sábado, 4 de maio de 2013

Dois quadrados paralelos

Nathanael é designer gráfico.
Nathanael Anasttacio (dir.), atualmente estudando em São Paulo, nos traz a inesperada comparação entre dois lugares urbanos: por um lado, o assim chamado "Vão do MASP" (pátio formado por um vazio arquitetônico abaixo do Museu de Arte de São Paulo) e, por outro, as doquinhas do Porto de Pelotas (em volta de um vazio formado pelas águas do São Gonçalo). 

Ambos com forma quadrangular, são espaços urbanos ao ar livre, que ficaram sobrantes em relação a uma construção maior. Ao serem ocupados pela população como ambiente de descanso ou lazer, transformaram-se em pontos de observação paralelos ao mundo real.


2_QUADRADOS

Exatamente ilícitos
Ambos inseridos ... extremamente invisíveis

Inscritos em uma sociedade quadrada/bizarra

O desajuste dos dois ... vícios
Na droga de fuga ...
A droga do nada

Coisa alguma ... inexistência ... aspecto/espectro físico

Nada substitui o parecer incrível
Quadrados ... planejados ...
Presumíveis

Num água
Noutro imagem

Reflexo/anteparo do permitido
Aterrorizante sensação enclausurada
O devir do cigarro ... cigarra voa até seu sumiço

Psicológicos artifícios
Quadrados artísticos/artificiais


Sem térreo nem alicerces, o Museu de Arte de São Paulo paira sobre um vazio... onde só há pessoas.

O vão/quadrado do MASP reúne tribos de artistas e anônimos.
O quadrado do porto de Pelotas também.

Para o vão eles todos vêm, permanecem e somem. Espaço lúdico/imaginário aglomerando junkies, mendigos e estudantes. Todos dividindo espaço com passeatas, músicos, turistas e atos. No Quadrado de Pelotas todos compartilham novidades da nossa pequena/grande cidade. Aqui no MASP todos compartilhamos ideais.

Não é mera analogia. Realmente existe semelhança entre os dois quadrados. O vento sopra no canal São Gonçalo e ideias surgem. Na época da faculdade sempre sentávamos atrás de inspiração, perto dos barcos e olhávamos a paisagem urbana/construída/artificial.

No Quadrado, todos parecem observar a água, o tempo e o vento.
Dentre as coleções do MASP, aqui em São Paulo, acredito que a mais valiosa sejam as pessoas que se aglomeram no seu entorno. Há tanta diversificação de tipos e formas humanas, sejam elas lícitas/ilícitas.

Há tanta inspiração. E há um quadrado ilusório que coaduna/concatena cabeças pensantes. PENSEM O QUE PENSAREM, PORÉM, PENSANDO.

Em ambos os quadrados existe uma máxima de deixar as ideias livres, soltas, pairando no ar.

Existe fumaça e poeira. A vida natural modificada, pois quadrados são formas construídas. Alguém construiu esse espaço de pensamento.

Os existencialistas dizem que o homem se inventa, mas são os outros que o validam. Pensando no quadrado como uma embalagem de seres lógicos/pensadores/questionadores temos, então, a exata medida da importância de áreas de ócio criativo.

A sociedade pode ser quadrada, mas nem todos os envolvidos em sua composição social o são. Isso não é apologia, é apenas constatação.

Nathanael Anasttacio
São Paulo - SP

Um longo vão sob o MASP: uma ponte de arte sobre um rio imaginário
Veja mais no sítio do MASP e na Wikipédia.
Fotos: N. Anasttacio (1,2, 4) e ModaMais (3)

Um comentário:

Anônimo disse...

Texto inteligente, de quem observa com olhos de ver. Gratificante assistir o progresso de NAnasthacio em sua profissão. Nas Jornadas Culturais de Pelotas, de máquina em punho, Nathanael registrou momentos importantíssimos para a vida cultural de Pelotas. Parceiro perfeito e dedicado, certamente aumentou seus conhecimentos fotografando ou filmando personagens como Assis Brasil, Moacyr Scliar, Lya Luft, Ligia Bojunga, Mozart Russomano e tantos outros. A inauguração da Casa de Simões Lopes Neto. Enfim, que belo currículo. Sucesso é o que desejo e que a carreira te dê muita satisfação. Meu abraço fraterno, prof.ª Loiva Hartmann