

São águas-fortes, águas-tintas e desenhos produzidos por ele entre 1992, ainda como aluno de Desenho na UFRGS, e 2001, último ano em que esteve na França, estudando fotografia e "design gráfico", como se diz em nosso (?) idioma (em bom francês, graphisme).
Dessa fase europeia são "Raymond" (esq.) e "Lucienne" (dir.), pessoas de traços toscos, provavelmente reais, talvez mendigos, denotando sofrimento ou abandono.

Os desenhos trazidos a esta mostra são os que mais chamam a atenção, seja pelo tamanho, pelos materiais variados ou pela temática inusual (marginais, vagabundos e miseráveis, aqui chamados poéticamente "nômades").
Outro desenho - "Pila-pila", 1994 (esq.) - apresenta-se sobre uma bandeja de cartão, de uns 40 cm de diâmetro, com uma moeda antiga (clique na imagem para aumentar).
Outro detalhe incomum em exposições é que no meio das obras se encontra um comentário crítico da antropóloga Paula Turra Magni, texto que recebe o enquadramento de uma criação artística, como as outras do conjunto. O artista o colocou ali para mais valorizá-lo e situá-lo como outro "nômade".

Nômades Urbanos, sem discurso ou "consciência política", mas pela própria existência, revelam a ineficiência desta pretensão. Mais do que "pobres vítimas da sociedade", eles são a sua denúncia; são sujeitos que corrompem a sua ordem e subvertem a sua moral.
Nestes trabalhos, sujeito, cenas, técnica, inscrição e suporte fundem-se na busca de incorporar o diferenciado, de captar e revelar o contato feito ao longo de quatro anos com esses cidadãos que habitam nas esquinas e "mocós" da cidade - moradias públicas jamais pensadas por nós, cidadãos sedentários.
Assim como a vida destas pessoas, estes trabalhos mostram uma Arte Nômade, itinerante, vagabunda, livre de valores estáticos e tantas vezes cínicos de nossa sociedade.
No banner de apresentação, a mesma autora escreve o seguinte sobre a mostra.
(...) O tema desta série de trabalhos de Bruschi resgata, da crueza da metrópole, personagens nômades, mendicantes, que foram o interesse de sua produção nos anos 90. É assim que ele devolve ao mundo, em forma de obra, labuta, gravura, a experiência que o mundo grava nele.
Fotos de F. A. Vidal
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