"Pelotas no Tempo dos Chafarizes", lançado em sessão de autógrafos este sábado (17), na Feira do Livro, é o mais recente livro de pesquisas históricas de Adão Fernando Monquelat, desta vez em coautoria com Guilherme Pinto de Almeida.
A obra recolhe textos e imagens de jornais pelotenses do século XIX, desde 1871, ano em que a distribuição de água foi assumida pela Companhia Hidráulica Pelotense, pelo uso de 4 principais chafarizes instalados no centro da cidade, mais conhecidos na época pela expressão original francesa "fontes d'água". Depois que a água passou a ser fornecida diretamente nas casas, as mesmas fontes passaram a ter função decorativa.
Hoje conhecemos 3 daqueles chafarizes, situados em pontos de maior concentração urbana e de maior antiguidade: o da Praça Coronel Pedro Osório (1873), o do calçadão da Andrade Neves (1874), originalmente na praça do Porto e desde 1981 no centro da cidade, e o da Praça Cipriano Barcellos (1876), originalmente na Quinze de Novembro com Gomes Carneiro.
O quarto, que cronologicamente é o segundo, foi instalado em 1873 e se encontrava até 1916 defronte à Catedral, mas não se sabe seu destino, e neste livro os autores ajudam a desvendar o mistério.
Não se pode dizer que eles hajam descoberto a existência do chafariz, pois já havia um registro municipal e imagens, mas sim que obtiveram detalhes e confirmações adicionais e verificaram o ponto onde se achava originalmente.
Veja um histórico dos chafarizes no sítio do Museu do Saneamento e uma descrição formal de cada um no Dicionário de História de Pelotas (UFPel, 2010, páginas 56-58), segundo pesquisa de Janaína Silva Xavier realizada em 2006.
Monquelat é livreiro, pesquisador e escritor. Seu nome está citado no verbete A Divina Pastora, na Wikipédia. Também em 2012, publicou Desfazendo Mitos (Mundial, 194 páginas, R$ 30), terceiro livro da parceria com Valdinei Marcolla (Monquelat tem mais uma dezena de obras).
Pinto de Almeida é estudante de Arquitetura e Urbanismo na UFPel. Em 2012 reeditou em formato digital a Revista do 1º Centenário de Pelotas, editada por João Simões Lopes Neto em 1912. Na foto de Roberto Dias para o Diário Popular, os autores se encontram no lugar em que o antigo chafariz se situava há cem anos.
Imagens do 4º chafariz: capa e contracapa do livro (1-2), e SANEP (4)
Foto dos autores: R. Dias, no Facebook (4)
3 comentários:
CONFORME A FONTE DE PESQUISA ABAIXO, O CHAFARIZ DAS TRÊS MENINAS NÃO É FRANCÊS, MAS SIM ESCOCÊS.
Diário Popular - Francesa não, escocesa
srv-net.diariopopular.com.br/13_08_07/p0501.html
Cidade: Francesa não, escocesa
BiancaZanella
Um deslize nos relatos da história do saneamento de Pelotas foi o que descobriu a pesquisadora Janaína Xavier. Formada no curso de especialização em Artes: Patrimônio Cultural e Conservação de Artefatos pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), ela defende em sua monografia que a caixa d’água situada na praça Piratinino de Almeida foi construída em 1875 na Escócia e não França como se supunha. “Essa dúvida é antiga. Em 1987 Geraldo Gomes da Silva já levantava a polêmica em seu livro Arquitetura do ferro no Brasil, mas até hoje ninguém havia pesquisado a fundo o assunto”, diz Janaína.
Em um artigo publicado pelo Diário Popular em fevereiro de 2004 o historiador Mario Osorio Magalhães também havia falado sobre a hipótese de a caixa d’água não ser francesa, com base em notícias publicadas no Correio Mercantil que relatam a obra. Faltava ainda reunir outras evidências que comprovassem a teoria.
De tanto ouvir boatos, Janaína, que é funcionária do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep), disse ter resolvido incluir a discussão em sua pesquisa, que também aborda a história dos chafarizes de Pelotas, esses sim de origem francesa. “Os elementos do primeiro sistema de abastecimento de água implantado pela então Companhia Hydráulica Pelotense foram importados, em sua maioria, da Europa. É uma mistura. As antigas bombas da represa do Moreira, por exemplo, vieram da Inglaterra, já o relógio da casa de máquinas é francês, assim como os chafarizes”, afirma. “Apenas pela análise estética é difícil afirmar a procedência dessas peças. Esse reservatório central, por exemplo, tem elementos arquitetônicos muito limpos, com poucos adornos, o que é típico da produção industrial européia da época, mas não se pode dizer que são característicos de algum país específico”, comenta.
Pistas
O ponto de partida da pesquisa foi a caixa d’água de Rio Grande, que é idêntica à de Pelotas. As duas foram encomendadas por Hygino Correa Durão, que na época era diretor das companhias hidráulicas de ambas as cidades. Na caixa d’água de Rio Grande há uma placa da empresa fabricante, ao contrário do reservatório de Pelotas, que não possui identificação. A partir daí começou a busca pela localização da fábrica e descobriu-se que a empresa Hanna Donald & Wilson, que fabricou os reservatórios, tinha sede na cidade de Paisley, na Escócia, e construía embarcações navais, pontes, caldeiras, estações de ferro e sistemas de água e gás.
Notícias publicadas em jornais da época ajudam a sustentar a tese de que o reservatório é escocês. Em 24 de janeiro de 1875, o jornal Correio Mercantil anuncia a chegada de um navio contendo a maior parte do material destinado à construção do reservatório (as peças vinham em partes e eram compradas por catálogo). A origem da embarcação, conforme a imprensa, é Glasgow, cidade escocesa vizinha a Paisley (onde ficava situada a fábrica) e também cidade de origem dos engenheiros responsáveis pelo projeto de construção, conforme relatórios da Companhia Hydráulica Pelotense. “Paris, onde geralmente eram construídas as peças importadas da França, não aparece em nenhum documento referente à caixa d’água da praça Piratinino de Almeida”, ressalta Janaína.
OBS.: A caixa d´água em frente a Santa casa de Pelotas também é ESCOCESA. Veja na INTERNET o trabalho universitário de Janaina Silva xavier conforme a fonte de pesquisa abaixo:
PDF]Janaína Silva Xavier – 2006 - UFPel
wp.ufpel.edu.br/.../files/2013/12/Janaína-Silva-Xavier-–-2006.pdf
e-mail: oscarwother@live.com
ABRAÇOS
O artigo transcrito acima se refere à caixa d'água da praça Piratinino de Almeida, e não à fonte que hoje está no calçadão, conhecida como das Três Meninas.
O equivoco que a pesquisadora assinala em sua monografia é sobre a ideia de que essa mesma caixa d'água fosse francesa (como os chafarizes). Mas como ela explica, é escocesa (ver p. 126-128).
Sobre as fontes (chafarizes), não há dúvida de que vieram da França.
O endereço da monografia de Janaína Xavier é este:
http://wp.ufpel.edu.br/especializacaoemartesvisuais/files/2013/12/Jana%C3%ADna-Silva-Xavier-%E2%80%93-2006.pdf
Janaína Xavier também descobriu a origem do equívoco.
srv-net.diariopopular.com.br/13_08_07/p0502.html
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