sexta-feira, 3 de julho de 2009

Palavras aos pelotenses de hoje e de amanhã

O atual presidente da Academia Sul-Brasileira de Letras (ASBL) escreveu a seguinte nota sobre o aniversário nº 197 de Pelotas, que resume a história da cidade e deixa uma esperança positiva.

Pelotas nasceu para charquear o gado que os jesuítas introduziram no Rio Grande do Sul em 1634. Então, expulsos, os jesuítas (1759), divididas as terras entre as coroas de Portugal e Espanha e seus apaniguados (1755-1801), era preciso alimentar os trabalhadores das minas de ouro de São Paulo e Minas Gerais, uma vez que o açúcar brasileiro já não tinha mais lugar no mercado europeu dominado por Holanda e Inglaterra.

O gado do Nordeste já fora consumido. Restava o gado das estâncias das Reduções e Missões dos índios, agora esparramados pelos fundos das novas estâncias como peões ou posteiros sem eira nem beira. O charque rendeu lucros e escravidão. Mas eram outros tempos.

Com o dinheiro veio a organização urbana, a vila, a cidade, a cultura e Pelotas se fez a Atenas dos pagos do Sul. A arte, o teatro, a arquitetura, a imprensa, a escola, a ciência, a agricultura, a literatura vicejavam, mesclando ideias liberais, iconoclastas e humanistas na direção "da ordem e do progresso".

Vieram depois "tempos bicudos". Com o arrefecimento econômico, a cultura também mermou.

Mas era preciso retomar as rédeas do destino, realimentar a esperança. E a cultura deveria alavancar o futuro. Surgiram escolas, escolas técnicas, universidades, meios de comunicação e Pelotas lembrou com orgulho seus tempos de cultura.

Hoje, em meio aos vendavais da globalização e de muitos desmandos políticos nas cúpulas nacionais, Pelotas junta forças para reabrir sendas, aplainar caminhos, e convocar a todos para não recuar, para construir um espaço onde a vida humana possa se produzir, reproduzir e ampliar com dignidade.

Parabéns a todos os que lutam, para os que não ficam paralisados pela saudade, e juntam mão à mão, braço ao braço, ombro ao ombro na edificação de Pelotas em todas as dimensões.

Nós aqui (ASBL) procuramos incentivar a cultura, as letras, a literatura, para que nela o homem encontre seu próprio rosto, encontre o rosto dos outros e organize mediações de efetiva fraternidade.

Jandir João Zanotelli, presidente da ASBL (Diário da Manhã, 01-07-09)
Fotos da web.

2 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Vidal: teu blog é relativamente novo, mas já se impõe pela qualidade dos temas que expõe. Esse "resumo" feito pelo Prof.Jandir está perfeito. Ninguém ama o que não conhece, e já passou da hora de instituições culturais e educacionais inserirem em seus currículos nossa belíssima e original história. E, na semana de aniversário da Princesa, cumpre-nos difundí-la. Parabéns pela iniciativa, preciosa.
Abraço fraterno, Prof.ª Loiva Hartmann/IHGPEL/IJSLN/Mentora da Jornada Cultural de Pelotas

Anônimo disse...

Boa síntese.