Cartaz desenhado por Bruna Ferreira alude às bicicletas e à pobreza do pós-guerra. |
O curso de Cinema, aberto na UFPel desde 2010, realizou uma interessante ideia, ao mesmo tempo com fins de docência e de extensão universitária. No 1º semestre desse ano, alunos do Instituto de Artes – hoje Centro de Artes – participaram num concurso interno de cartazes, destinados a um ciclo de filmes com debates.
Os quatro cartazes ganhadores trazem a mesma informação, com design próprio (um deles ilustra este post). O desenhado por Renato Cabral representa singelamente o rosto da protagonista do filme "Viver a Vida", de Godard, a dinamarquesa Anna Karina, na época com 22 anos.
A seguir, professores do curso de Cinema organizaram o ciclo de 4 filmes, usando na promoção os cartazes selecionados nesse concurso. Finalmente, a atividade foi conhecida pelo público pelotense, ao ser anunciada na imprensa, e se efetuou, com pleno sucesso, no auditório do IAD (Alberto Rosa 62).
Para cada encontro, foi escolhido um tema cinematográfico e um especialista que exporia conceitos sobre a obra, facilitando também a discussão aberta. Os temas foram: o gênero Western, o estilo do Expressionismo, o movimento do Neorrealismo italiano e o vanguardismo francês da Nouvelle Vague (links direcionam à Wikipédia).
Cerca de quarenta pessoas, entre professores e estudantes universitários, assistiram a pelo menos um filme, formando-se cada dia plateias pequenas, de cerca de uma dúzia, ideais para debates profundos e participativos. Os filmes escolhidos são considerados obras-primas, por isso o ciclo também valeu como uma grande aula magistral de história do cinema. Confira alguns comentários sobre o ciclo, registrados em crônica no Diário da Manhã.
O debate de filmes é uma atividade que serve à formação acadêmica de artistas e humanistas, e é reconhecida também sua utilidade para o desenvolvimento do pensamento crítico, em todos os níveis educativos, e para fins terapêuticos, graças às semelhanças entre o cinema, o funcionamento do psiquismo e a evolução da vida pessoal.
Os quatro cartazes ganhadores trazem a mesma informação, com design próprio (um deles ilustra este post). O desenhado por Renato Cabral representa singelamente o rosto da protagonista do filme "Viver a Vida", de Godard, a dinamarquesa Anna Karina, na época com 22 anos.
A seguir, professores do curso de Cinema organizaram o ciclo de 4 filmes, usando na promoção os cartazes selecionados nesse concurso. Finalmente, a atividade foi conhecida pelo público pelotense, ao ser anunciada na imprensa, e se efetuou, com pleno sucesso, no auditório do IAD (Alberto Rosa 62).
Para cada encontro, foi escolhido um tema cinematográfico e um especialista que exporia conceitos sobre a obra, facilitando também a discussão aberta. Os temas foram: o gênero Western, o estilo do Expressionismo, o movimento do Neorrealismo italiano e o vanguardismo francês da Nouvelle Vague (links direcionam à Wikipédia).
Cerca de quarenta pessoas, entre professores e estudantes universitários, assistiram a pelo menos um filme, formando-se cada dia plateias pequenas, de cerca de uma dúzia, ideais para debates profundos e participativos. Os filmes escolhidos são considerados obras-primas, por isso o ciclo também valeu como uma grande aula magistral de história do cinema. Confira alguns comentários sobre o ciclo, registrados em crônica no Diário da Manhã.
- “Era uma vez no oeste” (1969, em cores), do italiano Sergio Leone, foi o western escolhido por Miguel Mishuo Watanabe, professor na UCPel, que se referiu aos planos visuais, à escolha de atores, às mesclas de gêneros cinematográficos. Naquela segunda-feira 30 de julho, o público também falou da música, dos cenários naturais, da influência da ópera clássica nas coreografias, na lentidão, no dramatismo e na identificação de um leit-motiv musical para cada personagem. Com Henry Fonda, Claudia Cardinale, Charles Bronson, Jason Robards (veja cena no vídeo abaixo).
- Na terça 31, o expressionismo foi representado pelo filme mudo “O Gabinete do Doutor Caligari” (1919, p/b), do alemão Robert Wienne. A profª Andréa Schönhofen, da UFPel, explicou que as angústias do pós-guerra na Europa e a introversão do temperamento germânico criaram temores apocalípticos, dúvidas morais e até o questionamento da realidade em si. A cópia usada nesta ocasião foi uma versão com texto em inglês e música clássica de fundo, datada de 1952.
- Dia 1 de agosto, a profª Regina Zauk, então coordenadora do hoje desativado cine-clube Fanopéia, do CEFET (atualmente IFSul), falou sobre o neorrealismo italiano e a obra-prima “Ladrões de Bicicletas”, de Vittorio De Sica (1948, p/b). O argumento e o modo de filmar tocam de tal forma os valores humanos mais básicos que o espectador não pode deixar de se emocionar. O neorrealismo denuncia a tragédia social e moral europeia após a Segunda Guerra Mundial, mas sua vertente italiana inclui a esperança, a crença de que sempre algum passo pode ser dado em direção à vida e ao crescimento.
Anna Karina em "Viver a Vida" |
- No último dia, Beatriz Ferreira e Sandra Espinosa, acadêmicas de Filosofia da UFPel, trouxeram “Viver a Vida” (1962, p/b), da Nouvelle Vague. Este movimento francês, próprio dos anos 60, teve sua própria estética, mas se caracterizou mais pelo oposicionismo às tradições. O diretor Jean-Luc Godard tenta transmitir suas idéias filosóficas mediante as formas visuais, deixando o conteúdo fragmentado num mosaico de cenas sem uma união evidente, que o espectador deve reconstituir.
A jovem Anna Karina era modelo e casou com Godard, que a transformou num dos símbolos deste movimento do cinema. Sua imagem (dir.) até hoje nos convida sutilmente a pensar sobre a vida e suas mudanças.
O debate de filmes é uma atividade que serve à formação acadêmica de artistas e humanistas, e é reconhecida também sua utilidade para o desenvolvimento do pensamento crítico, em todos os níveis educativos, e para fins terapêuticos, graças às semelhanças entre o cinema, o funcionamento do psiquismo e a evolução da vida pessoal.
O duelo final — entre Charles Bronson e Henry Fonda — revela um dos mistérios do filme:
a presença do Homem da Harmônica (indígena) está ligada a um dos crimes do vilão (branco).
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