O professor e artista Jonas Klug escreve o seguinte, hoje (23) no Facebook, sobre a paróquia da Luz, que comemora atualmente o centenário de sua fundação (ocorreu em abril de 1912). Ele começa recordando as subdivisões da cidade em bairros e "zonas", especialmente as do Centro de Pelotas .
Lembrei disso ao ver, hoje, um cartaz (esq.) convidando para a novena comemorativa à festa da Padroeira e ao centenário da criação da Paróquia de Nossa Senhora da Luz, que denomina a "zona" onde eu morei por dezoito anos.
O "arrabalde da Luz" formou-se em torno de uma pequena ermida erguida em 1824 — então bastante fora da área urbana — por promessa de um certo capitão de barco José Fernandes da Victoria Santos, que teria recuperado milagrosamente a visão após dois anos de quase total cegueira.
Obtendo licença para pedir esmolas para a obra com o auxílio de um amigo, conseguiu a doação de um terreno particular, e levantou-se a capela, pequena e humilde, para abrigar a imagem da Padroeira, vinda de Portugal.Nos meus guardados encontrei um "santinho" centenário (tem uma oração, atrás, mas sem data). A estampa (dir.) reproduz uma aquarela muito primitiva, mas que retrata mais ou menos fielmente a imagem — impresso, portanto, especialmente para Pelotas.
(...) Esse costume de imprimir gravuras que retratassem fielmente uma determinada imagem (em escultura) muito venerada pelo povo é muito ibérico.(...) As cores que a escultura original apresenta na policromia são branco, no vestido, e celeste, no manto, mas não quer dizer que não tenha sofrido alguma repintura nos seus 288 anos de existência. Ou, talvez as cores desta aqui sejam uma licença tomada pelo aquarelista, inclusive porque o vermelho ou o rosado (a luz do fogo) são tradicionalmente associados à Senhora da Luz ou da Candelária.
Embora atualmente, em Pelotas, se comemore em maio, a data oficial da festa é 2 de fevereiro, em pleno verão europeu, onde provavelmente substituiu alguma comemoração pagã de fertilidade da terra.
Como N. Sra. dos Navegantes acabou se implantando no dia da Candelária (2-2), provavelmente por essa razão a festa da Luz, aqui, deva ter sido transferida para o encerramento do mês de Maria.
Em 1899 foi demolida a primeira ermida e começada a graciosa igrejinha (abaixo) que veio a se tornar Matriz da nova "freguesia", desmembrada da Catedral pelo primeiro bispo, D. Francisco de Campos Barreto em 1912.Como N. Sra. dos Navegantes acabou se implantando no dia da Candelária (2-2), provavelmente por essa razão a festa da Luz, aqui, deva ter sido transferida para o encerramento do mês de Maria.
Infelizmente, no final dos anos 1960, foi demolida, sob argumento de seu tamanho pequeno, para dar lugar à atual igreja (abaixo), de um modernismo do pior gosto. Felizmente sobreviveu a quase bicentenária imagem de Nossa Senhora, testemunha silenciosa das selvagerias do progresso.
Depois arrumaram esse terreno que aparece meio baldio aí na frente (acima) e foi plantada uma alameda de palmeiras, era uma pracinha cuidada. Por dentro tinha uma espécie de mezanino em toda a volta, como um teatro, o altar mor era singelo mas gracioso, com Nossa Senhora bem no alto, entre S. Francisco e Sto. Antonio (leia o post completo de Jonas Klug).
Depois arrumaram esse terreno que aparece meio baldio aí na frente (acima) e foi plantada uma alameda de palmeiras, era uma pracinha cuidada. Por dentro tinha uma espécie de mezanino em toda a volta, como um teatro, o altar mor era singelo mas gracioso, com Nossa Senhora bem no alto, entre S. Francisco e Sto. Antonio (leia o post completo de Jonas Klug).
Os seguintes dados históricos foram tomados do livro "Centenário da Diocese de Pelotas", de Mendes e Alves [Pelotas, 2010, p. 136-140].
Em 1932 a paróquia foi entregue aos cuidados dos padres franciscanos, que em 13 de abril desse ano instituíram a Trezena de Santo Antônio de Pádua, celebrada até hoje em 13 terças-feiras seguidas.
Em 1943, a pedido do bispo Dom Antônio Zattera, os freis capuchinhos assumiram a paróquia. Encontraram a instituição beneficente do Pão dos Pobres de Santo Antônio e em 1947 a mudaram para o terreno em frente à igreja, fundando ali o Instituto Pão dos Pobres (desde 1991, Escola Nossa Senhora da Luz).
Em 1967 foi lançada a pedra fundamental da nova matriz, sendo pároco o padre José Schramm.
Imagens: J. Klug (2), Arquidiocese de Pelotas (1, 3) e F. A.Vidal (4)
2 comentários:
Foi com a derrubada da capelas que eu, com meus dez anos , quase todos vividos na capela , com os freis capuchinhos e com as freiras do colégio Santo Antônio tive minha primeira decepção religiosa.
Olá Anônimo, estou fazendo uma pesquisa sobre a antiga igreja da luz. Como poderia ter um relato de tua parte?
Aguardo.
Obrigada.
Postar um comentário