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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Vinholes, patrono da Feira

O pelotense Luiz Carlos Lessa Vinholes foi escolhido patrono da edição 2014 da Feira do Livro de Pelotas, que será aberta oficialmente esta quinta (30-10). No dia anterior, a UFPel inaugurou o novo espaço da Discoteca do Centro de Artes, agora batizada com o nome de L. C. Vinholes (v. notícia).

L. C. Vinholes aos 80, entrevistado pelo Correio Braziliense
O nome do poeta concretista, pioneiro da música aleatória no Brasil, crítico musical e divulgador da cultura brasileira foi sugerido pela SECULT e aceito pela Câmara Pelotense do Livro.

O secretário Giorgio Ronna diz que Vinholes não se destaca somente na música, mas também na cultura em geral e na literatura em especial, como criador de poesia concreta, como tradutor e como organizador de antologias literárias (v. notícia da Prefeitura).

O orador oficial da 42ª Feira do Livro é outro músico pelotense, o professor Mário de Souza Maia, pesquisador em música antiga e conhecedor da obra de Vinholes, a partir de sua dissertação de mestrado em História (PUC-RS, 1999) "Serialismo, Tempo-Espaço e Aleatoriedade: a obra do compositor Luiz Carlos Lessa Vinholes" (v. abstract). Outra pesquisa sobre o trabalho de Vinholes é a tese de doutorado em Música de Valério Fiel da Costa, Vinholes e Cage: teorias, indeterminação e silêncio (UNICAMP, 2005).

Na programação cultural da Feira (v. lista de atividades), o patrono Luiz Carlos Vinholes ministrará duas palestras, abertas ao público interessado:
  • “Retrospectiva do fazer e divulgar poesia: a ponte Brasil-Japão”, sábado 1 de novembro, 20h, na Bibliotheca Pública Pelotense.
  • “Retrospectiva do compor e criar em música: a música como liberdade”, quarta 5 de novembro, 19h, no Centro de Artes da UFPel, Auditório 2 (Álvaro Chaves 65).

Vida e obra de Vinholes

Luiz Carlos Vinholes nasceu em abril de 1933. Aos 16 anos iniciou os estudos de composição com o maestro José Duprat Pinto Bandeira, enquanto se desempenhava como tenor no Coro da Catedral e estudava canto com a professora Lourdes Nascimento, no Conservatório de Música. Aos 18, em 1951, quando participava na Orquestra Sinfônica de Pelotas, conheceu o maestro Hans Joachim Koellreutter e foi trabalhar com ele em São Paulo.

Entre 1952 e 1957 estudou canto, teatro e dança com diversos professores, em São Paulo, e começa sua primeira fase como compositor, mediante a técnica dodecafônica (de doze notas em vez das clássicas sete). Na mesma década, escreveu crítica musical para os jornais Diário Popular, A Opinião Pública, de Pelotas, e o Diário de São Paulo. Como compositor, ganha bolsa de estudos para a Universidade de Tóquio, no Japão, onde pesquisa música oriental (japonesa, chinesa e coreana). Iniciando como adido cultural no Japão, segue carreira diplomática desde anos 60, até a década de 1990 (v. biografia completa).

Vinholes no Museu do Colégio Pelotense
No final da década de 1990, Vinholes retornou ao Brasil, onde dedica parte do seu tempo ao projeto de informatização de sua técnica composicional Tempo-Espaço e à compilação de sua antologia poética “Retrato de Corpo Inteiro”, recentemente concluída, e que reúne poemas de 1947 a 2007.

Vinholes foi articulador do tratado que geminou Pelotas e Suzu, em 1963, ligando por primeira vez uma cidade japonesa com uma brasileira. Em 2013, o diplomata pelotense doou ao Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo peças de cerâmica e gravuras japonesas, reunidas por ele nas décadas em que viveu no Japão.

Também o Museu do Colégio Pelotense recebeu doações de 83 peças, incluindo objetos de uso caseiro, religioso e artefatos utilizados como decoração que compuseram a coleção pessoal de Vinholes (v. notícia no Diário da Manhã, agosto 2014).

Outras referências

Sobre o trabalho de Vinholes há duas teses e uma dissertação: PUC-RS 1999, UNICAMP 2005 (citadas acima) e UNICAMP 2011 (citada abaixo). Confira também a reportagem resumida Tradutor fala sobre conexão poética entre Brasil e Japão (Correio Braziliense, junho de 2013) e o artigo de Vinholes 80 minutos para comemorar 80 anos (v. o anúncio do concerto realizado em 26 de abril de 2013, e detalhes do programa). Entrevistas com o compositor no canal de vídeos lcvinholes.

A professora Thaís Rochefort, mestre em Letras, publicou no Diário Popular (16-06-11) o seguinte artigo sobre Vinholes, obviamente sem suspeitar que ele seria, dois anos depois, o patrono da Feira do Livro.
O compositor, músico e poeta pelotense Luiz Carlos Lessa Vinholes, radicado em Brasília, está satisfeito por haver recebido, há dias, a versão final/oficial da tese que a professora Lilia de Oliveira Rosa [v. sítio profissional] defendeu na UNICAMP, dia 24 de fevereiro de 2011 [Três peças aleatórias de L. C. Vinholes numa abordagem pedagógica para criança]. 
O trabalho de Lilia, que fica além de todas as expectativas, apresenta, discute e explora as possibilidades oferecidas por três obras de 1961, 1962 e 1979 do mestre pelotense e cria o sítio L. C.Vinholes para divulgar o trabalho que, há muitos anos, o compositor vem desenvolvendo principalmente no campo da música. O espaço virtual pode ser visitado e recebe comentários e críticas, principalmente, daquelas pessoas envolvidas com o complexo e fascinante estudo da produção musical. 
Mário Maia, L.C. Vinholes e Úrsula da Silva, em 2011
Antigo colaborador do Diário Popular, Vinholes iniciou seus estudos no Conservatório de Música de Pelotas, continuou-os em São Paulo, com o apoio de uma bolsa concedida pela prefeitura (gestão de Mário Meneghetti), e lhes deu seguimento no país e no exterior, onde exerceu missões culturais e diplomáticas em diversas embaixadas. 
Pioneiro da música aleatória no Brasil e introdutor da poesia concreta no Japão, Vinholes é conhecido pela obra produzida e consagrado por sua cultura. [...] 
Há poucos meses, Vinholes doou sua biblioteca particular de dez mil volumes a diversas instituições brasileiras, como o Arte na Escola (Pelotas), o Instituto de Cultura Japonesa da PUC (Porto Alegre) e a Casa das Rosas [v. nota]. 
Thaís de Almeida Rochefort


Fotos: CB (1), DM (2), PAE (3)

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Nauro poetiza a vida

Desde que cheguei a Pelotas, no século passado, vejo alguns pelotenses reclamando da cidade. No início eu não entendia. Como pode alguém não gostar de uma cidade linda igual a Pelotas? Eu particularmente sou um apaixonado por esta cidade que me adotou e hoje considero tão minha.

Eu nasci em Novo Hamburgo por um acidente geográfico. Deus estava com o GPS estragado no dia 9 de abril de 1969 e me colocou 300 km ao norte do meu destino. Eu tenho um relação tranquila com NH. Não a culpo por nenhuma de minhas frustrações. Quando achei que não era lá que eu queria passar os dias que restavam de minha vida, parti e fui em busca de minha felicidade.

Mas fui notando que com Pelotas o caso é diferente.

Alguns pelotenses têm uma relação de "Amor e Ódio" com a cidade onde nasceram. Eles vão embora e a história não fica bem resolvida. Alguns têm vergonha de dizer que nasceram aqui, outros vivem desdenhando mas continuam fiéis aos times daqui. Outros, por mais ricos que tenham ficado nos lugares onde vivem, passam falando que só foram embora porque "Pelotas não lhes ofereceu oportunidade".

Bom, eu, com o passar do tempo, fui recolhendo frases destes pelotenses revoltados, coloquei minhas impressões sobre elas e fiz este poema que está no livro "Andanças Imaginárias", que vou lançar no sábado (01-11) as 18h, na 42ª Feira do Livro de Pelotas (v. página do evento).

Nauro Machado Júnior

Ilustração de Sofia Machado para o poema
"Fotografia", de Nauro Machado Jr.
Nauro organizou, primeiro, um livro impresso, coletânea de seus poemas, enriquecida com desenhos da filha Sofia, onde mostra como se uniu a Pelotas, através do amor e da criatividade. 

Não satisfeito, ele armou também uma coleção de clipes, com declamações de seus poemas, feitas por seus amigos. Cada um escolheu o texto que leria e abre seu coração com um testemunho pessoal.

Este livro audiovisual é uma nova obra de Nauro, mais autobiográfica que o texto escrito, que fala da riqueza de um homem (o amor-ágape de seus amigos) e da riqueza de uma comunidade (o talento e o gosto pela arte e a sabedoria). O filme ficou melhor que o livro.

"Poetize sua vida" foi o tema da Feira do Livro de Pelotas em 2013.

O poema citado por Nauro no texto acima, Amor e ódio, foi gravado pelo livreiro e pesquisador Adão Monquelat. Confira a seguir os demais vídeos.


Jornalista Maíra Lessa declama Fotografia.
Professor Clóvis de Barros Filho declama Fotografia (desde São Paulo).
Escritor Fabrício Carpinejar declama Briga.
Cantor Joca Martins declama Inconstância.
Jornalista Márcio Melo recita Gardenal.
Joice Pereira recita Árvore da infância (desde a Itália).
Locutor Gil Azevedo lê o poema Chefe.
Jornalista Daniel Trzeciak lê o poema A Estrada.
Músico Rodrigo Munari lê o poema Não é uma graça a vida?
Sofia Mazza Machado recita seu próprio minipoema Palafita.
Jornalista Klécio Santos recita Silêncio II.
Poeta Xiru Antunes declama Prendinha.
Jornalista Sabrina Ongaratto declama Amor.
Poeta Xiru Antunes declama Tua luz me ilumina e os textos Dez Perguntas.
Fonte: Facebook

POST DATA
Nauro e Sofia são coautores das Andanças, e coautores um do outro.
30-10-14
O ator Juliano Cazarré faz a leitura do poema "Meu Fusca ficou sem gasolina de novo".
O professor de Filosofia Luís Rubira lê o trecho Trensurb, desde o metrô de Paris (vídeo abaixo).
31-10-14
Hoje o Diário Popular noticia o lançamento do livro "Andanças Imaginárias" (v. reportagem de Leon Sanguiné), com foto de Elison Bitencourt, reproduzida acima.
1-11-14
Hoje à tarde, com chuvisco e tudo, Sofia e Nauro realizaram a façanha de uma sessão de duas horas autografando como autor adulto e autora infantil, num gênero tradicionalmente considerado para adultos (v. fotos no Flickr de Gustavo Vara).
Joca Martins emocionado proclama "Um segundo antes", que Nauro dedicou à filha Sofia.
O músico Rodrigo Munari lê Poesia e o texto Terapia.
O músico Vítor Ramil lê Meu pai e o fusca azul (desde Barcelona, Espanha).
O prefeito Eduardo Leite lê Meu escritório é no café.
8-11-14
Clayton Rocha lê o texto de Nauro sobre a morte: Carpe Diem mas Memento Mori. Já é o 24º vídeo deste audiolivro. 
16-11-14
Otávio Soares lê Existência em despedida.
Clayton Rocha lê O silêncio do café.



Programa do último noitão no Capitólio


"O Céu de Suely" é produção teuto-franco-brasileira de 2006, com direção de Karim Aïnouz (v. filme completo, 1h26).
"Magnolia" é filme dirigido por Paul Thomas Anderson (EUA, 1999).
O terceiro filme será escolhido no mesmo dia, pelo público presente.
Entradas à venda no Studio CDs, Madre Mia e Centro de Artes (Alberto Rosa 62).
Fonte: Facebook

POST DATA
1-11-14
Os organizadores prometem que voltarão a promover outros noitões em Pelotas, mesmo que não seja no Capitólio, que fechará definitivamente sua antiga Sala 2. Ainda existem o Cine Art e o Cineflix (v. notícia).

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Mostra das Oficinas de Criação Coletiva

A primavera natural, no olhar conjunto de Zenilda e Claudenir
O Corredor Arte apresenta, até esta terça (28-10), trabalhos das Oficinas de Criação Coletiva, projeto de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFPel. "O olhar de primavera", título da exposição, alude à presença visual de flores e paisagens coloridas, como na imagem acima, utilizada para o convite aberto.

Por outro lado, o olhar da saúde e do humanismo também pode mostrar a primavera como a fase de renascimento do ser humano, de seus sonhos, de seus sentimentos mais profundos. O sol poderia simbolizar o resgate da figura paterna, ou a iluminação da consciência, enquanto as flores no gramado sugerem a fertilidade interna, ou a aceitação de mudanças afetivas.

A atual apresentação das Oficinas traz, além das paisagens, algumas expressivas figuras humanas, como a introspectiva mulher com a boneca (esq.) e a mulher de preto com chapéu (abaixo). Cada artista projeta na produção gráfica os traços que ela mesma precisa recuperar: a maternidade, a sensibilidade, a subjetividade.

Como tem sido costume anual, uma exposição do Corredor recorda o Dia Mundial da Saúde Mental, o 10 de outubro, com a participação dos integrantes das Oficinas, tanto em trabalhos coletivos como em alguns individuais.

Aqui no blogue, informamos sobre mostras anteriores das Oficinas Coletivas (v. o artigo de 2012 Criação artística contribui à saúde mental e a postagem de 2009 Saúde é FundaMENTAL).

Direcionado a pessoas com transtornos mentais, o projeto busca restabelecer nelas o sentido de cidadania, mediante ações artísticas com apoio de equipes interdisciplinares, em nível de prevenção. Este ano, as oficinas tiveram a coordenação da artista Marta Fehn Fiss e das assistentes sociais Nilza Bertoldi, Lenara Stemalke, Anete Bertoni e Marlete Araújo.

Sem relação aparente com a primavera,
o preto sugere morte e eventual renascimento.
As sessões de trabalho nas Oficinas são acompanhadas por psiquiatras, que nas pinturas buscam identificar sentimentos e analisar traços de personalidade dos artistas-pacientes. Sobre a inclusão nestas ações artísticas, o residente em Psiquiatria Matheus Copi explica em que sentido elas são benéficas:
As oficinas possibilitam o convívio social dos pacientes, que muitas vezes ficam isolados em casa, e desta forma eles podem trabalhar em atividades diferenciadas.
As pesquisas apontam que a expressão artística, tradicionalmente realizada de modo individual, aumenta a realização pessoal e ajuda a melhorar e conservar a saúde mental. O uso da arte mostra que o processo criativo pode tanto reconciliar conflitos emocionais, como facilitar a autopercepção e o desenvolvimento humano.

No modo de criação coletiva, os participantes são estimulados a manifestar seu íntimo de diversas formas, e isto faz com que o grupo confraternize. Não só o diálogo de subjetividades, mas a necessidade de acordo para a expressão do sentimento comum, são fatores que levam a uma renovação mental e espiritual, que faria muito bem a qualquer ser humano, são ou enfermo, criança ou adulto.

Quando a força das cores se impõe por sobre a nitidez das formas,
a pessoa está mostrando que suas emoções não se submetem ao controle racional.
Imagens: Corredor Arte (1, 4), F. A. Vidal (2, 3)

Poesias ilustradas: arte literária e fotográfica


A Professora Loiva Hartmann, integrante da Academia Pelotense de Letras e patrona deste blogue cultural, convida o público pelotense à abertura de exposição de suas Poesias Ilustradas, desta vez no andar térreo da Biblioteca Pública.

A atividade se insere na programação da 42ª Feira do Livro de Pelotas, e terá início às 18 horas da próxima sexta (30-10). As fotografias da mostra pertencem a Daniel Giannechini. A vernissage terá também a participação musical da tecladista Joaquina Porto.

A inauguração oficial da Feira será logo a seguir, às 19h30, na praça Coronel Pedro Osório, com intervenções do patrono Luiz Carlos Lessa Vinholes e do orador Mário de Souza Maia, ambos destacados músicos pelotenses.

A visitação poderá ser feita nos horários habituais da Biblioteca, durante os dias da Feira, que conclui no domingo 16 de novembro.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Grupo Superfície esvazia o ateliê


O Grupo Superfície está formulando um novo projeto, para o qual requer captação de recursos. Para levantar fundos, as artistas estão pondo à venda seus últimos trabalhos com descontos nos preços, o que pode ser oportuno na época de fim de ano, quando é costume dar presentes e renovar ambientes (v. a página Esvaziando o Atelier).

O grupo nasceu em setembro de 2010, com 9 integrantes, na época estudantes de artes na UFPel e professora orientadora. O coletivo artístico tem participado em diversas exposições com suas obras, em cidades gaúchas e no Uruguai, sempre aperfeiçoando seus métodos e ampliando a criatividade.

Há um ano, as seis integrantes completaram o projeto de pintura externa da escola Alfredo Dub, usando grafitagem à base de seu método de criação (veja fotos). Em 2013, exploraram também a criação coletiva na área gastronômica, no projeto Jantar com Arte, do Espaço Ágape.

As telas ora à venda, pintadas principalmente com tinta acrílica, têm dimensões de cerca de um metro de altura e largura, mas também existem obras em tamanhos menores. Sobre o novo projeto, as "superficianas" ainda não revelaram detalhes (veja neste blogue algumas notas sobre atuações do grupo).

Detalhe da obra Itinerantes III (2013), criada à base do método exclusivo do Grupo Superfície
Imagens: Grupo Superfície

sábado, 25 de outubro de 2014

Formação para o servidor político

Em fins do século passado, o antigo candidato a presidente Enéas Carneiro (1938-2007) desfazia das motivações dos políticos (vídeo abaixo), enquanto os jornalistas tentavam fazê-lo retratar-se de sua exigente postura ética. Hoje em dia, já é difícil lembrar o que seja a prática dos bons valores na política, na educação e na convivência.

Há precisamente dez anos, a ponto de realizar-se uma eleição municipal em todo o Brasil, o professor e artista Luiz Vasconcellos publicou o artigo "Pouca ou muita vergonha?", questionando o perfil de capacidades dos candidatos à Câmara de Pelotas e propondo uma melhor forma de selecioná-los. O mesmo poderia aplicar-se ao resto do Brasil.


Pouco antes da eleição municipal seguinte (2008), o jornalista Eduardo Lima Silva voltou ao tema da formação dos políticos, destacando que 30% de nossos candidatos somente "lê e escreve", quando se define seu nível educacional. Confira abaixo as reflexões.



Pouca ou muita vergonha?

Tenho alguma experiência em avaliação de cursos profissionalizantes: perfil de conclusão, postos de trabalho, estrutura curricular, conteúdos, competências e habilidades. Esta eleição [municipal] me fez pensar na qualificação profissional de um vereador... quais são os conhecimentos e aptidões que alguém, que quer representar e atuar em favor de sua comunidade, deve possuir?
  1. Letras
    Com certeza conhecimentos aprofundados de português, gramática e literatura para se expressar de forma correta e poder redigir projetos e proposições. Saber de constituição, legislação, código civil, alçadas e responsabilidade de cada poder é pressuposto óbvio.
  2. Números
    Noções básicas de matemática aplicada para entender de orçamentos, licitações e destinação de dinheiro público, são também bastante importantes.
  3. Valores
    Ética, moral e consciência cidadã deveriam ser estudadas e debatidas, para se ter uma atitude condizente com a postura de agente popular.
  4. História
    Uma disciplina fundamental seria história da política, mundial, nacional e local, para uma visão ampliada e referenciada do trabalho a ser feito.
  5. Mentalidade
    Psicologia aplicada ajudaria a entender os anseios de seus eleitores e poder tratá-los de forma profissional e dedicada e sem aquele falso paternalismo tão comum.
  6. Atualidade
    No mínimo, aquela cultura básica de ler livros e jornais e saber discutir assuntos de forma consciente e bem posicionada. 
    Agora... sendo obrigado a assistir este desfile de candidatos à Câmara Municipal, pergunto: qual a porcentagem dos candidatos que têm este perfil mínimo? Dez por cento... é muito!

    Sem preconceitos com meus concidadãos, questiono de forma veemente as nominatas que as coligações nos apresentam. "Vergonha" é um termo brando, esquálido e singelo para o que se tem visto e ouvido.

    Culpo os partidos e seus caciques locais, que usam de um expediente espúrio para aumentar os votos na legenda. Permitem que pessoas sem a menor condição de representar o povo de maneira digna e competente, subam ao palanque da tevê para dizer absurdos, falar do que não conhecem, prometer o que não podem.

    Cabos eleitorais se submetem ingenuamente à chacota de seus amigos e vizinhos. Alguns sabem que não têm chance de se eleger, mas ficam na esperança da participação futura em alguma "boquinha", perpetuando uma das mais nocivas práticas politiqueiras.

    Infelizmente, este tipo de procedimento está arraigado em nossa cultura política, desmotivando os jovens e aqueles que sonham com um futuro melhor para sua cidade. Vamos denunciar e exigir mudanças nesta forma desonesta de se tratar a política.

    Luiz "Minduim" Vasconcellos
    Diário Popular, 30-09-2004


    Uns às urnas, outros às aulas

    Os analfabetos nunca tiveram chance de voltar à escola. 

    Essa frase circula pela rede mundial de computadores entre as chamadas “pérolas de vestibulares” – respostas engraçadas ou sem lógica. Contudo, o indeferimento por analfabetismo de algumas candidaturas no atual processo eleitoral concedeu algum sentido a essa sentença. É o caso que envolve seis pretendentes ao cargo de vereador em municípios da Comarca de Taquari e outros sete no Estado, que aguardam julgamento do Tribunal Regional Eleitoral gaúcho.

    A epígrafe adquire força porque o posicionamento do Judiciário significa a oportunidade de que esses cidadãos retornem às aulas. Ao invés de seguir o caminho das urnas, que pode levar à Câmara de Vereadores, nos próximos quatro anos eles terão a chance de voltar para a escola. E vão precisar.

    O teste de alfabetização no qual foram reprovados consistia em dois ditados, um com seis tópicos e outro com o trecho de uma crônica. Além disso, os candidatos deveriam preencher seus dados pessoais como nome, data de nascimento e profissão. Ou seja, precisavam dar uma pequena prova que sabiam escrever. Mas não conseguiram.

    O número de analfabetos flagrados entre os registros de candidaturas é ínfimo. Porém, o que deveria causar mais preocupação são os 6.644 disputantes cujo grau de instrução se resume a ler e escrever. Eles representam quase 30% do total no Rio Grande do Sul. Em princípio, todos habilitados a passar em um teste primário de escrita, mas talvez incapazes de exercer uma das principais atividades legislativas: representar a população na avaliação de projetos de lei.

    Para tanto, mais do que ter a aptidão para enfrentar um ditado, é preciso ser capaz de compreender um texto escrito. Caso contrário, se está sujeito a decidir sobre o que não entende ou ser manipulado por interpretações de terceiros.

    Em uma reforma política séria, critérios que definam melhor a forma de verificar o grau de instrução dos candidatos deveriam ser estabelecidos. Sugere-se lembrar o que dizia Mario Quintana: "Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem". Incluem-se aí também os que não entendem o que leem.

    Discriminação? Não. Sempre será uma oportunidade para eles irem à escola.

    Eduardo Lima Silva
    Jornalista e perito criminalístico
    Diário Popular, 28-8-2008
    Imagem: Facebook

    quinta-feira, 23 de outubro de 2014

    Noitão no Capitólio, por última vez

    No silêncio de uma noite de primavera, o fantasma do antigo cinema ressuscitou, com sala lotada. 
    Um grupo de professores, alunos e ex-alunos do Centro de Artes da UFPel (PET Artes Visuais) está organizando uma última sessão de cinema no mezanino do antigo Cine Capitólio. O Noitão começa no fim do sábado 1 de novembro e termina ao amanhecer do domingo 2.

    A história do Noitão

    O Cine Capitólio funcionou desde 1928 em Pelotas e criou história na cidade. Em 2007 o tradicional espaço fechou suas portas e foi convertido em estacionamento, para nunca mais ser reativado.

    No entanto, ainda conserva em seu andar superior uma sala de projeção que está sendo novamente revitalizada pelo grupo PET (Programa de Educação Tutorial) da UFPel, especialmente para a exibição cinematográfica do projeto Noitão de Cinema. Após o evento, a sala não estará mais apta para projeção de filmes.

    Em 10 de setembro de 2011 realizou-se a primeira edição do Noitão de Cinema (v. página do evento), também organizado pelo grupo PET do Centro de Artes, e iniciou-se a revitalização da sala, com o apoio dos atuais proprietários do prédio.

    A notícia foi amplamente divulgada na época (v. nota Noitão de Cinema é sucesso no Capitólio e a crônica do Diário Popular Noitão de cinema é marcado pelo saudosismo). As entradas esgotaram-se em dois dias de vendas.

    O formato do evento

    Renasceu por uma noite o cinema de calçada,
    com fila de espera, pipoca etc.
    Até o dia da exibição, serão obtidos os sistemas de som e de projeção para a exibição dos filmes, assim como a dinâmica do foyer, que contará com um quiosque para a venda de cafés e salgados. Além disso, os espectadores que ficarem até o final da exibição receberão um kit café da manhã, tudo isto seguindo o mesmo formato da primeira edição do evento.

    O Noitão de Cinema é um projeto de extensão em formato de evento e tem como objetivo principal a preservação da memória dos cinemas de calçada da cidade de Pelotas. Além de revitalizar o espaço, abandonado desde 2007, a atividade também busca mostrar filmes que não entram no circuito comercial.

    O evento se inspira no Noitão Belas Artes, promovido pelo Cine Belas Artes da cidade de São Paulo, que apresentava maratonas de filmes, durante uma madrugada por mês.

    A sessão será aberta à comunidade, com número limitado de ingressos a preço justo, com fins apenas de custear a limpeza e materiais para que a mostra se realize, sem fins lucrativos (em 2011, o valor foi de 5 reais). Os ingressos serão vendidos a partir desta segunda-feira (27-10), até a sexta seguinte (ou até esgotarem), no Núcleo de Extensão e Divulgação do Centro de Artes (Alberto Rosa 62, sala 106).

    Somente 300 insones presenciarão a última sessão de cinema.
    Fonte do texto: E-Cult

    terça-feira, 21 de outubro de 2014

    O Caso do Pênalti: o jogo que demorou 15 dias

    O Estádio Boca do Lobo ganhou o nome por causa da esquina nordeste (acima à esq.), onde o ângulo das vias
    (Gonçalves Chaves e Domingos de Almeida) formam uma "boca de lobo" (foto: F. L. Fonseca, agosto de 2006).

    80 anos do pênalti mais longo de Pelotas

    Diz um dos mais famosos clichês futebolísticos que o pênalti é tão importante, que até o presidente do clube deveria batê-lo.

    Imagine agora essa cena inusitada: um estádio lotado, com juiz e bandeirinhas [mas sem os times em campo], e onde todos aguardam pelo pênalti a ser batido. E não havia nenhuma decisão por pênaltis naquele dia; [era uma única penalidade]. Parece surreal, mas isso realmente aconteceu aqui em Pelotas, 80 anos atrás [30-09-34].

    O pré-jogo

    1934 foi um ano muito agitado pelo mundo. No Brasil, Getúlio Vargas assumia de fato a presidência constitucional e, na Alemanha, Adolf Hitler acabava de concentrar o poder total em suas mãos após a Noite dos Longos Punhais e o falecimento do presidente Hindenburg. Ali perto, na Itália, a seleção italiana acabara de ganhar a Copa do Mundo de futebol, que foi marcada pela constante intervenção do fascismo, representada pelo seu líder Benito Mussolini.

    Aqui em Pelotas, o campeonato citadino daquele ano era disputado com ardor pelos clubes locais, com todos buscando o tão sonhado título.

    O Farroupilha (então chamado 9º Regimento de Infantaria) e o Pelotas (v. história do clube) logo se destacaram de todas as outras equipes no campeonato, e toda a cidade, especialmente os torcedores das duas equipes, aguardava ansiosamente esse duelo.

    A partida

    Grêmio Atlético Farroupilha (1926), o Fantasma
    Esporte Clube Pelotas (1908), o Lobão
    A 15 de setembro, o jogo foi realizado na Boca do Lobo (então chamada de Estádio da Avenida Bento Gonçalves). Parecia um jogo como tantos outros, eletrizante e emocionante a cada jogada de ambos os lados.

    Cardeal estava numa jornada irrepreensível ao marcar os dois gols que dariam a vitória ao time do Regimento.

    Foi então que a história começou a ser escrita. No último lance do jogo, Celistro cometeu um pênalti desnecessário e o juiz preparava-se para marcar a infração. Porém, naqueles tempos, havia a figura do cronometrista, que deu por encerrada a partida um pouco antes da hora.

    Nesse instante, os torcedores das duas equipes invadiram o campo e o jogo foi suspenso até resolver o impasse que se seguiu. E uma pergunta ecoou por toda a cidade: o pênalti deveria ser batido ou não?

    O desfecho

    Alguns dias depois, a Liga Pelotense determinou que o pênalti seria mesmo batido e marcou para 30 de setembro a data da cobrança. Na cidade, não se falava outra coisa a não ser o “Caso do Pênalti” e todos aguardavam com entusiasmo o desfecho dessa história.

    Veio então o grande dia. O estádio estava praticamente lotado, com todos querendo ver a dita cobrança de pênalti.

    De um lado, o ponteiro do Pelotas, João Pedro, conhecido como o “Canhão Pelotense” devido ao chute potente que tinha e, do outro, o goleiro Brandão, um dos destaques da equipe do Regimento.

    O vento soprava levemente no estádio e, em todos os cantos, os torcedores prendiam a respiração.

    Para aumentar ainda mais a expectativa, o vento soprou a bola para fora da marca de cal e João Pedro arrumou a bola pra bater. Brandão saiu rápido do gol e foi cumprimentar o ponteiro pelo gesto.

    Então João Pedro correu, soltou a bomba... e Brandão defendeu magistralmente, garantindo a vitória e abrindo o caminho para o título local, que o Regimento ganharia no final daquele ano, o primeiro título citadino de sua história.

    E assim, o “Caso do Pênalti”, como ficou conhecido esse episódio, entrou para a história como um dos acontecimentos mais pitorescos do futebol pelotense, brasileiro e mundial.

    Mário Gayer do Amaral
    Professor e Historiador
    Fonte: Cultive Ler

    O "Nono Regimento de Infantaria" foi campeão gaúcho em 1935, por única vez.
    Em 1934, havia sido campeão citadino, sempre com o goleiro Brandão.
    A mudança de nome veio em 1941, honrando o título estadual de 1935 (centenário farroupilha).
    Fotos: Unidos por Uma Paixão (1) e Museu Virtual do Futebol (3)

    domingo, 19 de outubro de 2014

    O lento enterro dos postes vazios

    Mastro restante esvaziou-se de seu significado original e ficou, até mesmo, despercebido.
    Os três mastros metálicos levantados pela prefeitura municipal há 14 anos transformaram-se em "símbolos de desperdício de dinheiro público", diz o Diário Popular em manchete. Eles foram colocados para adornar os trevos de entrada na cidade: do sul (no acesso desde Rio Grande ao bairro Simões Lopes), do oeste (no trevo da FENADOCE) e do norte (final da av. Fernando Osório).

    Entrada de Santa Vitória do Palmar tem belo pórtico.
    Pelotas não tem nem nunca teve.
    A ideia original era que os altos postes de 42 metros mostrassem bandeiras coloridas e fossem rodeados por canteiros de flores. Cidades da região, como Rio Grande, São Lourenço do Sul e Santa Vitória do Palmar (foto à esq.), já possuíam notórios e tradicionais pórticos de entrada, mas o poder executivo pelotense investia em jardinzinhos e hastes monumentais.

    Nosso prefeito da época era, justamente, santa-vitoriense e deixou o cargo por problemas com a Justiça, sendo a gestão foi assumida pelo vice, Otelmo Alves.

    Poste nu foi retirado para sempre.
    Sua vergonha será recordada?
    No entanto, a ingênua finalidade estética se cumpriu por duas semanas apenas, pois as bandeiras se destruíram com o vento, deixando os mastros nus e invisíveis. Desde maio de 2000, estes permaneciam inúteis em sua função, sem ajudar nem prejudicar a cidade. Somente lembravam o público de uma decisão imprudente do governante: o gasto tinha sido de uns "R$ 500 mil pelos valores atuais", diz a notícia.

    Dois desses mastros já foram retirados, logo após o início das obras de duplicação da BR-116, para dar espaço à construção de viadutos: o da Fernando Osório e o da saída para Canguçu. A remoção ficou por conta das empresas construtoras. Ainda sobra o que fica mais próximo às pontes sobre o São Gonçalo, que será também desmontado quando as obras chegarem ali.

    Os três lembretes da incompetência ficarão num pátio municipal, sem que seus restos mortais possam ser destruídos nem reaproveitados. Nenhum deles será recolocado, por falta de verbas, nem será notada sua falta. Será aprendida a lição sobre o adequado uso do dinheiro público?
    Imagens: Diário Popular (1, 3), Wikipédia (2)

    sexta-feira, 17 de outubro de 2014

    Nova corte cumpre primeiro compromisso

    Maiara, Renata e Angélica são, há uma semana, a Corte da 23ª FENADOCE.
    A Corte da FENADOCE 2015, escolhida há uma semana, desempenhou ontem quinta (16-10) sua primeira atividade oficial. A rainha Renata Zaffalon e as princesas Angélica Domingues e Maiara Crizel entregaram a dois abrigos municipais de crianças os alimentos doados pelas pessoas que presenciaram sua coroação, na sexta passada (10). Além de levar o nome de Pelotas pelo Brasil, o trio de belezas participa em cerimônias oficiais da cidade, divulga na cidade a cultura do doce e contribui à união e à autoestima dos pelotenses, entre outras funções.

    Os quase quinhentos quilos arrecadados ficaram com as instituições conhecidas como Casa Abrigo de Meninos II e Casa Abrigo de Meninas I, que oferecem alimentação, atendimento médico, psicológico, sócio-assistencial e pedagógico a um total de 27 menores, agrupados por idade, que ficaram sem lugar onde morar, nem pais ou responsáveis, momentânea ou permanentemente. Outras doações e colaborações podem ser feitas mediante contato com a Secretaria de Justiça Social (Deodoro 404).

    Princesa Angélica, Rainha Renata e Princesa Maiara, na Casa Abrigo de Meninos.
    Fonte: Facebook

    quinta-feira, 16 de outubro de 2014

    Ópera na Escola festeja crianças

    Tenor Giovani Corrêa e soprano Fernanda Miki no Brinde da Traviata, ópera de Verdi
    O projeto de extensão da UFPel "Ópera na Escola" promove recital comemorativo ao Dia das Crianças na próxima terça-feira (21-10), às 15 horas, no auditório do Bloco 2 do Centro de Artes (Álvaro Chaves 65). A entrada a esta sala é gratuita.

    No recital apresentam-se estudantes e ex-alunos do curso de Bacharelado em Canto, do Conservatório de Música, acompanhados pelo professor Dr. Marcelo Cazarré ao piano (v. post de 2010 Ópera na Escola: canto lírico para crianças).

    Ângela personifica a cigana Azucena.
    O projeto educativo começou em 2005 em Pelotas, com o objetivo de levar o canto lírico de forma lúdica às crianças da rede municipal de ensino infantil. Mediante conversas e brincadeiras, os solistas cantam cerca de 15 peças de diversas óperas, vestidos como seus personagens. Marcando-se como personagem teatral, o pianista também se caracteriza com uma capa.

    Por exemplo, a mezzosoprano Ângela Elias canta a ária da cigana Azucena, da ópera de Verdi “O Trovador”, ante o fogo de uma pira de bruxaria. Essa atuação foi primeiramente encenada em outubro de 2007, no Salão Milton de Lemos (v. crônica neste blogue Tertúlia de Bruxas).

    Nestes dez anos, mais de 3 mil crianças de Pelotas e Rio Grande já participaram das atividades do projeto, que desde 2005 vem sendo coordenado por sua fundadora, a professora de canto lírico Magali Spiazzi Richter.

    O grupo abriu página no Facebook em 2013, quando começaram as apresentações na Escola Heitor de Lemos, em Rio Grande (v. no blogue do projeto os nomes dos atuais integrantes). Além do trabalho com a ópera, que começou com "A Flauta Mágica" em 2005, as seleções incluem também trechos líricos que podem ser interpretados de modo teatral, como a serenata "Colombetta", do italiano Arturo Buzzi-Peccia (na foto abaixo, representada por Fernanda Miki).
    Soprano Fernanda Miki como a Colombetta de Buzzi-Peccia
    Fotos: Ópera na Escola

    POST DATA
    21-10-14
    Esta tarde realizou-se a apresentação de dez cantores líricos do projeto Ópera na Escola ante cerca de 140 crianças da Escola Félix da Cunha, situada nas imediações da UFPel, bairro do Porto. 
    Na foto abaixo, tomada hoje no auditório novo do Centro de Artes, Breno Ribeiro e Fernanda Miki interpretam Don Tartarugo e Moranguinho (elaboração de Don Giovanni e Zerlina) no trecho "La ci darem la mano", cantado conforme música e letra originais de Mozart, ópera Don Giovanni. Na projeção de figuras com frases, as crianças puderam ver sintéticas explicações do texto.

    terça-feira, 14 de outubro de 2014

    Donato 80 em Pelotas

    "John" Donato e os seguidores pelotenses (não músicos) Gabi Mazza, Tiago Klug e Leon Sanguiné

    João Donato de Oliveira Neto (v. Wikipédia) está em Pelotas desde ontem, pela turnê internacional em comemoração de seus 80 anos, com o quarteto Ricardo Pontes (sax, flauta), Luiz Alves (baixo acústico), José de Arimatea (trompete) e Robertinho Silva (bateria).

    O espetáculo "João Donato 80 anos" será no Teatro Guarani, nesta terça (14-10), com abertura a partir das 21h do grupo sambista "Feito em Casa". Ainda há entradas, à venda na bilheteria (R$ 150).

    O evento marca também o lançamento do 3° Pelotas Jazz Festival (v. página do evento no Facebook), confirmado para os dias 20, 21 e 22 de novembro de 2014. A primeira edição chamou-se "Festival de Jazz de Pelotas", em julho de 2010, e trouxe Hermeto Pascoal (v. notícia); a segunda realizou-se em maio de 2013, com diversas figuras nacionais e internacionais (v. nota neste blogue).

    Donato esteve no 2º Festival de Jazz, no Guarani,
    e retorna, agora com 80 anos, como aperitivo do 3º.
    Ícone da MPB e do jazz brasileiro, Donato é iniciador da Bossa Nova e parceiro de figuras como Tom Jobim, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Há uns quinze anos está casado com a jornalista pelotense Ivone Belém, sua produtora musical, e trinta anos mais nova (leia o artigo autobiográfico Do Acre para o Rio Grande).

    Sobre João Donato, leia perfil completo segundo Ronaldo Bressane, a reportagem "Dom Natural", de Cristiano Bastos, e resenha da revista Aplauso.

    Confira a música instrumental Amazonas, com o João Donato Trio (vídeo histórico de 1989, Donato aos 55 anos). Abaixo, programa de 50 minutos da TV Brasil com reportagem e debate sobre os 80 anos de João Donato.


    Fotos: F. Campal

    segunda-feira, 13 de outubro de 2014

    Corte da FENADOCE 2015

    Princesa Angélica Domingues, Rainha Renata Zaffalon, Princesa Maiara Crizel
    Sexta 10-10 à noite foi realizada a escolha da corte da FENADOCE 2015. A Rainha Mylena Hermes (v. notícia da Corte 2014), entregou a coroa à pelotense Renata Bosembecker Zaffalon, de 24 anos. As novas princesas são Angélica Domingues, de 25 anos, e Maiara Crizel, de 20 anos, também nascidas em Pelotas.

    Renata Bosembecker Zaffalon, Rainha da FENADOCE 2015
    Parecido a como ocorreu na eleição para a Corte do Bicentenário (v. nota sobre a eleição de 2012), o trio que reinará em 2015 também inclui uma morena, uma loira e uma mulata. Até hoje Francine Dias, que ganhou a coroa em 2006, é a única afrodescendente na lista de 23 rainhas da Feira; este ano, a única das 17 candidatas que representava a etnia negra é uma das novas princesas.

    As meninas que buscam ser rainha da FENADOCE (que na verdade são todas adultas), em maioria provêm do ambiente universitário e das modelos profissionais, sendo que algumas delas trazem vários títulos de beleza em seu currículo pessoal.

    Angélica Garcia Domingues
    Renata Zaffalon é formada em Administração de Empresas na Faculdade Anhanguera, e tem pós-graduação em Gestão Estratégica de Negócios. Foi apresentada pela empresa familiar Fabiano Zaffalon, distribuidora de alimentos.

    A nova Rainha da FENADOCE já foi Miss Santa Vitória do Palmar em 2010 e trabalha como modelo desde os 16 anos. Capricorniana, descreve-se como prestativa, dedicada e determinada. Seu doce preferido é o bombom de cereja.

    Angélica Garcia Domingues é acadêmica de Enfermagem na Anhanguera, representou o Bar João Gilberto e seu doce preferido é o quindim. Define-se como comunicativa e observadora, preferindo voar a caminhar.

    A nova Princesa tem uma extensa lista de vitórias nas passarelas: Rainha do Carnaval intermunicipal RS 2013, Miss Beleza Negra 2012, Rainha do Carnaval 2012 (Bambas da Orgia, Porto Alegre), Rainha do Carnaval RS 2008, Miss Mulata Mercosul RS 2005, 1ª Princesa do Carnaval de Pelotas 2007, Garota Pelotas 2005.

    Maiara Jorge Crizel
    Maiara Barcellos Jorge Crizel cursa Marketing na Faculdade SENAC, e concorreu por segunda vez, representando a Imperatriz Doces Finos. Apresenta-se como pessoa bem-humorada, comunicativa, dinâmica e simpática.

    Orgulhosa de ser pelotense, diz-se disposta a viver novas experiências e desafios. Seu doce preferido é o brigadeiro.

    A Princesa mais jovem desta corte também traz experiência em concursos: aos 5 anos de idade foi Bonequinha XV de Julho (1999), e mais recentemente Garota NPOR (Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva do 9º Batalhão de Infantaria Motorizado), evento tradicional em Pelotas, realizado pelo Círculo Militar desde 1944.

    A informação desta nota foi tomada da página da FENADOCE no Facebook (v. álbum de candidatas 2015).

    domingo, 12 de outubro de 2014

    Ave Maria de Pelotas


    Há quatro anos, Pelotas tem sua própria Ave Maria cantada. A melodia foi composta em 2008 pelo aposentado Pedro Monteiro, 81 anos, integrante do Coral Santo Antônio (a letra em latim pertence à tradição católica). Em 2013, Monteiro gravou vídeo (confira áudio, cantando a música 4 vezes, com acompanhamento de teclado), com imagens de igrejas de Pelotas (Catedral, Porto e Fátima).

    Monteiro "intuiu" a música, confeccionou a partitura,
    gravou vídeo e agora o divulga na imprensa.
    Para escrever a partitura e terminar a harmonização, o cantor-compositor teve a ajuda de músicos conhecidos na cidade, como Possidônio Tavares, José Chagas e o professor Alfonso Celso da Costa Jr., ex-diretor do Conservatório de Música da UFPel.

    Como autor, Monteiro diz que somente "plasmou" a música, não que a tenha composto, pois sente que a recebeu por intuição de um músico já falecido.

    Sempre com o apoio de Paulo Santos no teclado, a parceria ressurgiu para homenagear Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, neste domingo (12-10). Esta notícia foi veiculada pelo Diário Popular (v. notícia), que produziu o novo vídeo com a dupla (acima).
    Foto: M. Farias (DP)

    Diversão para crianças e adultos no Shopping

    Novas ruas para os pelotenses caminharem, com limpeza, segurança e diversão: Shopping veio para ficar.
    Em mais um feriado nacional que cai em domingo, os brasileiros têm seu descanso semanal e ao mesmo tempo comemoram uma data especial. Em setembro (7) foi o Dia da Pátria com seus desfiles, em novembro (2) será o Dia de Finados, e em outubro ocorrem dois turnos das eleições (5 e 26) e o popular Dia da Criança (12-10), que nunca foi feriado por esse motivo, mas sim por Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira do Brasil (v. Wikipédia).

    Aniversário No Shopping Pelotas, que em outubro (3) completou o primeiro ano, não há festejos especiais nas lojas, o que é sinal de que ainda o empreendimento está em fase de construção e adaptação. Como única celebração, a empresa administradora iniciou em setembro a ação promocional "Sua vida mudou em um ano" (v. regulamento), para recolher fotos dos clientes em redes sociais, com fins de publicidade.

    A população já aprovou esta "modernização urbana", superando a fase da novidade, e agora espera mais promoções e vantagens. Em 2015, o Shopping Pelotas terá que mostrar-se mais ou tão atraente, abrindo o resto das lojas que ainda faltam, enquanto não aparece um competidor na cidade (que tenha supermercado no mesmo espaço).

    Crianças

    Patinação de inverno veio a Pelotas por primeira vez,  mas na primavera.
    Se o entretenimento para adultos se mantém igual, a diversão para crianças está reforçada neste mês, com uma pista de patinação no gelo, onde os pequenos (com mais de 5 anos) brincam com patins, apoiados por monitores treinados, da empresa paulista Big Ice.

    Como a inauguração em setembro coincidiu com o Semanaço Farroupilha, bailarinos a rigor se arriscaram a dançar com patins e capacetes, numa cena nunca vista em shoppings (v. vídeo de 1 min).

    Os preços para patinar são por meias horas (R$ 30 por pessoa) renováveis, o que inclui o uso de patins importados e acessórios. O trenó para menores de 5 anos também é pago por minutos (detalhes no Diário Popular e no blogue Caminhos da Zona Sul).

    A loja de roupas infantis Lilica & Tigor (v. Facebook) comemorou no sábado (11-10) seu primeiro ano no Shopping Pelotas, numa festa com surpresas, distribuição de docinhos, camarim de pinturas, e a recepção das mascotes da marca, os próprios Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre (v. histórico).

    A Livraria Vanguarda vem celebrando a data das crianças com diversas atividades, como contos e pocket shows (v. fotos). Este sábado, o divertimento veio com atrações cênicas, animadores e palhaços do Grupo MALV de Teatro, de Pelotas, e continua domingo (12-10) às 16h, com o o esquete teatral “Mariela”.
    Fotos: P. Rossi (1), Facebook (3)

    quarta-feira, 8 de outubro de 2014

    Mandinho, CD infantil


    O professor e músico gaúcho Leandro Maia dedicou a seu pequeno filho um trabalho completo: o CD "Mandinho", composições para crianças, incrementadas com pesquisa teatral e antropológica, desenvolvimento de animação audiovisual e design tecnológico próprio. O disco multimídia foi lançado em show há um ano, em Porto Alegre (v. notícia).

    Na primeira canção, Pintinhos da Galinha Japonesa, narra-se o insólito de uma história real que aconteceu no pátio de uma escola. A história ganhou refinamento e delicadeza com o arranjo do violonista erudito Thiago Colombo e a participação da menina Lígia Constante, de nove anos, que empresta seu olhar de criança para a música.

    Atualmente, Leandro, que é nascido em Caxias do Sul, mora em Pelotas e trabalha na UFPel. Assim como toda pessoa que chega a Pelotas, ele não sabia o significado de "mandinho" (baixinho, gurizinho), palavra usada somente nesta região, sempre no masculino. Não se sabe ao certo a origem, se bem é fácil associar o termo ao diminutivo de Armando.

    Enquanto trabalha no lançamento do seu terceiro disco, "Suíte Maria Bonita e Outras Veredas", Leandro comemora o Dia das Crianças disponibilizando o videoclipe "Pintinhos da Galinha Japonesa" como presente aos mandinhos (vídeo abaixo). Esta quarta (8-10) às 19h, ele traz parte do seu show a Pelotas estará autografando na Vanguarda do Shopping. A Semana da Criança continua em Rio Grande na sexta (10-10).


    Fontes: UFPel e Facebook

    segunda-feira, 6 de outubro de 2014

    "Ecos de Marselha" vem a Pelotas por primeira vez

    Esta semana (terça 7 e quarta 8), Pelotas presenciará Mostra Especial de filmes latino-americanos em parceria com o Festival de Cinema de Marselha (França), denominado “Rencontres du Cinéma Sud-Américain de Marseille et Région PACA” (Encontros do Cinema Sul-Americano, de Marselha e Região PACA). A região PACA francesa inclui as subregiões Provença, Alpes e Costa Azul. O festival costuma realizar-se em março, e em 2014 esteve em sua 16ª edição.

    Auditório da UFPel na Álvaro Chaves 487
    A seleção de filmes do Festival chama-se "Ecos de Marselha", já foi a Buenos Aires em anos passados, e agora será apresentada no auditório da Lagoa Mirim da UFPel (Álvaro Chaves 487, esquina Lobo da Costa).

    A primeira mostra "Ecos de Marselha em Pelotas" é um passo inicial do projeto “Sala de Cinema Digital do Mercosul”. A proposta é montar uma sala de cinema digital da UFPel, com sessões semanais gratuitas de filmes de difícil acesso ao público, que circulam em festivais, filmes universitários e produções latino-americanas.

    Ao mesmo tempo, o “I Ecos de Marselha em Pelotas" é uma realização do Laboratório Integrado de Produção Audiovisual (LIPA) projeto de extensão do Curso de Cinema e Audiovisual da UFPel.

    O evento inicia na terça (7-10), às 17h, com palestra de Leonor Harispe, organizadora do Festival em Marselha e presidente da ASPAS (Associação Solidariedade Provença/América do Sul).

    Os filmes são exibidos a partir das 19h30min, terça e quarta. A entrada é franca, com lugares limitados, por ordem de chegada (a sala tem 88 lugares); por esse motivo, haverá distribuição de senhas a partir das 18h30 no próprio local.

    Programação
    • Longa-metragem:
    El Rincón de Darwin, de Diego Fernández (Ficção, Uruguay-Portugal, 78min)
    • Curtas-metragens:
    He, de Héctor Orbegoso Rivera (Ficção, Venezuela, 12min30)
    Tempo Adagio, de Alcione Guerrero (Ficção, Venezuela, 10min55)
    Madera, de Daniel Kvitko (Documentário, Cuba, 25min)
    Meu Amigo Nietzsche, de Faustón da Silva (Ficção, Brasil, 15min)
    • Mostra especial: 8 curtas de Juan Pablo Zaramella:
    Luminaris (6min20), El desafio (3min16), El Guante (9min55), Hotcorn (1min), Lapsus (3min33), En la Ópera (1min), Sexteens (5min20), Viaje a Marte (16min).

    Sobre Zaramella veja Wikipedia, entrevista no Anima Mundi e filmes no Vimeo.
    Fonte: UFPel