domingo, 19 de outubro de 2014

O lento enterro dos postes vazios

Mastro restante esvaziou-se de seu significado original e ficou, até mesmo, despercebido.
Os três mastros metálicos levantados pela prefeitura municipal há 14 anos transformaram-se em "símbolos de desperdício de dinheiro público", diz o Diário Popular em manchete. Eles foram colocados para adornar os trevos de entrada na cidade: do sul (no acesso desde Rio Grande ao bairro Simões Lopes), do oeste (no trevo da FENADOCE) e do norte (final da av. Fernando Osório).

Entrada de Santa Vitória do Palmar tem belo pórtico.
Pelotas não tem nem nunca teve.
A ideia original era que os altos postes de 42 metros mostrassem bandeiras coloridas e fossem rodeados por canteiros de flores. Cidades da região, como Rio Grande, São Lourenço do Sul e Santa Vitória do Palmar (foto à esq.), já possuíam notórios e tradicionais pórticos de entrada, mas o poder executivo pelotense investia em jardinzinhos e hastes monumentais.

Nosso prefeito da época era, justamente, santa-vitoriense e deixou o cargo por problemas com a Justiça, sendo a gestão foi assumida pelo vice, Otelmo Alves.

Poste nu foi retirado para sempre.
Sua vergonha será recordada?
No entanto, a ingênua finalidade estética se cumpriu por duas semanas apenas, pois as bandeiras se destruíram com o vento, deixando os mastros nus e invisíveis. Desde maio de 2000, estes permaneciam inúteis em sua função, sem ajudar nem prejudicar a cidade. Somente lembravam o público de uma decisão imprudente do governante: o gasto tinha sido de uns "R$ 500 mil pelos valores atuais", diz a notícia.

Dois desses mastros já foram retirados, logo após o início das obras de duplicação da BR-116, para dar espaço à construção de viadutos: o da Fernando Osório e o da saída para Canguçu. A remoção ficou por conta das empresas construtoras. Ainda sobra o que fica mais próximo às pontes sobre o São Gonçalo, que será também desmontado quando as obras chegarem ali.

Os três lembretes da incompetência ficarão num pátio municipal, sem que seus restos mortais possam ser destruídos nem reaproveitados. Nenhum deles será recolocado, por falta de verbas, nem será notada sua falta. Será aprendida a lição sobre o adequado uso do dinheiro público?
Imagens: Diário Popular (1, 3), Wikipédia (2)

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