Mesmo tendo fumado em excesso, o estimado Professor Pascoal ― como era conhecido ― viveu mais de oitenta anos, vindo a morrer de pneumonia, num dos dias mais frios deste ano de 2011.
Cavalheiro à moda antiga, o professor lecionou História por várias décadas, no Colégio Municipal Pelotense e em outros estabelecimentos da cidade. Quem foi seu aluno lembra que ele passava a matéria devagar, com clareza, precisão e impecável ordem no discurso, sem faltar o humor elegante para comentar personagens e fatos históricos.
A juventude dos estudantes do Ensino Médio nem sempre permitia entender o significado de algumas ironias. Uma delas era a explicação humorística da palavra ultimato: o general comunicava ao inimigo "Se tu não cumprires estas condições, eu te mato".
Aos 15 anos de idade, um colega meu no 2º A, bom desenhista e também capaz de ironias, caricaturizou o mestre (dir.), corpo magro, bigode fino, grossos óculos, dentes amarelados pela nicotina. A irreverência mais genial foi mostrar, nas letras SP, a contradição entre a fragilidade física do homem e o seu grande poder de conhecimento.
Veja abaixo alguns ensinamentos do Professor Pascoal em 1976, das minhas notas do Segundo Grau no Pelotense:
Absolutismo Real
- O clero era isento do pagamento de impostos, mas tinha a responsabilidade da assistência social (hospitais, escolas, asilos), pois o rei não se interessava.
- Os reis eram responsáveis por seus atos apenas perante Deus; ante o povo, eram irresponsáveis.
- A burguesia tinha influência econômica mas não política; como eram mais ricos, pagavam mais impostos. Sem influir no governo e só pagando imposto, a burguesia sentia-se tolhida.
- A nobreza não pagava impostos, nem trabalhava, a não ser que fosse em ajuda do rei, no governo ou na guerra.
- As famílias nobres com muitos filhos pré-determinavam: ao primogênito, maior parcela no patrimônio; o segundo, ao Exército ou Marinha; o terceiro, ao clero; às mulheres, a família buscava esposo (se não, ao convento).
Nenhum comentário:
Postar um comentário