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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A Arte nos convida a recriar nosso Ser

A professora Loiva Hartmann, patrona deste blogue, nos envia uma mensagem de Ano Novo em forma de um miniensaio sobre o sentido existencial da literatura. Se descobrirmos que o roteiro de nossa vida pode ser desenhado e redesenhado como se faz com uma obra de arte, usaremos nossa criatividade, nossa capacidade de esperança e a virtude da solidariedade para fazer do mundo um lugar melhor para todos. 

Somos o que lemos, já disse um autor. Se algum dia abrimos os olhos para as coisas mais importantes da vida, é porque alguma ideia de um grande mestre chegou a nosso conhecimento, e nos fez depurar o que fazemos na vida. Se queremos um mundo melhor, comecemos por nós mesmos, por nossa inteligência e criatividade. Que este pensamento nos faça extrair do ano 2015 as máximas gratificações, para nós e nossos iguais.

A Ponte JK, sobre o Lago Paranoá em Brasília, é um arrojado projeto do arquiteto Alexandre Chan.
Seus arcos diagonais foram pensados para sugerir o movimento de uma pedra quicando n'água.

Pensar a arte é pensar a existência e a estrutura que a possibilita

A crise da modernidade é a consciência de que um único modelo filosófico não contempla todos os domínios do saber humano. Dá-se então a irredutível ruptura entre o conhecimento filosófico e o científico. Como diz o sociólogo alemão Jürgen Habermas (nascido em 1929),
"temos que perceber os sinais de um novo tempo, uma nova época, um novo princípio não organizador da história em períodos, de um novo princípio que nos faça perceber as coisas de outra maneira, em nível de razão, em nível de compreensão do ser humano na história" [citado do livro "Epistemologia e Crítica da Modernidade", do professor gaúcho Ernildo Stein, 1991, p. 23].

Pensar a arte é pensar o que somos

O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) vê a arte como uma forma de atingir a totalidade do real, de compreender a existência.

Recriar o real é ver o que está subjacente ou latente, é sentir ou pressentir a articulação primeira da obra. Na criação artística, para Aristóteles, a mimesis (imitação mimética do mundo real) instaura um valor que constitui um apelo a todos os homens, e a catarse (purificação emocional) é o grau mais acabado da libertação promovida pela arte, sendo que ambas se unem na tensão estrutural [conforme o acadêmico Eduardo Portella em "Teoria da Comunicação Literária", 1976, p. 46].

A vida humana é como uma amarelinha,
um perneta querendo chegar ao céu.
Para senti-lo, é preciso ler o livro de Cortázar.
Pensar nosso texto criativo

Na literatura, a criação apresenta várias faces: 1) o Tema, que é o impulso que leva o artista a criar certo conteúdo; 2) a Estrutura, que é a organização da obra em si; 3) o Modelo: este decifra a estrutura na medida que mostra sua dinâmica, indica uma direção de sentido e desencadeia a sensibilidade do leitor – ele se constrói com dados da época e da situação da obra lida ou investigada.

Há dois tipos de narrativas literárias: as de estrutura simples, de fácil compreensão, e as complexas, onde são introduzidos estranhamentos, alterações nos elementos convencionais até que eles se tornem polissêmicos, ampliando sua carga de informações. Estranhamento é desvio da norma, é uma expansão do significante na construção das frases, na articulação das personagens, é ruptura com o significado.

A complexidade do texto literário aparece em três níveis: da narrativa, das personagens e da língua. A obra de narrativa complexa não tem fim nem começo, e o início é uma continuação do final. Alguns exemplos são "Grande Sertão: Veredas" (Guimarães Rosa, 1956), "Rayuela" (J. Cortázar, 1963) e "Cien Años de Soledad" (G. García Márquez, 1967).

As personagens complexas rompem com a lógica do espaço e do tempo, são universais e atemporais. Poderiam ser outras: Cristo, Virgem Maria, El Cid [ver "Em memória de João Guimarães Rosa", de Carlos Drummond de Andrade, 1968, p. 15].

Sendo a linguagem literária imagem, está explicado por que as manifestações literárias complexas não se utilizam da linguagem – mas criam uma nova linguagem, um novo estilo, produzem palavras, significados e ordens gramaticais.

Com "A Mão e a Flor", escultura em aço, Oscar Niemeyer agradeceu à França por tê-lo acolhido.
"Desejo ver um mundo fraternal, em que as pessoas não queiram descobrir o defeito dos outros,
mas sim tenham prazer em ajudar o outro", disse o artista.
Analogamente à literatura, podemos descobrir que nosso Ser íntimo é como uma narrativa complexa que se desenvolve sem início nem fim, de modo repetitivo ou como continuação de nossos pais, avós e bisavós. Que dentro deste Ser local existem personagens arquetípicos da Humanidade, como vilões, sábios, heróis, bruxos, cuidadores. Ou que nossa lógica linguística pode ser usada e recriada de diversas formas.

Recriar a linguagem, em Rosa

A literatura de João Guimarães Rosa (1908-1967) é, no grau mais absoluto, instauradora, fundadora. Sua obra pode ser analisada por diversos prismas, tantas seriam os estranhamentos e as contradições. Mas é a partir delas que se vai esclarecer e divisar realmente seu alcance.

Rosa despertou as inusitadas palavras e fez com elas o que Lúcio Costa e Oscar Niemeyer fizeram com espaços e linhas, em Brasília e no mundo inteiro. Serviu-se de recursos que vão desde a criação linguística pessoal até a mistura, artisticamente dosada, de vocábulos arcaicos e modernos, nacionais e estrangeiros, eruditos e populares, ao jogo exótico das palavras na frase, obtendo efeitos surpreendentes, no ritmo e na sonoridade.

O vocábulo inédito leva ao âmago das coisas. É, em Rosa, uma necessidade temática profunda. Na gramática, seus gerúndios ou particípios equivalentes a orações, alguns até precedidos de conjunção, constituem tradição milenar da linguagem oral. Rosa sabe, como pesquisador devotado e profundo conhecedor de várias línguas, que linguagem é criação contínua, e, com seu temperamento de relojoeiro, deforma e remonta uma gramática e uma retórica que têm ignorado importantes possibilidades da língua portuguesa.

Em carta a seu tradutor alemão, Curt Meyer-Clason (1910-2012), referindo-se ao Quem de sua língua, Rosa afirmou:
“A língua para mim é instrumento: fino, hábil, abarcável, penetrável, sempre perfectível. Mas sempre a serviço do Homem e de Deus, da Transcendência” [tomado do livro "João Guimarães Rosa", vários autores, UFRGS, 1969, p. 132].
A obra de Rosa é eminentemente humanista, a exemplo dos alemães Thomas Mann (1875-1955) e Hermann Hesse (1877-1962). Contrapõe-se ao niilismo do irlandês James Joyce (1882-1941). A religiosidade de Rosa é vivencial, é intuição do universo, é o sentimento da radiosa aventura humana no mundo. Pelas falas de seus personagens, depreende-se que Deus é o sim, é a justiça, enquanto o Diabo é o não, é o mal, a guerra: é a desordem que se opõe à ordem. E nessa polaridade vive o homem.

A Santa Casa de Pelotas foi construída em partes, desde 1867 até 1934.
Por isso mostra notórias assimetrias e mesclas de estilos formais {foto H. de Borba].

Pensar-se a si mesmo é pensar o Ser

Pensar a arte é pensar a existência e a estrutura que a possibilita. Assim como o filósofo e o cientista buscam novos modelos e novos paradigmas, o artista busca novos temas, novos esquemas e novas linguagens para suas obras e projetos.

Os mais rupturistas e inovadores foram os que permaneceram na memória dos séculos e no registro das enciclopédias. Ao buscar novos caminhos, os revolucionários questionam a própria organização do que já existe, e assim fazem uma pequena e focada filosofia da existência.

Cada início de ano nos sugere: podemos reiniciar a vida, rompendo esquemas limitados de nossa estrutura, de nosso comportamento e de nosso Ser. Que este 1º de janeiro seja uma oportunidade para que, como os grandes escritores e os grandes sinfonistas, repensemos nosso roteiro de vida, para reinventar nossas personagens e readaptar nossas mimetizações no mundo real.

Loiva Hartmann
Academia Pelotense de Letras

A orquestra francesa Concert Spirituel recriou efeitos do séc. XVIII pedidos pelo rei George II
na "Música para os Fogos de Artifício", apropriada para celebrações como o Ano Novo.

domingo, 17 de agosto de 2014

Dia do Patrimônio 2014: a herança africana em Pelotas


A segunda edição em Pelotas do Dia do Patrimônio Histórico – em 16 e 17 de agosto de 2014 – celebra a diversidade étnica na região e a contribuição africana e afro-descendente na construção da história da cidade. O Dia Nacional do Patrimônio Histórico é celebrado no Brasil em 17 de agosto, data marcada pelo IPHAN em relação a seu iniciador Rodrigo Melo Franco de Andrade (v. nota de 2010).

Pode-se falar de um megaevento, com uma centena de atividades culturais em mais de 30 locais, em zona urbana e rural, e a participação de milhares de pessoas em minieventos: visitação a prédios históricos, manifestações artísticas, oficinas étnicas, ações de educação patrimonial, e outras propostas que surgiram da comunidade pelotense para esta data.

Carruagem funerária para crianças foi restaurada (v. postagem de 2012) e exposta no Casarão nº 6
(v. álbum Carruagens fúnebres e vídeos da chegada  parte 1 e ingresso parte 2)
O interesse do público já mostrou, em 2013, que se trata de um acontecimento cultural comparável ao carnaval, pela quantidade de público que mobiliza (perto de 10 por cento da população da cidade). As vantagens deste megaevento o fazem superior ao carnaval (tradição de mais de um século), quanto a: requerer baixos custos, promover o autoconhecimento e a unidade cultural, funcionar durante manhã e tarde incluindo crianças e idosos, buscar finalidade educativa complementar às escolas, e não produzir poluição visual e sonora.

Atividades no Distrito do Quilombo buscam abordar
o esquecimento histórico das memórias quilombolas.
A Secretaria Municipal de Cultura emitiu o Caderno do Dia do Patrimônio, com a programação de sábado e domingo e treze artigos de 14 pesquisadores pelotenses em História, Arte e Antropologia sobre o tema "Herança Cultural Africana": Louise Prado Alfonso, Lúcio Menezes Ferreira, Caiuá Al-Alam, Marília Floôr Kosby, Lúcio Xavier, Fábio Gonçalves, Rosane Rubert, Vinícius Pereira de Oliveira, Cristian Salaini, Álvaro Barreto, Vagner Borges, Felipe Martins, Adão Monquelat e Clotilde Victória.

A RBS divulgou o evento dirigindo a atenção ao patrimônio material (prédios e objetos físicos). A nota de 3 minutos deixou 16 segundos para que o Secretário de Cultura Giorgio Ronna citasse a ênfase na herança cultural negra. Nos 30 segundos finais da matéria, a jornalista aludiu indiretamente à existência de um patrimônio imaterial, mas referindo-se às artes e à paisagem natural como formas de divertimento (v. vídeo). Deste modo a mídia reflete os interesses do público mas não desperta na mentalidade popular os aspectos menos visíveis da cultura.

Grupo carnavalesco Chove Não Molha, criado em 1919;
desde 1966 denomina-se Clube Cultural (foto de 1924)
Imagens: ASCOM (1), Facebook (2), ZH (3)

terça-feira, 29 de julho de 2014

Ecos do passado em Satolep

O fotógrafo Rafael Takaki começou a produzir a série "Satolep - Ecos do Passado", com aspectos de Pelotas em épocas diversas, que ele denomina "portais temporais". Dentro de uma mesma imagem, duas fotos são superpostas, criando um efeito de viagem no tempo, sensação que aliás é muito comum nas pessoas que passeiam pelo centro histórico da cidade.

Nesta primeira montagem, ele superpôs ao atual Teatro Sete de Abril uma antiga fotografia de família, relativa aos filmes que ali eram projetados na ocasião, início da década de 1930. Um deles era o curta-metragem (19 min) "Perfect Day", com o Gordo e o Magro, que mostrava os desastrados preparativos de uma família para um passeio de carro.

É em alusão a esse veículo do filme que a foto foi preparada, ante o teatro mais antigo de Pelotas, já com cerca de cem anos na ocasião. Rafael publicou sua criação no Facebook com este comentário:
Um fato curioso sobre a foto: o motorista do Ford Modelo A é meu tio avô. Na ocasião, queriam um veículo para colocar na frente do teatro para fazer o retrato. Ele topou, mas com uma condição: apenas ele dirigia o carro, e aí está o registro. O Ford permaneceu com ele, estacionado em sua garagem, até seu falecimento em julho de 2000.
Os outros filmes anunciados na foto são "Love among the millionaires" (1930) e "King of the wild" (1931), todos já da era do cinema sonoro (com diálogos audíveis mas com intensa linguagem mímica). Veja abaixo um trecho de 3 minutos da comédia "Perfect Day" (1929), que teve o título "Delícias de um automobilista" (divulgada no cartaz com a chamada "Aventuras de um automobilista"). 

Fonte: Facebook

POST DATA
1-8-14
Na segunda imagem da série, um casal no presente é observado por um homem no passado.
5-8-14 Monumento ao Coronel Pedro Osório, de Antonio Caringi.

domingo, 15 de setembro de 2013

Renasce um Teatro para o Município

Municipal de SP fechou para melhorias (2008-2011) e reabriu a tempo de celebrar os 100 anos (v. notícia).

O renascimento e a necessidade do tempo e da morte

Aspecto da fachada do Municipal
Análise do caos que precede o renascer

Revi o ser humano ao subir a escadaria
o caos calado se contrapunha
Teatro da escalada

Para que renasça o movimento
há a morte da inércia

E tais ideias ... idealizam as formas e o educar

Personagens ensinam comportamentos
Fingidores arrebatam enquanto esculturas vivas
Chega-se ao UNIVERSAL ... representando seu MUNICÍPIO

Munindo-nos de artifícios ... artificiais
Munindo-nos de um comportamento aceito ... aceitável
e o mundo ensina e representa-se ... através do teatro

Voz e face ... teatral
Eterno ordenar do caos


Nosso correspondente em São Paulo, que assina os versos acima e o texto abaixo, nos recorda que o centenário Teatro Municipal passou por restaurações e foi reaberto, de modo parecido a como o Sete de Abril – verdadeiro teatro municipal nosso – já sofreu três fechamentos em seus 180 anos... e espera seguir funcionando outros tantos, sempre vivo na alma dos pelotenses.


Aspecto atual da fachada do Sete
O Sete de Abril é um teatro (bi)centenário que representa uma arte milenar.
O teatro é uma das primeiras formas humanas de transposição do conhecimento. Sua sutileza está em criar ambientes que reproduzem situações. Os atores sofrem com dilemas que os observadores julgam em seus assentos e em suas consciências.
Hoje os assentos são as poltronas confortáveis à frente das televisões. As novelas substituem as peças teatrais.

Mas ainda existe um Sete de Abril.
Ainda existem teatros municipais que resistem e se reformam, que persistem e se mantêm. Falamos em renascimento ao falarmos em readaptação. Os tapumes no Sete de Abril servem de anúncio de uma nova vida.
Uma constante na rotina humana é o reformar-se, o renovar-se, o remontar-se. Os ciclos repetem-se entre morte e vida.

O município de Pelotas tem um dos melhores e mais bonitos teatros do Brasil. Aqui em São Paulo também houve a reforma do Teatro Municipal. A arte está no entender que o reformar-se/reencenar-se é inevitável.
ANASTTACIO N.
correspondente SP

"Chora agora, ri depois" - arte em homenagem ao Teatro, casa da cultura de uma cidade
(v. notícia sobre o graffiti).
Fotos: Google (1), N. Anasttacio (2), F.A. Vidal (3-4)

sábado, 14 de setembro de 2013

Identificando renascimentos culturais

Na vida cultural de uma sociedade, normalmente as artes, as ciências e as religiões mostram influências mútuas e uma certa coerência entre si, dentro de uma fase histórica. Assim como uma guerra causa uma decadência, um crescimento econômico pode trazer um benefício cultural. Essa dinâmica permite a existência de pontos altos culturais, ao longo dos séculos, de maior manifestação da criatividade.

Assim ocorreu desde o século XIV ao XVI, quando a Europa viveu a chamada Renascença, fase que levou da Idade Média à Idade Moderna (antes houvera uma espécie de anúncio, com o Renascimento do século XII). A Renascença fez a cultura europeia transbordar para o resto do mundo, com a colonização da América, África e Índia. A época caracterizou-se pelo racionalismo e o desenvolvimento das ciências. Artistas e intelectuais eram financiados por benfeitores ou mecenas (da burguesia, do governo e do clero).

Posteriormente, o mundo ocidental conheceu um breve período de crescimento geral das instituições e da tecnologia, ao redor da virada do século XX: a chamada
Belle Époque. O Brasil e nossa região Sul também viveram um ascenso cultural e econômico nessa época. Veja o que a Professora Loiva Hartmann analisa sobre a história cultural de nossa região.

Em 2013, o Sete de Abril começou a ser novamente reformado (v. fotos do interior).

Renascimento na Zona Sul do Rio Grande do Sul

Para os habitantes desta região que almejam desenvolvimento e batalham para que isso aconteça, os que amam a arte e a cultura, vive-se um renascimento em todos os sentidos! Se a pujança iniciou-se com as charqueadas, século XVIII, seguindo-se período de ostracismo econômico sufocante, nestas duas últimas décadas assiste-se ao esforço hercúleo de ressurgimento de forças que promovem o futuro.

A reestruturação do porto de Rio Grande, as restaurações dos Casarões 8, 6, 2 e 1. O bairro do Porto de Pelotas transformando-se numa Cidade Universitária/UFPEL. A reforma do Teatro Sete de Abril, da Estação Ferroviária e, a cada dia, a abertura de novos espaços culturais, físicos e virtuais, tudo mostra esse novo/antigo sonho humanista de renascer, presente em todas as sociedades, mas possível de realizar-se apenas nas que têm, em seu cerne, o germe que o possibilita.

O Renascimento, cujo epicentro foi a península ibérica, qual fênix reacontece em vários momentos civilizatórios. E sempre, emergindo de períodos de obscuridade sócio-político-econômico-ideológica. Momentos/berço de projeção de inesquecíveis talentos!

E a arte, segundo Eduardo Portella, é o único espaço em que o ser humano é totalmente livre e que o melhor do Ser aflora. Para Aristóteles, arte é sinfronismo: coincidência espiritual, de modo vital, entre o homem de uma época e o de todas as épocas! E a cultura é o alicerce do desenvolvimento.

Nosso desenvolvimento passa, necessariamente, por esse patrimônio precioso que é legado de gerações. O Velho Mundo está alicerçado em seu patrimônio histórico, explorado turisticamente. Jornadas com escritores, pintores, músicos, cientistas, são corriqueiras. Sempre com a participação da comunidade, professores e alunos! Os alicerces desses movimentos são universidades, governos, instituições várias.

É esse o exemplo que devemos seguir, informando as novas gerações sobre o muito que já foi feito, o quanto é importante preservar, e a necessidade de que todos, comunidades, se unam a fim de que todos consigam viver num mundo melhor. É por isso que quem se envolve, acredita em projetos culturais, compreende, se integra e vive exatamente isso!
Loiva Hartmann
Conselheira do Instituto JSLN
Patrona do blog Pelotas, Capital Cultural

Em 1875, um grupo privado fundou a Biblioteca Pública, a fim de contribuir à educação dos pelotenses em geral (daí denominar-se "pública", significando "para os cidadãos"). Foi o início da Belle Époque em Pelotas, que durou até a decadência das charqueadas. 
Este vídeo foi editado pela Assessoria de Comunicação Municipal, para destacar o valor permanente do patrimônio arquitetônico pelotense. Créditos: Lóren Nunes (roteiro), Maria Alice Estrela (narração), Felipe Freitas (edição) e Mateus Gomes (direção).

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Dia do Patrimônio: um sucesso que irá crescendo

Na foto de Fábio Zündler (acima), as novas luzes do relógio da torre do Mercado. O mecanismo foi ajustado há cerca de um mês mas ainda requer reparos, por sua complexidade e antiguidade. Na foto de Paula Adamoli (v. notícia da ASCOM), a abertura artística deste fim de semana, sábado (17), com tango dançado por um casal uruguaio que veio a Pelotas especialmente para o Dia do Patrimônio Histórico.

O público foi mais numeroso nas visitas guiadas, que são uma novidade positiva em nossa cidade, onde há muito para mostrar e para aprender, e pouco é ensinado. Para atrair o interesse nos shows, será preciso reforçar a estrutura física (cenários, cadeiras, alimentação) e organizar um programa mais especial do que os pelotenses já estão acostumados a ver em feiras e festivais ao longo do ano.

Bailarinos uruguaios, Claudia e Marcos, no Largo Edmar Fetter. No escasso público, a vice-prefeita Paula

6 postais para o patrimônio histórico

60 mil cartões postais foram distribuídos nos locais participantes do Dia do Patrimônio, neste fim de semana (17-18). As seis imagens, que representam as diferentes formas de patrimônio material e imaterial, foram divulgadas sexta no sítio da Prefeitura (v. notícia).

A programação total, atualizada até sexta (16), ainda pode ser acessada no blogue do Dia do Patrimônio. Foram cerca de cem atividades em dois dias, e as mais aceitas pelo público pelotense foram as visitas guiadas em prédios e locais históricos, pela sua riqueza cultural e pela falta de informação na mídia e nos currículos escolares.


Mercado Central.
Construção edificada pelo arquiteto Roberto Offer em 1850. Sofreu transformações em sua composição original, após a reforma de 1911 e o incêndio de 1969. Possui uma torre com relógio e o farol de ferro que foram importados de Hamburgo (Alemanha).

Zoólito de tubarão.

Foi encontrado próximo à Lagoa do Fragata, e representa um tubarão. Foi produzido pelos grupos indígenas que ocupavam a região, possivelmente com uma função ritualística (v. definição do Museu Nacional da UFRJ).
Este zoólito faz parte do patrimônio arqueológico da cidade de Pelotas e atualmente encontra-se no acervo do LEPAARQ da UFPel.
Um zoólite é um animal ou parte de animal petrificado ou fossilizado. Um zoólito é um artefato de pedra com forma de animal (v. Wikipedia em espanhol).

Teatro Sete de Abril.

Inaugurado em 1834, um dos mais significativos documentos existentes de uma época de grande desenvolvimento econômico. Foi palco de muitos acontecimentos da vida cultural. O projeto do Sete de Abril, em estilo renascentista, teve como autor o engenheiro Eduardo Kreschmar.


Doces de Pelotas.

A tradição doceira de Pelotas está vinculada ao crescimento econômico das charqueadas, que proporcionou um desenvolvimento de hábitos europeus na cidade.
A produção dos doces conta com a contribuição de diferentes etnias: africana, portuguesa, alemã, italiana, pomerana e francesa.


Arroio Pelotas, patrimônio natural, e a Travessia da Pelota.

A pelota era uma embarcação de couro utilizada para a travessia de pessoas e mercadorias através da água.
No livro "Viagem pitoresca e histórica ao Brasil” (1835) Jean-Baptiste Debret já a descreveu como sendo de uso corrente no sul do país, na região das charqueadas. Desde o bicentenário da cidade o Parque Gaúcho de Gramado promove a Travessia Cultural no arroio Pelotas.


Regional Avendano Júnior, patrimônio musical de Pelotas.

O legado de Avendano Júnior como intérprete perdura e suas composições inéditas ainda serão gravadas e divulgadas, como é o caso de "Liberdade", choro em homenagem ao bar onde tocou desde os anos 70 (esta frase do postal foi tomada literalmente do post em que noticiei a morte de Avendano em 2012).

Joaquim Assumpção Avendano Júnior e seu Regional receberam o título de Instituição Emérita pelos relevantes serviços prestados à cultura pelotense.
Texto e fotos: ASCOM

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Dia do Patrimônio: 30 shows na programação

A programação do Dia do Patrimônio 2013, comemorado em Pelotas este fim de semana, traz 30 espetáculos, em 9 locais, incluindo música, dança, teatro e cinema.

Em eventos múltiplos também haverá apresentações de vídeos, música e dança, sábado e domingo: no Centro do Mercosul (a partir das 9h e das 14h) e no Triplex Arte Contemporânea (Santa Cruz 2338, a partir das 14h).

Os organizadores destacam a apresentação do casal Claudia de Angelis e Marcos Cañete, bailarinos de tango enviados pelo governo do Uruguai especialmente para o Dia do Patrimônio de Pelotas. Suas apresentações estão anunciadas para sábado e domingo no Largo do Mercado e no Parque da Baronesa (ver programação completa). 

Sábado 17
Claudia e Marcos obtiveram o 2º lugar
no Mundial de Tango subsede Uruguai

11h — Apresentação de Capoeira dos alunos do Professor Sombra. Calçadão da Andrade Neves.

13h  Casal uruguaio de bailarinos de tango. Largo do Mercado.

13h30  Cia 1° Ato, dança com Tavane Viana. Largo do Mercado.

14h  Escola Dr. Franklin Olivé Leite (Banda Marcial, CTG Antônio Caringi, Grupo de Dança). Largo do Mercado.

14h Serginho e a Vassoura. Esplanada do Teatro Sete de Abril.

15h  “O Bom Quixote”, Grupo de teatro UEBA (Caxias do Sul). Largo do Mercado.

15h  Casal uruguaio de bailarinos de tango. Parque da Baronesa.

15h  Apresentação de capoeira com Contra-Mestre Jarrão e a participação de crianças de três bairros (Navegantes, Dunas, Z3). Escola da Colônia Z3.

15h15  Fernanda Martins. Parque da Baronesa.

16h — Casal uruguaio de bailarinos de tango. Largo do Mercado.

16h — Banda The Woods. Parque da Baronesa.

16h30  Banda União Democrata. Largo do Mercado.

17h — Vicente Pimentero. Largo do Mercado.

17h  Banda Champagnota (veja reportagem de 2012). Parque da Baronesa.

17h — Capoeira Angola, roda de capoeira com Professor Cabeleira. Quadrado (Doquinhas).

17h  Intervenções de dança contemporânea junto ao patrimônio edificado. Coordenação de Berê Fuhro Souto. Biblioteca Pública Pelotense.


Domingo 18

13h  Marco Gottinari (vídeo acima). Parque da Baronesa.

14h  Manifesto RS. Largo do Mercado.

14h  Dico Keiber. Parque da Baronesa.

14h30  Filmes de curta-metragem de Eleonora Loner Coutinho: "Estados Unidos", "Noli me tangere" e "Maria Clara". Museu da Baronesa.

15h  Dança Oriental com estilo Tribal e música, teatro e poesia com o Circo sem Lona. Parque da Baronesa.

15h — Concerto Instrumental de Inverno. Direção artística de Leonardo Oxley. Catedral Metropolitana São Francisco de Paula.

15h  D.Mix Charme Rappers. Largo do Mercado.

15h — "Candiota Natural", documentário da produtora Rastro Selvagem, e diálogo com os realizadores. Museu da Baronesa.

15h30  Banda Furiosa. Parque da Baronesa.

16h — "O Liberdade", documentário da produtora Moviola (dir.). Museu da Baronesa.

16h  Anjos e Querubins. Largo do Mercado.

16h  Casal uruguaio de bailarinos de tango. Parque da Baronesa.

16h  Muzambê. Coreografia de Carolina Pinto especialmente criada para o Dia do Patrimônio. Biblioteca Pública Pelotense.

16h30  Musa Híbrida. Parque da Baronesa.

Imagens: Facebook (1), Agustín Fernández (2) e Moviola (3)

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Dia do Patrimônio: 26 visitas guiadas

No fim de semana em que se comemora o Dia Nacional do Patrimônio Histórico (17 de agosto), haverá em Pelotas uma centena de atividades gratuitas, entre shows, exposições, palestras, visitas guiadas (ver programação completa).

Veja a seguir quais prédios e espaços do patrimônio estarão abertos a visitação e com guia de monitores — todas as visitas são gratuitas, exceto as duas últimas opções da lista.

Templo das Águas, Colônia São Manoel, no 8º Distrito de Pelotas (Rincão da Cruz)
Templo das Águas nos pés descalços da história — passeio guiado na Colônia São Manoel (veja como chegar). Contatos: (53) 3224 6014.
Horário: Sábado 17, 9h-17h.

Sítios arqueológicos pré-coloniais — passeio guiado com Rafael Milheira (prof. UFPel) pelo Pontal da Barra. Ponto de início: em frente ao trapiche do Valverde.
Horário: Domingo 18, 14h.

Charqueada São João — visita guiada. Para grupo de 40 pessoas, mediante apresentação de senhas que serão distribuídas antecipadamente no posto de informações turísticas no Mercado Central. Local: Estrada da Costa 750, Areal.
Horário: Domingo 18, 17h.

Museu do Saneamento: Andrade Neves esquina Pinto Martins, futuras instalações do Museu do Saneamento (SANEP, Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas).
Horário: Sábado 17, 14h-17h

Centro Histórico

Cúpula da Caixa d'Água, em restauração
Caixa D´Água, pavimento superior — visita guiada, com o professor Daniel Acosta. Local: Praça Piratinino de Almeida.
Horário: Domingo 18, 14h-16h.

Sobrado do Barão Alves da Conceição — visita guiada. Local: Quinze de Novembro 702, atualmente Loja Renzo 15. Horário: Sábado 17, 10h-17h.

Prédio do século XIX, antigo Asilo de Órfãs, atualmente Faculdade de Tecnologia do SENAC, com corredor em escaiolas. Local: Gonçalves Chaves 602.
Horário: Sábado 17, 9h-12h.

Conservatório de Música — visita guiada pelo prédio, onde estão expostos quadros de ex-diretores e de artistas que ali se apresentaram, bem como esculturas e mobiliário da época da fundação (1918). Estará a venda o livro “História Iconográfica do Conservatório de Música da UFPel”. Local: Félix da Cunha 651.
Horário: Sábado 17, 10h-16h.

Antigo sítio da Freguesia — passeio guiado, com Ester Gutierrez, pelo sítio da fundação em 1812 da Freguesia São Francisco de Paula, povoação urbana que deu origem à cidade de Pelotas. Local: Praça José Bonifácio.
Horário: Sábado 17, 10h-11h.

Sobrado da família Moreira Ribas (SEBRAE) — visita guiada (espaço com Namoradeira e quadros dos antigos proprietários). Local: Félix da Cunha, 616 e 618.
Horários: Sábado 17 e Domingo 18, 10h-17h.

Biblioteca Negra de Pelotas. Criada em 2006, foi impulsionada pelo Grupo de Estudos Negros SANGOMA. Local: Clube Cultural Fica Aí Pra Ir Dizendo, Marechal Deodoro 368.
Horários: Sábado 17 e Domingo 18, 13h30 - 17h30.

Ao redor do Mercado Central

Mercosul Cultural — visita guiada (histórico do prédio/referências da trajetória de Simon Bolívar e seu papel para a história da América Latina). Local: Prédio do Centro de Integração do Mercosul da UFPel (Andrade Neves 1529).
Horários: Sábado 17 e Domingo 18, 9h-12h e 14h-20h.

Loja da Associação dos produtores de doces. Informação sobre a indicação de procedência dos doces de Pelotas e também sobre o processo do Doce de Pelotas como Patrimônio Imaterial da cidade. Local: Mercado Central.
Horários: Sábado 17 e Domingo 18, 9h-18h.

Prédio do Liceu — visita guiada. Local: Praça Sete de Julho 180.
Horários: Sábado 17 e Domingo 18, 10h-17h.

Ao redor da Praça Coronel Pedro Osório

Adorno na fachada do Casarão nº 8, após restauração
Casarão nº 8 — visita guiada com apresentação da casa, sua história, o restauro e o projeto do Museu do Doce. Local: Praça Coronel Pedro Osório, 8.
Horários: Sábado 17 e Domingo 18, 14h-18h.

Casa dos Assumpção — visita guiada. Local: Félix da Cunha 570.
Horários: Sábado 17 e Domingo 18, 10h-17h.

Quartel Farroupilha — visita guiada. Local: Félix da Cunha 603.
Horários: Sábado 17 e Domingo 18, 10h-17h.

Grande Hotel — visita guiada. Local: Praça Coronel Pedro Osório 51.
Horários: Sábado 17 e Domingo 18, 10h-17h.

Prefeitura Municipal de Pelotas — visita guiada ao Gabinete do Prefeito e ao Memorial dos Ex-Prefeitos. Local: Praça Coronel Pedro Osório 101.
Horários: Sábado 17 e Domingo 18, 10h-17h.

Museu da Biblioteca e "Casa do Livro" — visita guiada ao Museu Histórico da Biblioteca Pública  e à Casa do Livro que abriga a exposição "Germanismo e Germanidade". Local: Praça Coronel Pedro Osório 103.
Horários: Sábado 17 e Domingo 18, 10h-18h.

Monumentos de Ferro — passeio guiado  e sessão de autógrafos com José Francisco Alves, autor do livro "Fontes D’Art no Rio Grande do Sul".  Passeio em transporte inclui: Caixa D´água, Sentinela Farroupilha e Monumento ao Colono. Ponto de início: Praça Coronel Pedro Osório (Chafariz das Nereidas).
Horário: Sábado 17, 15h (passeio) e 17h (sessão de autógrafos).

Patrimônio, cultura e cidade: Pelotas, um diálogo de influências e tradições — passeio guiado pelo entorno da praça. Falar do pelourinho, das senzalas domésticas, dos três casarões, Casa da Banha, Teatro Sete de Abril, Biblioteca, Prefeitura, Prédio das Finanças, Mercado, ICH, Mercosul. Local de saída: Centro de Integração do Mercosul (Andrade Neves 1529).
Horários: Sábado 17 e Domingo 18, 9h-12h e 14h-20h.

Arquitetura no Centro Histórico — passeio guiado. Roteiro do SEBRAE mediado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo. Ponto de início: Praça Coronel Pedro Osório (em frente à prefeitura).
Horários: Sábado 17, 10h e Sábado 17, 14h.

Clube Caixeiral — visita guiada. Local: Praça Coronel Pedro Osório 106.
Horários: Sábado 17 e Domingo 18, 10h-17h.

Teatro Guarani (1921) tem visitas por R$5 
Teatro Guarani — visita guiada (R$ 5 por pessoa), onde será apresentada a história, o acervo e os Camarins Artísticos (redecorados de forma temática). Contatos: (53) 3225 7636 e 3305 9384. Local: Lobo da Costa 849.
Horários: Sábado 17 e Domingo 18, 14h; 15h; 16h; 17h.

Terra Sul Turismo conta a História e a Cultura de Pelotas — pacote turístico (R$130 à vista ou pagamento em 3 vezes), passeio guiado de 10 horas de duração, com visitas à Catedral, Mercado, Teatro Guarani, Casarão 8 e Biblioteca Pública, incluindo almoço na Charqueada São João e café colonial na Praia do Laranjal. Saída às 9h da Terra Sul Turismo (Sete de Setembro 238, quase esquina Anchieta). Contatos: 53 3227 9973 ou 53 3227 6371.
Horário: Domingo 18, das 9h às 19h30.

Fotos: Roque Oliveira (2), Carlos Queiroz (3), F. A. Vidal (4), Facebook (1 e 5)

POST DATA
17-8-13
O Diário Popular de ontem (16) menciona 32 locais com visitas guiadas:
  • em bairros: Castelo Simões Lopes, Museu da Baronesa, CTG Coronel Thomaz Luiz Osório, Espaço Cultural e Artístico Laneira, IF-Sul;
  • no centro histórico: Teatro Guarani, Instituto J. Simões Lopes Neto, Conservatório de Música, Antigo Jockey Club (Spazio Auguri), Clube Fica Aí, Solar Barão da Conceição, Catedral, Faculdade SENAC, Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, Atelier Giane Casaretto, Laboratório Rouget Peres, Associação Comercial, SEBRAE, Triplex Arte Contemporânea, Memorial Sete de Abril;
  • Pç Sete de Julho: Mercado, Liceu UFPel, Centro de Integração do Mercosul;
  • Pç Osório: Casarões 2, 6 e 8, Prefeitura, Grande Hotel, Casa dos Assumpção, Antiga Casa da Banha, Biblioteca Pública, Clube Caixeiral.

sábado, 10 de agosto de 2013

Catedral é o coração do nosso patrimônio


A Catedral Metropolitana São Francisco de Paula participará durante uma semana do Dia do Patrimônio (v. notícia). O evento busca estimular, em todo o país, a visitação pública aos prédios e espaços que mais caracterizam o patrimônio das cidades.

O Dia Nacional do Patrimônio é comemorado em 17 de agosto, em homenagem a Rodrigo Melo Franco, primeiro presidente do IPHAN, de 1937 a 1967 (leia sobre a origem da data). Em Pelotas, as comemorações se estendem este ano ao fim de semana de 17 e 18.

Em Pelotas, a Secretaria Municipal de Cultura coordena o programa de atividades, com cerca de uma centena de exposições, oficinas, concertos e visitas guiadas a lugares característicos da cidade (v. programação completa).

O maior templo católico de Pelotas foi o ponto de início de urbanização da Freguesia de São Francisco de Paula, fundada em 1812. Nestes duzentos anos, já passou por várias reformas, conservando-se sempre no que é considerado o "ponto zero" de Pelotas.

A Catedral receberá os pelotenses e visitantes do sábado 10 ao domingo 18 de agosto.
  • Na abertura (dia 10 às 15h), concerto com Coral e Orquestra Filarmônica da PUC-RS (Porto Alegre).
  • Ao longo dos nove dias (11-17h), visitação diária ao templo, com exposição de 15 painéis do pintor de arte sacra Emilio Sessa, italiano que colaborou com Aldo Locatelli na decoração interna da Catedral.
  • Horário de missas: 17h30 (sábado), 18h30 (2ª-6ª) e 19h (domingo).
  • No encerramento (dia 18 às 15h), Concerto Instrumental de Inverno, com orquestra local.

Fotos: UOL Viagem (1) e R. Lessa (2)

terça-feira, 30 de julho de 2013

Satolapp acompanha o Sete


Em 30 de julho, o aplicativo Satolapp Cultural já tem mil seguidores e segue em desenvolvimento para divulgar o cenário cultural pelotense. Há uma semana, a equipe publicou a foto acima e anunciou que acompanhará o andamento da reforma do Teatro Sete de Abril, a sala mais antiga do Estado (inaugurada em 1834), desativada há 3 anos e meio.

Como o processo de reforma recém está começando, esperam-se novidades para os próximos dois anos, pelo menos (o Mercado precisou de quatro anos para reabrir, e ainda não retomou o ritmo normal). A expectativa é de que o Sete de Abril volte a fazer brilhar a vida da cidade e seja cada mais valorizado pelo povo pelotense.

POST DATA

20-8-13 Jornal ZH noticiou: Dilma anuncia verbas para o Sete de Abril.

23-8-13 Satolapp Cultural postou a foto abaixo.


4-9-13 Diário Popular reporteia as reformas: Hora de tirar dúvidas sobre o Sete de Abril.

Fotos (1-2): Facebook

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Imagens do Teatro antes de fechar


Em 23 de outubro de 2009, o Teatro Sete de Abril lotado assistiu ao espetáculo "Assuma Sua Negritude", de Geanine Escobar e equipe, dentro do 3º Encontro de Teatro de Pelotas (veja nota). No palco, Geanine e o percussionista Daniel Simões dos Santos, com cenografia de Aloisio Licht; na plateia e camarotes, alunos de escolas municipais e grupos convidados.

A fotografia é um dos últimos registros do Teatro em atividade, o qual foi interditado em março de 2010 e segue fechado até hoje. Vale a pena recordar a importância da arte e do teatro na educação, para aprendermos a cuidar do que é nosso capital cultural. Veja mais imagens do Sete de Abril no vídeo Espetáculo Assuma Sua Negritude.
Foto: R. Marin (Facebook)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Recuperada antiga sede do Jockey Club

Construído estimativamente na década de 1830, o palacete situado na Sete de Setembro com Félix da Cunha foi propriedade de Domingos de Castro Antiqueira (1774-1852), o Visconde de Jaguari, e ali residiu seu neto, Domingos Soares de Paiva (n. cerca de 1834, m. 1900). 

O Visconde morava no casarão da esquina em diagonal (hoje sede do SANEP), onde se diz que Dom Pedro II teria pernoitado em 1846 (v. referência). Segundo o artigo de Rodrigues e Santos (UFPel, 2011), que abunda em referências históricas e arquitetônicas sobre a casa do neto do Viscondeo Imperador teria ficado neste casarão, certamente de construção posterior.

O Visconde de Jaguari fez  (ou deixou) a casa para seu neto. 
Desde 1948, este prédio serviu de sede social ao Jockey Club de Pelotas, que passou a alugá-lo para cobrir dívidas, até a sua venda em leilão, em 2003. Nos anos 60, foi alugado por partes, para cobrir dívidas do clube. Em 2003, foi comprado por Dario Lorenzi, que o reformou, mantendo traços da construção original. O térreo foi destinado ao Cartório Lorenzi, inaugurado em dezembro de 2012.

Leia a seguir reportagem de Júlia Otero, publicada ontem (9) no sítio de Zero Hora (v. texto completo). 


O prédio foi o primeiro em Pelotas a ser parcialmente financiado com recursos privados pelo Projeto Monumenta, que recupera fachadas e coberturas. Hoje ali funcionam o 4º Tabelionato de Pelotas, reinaugurado no final de 2012, e uma casa de festas com lugar para 300 pessoas.

A recuperação do edifício trouxe à tona outros detalhes esquecidos — ou criados — pelo passar do tempo. Um deles é que Dom Pedro II teria passado uma noite na casa quando o local pertencia a uma família nobre da região.

Dejane e Dario Lorenzi, artista e tabelião
Com 870 metros quadrados, o prédio foi erguido em meados de 1830 e, em 1948, vendido ao Jockey Club. "Era a sede social, fazíamos festas de eleições do clube, os associados podiam franquear o local para eventos particulares", lembra Jarbas Plinio de Mello, que trabalhou por mais de 30 anos no Jockey Club.

No entanto, dívidas forçaram a instituição a alugar espaços do prédio. "Tinha uma barbearia, boate, restaurante, bar e até jogatina nos fundos", lembra Dejane Lorenzi, artista plástica que acompanhou a restauração.

Pelo fato de ter abrigado diferentes estabelecimentos comerciais, a casa sofreu diversas intervenções. "Na construção original, não tinha churrasqueira, mas como foi alugado para um restaurante, no andar térreo havia mesas e churrasqueiras que tivemos de remover", recorda Rudelger Leitzke, arquiteto responsável pelo projeto.

Restaurante Diehl alugou o piso superior
"Queríamos deixar o corrimão da escada apenas de madeira, da forma original. Raspamos e tinha mais de 10 cores ali: azul, rosa, amarelo e por aí vai", conta Dejane, que exibe uma foto da fachada do prédio, também colorida (dir.).

Há 10 anos, o Ministério Público entrou com uma ação para demolir o imóvel, em razão de problemas na estrutura. "Fizemos um laudo dizendo que o prédio poderia ser recuperado, barrando a intenção do Ministério Público", lembra o professor de arquitetura e urbanismo da UFPel, Sylvio Jantzen.

Por conta de dívidas, em 2003, a casa foi a leilão. E o tabelião Dario Lorenzi vislumbrou a oportunidade de adquirir um prédio próprio. Na época, o Projeto Monumenta, de caráter nacional, escolhia em conjunto com a prefeitura projetos de restauração privados. "Depois de comprar a casa, consegui um financiamento de R$ 370 mil para restauro da fachada e da cobertura, que parcelei em 10 anos. O restante da reforma, tirei das minhas economias", calcula Lorenzi, que não sabe precisar o valor total da obra.

Vitral do piso superior foi preservado
Considerado patrimônio histórico da cidade, o prédio não foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Por isso, foi possível fazer modificações nas áreas internas.

As salas brancas estão bem equipadas: com internet, ar condicionado, parte do arquivo computadorizado e salas individualizadas. A lembrança do passado está espalhada no imóvel: na fechadura, na porta, nas janelas, na parede, no vitral do salão de festa e em toda arquitetura externa.

As grandes portas originais de madeira são abertas todas as manhãs, mas, para manter o interior do prédio climatizado, há portas automáticas de vidro que funcionam com sensores. Dentro, a sala principal conta com atendimento em guichês, separados por madeiras de reconstrução da própria obra mesclados com materiais atuais. Os funcionários atendem de branco, combinando com as paredes e a decoração em madeira e tonalidades claras.

O segundo andar é dividido entre quatro salões, compostos por mesas e cadeiras e com janelas grandes em cada compartimento. Os móveis também são antigos, que contrastam com os banheiros, de arquitetura moderna, com pias ovuladas e torneiras finas.
Júlia Otero
Recursos privados e do governo federal permitiram recuperar o palacete de um charqueador.
Fotos de Marcel Ávila

sábado, 29 de dezembro de 2012

O palácio abandonado em pleno centro

Ex-sede do Banco do Brasil (1928-1972) pertence à Câmara, mas espera melhores dias
Hélio Freitag Jr. postou quinta (27) duas fotos do antigo prédio do Banco do Brasil em Pelotas, abandonado pelo poder público há pelo menos uns 15 anos, quando ali deixou de funcionar a Secretaria Municipal de Finanças.

Praça Coronel Pedro Osório 67
Segundo o relato histórico (clique para ler), a propriedade seria passada em 1972 à Câmara para que fosse a sede do Legislativo local, mas foi ocupada pela Prefeitura. Somente em 1997 ocorreu a efetiva posse, segundo consta em placa (dir.).

A imagem acima é, provavelmente, da década de 1990, quando ainda se encontrava na cúpula uma estrutura, a ponto de cair, que funcionava como cobertura do mirante da torre, e foi removida em 2003. O jornalista do Diário da Manhã propõe
que este patrimônio seja entregue restaurado aos pelotenses ainda em 2013. E que a Câmara de Vereadores, se não o ocupar, faça retornar à Prefeitura para que esta dê destino a ele.
A Câmara Municipal de Pelotas, que em seus 180 anos de existência até hoje não possui uma casa própria (veja histórico), não conseguiu o dinheiro e as licenças legais para restaurar este prédio, que a ela se destinava. Enquanto isso, aluga outro palacete que custa aos pelotenses 29 mil reais por mês (veja a nota Belo casarão restaurado).

Imagem maior:  em 2012, o prédio fechado e em progressiva deterioração.
Imagem menor:  fev. de 2003, quando da retirada da cúpula.  Onde estará hoje?
No mesmo espaço do Facebook de Hélio, o ex-vereador Otávio Martins Soares comentou ontem o seguinte:
Confesso que adoeço cada vez que olho o Prédio da Câmara de Vereadores se deteriorando e em completo abandono. Quando Presidente da Casa iniciamos uma negociação com o Banco do Brasil que iria restaurar o Prédio que um dia foi seu, tendo em vista que foi a Primeira Agência do Interior do Estado e a Trigésima Nona do País e ali instalar um Agência Vip no térreo da esquina, servindo os andares superiores para gabinetes e parte administrativa da Câmara. 
O custo seria zero, pois o Banco adiantaria o correspondente a 30 anos de aluguel, além de recursos que poderiam ser captados junto à Fundação Banco do Brasil e outros Programas governamentais. Juntamente com o Vereador José Sizenando, quando Presidente, desapropriamos e pagamos 2 imóveis pela Praça 7 de Julho. Além disso contratamos e pagamos um Escritório de Engenharia e Arquitetura que elaborou as plantas arquitetônica, sanitária e elétrica da Obra. Seguindo as normas que regem esse tipo de Prédio Histórico, seria construído um anexo de 4 andares moderníssimo revestido de vidro fumê, fotocromático, espelhado que refletiria a Imagem do nosso Mercado Público. Inclusive a execução da obra foi paga, pois o banco tinha um determinado tempo para que tudo fosse concretizado. 
Deixei de ser Vereador e vi o sonho acabar. Vibro agora com os novos Vereadores, como Marcos Ferreira que conhece o assunto e retoma a ideia. Senhores Edis, economizemos 30 mil mensais e tenhamos uma Câmara com um Prédio digno de nossa historia arquitetônica, antes que ele desabe.
Apesar das poucas referências visuais, esta foto é com certeza da década de 1930.
Fotos: H. Freitag Jr (1-2), F. A. Vidal (3), G. P. Almeida (4)