POST DATA 16-11-12
Páginas deste blogue
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
O espírito que pousa sobre o que restou
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
O banheiro que saiu andando e foi detido
Os banheiros químicos são colocados na praia somente no verão, e sua mobilidade foi por primeira vez demonstrada à vista de todos: é tão fácil retirá-los como devolvê-los. O que também fica claro é a baixa moralidade dos desonestos que só veem seu benefício e ignoram o bem comum.
Há um ano, a Prefeitura Municipal tentou instalar banheiros fixos na areia do Laranjal, mas houve séria oposição de veranistas e a construção ficou inconclusa. Este mês, moradores de rua se instalaram nessas obras abandonadas, pretendendo ganhar moedas como cuidadores de carros, e estavam usando os chuveiros públicos da praia (o cinismo nasceu assim, na Antiga Grécia).
Enquanto não houver uma alternativa permanente, os banheiros móveis serão manuseados como objeto útil para tirar do aperto a todos: gestores públicos, banhistas sem casa na praia, e os corruptos de plantão (e não só há corruptos na classe baixa). Somente os que têm casa e saneamento básico no Laranjal ficam tranquilos com a falta de banheiros.
Foto: Dany Ferraz
domingo, 29 de janeiro de 2012
Olhares e realidades; nuvens e pedras
A realidade não se constrói através de uma perspectiva. Aliás, nasce de múltiplos olhares. É um jogo de erros e acertos, luz, sombra, vácuo e textura.
Quem pode afirmar que o coelho está, realmente, dentro da cartola? Que o palhaço sorri enquanto chora?
Há quem prefira as sombras móveis, dançarinas.
Outros, pés fincados no chão, preferem a solidez do ferro, das pedras.
Pura ilusão. Afinal, sombra e rigidez são móveis, à mercê de peso molecular diferente.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Orquestra de violões no Festival
No auditório do Conservatório de Música da UFPel, ele dirigiu treze estudantes na execução da obra de Leo Brouwer (La Habana, 1939) "Acerca del cielo, el aire y la sonrisa" (1979), composta originalmente para orquestra de violões, em oito vozes instrumentais e duas peças: La ciudad de las mil cuerdas e Fantasía de los ecos.
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Nuvens de tempestades de verão
domingo, 22 de janeiro de 2012
Clayr Lobo Rochefort
Na década de 1930, o Diário Popular esteve fechado em dois períodos (1932 e 1937), em choque com o Estado Novo, reabrindo definitivamente em 1938, já sem a atuação político-partidária que tinha no início. Clayr veio conhecer o Diário Popular nessa segunda época, de ações sociais, anúncios comerciais, reportagens do cotidiano e colunas de opinião. Também foi redator-chefe do vespertino A Opinião Pública, de 1952 até 1961.
O jornalista entrou na vida político-partidária em 1963, como vereador pelo PSD, sendo, após o golpe militar, chefe de gabinete de Edmar Fetter, quando este foi prefeito em Pelotas (1966-68) e depois, em Porto Alegre, quando Fetter foi vice-governador (período Euclides Triches, 1971-75). Ainda no regime militar, Clayr fez a opção pelo jornalismo, deixando a função política, e radicado em Pelotas. Desde então, passou a conduzir o Diário, em sua terceira fase, de modernização (pós 1977).
Foi sob sua direção que o Diário Popular se pôs em dia com os tempos, deixando atrás os linotipos em favor do off-set, adotando o formato tabloide e a impressão em cores. O jornalista da velha máquina de escrever adaptou-se aos computadores e levou o jornal que nascera no século XIX a um público mais amplo e menos ideologizado.
Em 2002, o redator de editoriais e reportagens tomou posse de uma cadeira na Academia Pelotense de Letras, tendo como patrono o jornalista Antônio Joaquim Dias (leia notícia).
Em 2008, completando 60 anos de atividade no Diário Popular, recebeu homenagens (leia a reportagem com testemunhos de amigos) e em 2010 despediu-se da vida jornalística com o que melhor sabia fazer: um artigo em forma de uma crônica autobiográfica sobre seus 62 anos de trabalho, Jornalismo, escola de vida.
No primeiro semestre de 2011, fragilizada sua saúde, retirou-se do trabalho silenciosamente, como era seu estilo. Em janeiro, contou-me um detalhe que o Diário jamais publicou: desde 1977 estão guardados, numa gaveta, os originais ainda inéditos do livro que o cronista Irajá Nunes havia terminado em vida. O texto foi digitado após sua morte, mas os arquivos digitais ficaram desatualizados e voltaram à estaca zero, ainda esperando edição e publicação.
Hoje (22) Manoel Soares Magalhães anunciou em seu blogue Cultive Ler o falecimento do ex-colega de jornal:
Natural de Piratini, Clayr tinha um jeito interiorano de ser, calmo e pacifico, afeito à diplomacia. Em noites de boêmia, décadas atrás, quieto a um canto, meio aos veteranos do Diário, mais de uma vez ouvi Clayr cantar e tocar violão na companhia de Irajá Nunes, Honório Sinot, Hernani Cavalheiros, entre outros jornalistas, de uma época em que fazer jornalismo confundia-se com romantismo, idealismo. Em sua passagem pela direção da Gráfica Diário Popular, o velho matutino engrenou uma "primeira" e entrou de vez na modernidade.Leia O guardião da memória de Pelotas, de Clayton Rocha.
Fotos: Diário Popular (1-2), Facebook Rest Bavária (3)
POST DATA
- 9 maio 2012
Leia o artigo Lição de Amor, da jornalista Iracema de Rochefort.
- 15 fevereiro 2013
Reminiscência de Ubirajara Timm num artigo sobre Clayr e os anos 50.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Cantando a imaginação de uma cidade
Calçadas e ruas que eu nunca pensei em passar
Eu sei, o tempo muda o valor das imagens
São visões do passado e da vida que eu nunca te dei
Os homens de chapéu cruzam ruas vazias
Que pensariam da imagem do dia que nunca verão?
Um carro [Uma mulher] se afasta ao longe, talvez no mês de setembro [dezembro]
Num preto-e-branco, o momento que apenas a imagem detém
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Função amorosa da arte gráfica
O artista enxergou a tristeza da alma, e entreviu a saída pela vinculação e pela troca social. A psicóloga Júlia Fujita percebeu a frase como mostra de ressignificação e transformação, e enviou a foto acima ao blogue. O fotojornalista viu o sentimento a partir dos olhos, no ângulo em close abaixo.
Grafitagem na Rua Sete de Setembro, passando a Gonçalves Chaves |
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
A Orquestra de Sopros e o exemplo de Caxias
Neste concerto, a orquestra convidada apresentou um interessante programa: melodias de filmes (Midway March; The Good, The Bad and The Ugly), a peça Bayou Breakdown (ouça aqui), inspirada no folclore norte-americano (leia nota sobre a estreia na América do Sul por esta agrupação), a versão para orquestra do coral Cloudburst, de Eric Whiteacre, em que o público participa imitando ruído da chuva com os dedos, e uma transcrição de Alexandre Ostrovski Jr (presente na plateia), para Charqueada, de Paulo Ruschel.
No final, o regente Salvagni, que explicava cada trecho do concerto e apresentava músicos e colaboradores, convidou os pelotenses à Festa da Uva 2012. Na edição deste ano, por primeira vez a Orquestra Municipal de Sopros participará do desfile, fazendo a trilha sonora da Festa.
Mas na Pérola das Colônias não há somente esta orquestra. A Universidade de Caxias do Sul também investe na música como fator de desenvolvimento, educação e turismo: em 2001 a UCS assumiu a antiga Orquestra de Concertos da Sociedade de Cultura Musical, que hoje se denomina Orquestra Sinfônica da Universidade de Caxias do Sul.
Esses dois exemplos permitiriam uma comparação com nossa cidade? Pelotas e Caxias têm diferentes necessidades econômicas e sociais, mas ambas têm similar número de habitantes e declaram-se polos culturais do interior gaúcho. Aqui, a Sociedade Pelotense Música pela Música desenvolve com esforço um projeto sinfônico independente, enquanto a UFPel (que tem os profissionais) e a Prefeitura (que defende os interesses do município) se concentram em situações mais urgentes e lucrativas.
No vídeo abaixo, a Orquestra de Sopros de Caxias do Sul interpreta Africa: Cerimony, Song and Ritual, de Robert W. Smith, em concerto realizado em 13/04/2006, tendo como convidado o Maestro Marcelo Jardim (RJ).
Reciclando material escolar
O material pode ser novo ou não, mas deve estar apto a ser reaproveitado. A equipe organizadora confecciona kits e os distribui a quem mais necessita. A campanha não recolhe material de biblioteca, como livros didáticos e agendas usadas (aconselha-se entregar diretamente às escolas).
Locais de entrega, até 2 de março: Anchieta 4480 (3028 4480) e Av. Dom Joaquim 779. Telefones: 8416 6762 (Daniela Meine) e 8402 8878 (Denise Viana).
domingo, 15 de janeiro de 2012
Dois séculos de uma cidade em crescimento
Os 200 anos se referem à criação da Freguesia de São Francisco de Paula, antes da qual também existiu uma pré-história, aludida no artigo como a fase de "povoamento inicial". A história da cidade se estrutura com os primeiros passos de independência em relação a Rio Grande (1812 e 1832) e segue escrevendo-se até hoje, com alguns descendentes dos fundadores e com bom número de pelotenses adotivos. A comunidade toda pretende realizar a vocação de liderança que fez nascer e crescer a cidade.
Uma cidade é o resultado da ação de pessoas ao longo do tempo. O que foi por sucessivas gerações determina seu presente e projeta seu futuro. As rupturas e insucessos também deixam suas cicatrizes e estão presentes no inconsciente coletivo da comunidade, contribuindo para as expectativas e projeções. Pelotas é, assim, fruto de seus processos históricos e já viveu momentos de apogeu e de declínio.
Desde seu início, marcado pelos conflitos entre os impérios português e espanhol, abrigou diversificada população e acolheu variadas etnias. Por sua posição geográfica privilegiada à época (protegida pelo Canal São Gonçalo e com acesso ao Oceano), tornou-se importante centro industrial e comercial desde seu povoamento inicial, na segunda metade do século 18.
Século XIX
O reconhecimento se deu em 7 de julho de 1812, com a instalação da Freguesia, quando passou a sediar igreja e registrar nascimentos, casamentos e mortes. Em 1815 foi feita a primeira planta da ocupação urbana e seu crescimento a transformou em Vila em 1832, alcançando status de Cidade em 1835.
De lá para cá, viu sua economia expandir-se sensivelmente, tendo como motor a produção do charque, em longo ciclo que se prolongou até após a Primeira Guerra Mundial, quando os frigoríficos substituíram esta indústria.
A afluência gerada possibilitou enorme vitalidade cultural e política, bem como a diversificação econômica. A partir de 1850 foi palco de expressiva colonização de seu interior, com imigrações variadas (alemães, ingleses, franceses e italianos), que também dinamizaram sua produção agrícola e industrial. Estes empreendimentos foram, em sua maioria, feitos por particulares, com poucas colônias “oficiais” (cerca de 10% da área então partilhada).
Século XX
Também nas atividades urbanas foi palco de inúmeras migrações de profissionais, que lhe fortaleceram o comércio e a indústria, chegando até meados do século 20 como o grande polo da economia do interior do Estado.
Foi penalizada, após a década de 1930, com decisões geopolíticas que dificultaram a continuidade deste dinamismo, especialmente a Faixa de Fronteira. As últimas décadas do século 20 foram bastante difíceis e sua imagem desgastada por período de estagnação e perda de protagonismo.
Terceiro passo
O século 21 tem se revelado um Novo Momento, com boas perspectivas e retomada do desenvolvimento. A comunidade se engaja na celebração de seu bicentenário, cuja programação se iniciou nos 199 anos, em 2011, e se estenderá por 2012, com eventos dirigidos aos mais diversos segmentos.
Por isto, é hora de programar visitas a Pelotas onde, a cada mês, eventos significativos estarão ocorrendo e poderá ser conferida a bela história de nossa cidade, assim como desfrutados seus encantos do presente e suas otimistas expectativas quanto ao futuro.
Adolfo Antonio Fetter Júnior
Prefeito de Pelotas
Imagens: Wikipedia (aquarela de Herrmann Rudolf Wendroth), Skyscrapercity (2)
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Eufônios elevam as vozes
O primeiro espetáculo desta série foi ontem quinta (12), com apresentações informais de um grupo de eufônios (também conhecidos como bombardinos) nos corredores e na entrada do Hospital Escola da FAU-UFPel (dir.).
O jornalista Max Cirne relatou o fato (leia reportagem), fotografou e filmou para o Diário Popular (vídeo acima e abaixo).
O eufônio é um dos instrumentos de metal mais recentes, muito utilizado em bandas e orquestras norte-americanas e europeias. Na América Latina também está presente em agrupações, mas por aqui não se fazem concertos de eufônios (veja um solo com a inglesa Kim Holly Thorpe). Portanto, o que alguns pelotenses presenciaram ontem (um sexteto de eufônios) é um raro privilégio em nosso país e no mundo.
Os próximos concertos desta série, exclusiva do Festival SESC, serão nos seguintes horários e locais:
- Sexta (13), 14h: Saxofones no Hospital Escola.
- Segunda (16), 11h: Grupo de chorinhos no Asilo de Mendigos.
- Terça (17), 11h: Hospital da Beneficência Portuguesa.
- Quinta (19), 10h: Centro Social Filadélfia.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
3 anos, 950 notas sobre o capital cultural de Pelotas
O primeiro post, Reinaugurada Biblioteca antes do Natal, publicado em 8 de janeiro de 2009, falou sobre a apresentação da Orquestra e do Coro Música pela Música no Salão Nobre da Biblioteca Pública. Ao longo do primeiro ano de existência, o blogue funcionou como um arquivo de notas críticas sobre a cultura em Pelotas. Em 2010, introduzimos uma agenda dos espetáculos e exposições, para estimular a participação dos pelotenses em sua própria vida cultural.
No terceiro ano, o objetivo foi que a comunidade não somente observasse mas também esboçasse uma atitude ativa, escrevendo sobre essas atividades ou gerando eventos culturais. Esta fase é mais longa, e manteremos essa meta em 2012, ano do bicentenário de fundação da Freguesia de São Francisco de Paula. Ao completar a milésima postagem, os leitores serão convidados a dar sua opinião sobre o blogue.
Fotos abstratas
Foto: W. Lima (UCPel)
Alguns convidados do 2º Festival SESC
Na edição 2012, um dos convidados é o violinista chinês Yang Liu (abaixo), atualmente com 35 anos, e radicado nos Estados Unidos desde 1998. No Teatro Guarani, ele tocará o Concerto para Violino de Tchaikovski, acompanhado pela Orquestra Acadêmica deste 2º Festival.
domingo, 8 de janeiro de 2012
Jornal da Várzea chega ao número 100
Cães nadadores
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
Evandro Matté, diretor artístico do Festival SESC
O 2º Festival SESC começa esta segunda (9) e se estende por 13 dias, com média de 3 apresentações diárias, todas gratuitas, algumas com espaço limitado (veja a programação). Somente os concertos no Teatro Guarani requerem cadastro no SESC (Gonçalves Chaves 914), com nome, endereço, nº de CPF e identidade.