terça-feira, 4 de março de 2014

Banda carnavalesca é meio de divulgação

A Banda Carnavalesca Integração Saúde e Educação abriu a noite de sábado (1-3-14) no Porto.
A expressão "Integração, Saúde e Educação" em nada lembra o carnaval; mais serviria a um projeto ou palestra sobre temas públicos. No entanto, em Pelotas há uma história especial que dá sentido a esse título tão sério e comprido: no ano de 2001 (início do governo Marroni), funcionários municipais das secretarias da Saúde e da Educação iniciaram um bloco carnavalesco (não burlesco) que seria um meio de extravasar alegria e, ao mesmo tempo, para a difusão de campanhas de bem comum.

Como o objetivo era unir no carnaval as duas áreas do serviço público, o grupo se chamou "Integração Saúde e Educação" (sem vírgulas, pois não são 3 coisas, mas uma). Objetivo e grupo deram certo e existem até hoje: cada ano é escolhido um tema, e o bloco é agora a Banda Carnavalesca Integração Saúde e Educação. É preciso lembrar que esta iniciativa não nasceu como uma política do Estado nem da Prefeitura, mas como uma manifestação de servidores municipais.

Enquanto um bloco tem pouca organização e bastante liberdade de ação na passarela (com integrantes fantasiados), uma banda faz a animação pela música ao vivo (com integrantes identificados por uma camiseta única). O carnaval introduz o elemento humorístico, sendo que o grupo pode trazer alguma mensagem ideológica explícita ou sugerida.

Em 2014, a Integração cresceu em músicos e na organização.
Em 2003, o Bloco Integração levou à passarela 800 integrantes e o carro abre-alas trazia uma mensagem política, pedindo ao novo governo (Lula) atenção aos problemas do povo. A coruja, símbolo do bloco, trazia um chapéu de professor e um de enfermeiro. Mesmo na chuva, muitos cadeirantes brincaram e cantaram, ao som da bateria da Acadêmicos da Saúde, que também mostrava uma coreografia própria (v. notícia).

No carnaval de 2010, a coruja (foto abaixo) foi seguida por duas alas: uma do PPV (Programa de Prevenção à Violência, do governo estadual) e uma do SUS (o Sistema Único de Saúde, ligeado ao governo federal). Fantasias foram feitas com material reciclado nas oficinas de arte do PPV. Os foliões distribuíram folhetos sobre ações da prefeitura em parceria com o Ministério da Saúde. Também foram distribuídos para o público preservativos e um folder com os telefones úteis da área da saúde (v. notícia).

Coruja símbolo no carro abre-alas do bloco em 2010
Em 2013, com o desfile próximo à via férrea, o bloco saiu na noite das campeãs, e homenageou os usuários dos CAPS.

No carnaval 2014, primeiro a ser feito na zona portuária, o Integração abriu a segunda noite (sábado 1-3), estreando agora como Banda Carnavalesca. A mudança é idealizada pela organização civil GESTO, Grupo pela Educação, Saúde e Cidadania (v. notícia).

A entidade luta pela igualdade social e pela garantia do acesso dos cidadãos aos serviços públicos, principalmente nas áreas da saúde, educação e da cidadania. Seu principal objetivo é ajudar a diminuir as vulnerabilidades ante a infecção de doenças sexualmente transmissíveis e, em geral, diminuir a violação dos direitos humanos. Formada pelos amigos da GESTO, a banda trouxe cartazes contra a homofobia e distribuiu preservativos ao público das arquibancadas.

No vídeo da TV Comunitária (abaixo ou aqui), observa-se no desfile de 2013 as características de um bloco carnavalesco: espontaneidade e relativa desordem, sem evidência de um tema e falta de padronização nas roupas. Como aspecto anômalo, vemos até mesmo grande quantidade de integrantes bebendo cerveja em meio a crianças pequenas. Apesar de que a liberdade adulta é essencial aos blocos e ao carnaval, tratou-se de uma incoerência a ser corrigida, pois feria os objetivos de saúde e educação.


Fotos: Duca Lessa (1-2), R. Amaral (3)

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