
O ciclo de palestras consta de quatro encontros em forma de painel: numa primeira parte, um expositor aborda um enfoque dentro do tema das comunidades quilombolas, e o público a seguir estabelece um diálogo mais intenso e livre com o palestrante. Entre os inscritos, uma centena de alunos de diversos cursos de Pelotas e Rio Grande.
Na noite da sexta-feira 8 de maio, o auditório da Faculdade de Educação estava lotado. Handerson Joseph apresentou a professora Ledeci Lessa Coutinho, que falaria sobre “Memória e Identidade no Contexto das Comunidades Quilombolas”.

A História do Brasil, bem estudada, revela que a cultura negra foi negada pelo discurso oficial desde o início, e somente na última década tem havido alguma discussão. Por exemplo, têm começado a ser estudadas as comunidades remanescentes de quilombos, que são grupos (às vezes até muito poucos indivíduos) que portam memórias orais sobre a cultura dos ascendentes africanos, em comunidades muitas vezes isoladas das cidades mas com assimilação de elementos de modernidade.

A professora deu dois exemplos de resistência que os negros realizavam, nos tempos da escravidão: fugir e trocar de senhor, e insurgir-se com violência contra seus amos. Hoje em dia, a resistência negra se constitui em forma de movimentos sociais, que reforçam a identidade negra e lutam por seus direitos.
O procedimento é análogo aos sem-terra e tende a não incluir nessa luta os que não são negros ou descendentes de escravos, justamente para enfatizar a memória e a identidade dos afrodescendentes. Esta é minha apreciação após esta palestra, uma de cujas frases ficou soando em meu pensamento e sentimento, de modo confundidor e conflitivo:
"Os pelotenses de hoje ou são filhos dos senhores, ou filhos dos escravos".
Na origem não houve matizes, e com o tempo isso não deveria esquecer-se; mas os processos sociais não são graduais, transformadores e miscigenadores?
Fotos de F. A. Vidal.
2 comentários:
olá, Francisco.
Gostaria de publicar este post no site 3º Milênio (www.3milenio.inf.br), se concordares.
Aguardo retorno.
Abraço!
Lu, não há problema. Veja que já fiz a nota sobre a segunda palestra (são 4). As próximas são na sala 207, sextas 22 e 29, 19h.
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