédia grega do Rei Édipo é o mito em que Freud se inspirou para batizar o sentimento do filho homem que se apaixona pela própria mãe e mata o próprio pai. Segundo a psicanálise, o menino precisa da morte do modelo paterno, no nível simbólico, para evoluir na direção da autenticidade e constituir-se como adulto.
Em sua primeira mostra conceitual, Murilo Paulsen usa o preto-e-branco para remarcar os contrastes ao máximo. A confrontação de luz e sombra realça a profunda diferença entre o mundo jovem e o maduro, e o dramatismo da relação entre homem e mulher, às vezes angustiante e inalcançável, às vezes fonte de prazer supremo. Sempre idealizada, nem sempre realizada.
Foto: M. Paulsen
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Viver, lembrar, esquecer
O Esquecimento vem sendo estudado no século XX em relação com o genocídio judaico. As revelações sobre o Holocausto mostraram à humanidade um “dever de lembrar”, especialmente quando há crimes considerados imprescritíveis, ou seja, cujo julgamento nunca deveria ser arquivado.
- Literatura, memória e trauma - Aulus Martins
- Fotografia e Esquecimento ou a “imagem sem imaginação” - Francisca Michelon
- Lembrar, esquecer, narrar - Carla Gastaud
- A conservação e restauração do patrimônio cultural como resgate da memória - Andréa Bachettini
- Museus e acessibilidade: ser visto para não ser esquecido - Francisca Michelon e Nóris Pacheco Leal
- Memória e esquecimento: por entre traços, rastros, cicatrizes e sombras - Denise Busoletti
- Arte e memória: visualidade entre-silêncios - Ursula Rosa da Silva