
Em seus exercícios para desenvolver a técnica e o pensamento, o Ateliê Giane Casaretto costuma estudar, cada ano, a obra e a personalidade de um ou dois grandes criadores da humanidade. Sua exploração mais recente foi com a pintora Frida Kahlo (1907-1954), cujo centenário foi comemorado há três anos e mesmo até 2010 seguia despertando homenagens.

Ontem (2) ele colocou as sete obras que ficarão ali até fim de março (dir.) e hoje pela manhã acrescentou as etiquetas de identificação e preço. Em setembro passado ele reinaugurou este espaço (veja nota) e não tem deixado de renovar as mostras mensais.

Por isso parece tão significativo que estas obras tenham encontrado este lugar, e além disso pudessem expressar duplamente sua mensagem de amor e de vida: a da criadora mexicana e a mediada pelas artistas pelotenses.
Vera Holthausen é uma dessas artistas, que têm uma distância cultural em relação ao México dos anos 1930 e 1940, mas mantêm a identificação com a vivência do gênero feminino. A metáfora das flores de cacto (esq.) sugere o contraste dramático entre dor e beleza, entre aspereza e sensualidade. Se a natureza nos mostra essa contraposição numa planta do deserto mexicano, por que não também num ser humano? Quem subsiste no deserto armazenando gotas de água nas vísceras é um artista da sobrevivência, e muitos de nós gostaríamos de saber como é possível desenvolver esses mecanismos. A mantilha em vermelho e preto (abaixo) traz um contraste mais radicalmente emocional entre o mais apaixonado erotismo e a mais negra tristeza, num verdadeiro retrato psicopatológico.
Giane Casaretto foca diretamente no rosto de Frida, em cores menos vivas que as usadas pela pintora mexicana e num estilo que, sem ser naïve, conserva o lado primitivo que neste caso é parte da personalidade retratada. Assim, o olhar de Giane está fora da aparente ingenuidade em que se refugiou Frida para sair da dor, mas não deixa de ver os tormentos que se instalaram no corpo e na alma da artista mexicana.
Fotos de F. A. Vidal
Fotos de F. A. Vidal
Um comentário:
Me identifico muito com Frida Kahlo por saber o que é dor e superação. Entre 32 cirurgias e intensas limitaçoes, expressava meu intenso desejo de liberdade em cada borboleta pintada. Elas por si falavam o que nao queria calar dentro de mim. Cada tela produzia uma libertação do êxtase duplo que me rodeava, a dor e a alegria de Ser e de Estar, simplismente.
Parabens Giane Casaretto pela iniciativa de divulga-la e nos dar essa oportunidade de aprecia-la, parabens a todas as tuas alunas, e parabens Vidal, por ter esse espaço ilustre.
Carla Menezes
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