Ele começou seus estudos aos 18 anos, em sua cidade-natal, Rio Grande; nos últimos onze anos, ele já se desempenhou como pianista do Coral da UFPel e da Orquestra Filarmônica de Pelotas. Também compõe e faz arranjos para coral e piano a quatro mãos.
O programa musical incluiu autores de diversas épocas, desde clássicos a contemporâneos, em oito obras de variada complexidade.
Começando com Mozart (Sonata nº 16 em dó maior, KV 545) e Bach (Prelúdio e Fuga nº 21 do Cravo Bem-Temperado I), o intérprete trouxe uma novidade para todos os ouvidos, sem anunciar que se tratava de uma estreia da obra em Pelotas: Rumania, quatro melodias folclóricas, do austríaco Cesar Bresgen (1913-1988). A partitura foi trazida da Europa pelo prof. Marcelo Cazarré e ainda não havia sido tocada em público - pelo que se sabe, em todo o Brasil.
Na sequência, a Meditáció, do húngaro Zoltan Kodaly, deixou entrever o temperamento de Éderson, emotivo e enérgico. A peça é breve e medita sobre um tema do Quarteto para cordas, de Débussy, após a viagem que o compositor fizera a Paris em 1907 (leia um comentário).
Neste ponto do programa, Éderson incluiu sua peça "Palavras do Coração", que comento abaixo.
O recital seguiu com cinco Prelúdios de Cláudio Santoro, a Valsa da Dor, de Villa-Lobos e o exigente Estudo de Concerto nº 3, de Liszt, popularmente conhecido como "Un Sospiro". No vídeo abaixo, uma antiga interpretação deste trecho gravada pelo pianista norte-americano Earl Wild.Palavras do Coração
Éderson vem elaborando esta criação desde 2004, quando a mostrou por primeira vez no Teatro Municipal de Rio Grande. Em Pelotas, veio apresentá-la em julho de 2005, quando escrevi num artigo:
Éderson Campos é intimista e romântico, sua energia é intensa, capaz de expressar emoções profundas; seu estilo é mais elaborado, abstrato e universal. “Palavras do Coração” é [...] uma canção sem palavras, mas com uma boa expressividade dramática (Diário da Manhã, 12-07-05).
Em maio de 2007, ele a tocou na 2ª edição das Tertúlias Musicais. Em crônica para o site do Conservatório (veja o texto), Francisco Dias da Costa Vidal escreveu:
“Palavras do Coração” [é] trecho repleto de arpejos, perante uma melodia algo diluída, apesar dos contrastes, tudo a liberar uma “sonoridade temperamental”.
Nesta nova ocasião, o intérprete a dedicou a sua mãe, presente na plateia. Este emotivo detalhe sugeriu que o coração do compositor se valeu dos recursos do instrumento para expressar- sem palavras - o que sentia desde a infância e como esses impulsos e curiosidades foram sendo elaborados, ao longo do crescimento pessoal.
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