sexta-feira, 13 de março de 2009

Uma boa fachada esconde tudo... ou nada

Quem diria que esta casa, não tão antiga como certos casarões, já não existe mais? Ela se encontra no centro de Pelotas, na Félix da Cunha 470, entre D. Pedro II e General Teles, a meia quadra da Universidade Católica.
Tudo parece em seu lugar, esperando por uma reforma: porta, janelas de uma sala, respiradouros de um sótão, calçada em bom estado.
Em Pelotas há muitas casas demolidas que mantêm a fachada, como à espera de algo. Não deixa de impressionar a contradição entre os restos mortais e a casca. Mas em certos casos somente um observador mais cuidadoso percebe a contradição entre a aparência trabalhada de uma máscara e o vazio absoluto.
Basta parar para olhar pelas frestas que veremos o vazio. A foto à direita espia pela janelinha do sótão mais à esquerda, por onde se revelam insuspeitados segredos.
Um passante distraído ou apressado pode não perceber este fenômeno, mesmo que haja do seu lado uma entrada aberta para carros (abaixo): um pedestre terá que olhar pelas janelas, um motorista terá que buscar estacionamento, e existe um, justamente com a entrada do lado desta... casa?
A fachada está aí, inteira, mesmo que com remendos (na janela esquerda, na foto superior), mas na verdade o terreno virou mesmo estacionamento, de um lado a outro do quarteirão, enquanto alguma empresa não constrói ali algo lucrativo.
Como a porta estava aberta, com passagem para a Gonçalves Chaves, fotografei também o lado interno da fachada, uma visão triste do ponto de vista estético, e imagino que bem sinistra para quem tenha eventualmente conhecido o que existiu ali.
Nossa cidade também está esvaziada, mantendo aparências de uma antiguidade respeitável, enquanto dias melhores não vêm.
Fotos de F. A. Vidal.

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