O cantor e compositor uruguaio Daniel Viglietti apresentou-se ontem (14), por terceira vez em Pelotas, em memória de mais um aniversário da Biblioteca Pública, fundada em 14-11-1875, e em homenagem ao escritor Mario Benedetti, falecido em maio, aos 88 anos.
A apresentação de Viglietti, atualmente com 70 anos, foi a segunda parte da 5ª Mostra Brasil-Uruguai, a qual iniciou com artistas locais interpretando poesia e música. Foi a principal atividade que honrou Benedetti na 37ª Feira do Livro.
O espetáculo ia ser feito, inicialmente, no palco central da Praça Osório, mas, pela ruptura entre os organizadores da Mostra e os da Feira, as atividades ficaram num estranho paralelismo: no momento em que começava a Mostra, às 19:20, a Banda Musical do Gonzaga iniciava sua apresentação no palco da Feira. Não houve interferência sonora de um show sobre outro.
Sendo o visitante estrangeiro quase desconhecido para os pelotenses - ainda que não para os uruguaios residentes - me pareceu vê-lo no início do espetáculo, anônimo entre o público de pé que se apertava, próximo à escada de acesso ao Salão Nobre. Se não era ele, então havia dois senhores grisalhos, de camisa branca e boné preto. O recinto estava lotado, quente e sem ventilação, com umas 250 pessoas sentadas e uma centena de pé, algumas entrando e saindo. Na plateia, escritores, poetas, músicos, jornalistas e apreciadores da cultura.
No minúsculo palco, Viglietti esteve só, mas sua concentração e comodidade transmitiram a certeza de estar na agradável companhia de seus amigos, suas lembranças e suas poesias musicais, que expressam sua alegria de viver, apesar de tudo, e a crença num mundo melhor que o já vivido até hoje.
Foto de F. A. Vidal
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