Desde 1918, o Conservatório ocupou casarão do século XIX. Reformado em 1940, ficou com o aspecto acima (foto dos anos 50). |
É o caso do Conservatório de Música de Pelotas, que, durante 97 anos de vida, tem sabido se manter e crescer, como exemplo de um trabalho entusiasta, digno de refinados valores, ali cultivados.
Como se sabe, foi em 4 de junho de 1918 que a decisão de fundar esta escola de arte ficou formalizada, numa reunião de egrégios pelotenses, por iniciativa de Alcides Costa e Francisco Simões. Três meses após, em 18 de setembro, realizou-se a cerimônia de inauguração da Casa. Naquele ano, nossa cidade, que já era um centro cultural e econômico regional, criou uma instituição à altura das grandes capitais, que até hoje nos alegra e orgulha.
Julgamo-nos aptos a falar desta história, devido a que vivemos boa parte desses anos em “carne própria”, desde a juventude, e por acompanharmos, por décadas, a tradicional e apreciável vida social e artística de um ambiente cultural prestigiado.
Em 1953 comecei a atuar como parte de uma equipe de amadores jornalísticos, ligada ao Diário Popular. O período me parece bastante longo, não extenuante, por sinal, muito importante, pois acrescentou, em minha vida e em minha formação cultural, gratos e belos momentos de crescimento. É possível comprovar o que aconteceu por mais de meio século, pois guardo com apreço e orgulho as dedicatórias obtidas dos artistas. Todos eles deixaram em nossa cidade valioso lastro cultural e inesquecível marca afetiva.
Dedicatória de Arthur Moreira Lima ao Conservatório |
Nomes importantes da História da Música como os pianistas Claudio Arrau (1940), Magdalena Tagliaferro (1944), Wilhelm Kempff (1949), Nelson Freire (1969) e Sebastian Benda (1953 e 1970), o violonista Andrés Segovia (1941), o compositor Francisco Mignone (1940 e 1968), o violonista e compositor Agustín Barrios (1929) se apresentaram no Salão do Conservatório, sendo que alguns os conhecemos em início de carreira, como Miguel Proença – que aqui realizou seu primeiro recital em 1962 –, Olinda Alessandrini, Eudóxia de Barros, Roberto Szidon, Cristina Ortiz, Daniel Wolff e muitos outros.
Também incontáveis intérpretes aqui se formaram e passaram a ser professores de seus instrumentos na mesma Casa de origem, assim como outros partiram da cidade e se transformaram em valores luminosos espalhados pelo mundo. Seria injusto mencionar algum e omitir tantos nomes, das centenas que nosso Conservatório formou ao longo do século.
Aproveito esta ocasião para festejar e aplaudir, junto à comunidade e o próprio Conservatório da UFPel, mais este aniversário que nos lembra a bela história da cidade de Pelotas e seu Conservatório de Música. Desejamos que estes 97 anos de vida artística e cultural continuem a ser de crescimento e força, como grande acervo que orgulhe o patrimônio cultural de nossa cidade!
Francisco Dias da Costa Vidal
Diário Popular impresso, 4-6-2015
Saudação especial de Olinda Alessandrini a Francisco D. C. Vidal, cronista por 50 anos |
Imagem 2 Ao Conservatório de Música, com os meus melhores agradecimentos pela cordial acolhida. Foi um prazer tocar para uma platéia tão distinta, calorosa e culta. Espero voltar ainda muitas e muitas vezes! Cordialmente, Arthur Moreira Lima. Pelotas, 21/IX/83 [História Iconográfica do Conservatório de Música da UFPel, p. 47]
Imagem 3 Para o querido amigo Francisco Vidal, sempre presente a todos os eventos culturais de Pelotas, e que representa para mim, além de um grande amigo, uma grande presença ao apoio e estímulo a todos os artistas. Fico sempre encantada com seu sorriso afável, seu aplauso caloroso e seu entusiasmo. Com grande afeto, Olinda Alessandrini. 24.09.2003 [do caderno de autógrafos de Francisco Dias da Costa Vidal]
5 comentários:
Bela reportagem Francisco, gostaria de saber as fontes da primeira foto, é sua? Para poder compartilhar a mesma! Obrigado!
Fábio, se leres todo o texto verás as fontes das imagens. As duas primeiras foram tomadas do livro citado.
O texto não é uma reportagem, mas um artigo de Francisco Dias da Costa Vidal, que não sou eu. Eu sou o editor do blogue e quando um texto não tem assinatura, também sou o redator. Neste caso, é assinado por meu pai, antigo cronista do Diário.
Desculpe Francisco, lí todo o texto, achei que era seu. Os números não estava nas legendas das imagens e por falha minha, sei lá porque, achei não se tratar das fotos. Obrigado.
Fui aluna do Conservatório desde criança , até terminar o curso de piano , em 1962. Tenho vivas em minha memória as palavras sempre gentis e incentivadoras de Francisco D. da Costa Vidal , ao comentar as audições de que participávamos , todos os alunos.
Gostei muito de ler o presente artigo , que me trouxe tão boas lembranças e quero cumprimentar Francisco , que não deve lembrar de mim , após tantos anos , mas que gostaria que soubesse que tenho até hoje guardadas as críticas que escrevia sobre minhas atuações.
Heloisa F. da Silva
Heloisa, que bonito saber disso. Gostaria de me fornecer cópias desses artigos, para nosso arquivo?
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