
Mais tarde, me peguei em alguns momentos questionando sobre o que acontecia com a parte do ovo que não era aproveitada para fazer os tão deliciosos quindins. Feitos de gema, todos amarelinhos e suculentos. Mas, e a clara, onde ficava? Cheguei à conclusão do óbvio: faziam merengues, delícia composta de clara.
Refleti a partir daí sobre relacionamentos de uma forma geral. Pensei que, quando temos algum tipo de parceria emocional com quem quer que seja, é como se cada um fizesse um tipo de doce. Um faz o quindim; o outro, merengue. Os dois aproveitam do mesmo ovo e complementam a sobremesa.
Mas em que momento duas pessoas passam a ignorar a receita óbvia dos doces e não querer mais essa parceria tão proveitosa matematicamente? O que faz com que duas pessoas não queiram mais dividir seus quindins ou seus merengues com o outro, não se completarem, nem quererem provar a culinária alheia?
Tive algumas experiências desastrosas. Amizades que se foram por causa de um detalhe ínfimo. Na verdade, é como se eu fizesse os quindins e a outra pessoa resolvesse fazê-los também ou vice-versa. Ainda houve a resistência em trocar para os merengues. Sobraram muitas claras de ovo e ninguém para fazê-los.
Orgulho, falta de companheirismo, traição, incompreensão... Tudo pode acabar com a parceria de doces e, às vezes, é por puro detalhe. Mas seria amizade verdadeira? Não resistiu a uma parceria tão lógica?

Há também casamentos indissolúveis ou aquelas pessoas que nutrimos maior respeito e sabemos que é recíproco, mas muitas vezes nem as conhecemos direito. Mas nesses momentos, sim, a parceria quindim-merengue está sendo construída.
Como diz um provérbio romano: "Se for roseira, florescerá". Se for para dar certo, a parceria dará, se for para não dar... No que completo: quindim só combina com merengue. E merengue, só combina com quindim.
Fotos: A. C. Romeu
Um comentário:
Francisco,
agradeço a publicação de minha crônica.
Grande abraço e ótimos dias para ti!
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