Fotos de F. A. Vidal
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segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Umas gotas de corrupção
Fotos de F. A. Vidal
Novo conceito de amostra de arte
Francisca é rio-grandense-do-norte radicada no Rio Grande do Sul há alguns anos (leia nota), e tem mostrado seu trabalho em mostras individuais e grupais, revelando-se agora como curadora com habilidades para, junto aos colegas artistas, dar uma poderosa mensagem à sociedade em geral, em prol da integração humana por sobre as barreiras de idioma, cultura e distância.
Oito criadores brasileiros, dez estrangeiros e ela mesma foram reunidos virtualmente numa casa que funciona como escola de idiomas, onde ela própria estuda francês e obteve ajuda para escrever em espanhol a vários dos artistas.
Uma regra geral para a exposição era que os autores lhe enviassem as dimensões das obras ou as instruções para que ela compusesse fisicamente o artefato ou instalação, ou seja, que não lhe dessem a obra pronta.
Quem estava em Porto Alegre ou Pelotas entregou a obra diretamente. Das pessoas de longe, somente uma - Jane Macragan, de Caxias do Sul - não seguiu a instrução geral, enviando o quadro pelo correio, com dimensões escolhidas por ela (falta de costume com este sistema novo).
Daniel Gómez Naranjo também não enviou o trabalho, escolhendo um que ele havia deixado em Pelotas quando de sua visita há uns meses, a "Bomba" (veja nota).
Os demais mandaram pela internet: fotografias, desenhos, um vídeo e as instruções para compor um móvel cheio de tijolos - este foi o caso da mexicana Violetha Vite e sua obra "Gavetas" (abaixo), uma simbolização de países engavetados em fronteiras e leis rígidas.
Somente com essa obra, Francisca pôde realizar uma das finalidades principais da exposição: ser a extensão do artista, como um braço obediente à mente criadora. Observou assim que a mentalidade expansiva dos artistas não se adequava ao espaço real da exposição e ela devia atuar como mediadora.
Alguns dos que se encontravam longe receberam pela internet fotos da inauguração, enquanto ela ocorria. Destacarei em próximas notas alguns aspectos desta exposição, que se encontra na Escola Idiomas, Rua Tiradentes nº 2582, até 11 de dezembro.
Visitação de segunda a sexta das 13h30min às 21h e sábado das 9h às 16h. Podem agendar-se visitas guiadas em português, espanhol, inglês e francês (fone 3303.1976).
Foto de F. A. Vidal (2)
domingo, 29 de novembro de 2009
As palavras de Sartre sobre a existência
O ser humano é o que ele faz de si mesmo, e não o que o ambiente determina. No caso do homem, a existência precede a essência, ou seja, primeiro ele existe e então se define e constrói sua realidade e sua essência. Podem as circunstâncias ser limitantes, mas ele é livre em si mesmo.
O próprio Jean-Paul (1905-1980) viveu num corpo pequeno (1m 57) mas com privilegiada capacidade mental, que explorou o mundo de sua época e muitas possibilidades criativas.
Como jornalista, visitou Havana e foi o primeiro a escrever sobre a Revolução Cubana, em 1960. De lá veio para o Brasil, onde passou dois meses com Simone de Beauvoir (abaixo, em Copacabana); não veio ao Rio Grande do Sul, pois a URGS não quis convidá-lo (leia explicação).
Mereceu o Nobel de Literatura de 1964, por seu livro "As Palavras", mas o rejeitou para não perder sua liberdade de pensamento e sua possibilidade de seguir evoluindo, em vez de estagnar-se como um autor "já condecorado".
Sartre aproximou psicanálise e filosofia em suas obras existencialistas, acreditando que as experiências da infância são cruciais na vida da pessoa; no entanto, questionou alguns conceitos sobre o inconsciente. Escreveu "Freud - roteiro para um filme", a pedido do cineasta John Houston, texto que foi levado em parte ao cinema em 1962 (leia comentário), com título que em português ficou: "Freud - Além da Alma".
O professor Rubira soube trazer os elevados temas à compreensão do público, que mesmo assim não fez muitas perguntas. O silêncio é às vezes o efeito de uma palestra sobre psicanálise e, neste caso, as ideias principais podiam aplicar-se à existência de uma cidade como a nossa, que tenta definir-se e refazer-se ao longo da história.
Se já não é fácil para uma pessoa no tempo de uma vida, será possível para uma comunidade recém com 200 anos?
Foto de F. A. Vidal (1)
sábado, 28 de novembro de 2009
Árvore natalina e árvore natural
A que está na esquina da Félix da Cunha com Princesa Isabel (esq.)sofre um contraste especial por todos os lados, deixando-a reduzida a não significar quase nada.
Olhando-se a nordeste, os enormes e geométricos edifícios a fazem parecer uma pequena representante do reino natural. Nem ela se assume como artificial, nem mostra a importância que deveria ter, em relação ao Natal, à vida e à espiritualidade.
Ante o velho prédio do Quartel Farroupilha, conhecido como Casa da Banha (a noroeste), a mesma árvore parece de um modernismo muito alheio a nossa cultura - sem contar a defasagem da estação. Parece transplantada da Europa, lá onde o pinheiro é valorizado por ser uma árvore que permanece verde, apesar da neve (que não temos aqui).
De fato, na estação central da cidade suíça de Zürich, a empresa de cristais Swarovski coloca uma árvore de verdade, bem maior (15 m de altura), com milhares de ornamentos e pedras preciosas (dir.). Neste caso, sua imponência natural parece deslocada do artificial ambiente.
Olhando-se a sudoeste, perante a abundante vegetação da Praça Osório a mesma nossa "conífera" adquire uma aparência ainda mais falsa, minúscula, estrangeira e anacrônica. A vista é de duas grandes árvores (canafístulas), que mudam de aspecto segundo a época do ano (verão, na foto abaixo). Elas é que deveriam causar nossa admiração e ser enfeitadas, se fosse para significar algo grandioso e eterno.
Fotos de F. A. Vidal (1 e 3)
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Nasce espaço de crítica teatral
A jornalista, atriz e escritora Joice Lima faz as postagens e informa sobre o grupo de 15 colegas da área do teatro, entre profissionais e estudantes, que se dispõem a escrever comentários e análises sobre o teatro visto em Pelotas, de modo que todo espetáculo tenha um retorno crítico.
O necessário espaço, que vinha sendo pensado há algum tempo, foi inaugurado com duas críticas da obra "Simplesmente Eu, Clarice Lispector", escrita e representada por Beth Goulart (esq.), com inspiração na vida e na obra da escritora Clarice Lispector (dir.), falecida em 1977 aos 57 anos.
O monólogo teve única apresentação em Pelotas na quarta 11 de novembro (veja uma nota sobre a estreia em julho e um trecho da crítica de Barbara Heliodora no jornal O Globo).
O comentário de Vagner Vargas foi publicado pelo Diário da Manhã, no domingo 22, e o de Joice Lima saiu no Diário Popular da segunda 23.
Fotos da web
Olhar cálido sobre uma cidade fria
Uma das obras é "Rua Antiga", de Edison Santos Teixeira, odontólogo que há alguns anos se desenvolve como artista. O quadro sugere frio, umidade e penumbra, num inverno europeu, mas as cores e a luminosidade levam a olhar este ambiente com esperança, romantismo e ingenuidade.
Poderemos ver nossa cidade com algo dessa delicadeza?
Foto de F. A. Vidal
POST DATA
O pesquisador inglês Allen Morrison ilustrou uma de suas páginas sobre história dos bondes com esta imagem, que mesmo não retratando Pelotas evoca um sentimento pelotense. A página está em inglês e chama-se The Tramways of Pelotas.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Duas artistas do MAPP expõem no Corredor
As artistas plásticas Elenise Cassal de Lamare e Nauri Saccol, ativas participantes do MAPP, se uniram para expor 13 obras no Corredor Arte do Hospital Escola da UFPel. A mostra pode ser visitada até 2 de dezembro, das 7h às 22h.
Elenise é formada em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Pelotas. Conta que desde pequena tanto gostava de arte que não brincava com bonecas, mas argila, tinta e lápis.
A julgar pelo conteúdo figurativo (acima e esq.), sua pintura parece simples, mas também é visível seu gosto pelo trabalho cuidadoso e sua capacidade de atenção para os detalhes cotidianos e as irregularidades da vida humana, o que estimula o espectador a refletir sobre si mesmo.
Nauri usa uma linguagem mais abstrata (dir. e abaixo), mas ainda sugerindo traços da natureza, como fazendo uma ponte entre dois mundos, o visual e o racional, o ingênuo e o crítico.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Coral dos Correios visita Pelotas
Fotos de F. A. Vidal
terça-feira, 24 de novembro de 2009
A festa do Correio por sua sede reformada
Há pelo menos seis anos o prédio estava em estado de abandono, à espera de que as licitações federais se transformassem em ações eficientes. Construído no início da década de 1950, já havia passado por outras quatro reformas.
Em setembro passado, o trabalho foi concluído (leia nota) e em novembro os serviços foram transferidos da agência da Quinze de Novembro e da Marechal Floriano.
A reinauguração foi feita numa das portas pela Félix da Cunha, ante convidados e transeuntes. Com a espaçosa calçada ocupada pelos músicos, o público presenciou a cerimônia no meio da rua, que foi fechada ao trânsito às 17h.
Sob a regência do maestro Cunha, a Banda do Exército tocou várias músicas (esq.); o pároco da Catedral, Luís Boari (foto acima) deu uma bênção com sentido ecumênico; houve breves discursos de autoridades da empresa (de nível municipal, regional e federal) e uma apresentação do Coral dos Correios (publico amanhã nota especial).
Logo, os convidados entraram para o coquetel de confraternização, inclusive os coralistas e músicos.
A presidência nacional da Empresa foi representada nesta ocasião por José Fontoura de Carvalho Sobrinho, diretor de Tecnologia e Infraestrutura (de cabelo grisalho na 1ª foto). Ele falou em geral sobre a burocracia que emperra a empresa e dos erros cometidos nas treze licitações para reformar a agência de Pelotas.
De Porto Alegre veio o diretor regional para o nosso Estado, Larry Medeiros de Almeida (dir.). No discurso de improviso, ele se referiu à necessidade do cuidado preventivo desta sede histórica. Aproveitou o momento para recordar o dia da Consciência Negra (20 de novembro) e apresentou sua camiseta não protocolar (pela falta de gravata) do CONCOR, o Coletivo de Negros Empregados dos Correios.
Em conversa particular, ele se mostrou disposto a iniciar atividades culturais em Pelotas, que na capital já existem. Também respondeu uma pergunta minha sobre a agilização do atendimento, preocupado do problema e informando-me sobre medidas que já estão sendo tomadas, como um melhor serviço computacional e uma agência prime perto do camelódromo.
O sítio dos Correios informa de Centros Culturais no Rio de Janeiro, Recife e Salvador, e Espaços Culturais em Fortaleza e Juiz de Fora. Mediante patrocínio, a empresa realiza projetos culturais em todas as regiões, com inscrições feitas por um regulamento (leia).
As demais autoridades na 1ª foto são, a partir da esquerda, o deputado Marroni, o gerente local Henrique Feijó Jr., e o gerente regional Sérgio Lemos de Almeida.
Fotos de F. A. Vidal
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Sem diálogo, encontro cultural dura 15 minutos
Quinta-feira (19), uma dezena de pessoas assistiu à penúltima apresentação do projeto Sete Imagens deste ano. Apesar de não estar chovendo, às 18h30 daquele dia somente havia três pessoas no teatro: as fortes chuvas dos dias anteriores tinham afetado o sucesso desta reunião.
Em 2008 o Sete de Abril iniciou esta interessante forma de estimular a produção local de vídeo e cinema, divulgando 7 curtas-metragens pelotenses e debatendo sobre o processo criativo com artistas e público. Em 2009, as sessões mantiveram o formato (projeção e debate), mas a mostra passou a incluir produções de todo o Estado.
Nesta ocasião, programou-se o filme Gol a Gol (veja o anúncio), segunda obra dirigida pelo produtor e montador Bruno Carvalho, cineasta gaúcho da geração nascida nos anos 80.
O curta de 12 minutos (veja ficha técnica) já havia sido exibido em outubro de 2008 pela RBS no seu projeto Histórias Curtas, amostragem de 8 produções gaúchas por ano. Os atores infanto-juvenis provêm da agência porto-alegrense de modelos Guri e Guria.
Após a projeção, o público recebeu a notícia de que ninguém tinha vindo de Porto Alegre para falar sobre o filme e por esse motivo não haveria o acostumado diálogo.
Às vezes os encarregados anulam os objetivos de seu próprio projeto por desconhecer o significado da palavra "debate". Sentindo-se incapacitados para conduzir uma discussão grupal, deixam de ouvir o que o público tem a dizer e se perde uma ocasião educativa. Verdade que o povo não está acostumado a debater, como se viu na passada Feira do Livro, mas é em momentos assim que se pode aprender. O que teríamos a dizer sobre este filme, e não pudemos? A opressão segue instalada em nossos próprios medos e omissões.
POST DATA
28 de novembro 2009
Este post foi reproduzido por Deco Rodrigues no e-Cult e respondido por Bruno Carvalho, diretor do filme (leia). Diz ele que tinha a intenção de vir, mas os organizadores não dispuseram o dinheiro das passagens. Ele informa ali um e-mail para contato com os alunos de Cinema de Pelotas.
O episódio mostra a falha de comunicação com os convidados e com o público. Aqui em Pelotas muitos artistas pagam para trabalhar (e não recebem), mas isso nem sempre é assumido publicamente.
Devo acrescentar que ao público não foi passado que ninguém de Porto Alegre tivesse querido vir, mas que não haviam podido vir, em função das últimas chuvas e inundações. Verossímil? Para mim, não; se fosse verdade, teria havido um debate sem o convidado. As coisas que não podem ser ditas são cobertas por eufemismos e fantasias. Daí também a pobreza intelectual que freia o debate (as verdades poderiam sair à tona, é o que diz o ditador dentro de nós).
30 de janeiro 2012
Foi feito em Curitiba, um ano após este "Gol a Gol", um longa-metragem com o mesmo nome (veja o blogue Gol a Gol). Acrescento aqui o making of do curta gaúcho.
domingo, 22 de novembro de 2009
Bate-papo com Hilda Simões Lopes... deu certo
A atividade, inovação deste ano, estava pensada para valorizar o lado mais vivo da literatura, quando o leitor se vê ante o ser humano que escreveu as palavras impressas no livro e o escritor se enfrenta a quem o leu ou deseja ler. Tudo seria feito pela emoção e pelo prazer de conversar e descobrir coisas novas no diálogo, sem custos de nenhum lado, nem por passagens nem por cachê.
Mostrando quão imatura se encontra esta ideia - no público, nos organizadores e até mesmo nos escritores - somente um desses 15 encontros se realizou, no domingo 8 de novembro. O público não conhecia muito os escritores, a produção não fez boa divulgação e inclusive alguns autores não chegaram aos bate-papos. Ainda por cima, São Pedro mandou chuva, como assumindo a culpa de que os encontros não se realizassem (uma ajudinha de cima para tapar erros humanos).
Na quarta 11, assumido o fracasso da atividade como um todo, programaram-se mais duas conversas com o público. E destas somente a segunda se realizou:
- no sábado 14, estavam o escritor e o público, mas a própria produção da Feira redistribuiu o uso dos dois lugares disponíveis, usando-os para várias atividades simultaneamente às 18h: uma homenagem ao fundador Gilberto Duarte, duas sessões de autógrafos e o bate-papo (que levou a pior);
- no domingo 15, com a patrona Hilda Simões Lopes. O público e a escritora chegaram na hora, a coordenadora de autógrafos fez uma breve apresentação e logo a experiente professora conduziu ela mesma a conversa, durante uma hora (veja a nota no Diário Popular).
Após, levantou-se e convidou a quem quisesse participar, usando o microfone, e a segunda parte também passou depressa; dos trinta presentes, cerca de um terço perguntou ou comentou algo. Minha pergunta foi sobre a convergência entre ela e Benedetti, e a resposta apontou a que ambos buscam fazer literatura engajada (mesmo que definindo "compromisso" de formas diferentes).
A situação foi incomum, pois normalmente os escritores requerem uma mediação, até porque as mesas de bate-papo (pelo menos como a produção planejou nesta Feira) se constituem com dois ou mais autores, e nem sempre o público sabe o que dizer de obras que ainda não leu ou de autores que recém estão publicando uma primeira obra.
Apesar dos fatores contrários - como a pouca publicidade e a improvisação - restam a experiência positiva, a honra de ter conversado com a patrona da Feira, e o modelo de como se faz uma boa conversa sobre literatura.
Foto de F. A. Vidal
Dois pintores na Galeria de Arte da UCPel
Fotos de F. A. Vidal
sábado, 21 de novembro de 2009
O vandalismo nosso de cada noite
Entendidos e não entendidos opinaram livremente no Amigos de Pelotas, contra e a favor, e sobrou para as lixeiras (leia).
De acordo às normas modernas, elas vêm duplicadas, em verde e laranja, para separar o lixo orgânico do "seco". Mas o povo ainda não conhece as normas de reciclagem nem a diferença entre orgânico e seco, e usa as lixeiras sem distinção.
Quase seis meses se passaram e os sofisticados protestos pareciam ter ficado no esquecimento. No entanto, a meio andar da Feira do Livro, começaram os ataques físicos às lixeiras, único elemento ali que pode ser destruído a pontapés.
Algum demônio analfabeto teria tentado atacar a Feira e se viu intimidado pelos guardas noturnos? Após uma dessas noites, não havendo vigilância neste trecho, uma lixeira laranja desapareceu (1ª foto, 8 de novembro).
Uma semana depois, em outro arrastão noturno, a lixeira verde que havia sobrado foi arrancada (2ª foto, 15 de novembro). Não foi preciso muita força, pois as estruturas são frágeis.
Estranhamente, quem passou hoje por ali viu - além de dois postes entortados, efeito dos mesmos brucutus - a lixeira verde de volta (3ª foto, 19 de novembro).
Sociólogos e historiadores relacionarão o ressentimento dos pobres com a opressão dos ricos; iconoclastas e estetas dirão que tais lixeiras só podiam ter como destino o lixo; anarquistas defenderão esta ação popular espontânea... mas a linha cronológica não tem nada de lógica.
O próximo passo da sequência devia ser que levassem o poste, mas agora teríamos que pensar na devolução da lixeira laranja.
Quando deixaremos de ser tão permissivos com as explosões de instintos selvagens? Quando nossas energias sairão em forma de palavras e gestos civilizados que ajudem a construir nossa cultura, em vez de destruí-la?
Fotos de F. A. Vidal
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Correio é reinaugurado hoje
Fotos de F. A. Vidal
Banda homenageia Pelotas
A Banda Musical do Colégio Gonzaga fez uma bela apresentação no entardecer do último sábado da Feira do Livro.
O Maestro Getúlio Soares Vargas regeu o conjunto em posição fixa, colocando os instrumentos de sopro no nível da rua e os de percussão e de cordas no palco (dir.).
A formação inclui desde pré-adolescentes até músicos com vasta experiência, inclusive na mesma banda, que começou sendo "marcial" em 1958 e ficou famosa nos anos 70.
O público presente na praça de alimentação escutou admirado e aplaudiu com entusiasmo o desempenho desta banda que orgulha Pelotas. Os músicos mostram excelente disciplina e sincronização, sempre concentrados na partitura ou no instrumento.
Como sempre há exceções, um grupo juvenil em primeira fila esteve concentrado no jogo, alheio ao "fundo musical" (esq.).
Paradoxalmente, os que estavam atentos não sabiam estar também alheios ao que ocorria a poucos metros dali.
De pé, o Mor Nedi Fernandes da Rosa observava satisfeito esta união de talentos (dir.). A certa altura, um dos jovens integrantes deixou o clarinete e subiu ao palco para interpretar canções dos Beatles, com a orquestra de apoio e acompanhando-se no violão ele mesmo.
Simultaneamente a este espetáculo e aos que se seguiram nessa noite no palco da Feira, ocorria a 5ª Mostra Brasil-Uruguai, na Biblioteca Pública.
Por um desentendimento entre os organizadores, Daniel Viglietti e outros músicos apresentaram no Salão Nobre a homenagem que a Feira prestava ao escritor uruguaio Mario Benedetti.
Não houve interferências sonoras entre estes dois shows da melhor qualidade, mas com a música lá fora a homenagem de dentro ficou reduzida a um evento paralelo (leia a nota). Com tudo isso, nenhum desses espetáculos foi mencionado no folheto oficial da Feira.
A gritante divergência humana e a inexplicável omissão ficam na história como um modelo de erro a não ser reproduzido pelas futuras produções da Feira.
Fotos de F. A. Vidal
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Imagem enigmática: reflexo de reflexões
A imagem foi tomada dia 14 passado, na metade da escadaria que leva ao piso superior da Biblioteca Pública, olhando para as mesas do piso térreo.
Sem o reflexo da claraboia em formas coloridas e geométricas, somente veríamos uma folha branca impressa, colocada sobre o retângulo da mesa.
A superfície onde se estuda (em reflexão) estava recolhendo (em reflexo) o que vinha de cima, e o fotógrafo não estava nem lá embaixo nem no alto, mas bem no meio.
Foto de F. A. Vidal
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Grilhão Negro, livro lançado antes da Feira
Os historiadores Mário Maestri e Helen Ortiz organizaram trabalhos de onze autores e intitularam o livro Grilhão negro: ensaios sobre a escravidão colonial no Brasil, constituindo-se em novo exemplar da coleção Malungo (Editora da Universidade de Passo Fundo), coordenada pelo professor Maestri, toda ela dedicada à escravidão negra no Brasil e nas Américas.
Em Pelotas, a atividade de lançamento consistiu numa mesa redonda em que três dos autores (foto abaixo) falaram de aspectos de suas pesquisas: Mário Maestri (organizador), Hemerson Ferreira e Ester Gutierrez, professora da UFPel e patrona da Feira do Livro em 2005.
O volume, de 330 páginas, traz os seguintes artigos:
- “O centenário da Abolição: comemoração e protesto”, de Adelmir Fiabani, da U. Federal de Tocantins;
- “Arquitetura e escravidão em Corumbá”, de Elaine Cancian, da U. Federal do Mato Grosso do Sul;
- “Arquitetura pelotense: charqueada e cidade”, de Ester Gutierrez, da UFPel;
- "Entre a história e o mito: narrativas apologéticas da escravidão no Brasil”, de Hemerson Ferreira, mestre em História pela UPF;
- “Demografia escrava das charqueadas pelotenses”, de Jorge Euzébio Assumpção, mestre em história pela PUC;
- "Sob as sombras do passado: histórias escravistas no noroeste sulino”, de Leandro Daronco, mestre em História pela UPF;
- “Os cativos do Botucaraí”, de Maria Beatriz Eifert, mestre em História e professora da UPF;
- “Rompendo grilhões: insurgências de negros escravizados nos sertões do Mato Grosso”, de Maria do Carmo Brazil, professora da U. Federal da Grande Dourados;
- “A reabilitação historiográfica da ordem escravista”, de Mário Maestri, professor da UPF;
- “Estância das regiões de Rio Pardo, Bagé e Vacaria (1819-1889)”, de Setembrino Dal Bosco, mestre em história pela UPF; e
- “Exploração do trabalho indígena no Mato Grosso – séc. 18 e 19”, de Zilda Alves de Moura, doutoranda em História pela UFSC.
Imagens da web (3º Milênio)
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Blogues de psicólogos de Pelotas
No segundo encontro (dir.), a psicóloga Isane Dávila mostrou o documentário Orgasmic Birth, proposta internacional para favorecer os partos naturais, centrados no amor e no prazer.
A discussão posterior durou uma hora e recolheu os pontos de vista dos presentes, mulheres e homens com experiências diversas em partos e acompanhamento de grávidas.
O terceiro encontro será nesta quarta (18) e tratará sobre blogues de psicólogos, ideia nascida a partir desta experiência do Pelotas, Capital Cultural. Apesar de haver muitos psicólogos em nossa zona, pouquíssimos têm blogues, tendência diferente fora daqui: somente no Blogger em português e espanhol, há uns dois mil blogues de psicólogos homens e uns 5 mil de psicólogas.
Nesta reunião, falarei deste blogue e perguntarei a duas colegas sobre como chegaram a transformar-se em blogueiras: Isane Dávila (esq.), autora do Blog da Gestante, e Liana Corrêa de Mendonça (dir.), que criou o Casa de Chá: comportamento, cultura e sociedade. Isane estará presente na mesa de debate e Liana falará conosco pelo computador, pois se encontra na Inglaterra.
Fotos de F. A. Vidal (1-2) e Liana Mendonça (3)
POST DATA - 19 novembro
A reunião durou cerca de duas horas, com Isane e Francisco presentes, Liana falando desde uma cidade próxima de Londres, e mais cinco pessoas (esq.), na maioria sem conhecimento prévio sobre sítios da internet. Os três blogues foram apresentados e todos discutiram as vantagens desse meio de comunicação. Cada blogueiro falou de sua experiência e também fez perguntas aos outros. Foi possível conversar com Liana à distância, mesmo com a falha de nossa câmera de vídeo (abaixo). Quando a colega voltar a Pelotas, em dezembro próximo, um novo encontro será marcado, para explorar a experiência da aproximação virtual, pois nenhum a conhecia em pessoa.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Inflação de obras novas na Feira do Livro
A Editora da UFPel comemorou seus 40 anos com um projeto que ao mesmo tempo favoreceu a comunidade intelectual pelotense e fez a entidade marcar um recorde nacional entre as editoras universitárias brasileiras (veja a notícia). A inovação foi o selo OPEL (OPortunidade de Editar um Livro) e o recorde consistiu em lançar nada menos que 121 títulos, de uma só vez (19 destes não ficaram terminados).
O projeto teve alta aceitação pois permitia editar obras em baixa tiragem, sem cores e a baixo custo - para o escritor e para o comprador. Foi desenhada uma capa básica para todas as obras, onde o título de cada uma diferenciava a apresentação externa. Logo, o autor escolhia o número de exemplares que poderia pagar inicialmente (de 30 a 300).
Houve tantos interessados que o pouco pessoal da Editora (oito funcionários) não conseguiu terminar todo o trabalho, mesmo com a recente modernização do parque gráfico (impressora digital colorida, encadernadora, laminadora para plastificar capas, perfuradora de espirais e seis computadores). Os 121 títulos envolveram 278 autores, e originaram-se 8.780 exemplares, totalizando 1.273.100 páginas no tamanho A5 e 1.250 páginas A4.
A pressão dos prazos e a quantidade de nomes também causaram problemas na organização da Feira do Livro, que teve um total próximo a 170 obras em lançamento (incluindo as da UFPel e as demais). Com vários autores pedindo mudanças de datas ou simplesmente não chegando às sessões de autógrafos, a consequência foi que a imprensa não dispôs a tempo das listas de escritores e o público em geral não ficou sabendo quem autografava em que dia.
Mesmo com tais problemas, a iniciativa é um bom sinal, pois mostra a capacidade de produção dos autores pelotenses, o crescimento quantitativo da Universidade e a necessidade de melhor administrar e divulgar esta produção.
Alguns autores com mais imaginação e ousadia souberam promover seu trabalho, como o músico Alex Cruz (autor de "O grande circo sem lona dos nossos dias") e sua colorida e teatral trupe de palhaços - na foto (dir.)com a artista Rejane Botelho, que produziu pesquisa escrita e fotográfica em "Detalhes de uma Princesa".
Para este blogue, fica a relativa frustração de só poder informar de menos que a décima parte das 170 obras.
Fotos de F. A. Vidal