A obra corresponde ao nº 56 dos Cadernos de História do Memorial do Rio Grande do Sul, uma divisão da Secretaria de Cultura do Estado. O Memorial é um centro cultural dirigido pelo professor Voltaire Schilling, que criou os Cadernos com o fim de difundir a história gaúcha e algumas de suas influências em nosso cotidiano.
Mazza Leite formou-se em medicina veterinária mas sua dedicação é à História, a qual estuda de modo incessante e entusiasta. Patrono da Feira do Livro de Pelotas em 2007, seu livro mais recente tratou sobre o Bazar da Moda, um relato livre sobre Pelotas, centrado no Edifício Glória, sucesso comercial de seu avô, o empresário italiano Raffaele Mazza.
O Caderno 56 já havia sido lançado em Porto Alegre em janeiro passado, mas faltava a sua apresentação no lugar dos fatos e terra natal do autor. O local escolhido foi o Instituto João Simões Lopes Neto.
O lançamento, na sexta 3 de abril, trouxe a Pelotas o coordenador Voltaire Schilling (dir., com o microfone na mão) e incluiu a sessão de autógrafos -acompanhada de champanhe - e a exposição sobre o tema "Xarqueadas".
Cada edição dos Cadernos de História organiza, junto ao texto escrito, uma amostra de artes plásticas. Neste caso referente a Pelotas, a exposição foi de uma dezena de banners baseados em xilogravuras do artista plástico Danúbio Gonçalves, com intervenção gráfica do designer Nathanael Anasttacio. Na última imagem (abaixo), uma das gravuras de Danúbio. As obras ficam expostas até maio no Instituto.
As duas obras de Mazza Leite (esq.) que tenho em mãos são de fácil leitura, como uma aula ilustrada com imagens, feita por alguém que viveu o que relata, ou faz pensar que ali esteve (o autor só tem 70 anos, mas vai contando sobre os inícios de Pelotas desde 1777, sabedor de tudo o mais importante nesses três séculos). Este conhecimento se observa no modo de fazer as citações no texto: ou as menciona como quem conversa com o leitor, ou as omite para fazer-se mais sintético - mas as referências bibliográficas estão no final de cada texto.
As duas obras têm um mesmo defeito: dados contraditórios entre a ficha catalográfica e o título de capa.
No Caderno "Pelotas: história e cultura", o autor aborda os 200 anos de nossa cidade em 6 seções - algo mescladas entre si - desde os tempos do Rincão das Pelotas, passando pelo crescimento das charqueadas, os Anos Dourados do final do século XIX, mais um louvor à cultura pelotense, que já foi mais brilhante mas da qual restam importantes testemunhos.
Nas últimas páginas, o texto tenta recolher o que o vento levou. Levou as charqueadas, os escravos, as guerras e os saraus, mas deixou os magníficos prédios, a criação artística, o sacrificado povo afrodescendente e a vida universitária. A história termina como o relato de uma viagem viva, cujo final ainda não aconteceu - esperando um melhor porvir. Esta é sua última palavra:
Esse Rincão - depois cidade de Pelotas - gerou riqueza, fausto e cultura durante todo o século XIX, seu "século de ouro". Apesar dos percalços do século XX, Pelotas ressurge no século XXI como um polo de intelectualidade, com quatro universidades, cursos técnicos, arte e também lazer, herdeiros dos saraus e do espírito festivo de seu povo.
As planícies do pampa que a rodeiam estão prometendo novas riquezas. Irmanada com Rio Grande e ao seu porto, começa a abrir-se um porvir promissor no terceiro milênio.Imagens da web (4) e F. A. Vidal (1-3)
POST DATA
Veja o artigo de A. A. Fetter Jr. Bicentenário de Pelotas, publicado em janeiro de 2012, que resume em poucas linhas a história da cidade.
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