quarta-feira, 30 de outubro de 2013

4 livros em lançamento


Como costuma ocorrer com o início da primavera, a Feira do Livro traz novas obras e novos autores à praça da literatura local. Em 2013, no entanto, um desacordo entre os organizadores quanto ao local da Feira exigiu um replanejamento de atividades, na última hora. O evento se realizará, a partir desta quinta (31-10), no Mercado Central recém reformado, que será ocupado pelos livreiros durante duas semanas.

A improvisação não está impedindo os lançamentos de livros, mas parece ter tirado o ritmo à divulgação, ainda não atualizada no Facebook nem no blogue do evento. As informações estão fluindo pelo portal da Prefeitura, cujas matérias são reproduzidas pela imprensa e alguns blogues.

Por outro lado, nem todos os títulos serão lançados na Feira, diluindo levemente a força e a unidade do tradicional evento. Mesmo faltando ainda a informação oficial sobre as sessões de autógrafos, vejam algumas obras que aparecerão nos próximos dias. Destaco aqui 4 autores: o único pelotense é a estreante (mulher), que já é sucesso de vendas no Brasil. O texto de todos eles é em prosa, mas seu conteúdo se encontra próximo da poesia, essa arte de traduzir em palavras a criatividade da vida.


Quarta 30 de outubro
"O livro dos dias", de Márcio Ezequiel, não é uma agenda.
19h30, Shopping Pelotas

Márcio Ezequiel apresenta sua nova obra: Agenda, o livro dos dias, crônicas sobre efemérides nacionais e internacionais. Tomando o formato visual de uma agenda e com o pretexto dos significados das datas comemorativas, o escritor aborda temas polêmicos como racismo, ateísmo e homofobia, sem perder o seu estilo leve e irônico.

Historiador de formação, o autor havia enveredado pela narração de contos e minicontos, essas pequenas histórias de ficção, supostamente distantes da realidade objetiva. Com este livro (e com o próximo que lançará na semana seguinte), ele se define mais claramente como um cronista de nosso tempo e de nosso lugar, confirmando sua vocação para a História.

Márcio ainda provoca o leitor com elementos de subjetividade, sugerindo com exemplos autobiográficos que nossa vida é que passa voando, como as páginas de um livro. Na Feira do Livro, ele autografará novo livro na sexta 8 de novembro e a Agenda dia 10.


Quinta 31 de outubro
16h, Shopping Pelotas

Tristão Alencar Pereira Oleiro lança sua terceira coletânea de crônicas: "Imagens do Cotidiano". Natural de Valparaíso, cidade paulista, o escritor radicou-se em Pelotas e hoje é considerado um autor gaúcho (v. minibiografia). A sessão de autógrafos será na Livraria Vanguarda do Shopping Pelotas.


Sexta 1 de novembro
18h, Mercado Central

Mel Fronckowiak autografa em Pelotas seu primeiro livro: “Inclassificável – Memórias da Estrada”, da Rubra Editora, crônicas de suas experiências como atriz, cantora, poetisa e ídolo juvenil a partir da novela Rebelde (v. nota do site RG).

Melanie começou estudando Jornalismo, passou à modelagem e logo ao acelerado mundo da TV (v. postagem De modelo a ídolo). O livro teve pré-venda pela internet e foi lançado no Rio de Janeiro em agosto passado. Desde então, a moça pelotense vem numa turnê pelo país, com sucesso de vendas devido a sua fama e ao milhão de seguidores no Twitter.

Associada por sua imagem à beleza e à rebeldia adolescente, Melanie aposta agora em seu talento com as palavras, mostrando como uma pessoa pode se reinventar ao longo da vida e parecer "inclassificável", única e original como a poesia.


Sábado 2 de novembro
18h, Mercado Central

O fotógrafo jornalístico Nauro Machado Júnior apresenta seu primeiro livro de fotografias: "Pelotas em imagens", da Satolep Press (v. resenha no Diário Popular). Ele e a esposa Gabriela Mazza criaram esta marca editorial para divulgar autores locais, a partir do sucesso do seu primeiro livro solo (sem fotografias), "Náufrago de um mar doce".

Agora, Nauro homenageia a Pelotas que o acolheu e o apaixonou, de modo explícito, com a arte que o caracteriza há vinte anos. Cerca de 300 fotos cheias de belas cores, harmônicas composições e inesperados ângulos, obra que equivale a uma grande declaração de amor a esta cidade. "Pelotas pela janela" é o título de uma seleção de fotos deste livro, que ficará em exposição no Mercado durante a Feira do Livro.


Imagens: Facebook e Banda Rebeldes.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Hora da Prosa, os escritores vão ao shopping

30 mil livros, espaço para eventos literários, seção infantil e o Shopping como fundo
A Livraria Vanguarda criou a Hora da Prosa para aproximar os escritores a seus públicos, e os clientes ao novo espaço do Shopping Pelotas, aberto há três semanas. O objetivo é promover o encontro entre as obras, os autores e os leitores, em sessões de autógrafos e palestras informais.

Os convidados para a primeira Hora da Prosa, hoje sexta (25-10), são três pelotenses: a poetisa Angélica Freitas, o desenhista Odyr Bernardi e o músico Vitor Ramil, a partir das 19h (v. nota no Diário Popular).

Trata-se de artistas de projeção nacional, segundo o jornalista Ronaldo Bressane, que visitou Pelotas há seis meses (v. reportagem Estética do Frio).

O local comporta maior público que a loja Vanguarda da rua Gonçalves Chaves, e é um dos mais espaçosos na cidade para este tipo de eventos. O ambiente é comercial mas focado ao intercâmbio e aprendizagem da leitura e da literatura (v. nota da LPM Uma livraria de vanguarda em Pelotas).

O conteúdo intelectual e afetivo será posto pelos autores que estiverem presentes, contando sobre seu trabalho e respondendo perguntas dos leitores.

O cenário convida a um coquetel cultural, rodeado de livros, conversas e imaginação. As melodias sem amplificação pretendem ser somente o fundo acústico para a participação ativa do público. Há uma seção infantil, em que as crianças se sentem livres para folhear os livros e ouvir histórias, criando uma mentalidade mais aberta e crítica.

 Desde que foi aberto o Shopping, já estiveram autografando 3 autores gaúchos, ainda sem o momento de fala com o público:
Como a Vanguarda não participará da próxima Feira do Livro, que por primeira vez será realizada em bancas do Mercado Central recém reformado, haverá uma inevitável comparação e competição entre as atividades literárias deste novíssimo Shopping e as do velho Mercado.


Imagens: F. A. Vidal (1),  Facebook (2-3)

POST DATA
26-10-13
Na tarde de ontem (25), ainda antes do início da primeira Hora da Prosa, a Prefeitura anunciou (v. notícia) que Angélica Freitas foi escolhida Patrona da 41ª Feira do Livro e Odyr Bernardi, orador oficial.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Destaque para os "Britânicos em Pelotas"

A Irlanda é parte geográfica das Ilhas Britânicas, mas só foi
parte do Reino Unido da Grã-Bretanha de 1801 a 1922.
O portal regional GIGALISTA publicou ontem (22-10) uma revisão da nossa reportagem Ingleses em Pelotas (junho de 2011), que passou a ser, faz um ano, a mais visitada das postagens deste blogue sobre Pelotas. Já foi acessada umas 5 mil vezes, sendo que um post nosso bem visitado por pelotenses chega a ter entre 100 e 600 visitas.

A assessoria jornalística do portal sugeriu justamente esse texto, para inaugurar a colaboração mútua. Espera-se a aparição de uma nota por semana.

A nota revisada ganhou o título Britânicos em Pelotas, para destacar, entre os imigrantes europeus, um grupo de irlandeses que chegou a Pelotas ao redor de 1850, constituiu a Colônia Dom Pedro II e a dissolveu poucos anos depois.

Essa minipesquisa foi feita com a modesta intenção de preparar outro post, sobre a atuação inglesa no Atlântico Sul na Segunda Guerra: A batalha do Graf Spee no Rio da Prata (texto de Rubens Amador). Graças ao notório interesse dos leitores ao longo do Brasil, essa pesquisa prévia se transformou numa coleção de dados sobre imigrantes britânicos. Os primeiros que contribuíram foram o pesquisador Joaquim Dias e o historiador Mario Osorio Magalhães.

Freyre abordou o tema em 1948.
A GIGALISTA é um portal informativo da Zona Sul, criado em 2007, e funciona como um almanaque ou uma guia telefônica comercial (as clássicas páginas amarelas).

Traz também notícias da região e opiniões de colunistas (os outros dois são, atualmente, os vereadores pelotenses Marcus Cunha e Vicente Amaral).

Ao modo de um veículo impresso, o sítio não admite interação com o leitor. Por isso, se quiser comentar ou perguntar, escreva no post deste blogue (link acima, na primeira linha), que em dois anos já ganhou 77 comentários.


Imagens: DepositPhotos (1), Americanas (2)

sábado, 19 de outubro de 2013

Sábado, o dia do descanso de Deus

Neste sábado, há um poeta que completaria 100 anos se fosse eterno. Sempre achei estranhas estas efemérides de nascimento, quando se comemoram aniversários longevíssimos. Cem anos do fulano de tal. Cento e sessenta daquele outro. Sei lá. Fica com uma cara de tarde demais, mas celebremos porque amanhã é sábado. Estamos aí pro que der e vier. Pro amor e pra desilusão, afinal de contas é o centenário do poetinha da paixão (v. artigo completo Enquanto dure, por Márcio Ezequiel).
Sobre o Poetinha do Brasil, leia neste blogue:
Sobre o Poeta de Pelotas:

Acompanhe a letra de Dia da Criação.

O Poetinha faria 100 anos, resenha de Paulo Virgílio e comentário de Manoel Magalhães.
Poema Ausência, na voz de Maria Alice Estrella.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Santa Casa de Misericórdia

[...]

A Santa da casa
O resultado desse medo
A casa e suas paredes

Santíssimas ... infestadas de vezes

Cada prece que paga um preço
Desde o começo
Dos ancestrais que traímos
Trás em nós o poder de a sós ...

Resistirmos à sonolência dos anos

Assistirmos ao que convoca
A santíssima arte/contato/paróquia/profano

E mais um corpo entrega-se ao eterno dormir
Há de vir o que não veio

A santa da casa e a casa santa dela
Floreio de poesia sem manuseio

[...]

Santa Casa de Misericórdia,
torres da capela (Pelotas)
Cresci nos corredores da Santa Casa de Pelotas. Literalmente. Minha mãe, enfermeira, levava-me aos encontros de fim de ano das equipes. Festas natalinas, visitas à capela, correria junto às outras crianças no pátio interno.

Uma experiência única da minha infância. Cresci, e algumas vezes, fui à capela.

Gosto da atmosfera daquele hospital em específico. A arquitetura interna/externa da Santa Casa. Seus corredores largos e sussurrantes. A proximidade da vida e da morte. O contato entre os que sorriem e os que ansiosamente esperam. Tão próximos da salvação. Isolados. Esperançosos. Profundamente desanimados. Demasiado persistentes.

Ao levar meu companheiro a uma consulta oftalmológica na Santa Casa daqui de São Paulo, deparei-me com memórias.

Muitas memórias que moram na similaridade e nas diferenças. O espaço que nos circula, permeado por cultura, decodificada, por nossa cultura de mundo. Então esta cultura pelotense permanece presente.
Nathanael Anasttacio (SP)

Fotos: N. Anasttacio (SP, 14-10-13), Suzy Alam (Pelotas, 2007)
Mais fotos de Pelotas: Santa Bela Casa

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Rádio Federal homenageia Vinícius


Para celebrar o centenário de nascimento de Vinícius de Moraes, a Federal FM (107,9 Mhz, ouça aqui) está apresentando poemas do famoso escritor brasileiro, na voz da locutora Maria Alice Estrella, também poetisa. Este sábado (19-10) seria o aniversário nº 100 do Poetinha, parceiro histórico de Toquinho e Tom Jobim. Até domingo (20), entre 9h e 22h, dez poemas serão apresentados ao longo da programação, de hora em hora.

O projeto da rádio da UFPel também vai ao ar pela FM Cultura de Porto Alegre, graças ao convênio firmado (em 27-9) com a Fundação Cultural Piratini, a fim de promover o intercâmbio entre as duas emissoras. A Federal FM já está retransmitindo os seguintes programas da FM Cultura: Sessão Jazz, Contos do Sul da Terra, Conversa de Botequim, Contemporânea, e Na Trilha da Tela. O projeto "Vinícius de Moraes: 100 anos de poesia" é a primeira produção da Federal a ser veiculada na Cultura.



Em abril deste ano, um evento da Biblioteca Pública Pelotense destacou Vinícius como autor (escute-o como declamador no "Monólogo de Orfeu" na postagem: Sarau destaca Vinícius).

Confira outros poemas de Vinícius de Moraes no Facebook.


Imagem: UFPel

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Fotos de bandeiras de oração


Nesta terça-feira (15-10) às 20h o Espaço Arte Chico Madrid abre a mostra “Varal de Orações”, fotografias da artista Norma Alves. A exposição seguirá até 15 de novembro, em horário comercial, na sede da Sociedade Científica Sigmund Freud (Rua Princesa Isabel, 280 conj. 302).

Norma visitou em três ocasiões o Templo Budista Khadro Ling, localizado em Três Coroas (a 91 km de Porto Alegre). Trata-se do único templo tibetano na América do Sul, fundado em 1995 pelo lama Chagdud Tulku Rinpoche.

A artista se apaixonou pelo colorido do local, pela intensidade do budismo tibetano e pelas ligações que sentiu com a arte e com a espiritualidade. Elemento especial para a fotógrafa, que tem uma predileção pelos varais ao vento, foram as bandeiras tibetanas de orações (ou cavalos de vento), oferecidas para que as preces sejam levadas e recitadas pelo vento por longas distâncias.

As bandeiras de oração (v. nota no Blog do Maragão) convidam à meditação interior, à solidariedade com os seres vivos e à sintonia com o universo. Numa visita à exposição, que tem a curadoria do coordenador cultural da Sociedade, Eduardo Devens, será possível sentir parte dessa beleza e dessa paz que a artista vivenciou e quis compartilhar. Veja a reportagem de Max Cirne Bandeiras ao vento.

domingo, 6 de outubro de 2013

"Casa Brasileira" mostra Pelotas

Casa Brasileira é uma série sobre arquitetura ao modo brasileiro, transmitida pelo canal GNT aos domingos às 23h (e em 4 reprises). Cada edição entrevista um arquiteto e mostra como suas ideias são aplicadas numa obra – a casa – mediante o depoimento do seu cliente – o dono da casa. Como complemento, descreve também o bairro e a cidade em que se encontra a casa visitada. Atualmente na quarta temporada, o programa é dirigido por Alberto Renault para a produtora audiovisual Hungry Man Rio.

Vista para o Arroio Pelotas, da antiga Charqueada Santa Rita
O episódio de hoje (6-10) mostra o trabalho da designer de interiores Rosa May Sampaio, contextualizado em sua estância no município do Capão do Leão, que foi distrito de Pelotas até 1982 (v. trecho do programa). Esta edição do programa introduz uma fase de visitas ao Rio Grande do Sul e apresenta a entrevistada decorando sua própria estância, com depoimento da filha famosa Guilhermina Guinle. A família é carioca, há pelo menos 90 anos, e a casa é pelotense há uns 160.

Para falar da cidade como cenário da criação artística e arquitetônica, a produção incluiu a antiga charqueada Santa Rita, casarões do centro da cidade e um testemunho do músico Vítor Ramil. As filmagens foram feitas em Pelotas em junho passado.

Rosa May Sampaio
O conteúdo deste episódio é interessante para quem conhece Pelotas somente por fotografias, pois aqui está a oportunidade de ver o interior dos casarios e como moram seus habitantes. Também é de interesse para os pelotenses, pois até hoje não havia sido feita uma entrevista com esta família de ricos e famosos sobre como eles vivem e como decoram suas casas.

Rosa May de Oliveira Sampaio (v. detalhes no portal GeneaMinas) é formada em Letras pela PUC-RJ, em História da Arte pela École du Louvre, e em Arquitetura de Interiores pela ESPADE (v. perfil). Sua mãe é a fazendeira pelotense Antônia Berchon des Essarts Carvalho, conhecida como Antoninha Sampaio, hoje com 94 anos (v. nota sobre seu trabalho). As outras filhas são Maria Rita e Anna Luiza, também nascidas no Rio de Janeiro.

Esta rama dos Sampaio é conhecida da população pelotense mediante notícias de TV e colunas sociais, principalmente, pois não moram nesta cidade tão afastada do centro do país, e vêm mais a passeio e para visitar a avó, Dona Antônia. A atriz Guilhermina Guinle nasceu na classe alta carioca, com ascendência francesa pelo pai (v. Família Guinle) e pela avó (Berchon des Essarts) e inglesa pelo avô (Goodwin).

Aconchego e tradição na sala de jantar da estância de Rosa May Sampaio
Fotos: Estadão e GNT

sábado, 5 de outubro de 2013

Granizo grátis na primavera

Escura multidão de nuvens veio do sul e desparramou água fria e gelo picado.
Nesta sexta franciscana (4-10), a Mãe Natureza e a Irmã Chuva se deixaram cair nas zonas sul e leste do Estado. Nuvens carregadas trouxeram vento e água, e lançaram abundante granizo em certos pontos, como Pelotas, São Leopoldo, Esteio, Teutônia, Veranópolis, Caxias do Sul e Bento Gonçalves.

Granizo acumulado é fenômeno raro (Pablo Torres)
Em Pelotas, a chuva alagou alguns focos costumeiros ao longo da cidade. O fenômeno de água com gelo entupiu calhas num campus da UFPel, deixando-as como geladeiras (v. notícia).

As pedrinhas caíram em maior volume no centro da cidade e bairros próximos (Porto e Simões Lopes), chegando a acumular-se umas sobre outras. A maioria delas derretia, mas às vezes virava gelo, durando até o dia seguinte.

Segundo os bombeiros de Pelotas, as pedrinhas não passavam do tamanho de ervilhas (leia em ZH Granizo atinge Pelotas). O estranho foi que a temperatura geral no chão sempre esteve entre 10 e 15 graus, bem longe do ponto natural de congelamento, o zero.

Granizo em Pelotas (Horacy Fagundes)
Na esquina do Café Aquários, o vento derrubou palmeiras e deixou as ruas desertas por uns minutos, prendendo o público nas lojas. Habitualmente os pelotenses andam sem guarda-chuvas e se molham na chuva, sabendo que ela não machuca e dura poucos minutos. Mas desta vez o granizo castigou os mais atrevidos.

Alguma "chuva de pedra" ocorre quase todos os anos, mas, em vez de admirar o acontecimento natural, nos queixamos por percalços mínimos ou nos assustamos, como se o mundo fosse acabar com a interrupção da rotina. Reações desproporcionadas ocorrem por aqui quando surge algo muito diferente (por exemplo, inauguração de um shopping, ou mudança de lugar da Feira do Livro).

Por uns minutos, a chuva pegou forte e danificou até carros (Nauro Júnior)
Fotos: De Olho no Tempo (1, 3), Metsul (2), Nauro Jr (4)

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O que esperar deste primeiro shopping?

Construção pronta, após 2 anos de espera
Os pelotenses ainda não conseguem acreditar: esta quarta (2-10) foi inaugurado oficialmente o primeiro grande shopping center da Metade Sul do Estado, com uma promessa inicial de 200 pontos comerciais (já baixou para 160), entre lojas e megalojas, restaurantes e salas de cinema. Foi em novembro de 2011 que o Diário Popular surpreendeu a população com o anúncio de um gêmeo do Via Verde de Rio Branco (v. post de 2012 Modelo do futuro shopping).

Após amargar décadas de empreendimentos interrompidos, a cidade somente tinha pequenos centros comerciais, como o Mar de Dentro, o Zona Norte Artes e Ofício, o Calçadão, o Fragata, a Rodoviária, o Pop Center e diversas galerias no Centro Histórico. E ainda conserva os esqueletos abandonados dos fracassos (o edifício Praça XV no Calçadão e mais dois em ruínas na Avenida Bento Gonçalves) e terrenos baldios que foram pensados mas ficaram na ideia (um defronte ao Anglo, outro na Anchieta com Francisco de Paula, e na Voluntários com JK).

90 marcas confirmadas

A cidade que aposentou os cinemas de calçada
agora entra no mundo dos cinemas de última geração.
Com 3 salas funcionando, o Cineflix anuncia para esta quinta (3) "O Tempo e o Vento" em duas cópias e "Elysium". Na semana a partir de sexta (4), entra o filme "Tá chovendo hambúrger 2" em 3D (veja a programação).

Entre as empresas grandes e pequenas que desde agora operam no Shopping Pelotas, estão marcas locais e outras de fora, algumas delas por primeira vez na cidade.

Neste mês inicial não se encontram todas elas, mas se espera que a maioria consiga instalar-se até novembro (ou dezembro). Veja as que já estão confirmadas, por ordem alfabética:
  • Aki na Praia, Amitié, Arezzo, Atelier Mix, Authentical,
  • Bela Gula, Bocattino, Brasil Fitness, Burger King,
  • C&A, Cacau Show, Café Armazém, Carmen Steffens, Casa das Alianças, Casa do Pão de Queijo, Centauro, Chilli Beans, Chu Restaurante, Cineflix, Clube da Criança, Colcci, Colchões Ortobom, CVC,
  • Damyller, Della Tutini,
  • Empório Gelei, Extravaganza, Fast Burger,
  • Gaúcho&Prenda, Gaston, Giraffas, Graciosa,
  • Hering, Imaginarium,
  • Jóias Rochedo, JMC Bijoux, Jorge Bischoff, Kefingston,
  • Laboratório Sancti, Livraria Vanguarda, Lojas Americanas,
  • Magic Games, Mandarin, Mania de Usar,
  • McCafé, McDonald's, Mine Kalzone, Míng Lì, Mixirica, Mobifans, Morana, Mr. Cat,
  • O Boticário, Oi, Ótica Pupila, Overend,
  • Panvel, Paquetá, Patroni Pizza, Pompeia, Ponto Frio, Prawer,
  • Rabusch, Raphaela Booz, Renner, Renzo, Revistaria Ler&Lazer, Riachuelo, Rochedo,
  • Samsung, Seu Boteco, Sik Sushi, Spoleto, Subway, Super HotDog, Superlegal,
  • Tevah, Tim, Tok, Trópico, Turispel,
  • Unicred, Uva e Verde,
  • Victória Câmbio e Turismo, Vitória Diva, Vivara
  • World Tennis, Yoshake, Yunes Câmbio e Turismo, Zero Jeans.
Livraria Vanguarda, marca local, em espaço ampliado para a cultura
Shopping Pelotas: o que esperar?

O blogue Caminhos da Zona Sul, de Marcelo Nogueira, vem antecipando informações sobre o progresso da região e tem posto atenção na abertura deste empreendimento. Há um mês, ele publicou uma análise sobre o que se poderia esperar do Shopping.

Mesmo achando que o espaço terá grande sucesso, ele cita argumentos estatísticos, que ele mesmo considera questionáveis, os quais, na verdade, nada esclarecem e somente confundem. Por exemplo, que Pelotas tem 121 mil habitantes nas classes A/B (seis vezes menos que Porto Alegre), enquanto nas classes D/E a diferença populacional é bem menor. Comentários desse tipo, que supostamente mostrariam um possível fracasso comercial de um shopping, foram feitos por muito tempo e ainda são ouvidos, negando a realidade ou tentando desanimar o que resta de iniciativa e criatividade na população.

O blogueiro também se pergunta se haverá público para as lojas que já estavam no Calçadão e que estarão também no Shopping. Ele acredita que o público comprador não diminuirá, mas haverá um movimento no perfil social, com a florianização das lojas mais nobres da Quinze de Novembro (ele criou o termo para se referir a uma tomada do Centro Histórico por parte dos segmentos D/E).

Como sempre, o pelotense paga pra ver.
O artigo ainda recorda que o prefeito Eduardo disse, recentemente, que “as pessoas gostam destes ambientes (os shoppings) pois eles são como a população gostaria que fossem as cidades, organizadas e limpas”.

Marcelo conclui remarcando seu entusiasmo com a novidade e o positivo comentário do prefeito: se os shoppings têm tanto apelo popular é porque, ao contrário das cidades, oferecem um espaço de convivência seguro, organizado e limpo.

Leia o artigo completo aqui e acompanhe no Facebook o Caminhos da Zona Sul.

Fica a pergunta de sempre:  se Pelotas e região (mais de um milhão de habitantes em 28 cidades, segundo estimativa de 2003) já desejavam ter um centro comercial moderno, têm poder financeiro suficiente e, ainda mais, suas cidades não entregam limpeza e seguranças nas ruas, por que este shopping demorou tanto a fazer-se confiável e real?

A novidade fará que milhares de pessoas sem dinheiro visitem as brilhantes lojas e os limpos corredores para poder depois dizer "hoje fui ao Shopping". O que antes se temia como fracasso transbordará de gente todos os dias, como a FENADOCE, onde a entrada é paga mas a maioria da população já entrou mais de uma vez.

Em 2014 e em 2015 serão inaugurados mais dois modernos centros em Rio Grande (v. notas sobre o Praça Rio Grande Shopping Center, na área do antigo Jockey Club, e sobre o Parque Shopping Rio Grande, no trevo do Cassino). Portanto, o Shopping Pelotas (v. no Facebook e seu portal próprio) é o primeiro de uma série, e no futuro a discussão será se a Princesa do Sul comporta um segundo ou terceiro shopping.

Zero Hora, quinta-feira 2 de outubro de 2013

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Impulso navegador

No início da primavera do ano passado, Manoel Soares Magalhães escreveu a seguinte crônica, com inspiração num barco que rondava o trapiche, recém inaugurado no Valverde (v. nota da RBS em 1-9-2012). A relação entre o veículo e a água lhe sugeriu que todos somos navegadores da existência, e estamos expostos ao vento e à solidão. 

O impulso navegador é a curiosidade de viver. E, na passagem da vida, o barco que nos leva é o tempoCronos, esse carrasco inclemente. Ao lado dele, a estagnada realidade chega a ser um alívio.

Barco na praia do Laranjal, domingo 23-9-12
Domingo pela manhã um barco lutava contra as ondas da lagoa. Tal embate revolveu os escaninhos da memória, onde uma gaveta se abriu e eu me enxerguei marujo. Sim, marinheiro. Talvez em razão da ascendência portuguesa, um povo sabidamente navegador. Uma de minhas brincadeiras preferidas era fazer barquinho de papel e jogá-los nas sangas. Fitava-os por longos minutos, até vê-los desaparecer nos recantos sombrios do córrego, levados para longe, lugar desconhecido que, em sonho, eu visitava.

Pois domingo essa memória retornou. Tomando chimarrão à beira da lagoa, na companhia de minha esposa, a artista plástica e arquiteta Carmen Garrez, permaneci algum tempo fitando a embarcação, que balouçava, a mercê das ondas. Em razão de sua pequenez, as vagas eram imensas e sinistras. Evidentemente que me coloquei no tombadilho do barco, sentindo no rosto os respingos da água fria. O coração rufava; olhar na linha do horizonte, presa de frenesi, na expectativa de uma visão, antevisão, de uma descoberta fascinante.

As ondas cinzas, cada vez mais altas, davam ideia de que a qualquer instante iria engolir a pequena embarcação, oferenda à Mãe Iemanjá. Girava sobre si mesmo, não sabendo para onde ir. Bem, talvez a ideia fosse essa, deixar-se levar ao sabor da crença, ao sabor da sorte. Bom que seja assim, caso contrário perderia a graça. É como soltar barquinhos de papel na sanga, na crença de que sejam fortes e resistentes às ondas, e que o destino que lhes aguarda é venturoso.

Fechei a gaveta da recordação, pois a vida tinha de seguir. O domingo, como hipotético barco navegando em outro espaço-tempo, tinha de ir avante. Emaranhar-me em seus invisíveis fios era o destino inarredável. . E foi o que fiz, convicto de que, talvez um dia, sedento por irresistível impulso de navegador, eu reabra a gaveta da lembrança e tire dela o barquinho solitário, balouçando nas ondas da lagoa num frio domingo primaveril.

Manoel Soares Magalhães

Veja aqui outra miniatura de Alfredo Lisakovski.
Fotos: Cultive Ler (1) e F.A. Vidal (2)

Presença de Anitta

Anitta canta em Pelotas dia 6-10
Larissa de Macedo Machado canta e compõe funk-pop em português e sua fama vem crescendo há três anos, sob o nome artístico de Anitta. A escolha do pseudônimo se inspirou na personagem da minissérie "Presença de Anita", de 2001, época em que a menina tinha 8 anos e começou a cantar na igreja.

Hoje com 20 anos de idade, a carioca tem verbete na Wikipédia e seu clipe Show das Poderosas, gravado nos Estados Unidos em maio, já passou dos 58 milhões de acessos. A personagem com duplo T mistura o exibicionismo de uma pin-up girl e a ousadia provocativa de uma periguete, já sem qualquer relação com a Igreja.

Apesar do conteúdo inócuo da música "Show das Poderosas", a sonoridade da letra inspirou um cover acústico que suavizou e amadureceu ritmo e melodia (v. notícia de setembro). Esta versão já está chegando, humildemente, ao milhão de visitas, somando YouTube (469 mil) e SoundCloud (355 mil), em menos de um mês. Quem fez a brincadeira foram os pernambucanos Gabriela Albuquerque, Tiago Galdino de Almeida e Caio Alves (v. entrevista com o trio).

Anitta apareceu neste blogue sobre Pelotas porque vem por primeira vez à cidade, este domingo 6 de outubro (v. Blueticket). Quem for ao Centro de Eventos da FENADOCE não ouvirá esta versão jazz-bossa. 


Foto: Portalatualizando

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Vista aérea da Barra

O Pontal da Barra - a proa de Pelotas - fica onde o Sangradouro da Mirim deságua no Mar de Dentro.
A área é emblemática para historiadores, ecologistas, turistas, poetas, pescadores e fotógrafos.
Foto aérea da barra do Canal de São Gonçalo, feita por Patrick Rodrigues no dia de Natal de 2011. Nauro Júnior foi seu orientador na Zero Hora nos anos 90, e hoje é seu amigo e admirador. Ele conta que naquele dia Patrick "acordou, pegou seu paraglider, levantou voo ao lado da nossa casa e foi fazer umas fotos no Laranjal". Segundo a Wikipédia, o nome do veículo seria parafly ou "paramotor" (um parapente motorizado e com rodinhas).
Imagem: Facebook

domingo, 29 de setembro de 2013

Saudação aos poetas

A palavra essencial é o título do texto abaixo, que a Professora e Poetisa Loiva Hartmann escreveu para o Diário Popular (v. na edição de hoje 29-9). O artigo homenageia os poetas, especialmente os pelotenses, que na próxima Feira do Livro terão destaque na programação, em alusão aos 160 anos do nascimento de Francisco Lobo da Costa (1853-1888). Leia também Lobo da Costa, poeta de 34 anos.



Oleiro dá forma ao material.
O poeta, qual cirurgião, rasga e desnuda a carne da palavra e a expõe ao leitor. Sem máscaras, dialogam. Percorrem juntos as veredas do viver. Compartilham afetos, inquietações, alegrias, angústias, verdades.

O poeta é o oleiro dos sonhos que vai trabalhando o barro da palavra humana, com a mente mergulhada no infinito e com os pés fincados na terra.

Segundo Elvo Clemente, a imagem mitológica de Prometeu, os textos estudados na Teologia cristã, tudo leva à contemplação do Ser Supremo. O artista tanto imita o Criador - que busca a sua palavra na essência do Verbo - que, por um ato de amor eterno, humanizou-se, revestindo-se de nossa carne, identificando-se com a nossa pobre e ingrata palavra humana.

Poesia concretista
A verdadeira poesia eleva-se acima do pobre barro humano para abeberar-se na essência da poiesis que é Deus, sem o que não passa de mísero balbucio.

A carpintaria literária do poeta deixa claro ao leitor, observador, que, mais difícil, mais humano e mais belo do que escrever, é convencer. E justamente aí está o universo pleno do texto.

Sendo a literatura expressão dinâmica do homem e suas circunstâncias de espaço, tempo, cultura e ideais, sempre diante de horizontes sem fronteiras, nesse espaço sagrado o autor movimenta-se com liberdade, e mais: no universo pleno de seu texto, à medida que amadurece, aprimora seu discurso, tornando-o cada vez mais conciso. Da adolescência à maturidade, o impulso e a força vital para criar provêm das esferas mais ocultas do ser: da ingenuidade à sensualidade madura, à exigência de realização em todas as nuances do humano.

Quão perceptíveis as marcas do amor. A ferro e fogo, fixa sua logomarca, a qual permanece indelével até ao final de nossos dias. A experiência literária e a habilidade linguística funde-se com a expectativa do leitor: pré-forma de nova compreensão de mundo. Cumpre com maestria a mais significativa função da literatura: na alteridade – a cumplicidade.

Professora Loiva (E) recebeu o brasão da Academia
Pelotense de Letras, de Zênia de León (v. notícia de 2006)
Caro poeta, dispensas adjetivos. Que bom que existes! E que privilégio para uma comunidade, teres enveredado para as letras.

A seara oferecida aos jovens ultimamente, é limitada. Mas, havendo lígias, sclyares, clementes, lyas, zanotellis, szechires, alguns poucos mais, há horizontes a descortinar, futuro possível.

Minha homenagem a quem, além de escrevinhadores, são partícipes constantes do universo cultural da Zona Sul.

Loiva Hartmann
Mentora da Jornada Cultural de Pelotas
Patrona do blog Pelotas, Capital Cultural

Imagem poética de Nauro Júnior 
Imagens: Mundo Insólito (2), L. Hartmann (3), Facebook (4)

sábado, 28 de setembro de 2013

"O Renascimento do Parto" poderia vir a Pelotas


"O Renascimento do Parto" é um documentário que questiona a realidade obstétrica no Brasil e no mundo, e defende nascimentos mais humanos e menos traumáticos (v. sítio do filme e página no Facebook). O projeto iniciou com financiamento exclusivo dos criadores, e optou pelo financiamento coletivo, para pagar os custos iniciais e para aumentar a divulgação. O filme está motivado por uma causa internacional, em prol da paz e de uma humanidade com melhor saúde e mais harmonia.

O longa-metragem surgiu no circuito comercial em 9 de agosto de 2013 e mediante ações virtuais já chegou à oitava semana em 30 cidades brasileiras, com cerca de 25 mil espectadores, sem ter contrato com redes de exibidores, somente com uma distribuidora. As "ações virtuais" incluem, além de um bem-sucedido crowdfunding, recados pessoais no Facebook e telefonemas aos donos de cinemas.

Os cineastas são o casal brasiliense Érica de Paula e Eduardo Chauvet (foto abaixo). Ela é psicóloga, doula e acupunturista e ele, apresentador do SBT, com formação em cinema (leia entrevistas com Érica para o blogue Mamatraca e a Revista TPM).

Eles dizem que só se requer boa vontade para promover a exibição do filme em qualquer cidade do Brasil (leia a explicação). Não há recompensas em dinheiro, mas sim a alegria de contribuir a uma causa justa.

Portanto, "O Renascimento do Parto" também poderá ser visto em Pelotas se alguém tomar a iniciativa de conseguir a sala de cinema e pedir a cópia aos diretores. Há 4 semanas já existe uma campanha inicial mediante a comunidade Eu quero o Renascimento do Parto em Pelotas.

O filme já foi inscrito em 4 festivais internacionais (EUA, China e Venezuela), proximamente será exibido na TV aberta e, mais adiante, ficaria disponível em DVDs. Mas pretende, antes, ser visto no cinema em mais cidades do Brasil.

Érica e Eduardo
No documentário, que defende a gestação consciente e do parto natural, alguns especialistas explicam as mais recentes descobertas científicas, que têm mostrado uma civilização que nasce sem os chamados "hormônios do amor", liberados apenas em condições específicas de trabalho de parto. 



Por exemplo, a psicóloga Laura Uplinger (filha de brasileiros e licenciada na Sorbonne), diz: "O nascimento clássico hospitalar traz, com a primeira transição forte de vida, a marca da violência" (v. entrevista na TV argentina em 2011).

No mundo moderno há um número alarmante de cesarianas ou de partos com intervenções violentas e desnecessárias, contrariando o que é recomendado hoje pela ciência (a OMS admite 15% de cesarianas num, país). Tal situação traz sérias consequências perinatais, psicológicas, sociais, antropológicas e financeiras (veja mais sobre o projeto no sítio Benfeitoria).


Fotos: Carol Dias (FB), GPS Brasília

POST DATA
22-10-13
Diário Popular publicou a reportagem Cesarianas viram epidemia e chamam à reflexão.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Coletânea musical homenageia a identidade gaúcha


O músico e compositor pelotense Júlio Guarany apresentou sexta passada (20-9) seu terceiro CD, "Ventos Livres". A data e o lugar do lançamento (Parque Farroupilha de Piratini) são uma homenagem ao Rio Grande do Sul e suas tradições, assim como o próprio título, que alude à natureza e à liberdade, valores tão caros para o gaúcho.

O artista popular e ambientalista agora busca apoio para uma apresentação musical ao vivo em sua terra natal. Enquanto isso, seu trabalho está à venda no Studio CDs, exclusivamente. Contatos para shows:(53) 8406 4306 e 8103 4566 e Facebook.

Em novembro de 2010 (v. nota neste blogue), Júlio apresentou músicas de seu segundo disco, "Pingo D'Água". O primeiro trabalho havia sido "Planeta Terra", apresentado em 2007 na FENADOCE. Os valores que o artista/ativista sempre exalta em suas letras são a ecologia natural, a cultura da paz e a solidariedade social.

Júlio César Xavier Botelho, o Júlio Guarany
"Ventos Livres", disco dedicado ao Rio Grande, propõe que nosso Estado se torne uma querência de exemplo para a Nação, com justiça social, ética e compromisso com a verdade. A mensagem é ecológica, pois almeja que as pessoas se respeitem umas às outras e vivam uma economia solidária, conservando a Tradição Pampeana. Em outras palavras, que os gaúchos sigam sendo gaúchos, mas se assumam parte de um planeta unido na diversidade.

Dizer isto em Piratini e no Dia dos Farrapos equivale, na prática, a uma refundação simbólica da República Rio-Grandense em clave pacifista.

Os nomes das músicas são: Ventos Livres, República Guarani, Grande Esperança, É Meu Rio Grande, Dois Lados do Ser, Tamanduá Bandeira, Peão Caminhoneiro, Quero-Quero, Em Volta do Fogo, Um Dia de Campo, No Pé do Abacateiro, Paz do Sul, Vem Chegando.


Ventos Livres, de Júlio Guarany

Meu Deus me deu bom caráter, a vida foi uma escola
E me deu lindos filhos que herdam de mim esperança.
A vida me maltratou, deixando amargos em minh'alma
Mas Deus me traz Ventos Livres que os deixo hoje de herança.

Sou gaúcho de cidade e não ostento opulências
Guardo em minha essência Ventos Livres à consciência.
Não guardo rancor algum; a Deus, saúdo a minha existência.
Deixo aos homens minha herança de Ventos Livres à consciência.

Três contra todos, o livro a três


O primeiro livro de André "Deco" Rodrigues vem sendo anunciado pelo Facebook desde outubro de 2012 e agora já pode ser lido completo. Em fevereiro de 2013 ele já estava pronto, segundo o Diário Popular. Haverá um pré-lançamento com autógrafos no Restaurante Madre Mia, hoje (25-9), e um lançamento formal na próxima Feira do Livro.

Em novembro de 2012, o autor liberou as primeiras 37 páginas (v. Facebook), que são pouco mais de um terço da obra, num saboroso adiantamento aos fãs. A ideia era contar um romance fora do comum e num formato atual, algo assim como um folhetim virtual. O mais "moderno" seria relatá-lo em tweets, mas o formato tradicional em papel se mostrou mais adequado: a história tem três narradores, que são os mesmos personagens que se enrolam num romance triangular.

O namoro a três contém 3 casais: 1 legal e 2 clandestinos.
Por sua alta dose "homo", há mais narcisismo do que união.
O escritor entrou na roda e terminou a história em cerca de um mês. Os capítulos são brevíssimos e os fatos que enredam Rafaela, Eduarda e Lucas deixam o leitor enredado com eles desde a primeira página, assim como começou a envolver virtualmente o público, meses antes da publicação.

Além dessas inovações de forma (na divulgação e no relato), Deco Rodrigues também lança seu primeiro livro com um conteúdo provocativo: o texto sugere, já no título, que o amor erótico, vivido com toda sua subjetividade emocional, passa a ser um ato político quando é praticado ante a sociedade. Quem namora dentro da tradição já briga com seus pais, mas quem desafia os padrões sociais começa uma guerra aberta contra todos, algo assim como a Revolução das Flores nos anos 60.

Na pós-modernidade do século XXI, o ousado é oficializar o triângulo, integrando o amante ao casal estabelecido. O terceiro, portanto, não é excluído, pois deseja aos outros dois (e não somente a um) e ao mesmo tempo é desejado por eles (e não somente por um). Complicado? Se Freud o lesse, veria aí o complexo do bebê que se sente afastado pelos pais... e que, na fantasia, deixa o voyeurismo e realiza a aproximação amorosa com ambos. Nessa leitura, trata-se de um casal e um filho.
"Vicky Cristina Barcelona" (Woody Allen, 2008) mostra dois triângulos consecutivos: no primeiro, Juan Antonio seduz as amigas Vicky e Cristina por separado (homem bígamo). Na trama central, o casal de Juan Antonio e María Elena seduz e é seduzido por Cristina (trio amoroso). Quando dois deles se reúnem, aparecem os conflitos; quando os três convivem juntos, reina a harmonia (v. trailer). 
Para isso se requer a postura homossexual das "amantes", motivo pelo qual é mais "fácil" que esse trio ocorra com duas mulheres. Uma reflexão pelo lado masculino é feita pelo gaúcho Nei Van Soria na recente música Tolerância. Já aludi às complicações de reunir dois homens atraídos por uma mulher, no post Jules e Jim, uma para dois, três para três).
Deco Rodrigues faz a narração a três vozes.
Manoel Soares Magalhães, que já descreveu o lado obscuro de nossa cidade, anunciou que "Três contra todos" promete revelar (desnudar) a noite pelotense (v. nota do Cultive Ler). Em "Vampiros" (2008) e "O homem que brigava com Deus" (2002), o escritor mostrou os sérios dramas emocionais de personagens noturnos e subterrâneos de Pelotas.

Sobre o livro de Deco, Nauro Júnior comentou que "Cinquenta Tons de Cinza é coisa do passado". Nauro é editor e fotógrafo do livro.

À venda nas livrarias: Mundial (Quinze de Novembro 564), Vanguarda (Gonçalves Chaves 374), Cia. dos Livros (Quinze de Novembro 559) e no restaurante Madre Mia (Santa Cruz 2200), na Isa Cestas (Dr. Cassiano 196) e na Danny Joias (Gonçalves Chaves 659 loja 4).
Fotos: Nauro Jr

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Múltiplos olhares no cotidiano do hospital


O Corredor Arte é um projeto de humanização da saúde que existe no Hospital Escola da UFPel desde 18 de setembro de 2000. Há 13 anos, uma galeria de arte na entrada do estabelecimento serve para diluir o o velho preconceito de que os hospitais só lembram sofrimento, medo e de tristeza.

A cada três semanas, uma nova exposição é colocada no Corredor Arte, emprestando movimento e vida ao hospital. Cada quadro, colagem, escultura ou fotografia estimula o visitante (seja funcionário, doente ou familiar) a fazer uma pausa e conectar-se consigo mesmo, talvez pensar na superação dos momentos difíceis e até acreditar que é possível sentir otimismo e alegria.

Aqui as cores e a estéticas querem mostrar que os tratamentos, os exames e as operações levam à saúde e à vida, tudo o qual ajuda decisivamente na cura e no trabalho médico.

Para comemorar mais um aniversário do Corredor Arte, o Grupo de Humanização convidou os funcionários para mostrarem por fotografias um pouco do cotidiano do hospital. Como resultado, constituiu-se uma exposição de 34 imagens, que foram enviadas por 11 funcionários. A mostra denomina-se: "Múltiplos olhares: cotidianos do Hospital Escola".

Essas fotos mostram cenas comuns em hospitais, como uma gestante esperando a hora do parto, o cuidado e o carinho que os funcionários têm com os pacientes, bebês recém-nascidos, uma mãe amamentando gêmeos, entre outras imagens que destacam não a doença mas a esperança de saúde, não o medo de sofrer mas a integridade da alma.

Expõem trabalhos: Ana Brod, Andressa Almeida, Artur Leão, Helena Schwonke, Henrique Arrieira, Isis Borges, Luciana Santos, Marisângela Farias, Méri Cabaldi, Silvana Bandeira e Vera Levien. Até 7 de outubro, na Professor Araújo 538.


Fotos: A. Leão (1), H. Schwonke (2-3)