O poeta e pesquisador Nelson Nobre Magalhães faleceu há dois anos, numa noite muito fria, próxima do aniversário de Pelotas. A conjunção 07-07-07 não lhe foi favorável.
Seu material foi cedido à Universidade Católica, que já trabalhava em parceria com o preservador da memória da cidade. Desde então, esse acervo vem sendo digitalizado (veja o post neste blogue) e está à disposição de quem queira cópias.
Hoje, o projeto "Pelotas Memória" mantém o quiosque de Nelson Nobre e nele expõe partes de sua coleção. Esta semana, veem-se reclames antigos e fotos de ruas de Pelotas em diferentes épocas. Por exemplo: Quinze de Novembro esquina General Neto, em 1909 (esq.).
Na Sete de Setembro com Andrade Neves (dir.), via-se o anúncio do Bule Monstro, lado sul; nesse cruzamento, hoje está o Chafariz das Três Meninas.
Ontem (9), o estudante de jornalismo Bruno, a cargo do atendimento ao público no quiosque, explicou-me alguns detalhes das fotos expostas e da temática abordada na pequena exposição; nestes dias de Fenadoce, com mais turistas nas ruas, a ideia é renovar o material com mais frequência que de costume.
Mensalmente, um programa musical da Rádio Universidade é feito na rua, ao lado do quiosque, reproduzindo uma das iniciativas de Nelson Nobre, a de evocar a música popular do século XX.
A gentileza do atendente é algo importante na comunicação com qualquer interessado, seja turista ou pelotense, e neste caso do quiosque é um fator que contribui à valorização de Pelotas e sua imagem. O profissionalismo e a estabilidade do trabalho ao redor deste projeto de preservação ajudam a mostrar nossa cidade de forma positiva aos visitantes.
Aproveitando para recordar a pessoa de Nelson, posso comentar que seu entusiasmo pela nossa história e sua capacidade de contato pessoal eram tão grandes que ele passava todo o dia falando com quem passasse por ali, da forma mais amistosa e motivante, na linguagem mais apropriada a cada um. Aos turistas oferecia informação gentilmente, falando das características de Pelotas; os pelotenses, conhecia-os pelo nome e comentava detalhes mais próprios de nossa realidade.
Nem todos talvez entendessem essa paixão pela pesquisa; talvez muitos o vissem como simples saudosista - sintomas ambos de baixa autoestima do pelotense e falta de consciência social e histórica.
Lamentável amostra desses sintomas está também no vandalismo: à direita, atrás do anúncio, vê-se o toco que restou de um poste metálico decorativo, arrancado por algum antissocial ou perturbado.
Não quer dizer que a cidade tenha perdido sua cultura, mas que a pobreza e o autodesprezo têm ido crescendo em nosso povo. Chegam a roubar maçanetas das portas, e isso deve ser tratado como signo de uma decadência social importante, deve ser prevenido e subsanado.
Fotos de F. A. Vidal.
9 comentários:
Seria interessante esse acervo ser disponibilizado integralmente em um site, para quem quisesse consultá-lo ou copia-lo. O site do Instituto Moreira Salles, por exemplo, do Rio, tem um imenso acervo da música brasileira, com gravações do início do século XX, para quem quiser ouvir (só não estão disponíveis para download, por razões de direitos autorais de muitas):
http://ims.uol.com.br/ims/view_assunto.asp?id_pag=80
Recomendo a visita ao stand do IMS, no Bourbon Country, em Porto Alegre, sempre com exposições e uma pequena loja.
O Nelson era um apaixonado pela sua cidade.
Acredito que o monstrengo construído em frente ao Teatro Guarani teria o seu repúdio.
Ele certamente faria coampanha contra a destruíção feita ali pelos vândalos oficiais.
Saudades no Nelson adorava passar por ali e bater um papo com ele,de uma gentileza sem tamanho.Pena que o povo Pelotense a maioria não entendia a importancia do seu trabalho sobre Pelotas,um povo sem passado é um povo sem cultura.
Nos anos 80, quando ainda morava em Pelotas, costumava andar muito pela cidade e quase sempre trombava com Nelson Nobre. Mesmo que estivesse do outro lado da rua acenava sorrindo. Lembro do Nelson sempre sorrindo. Saudades!!!!!!
Vivi em Pelotas até o final dos anos 90. Esporadicamente em minhas correrias pela cidade encontrava um senhor alto e magro que vendia umas revistas sobre a história de Pelotas. Comprei muitas dele, eram baratas, mas nunca as li. Tinha dúvidas se aquele senhor era o autor das revistas ou só o vendedor. Ele era humilde, parecia um pouco tímido.
Estou lendo-as agora, passados 30 anos depois de ler Simões Lopes e Osório Magalhães. Muito interessante o trabalho de Nelson Nobre. Não tem nada de timidez. Mostra aspectos e detalhes interessantes sobre a história de nossa querida Princesa do Sul. De muita utilidade para estudantes e para todos que amam sua Pelotas.
Aqui no blogue pode pesquisar outras menções de Nelson Nobre. Uma delas:
https://pelotascultural.blogspot.com/2010/12/amigo-recorda-inicios-de-nelson-nobre.html?m=1
Postar um comentário