A Moviola Filmes finalizou o documentário "A Linha Imaginária", média-metragem de 26 minutos que descreve o universo cultural em torno à fronteira Brasil-Uruguai. Gravado em 2013 nas cidades de Aceguá, Chuí, Santana do Livramento e Jaguarão, foi dirigido por Cíntia Langie e Rafael Andreazza, e financiado pelo fundo Pró-Cultura/RS FAC.
O lançamento será esta quarta-feira (23-04) em TV aberta. Acompanhe às 20h pela TVE RS. Para Pelotas, a Moviola anunciou uma sessão presencial, no mesmo horário, no Grande Hotel, com entrada franca. Veja (acima) o trailer desta nova produção e um registro por trás das câmeras em Aceguá, com a inusual filmagem desde um balão (abaixo). "Uma Terra Só" era o título que o filme teria, inicialmente.
A mistura linguística é um dos inevitáveis fenômenos de fronteira. Na pororoca de duas culturas, diluem-se as características de cada idioma e surge outro corpo de linguagem. A pronúncia e as entonações, a formação de palavras e frases, as regras de escrita e os significados tradicionais vão para um liquidificador e surge de improviso um terceiro ser (neste caso, o portunhol ou portuñol), com regras mais livres.
Como o tal híbrido não é usado somente por turistas em fase de aprendizagem mas especialmente por residentes fixos, as invenções vão se consolidando e chegam a parecer estáveis, mas somente na zona de fronteira, que (paradoxalmente) é quase insular, tão fechada e conservadora como qualquer outra comunidade.
Um dos possíveis hibridismos que nunca pegou fora do espanhol é a expressão "nós outros". A socióloga e cineasta brasileira Marina Dias Weis (v. canal YouTube) criou um documentário social sobre a América Latina, chamado justamente "Nós Outros" (v. sítio do projeto).
Jogando com as palavras dos dois idiomas, o tradutor e escritor de fronteira Aldyr Schlee (autor do livro de contos "Uma Terra Só") explica, filosoficamente, aos espectadores d'A Linha Imaginária:
– Nós nos vemos nos outros. Nós somos nosotros. Nós somos nós mesmos nos outros, essa é a maravilha da fronteira!
POST DATA
6-09-14
Leia reportagem de ZH Artistas usam portunhol da fronteira Brasil-Uruguai.
Um comentário:
Nosotros todos, de la America Latina, nos conocimos por el mirar, como diz Mercedes Sosa em uma de suas belas e significativas canções. Temos todos em comum, la tierra, la pacha mama. Útero que nos gerou a todos, que nos abriga, nos nutre.
E ao qual retribuímos com insensatez, indiferentes ao futuro do planeta. Ou como afirmou o filósofo:"Com a última árvore derrubada, cairá o último homem."
Sem dúvida, intelectuais, professores, sociedade, devem convocar os jovens, a ver e se aprofundar nesse tipo de conhecimento a fim de que sistematizem em suas consciências, de que todos os seres vivos fazem parte do mesmo ecosistema.
E a línguagem, essa da fronteira, é prova inequívoca de que somos todos mesclados! Todos mesclados.
Tenho encantamento pelo tema. Parabéns aos empreendedores da Moviola e ao Pró-Cultura/RS.
Prof.ª Loiva Hartmann
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