domingo, 14 de novembro de 2010

Um século se passou, pouco mudou

Em 27 de junho de 1915 foi inaugurado o piso superior do solene prédio da Biblioteca Pública, que passava a igualar-se em dimensões ao não menos majestoso Paço Municipal, o palácio destinado ao governo democrático. O nome da Praça da República homenageava o novo regime, instaurado em 15 de novembro de 1889 com um golpe militar.

Ainda não existiam nesta esquina o edifício do Banco do Brasil (veja histórico) nem o vizinho Grande Hotel (leia história), inspirados em modelos europeus e terminados ambos em 1928.
Os pelotenses transitavam pelas ruas, desfrutando dos logradouros, com toda a serenidade e elegância de uma cidade ao mesmo tempo provinciana nos costumes e rica culturalmente.

Possivelmente a fotografia acima seja a mais tardar da década de 1920, mas hoje poderíamos perguntar-nos: mesmo sem leis de conservação de patrimônio e com as mudanças dos tempos ao longo do século XX, o que mudou neste lugar tão nosso?

Nada destruímos nem renovamos, nem sequer o calçamento de pedras, típico de uma época. Até os bancos da praça parecem ser os mesmos. A foto atual foi tomada hoje, dia dos 135 anos da Biblioteca Pública (não é Municipal), depois de 95 anos da inauguração do prédio reformado com segundo andar.

Alguns se sentem incômodos pela decadência e lamentam a falta de renovação, inconscientes do valor social e histórico deste espaço urbano; outros tentam valorizá-lo mediante estudos antropológicos e projetos turísticos, ainda como vozes no deserto.

Talvez o século XXI nos permita integrar melhor o que perdemos com a utilização benéfica do que podemos lembrar com agrado, e assim ressurgir com uma proposta propriamente nossa, em vez de afundar-nos e afogar-nos nas águas da Bacia de Pelotas.
Foto 2: F. A. Vidal

2 comentários:

tkau disse...

Esses fios de luz / telefone são horriveis. Quando será que a prefeitura vai tomar a inteligente decisão de enterrar esses ao redor das areas mais preservadas?

Francisco Antônio Vidal disse...

Em toda a cidade, os fios enchem a visão, mas perante os prédios históricos as fotos ficam poluídas.