quarta-feira, 8 de julho de 2009

Esquina tenta remediar uma triste memória

Na esquina da General Teles com Gonçalves Chaves situava-se o Bar Bolicho, um boteco a mais na quadra mais alcoolizada do centro de Pelotas. O local tinha espaço amplo no interior e dispunha mesas na calçada; o ambiente era familiar e relaxado, mais rural que urbano.
Em relação com a proximidade da UCPel, ainda hoje por aqui brotam vendedores e consumidores de cerveja. Em junho passado, foi a vez de um minitrêiler de churrasquinhos, instalado como qualquer carro, defronte ao João 100 Gilberto.
Em 2005, o Bolicho ganhou a má fama de ser o ponto de partida de um crime: um cliente matou uma cadela prenhe, arrastando-a de carro até a Quinze com Três de Maio. Na época, a Gonçalves não estava asfaltada. O fato foi denunciado por um grupo de defensores de animais, que abriu o blogue Justiça para Preta e chegou a fazer uma passeata pelo Calçadão, para defender a vida e pedir o castigo aos responsáveis da morte da cachorra Preta. Em 2007, um dos três indiciados foi condenado por crime ambiental.
O bar seguiu atendendo, mas uma persistente pressão mediante processos judiciais, iniciada por um hotel próximo, conseguiu fechá-lo. A venda de álcool é permitida por lei, mas as casas noturnas devem submeter-se a várias regras. Uma dezena delas foi fechada pela fiscalização municipal, em maio, na mesma noite em que expus aqui o costume dos notívagos de fazer da rua um salão de festa (veja o post).
Os moradores do edifício hoje sabem que, com uma farmácia na esquina, não terão grandes alterações da ordem. Depois do boteco licencioso, a botica silenciosa. Os remédios tentam apagar a má lembrança de 2005. Paradoxalmente, os arredores da Católica seguirão sendo um grande foco boêmio e de drogas ilícitas, enquanto a comunidade for tolerante.
Foto de F. A. Vidal.

2 comentários:

Cris Carriconde disse...

É inacreditável que o único a realmente sofrer uma punição tenha sido o bar.

Francisco Antônio Vidal disse...

Estranho como as coisas se confundem. O juiz condenou o principal acusado e este seguiu vivendo sua vida (a morte de un animal só podia enquadrarse na lei como crime ambiental).
Já a comunidade foi à aparente causa do crime: fechou o lugar onde aqueles indivíduos bebiam, pondo areia sobre o problema. Hoje esta zona segue cheia de bares e de vendedores de drogas.
Qual a melhor punição: a que castiga um criminoso ou a que erradica o problema social? Neste caso, nada foi realmente reprimido.