terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Nauro autografa em Porto Alegre

Em Zero Hora, Roger Lerina divulga o lançamento em Porto Alegre do livro de Nauro Jr. "Náufrago de um Mar Doce". O repórter fotográfico, agora escritor de palavras, ainda deverá autografar na Feira do Livro do Cassino (quinta 31 de janeiro). O que o jornalista porto-alegrense pode não saber é que Nauro é pelotense adotivo, e tão bom filho, que todos acham que ele nasceu aqui mesmo... até os pelotenses. 

Depois de autografar o livro em sua Pelotas natal, além do Rio e de São Paulo, o autor de 43 anos estará a partir das 19h30min desta quarta-feira (16) no mezanino da Livraria Cultura do Shopping Bourbon Country.

Misturando realidade e ficção com pitadas de autobiografia, a história acompanha o incrível relato do pescador Nico, perdido em meio ao "mar de dentro" - como os ribeirinhos locais chamam a Lagoa dos Patos - depois de uma tormenta.


O convite a seguir, escrito por Nauro, é bem mais cálido e entusiasta. Por conta da expressão "minha amada Satolep" ele passa a impressão de ser nascido em Pelotas (e como é o coração que manda, ele é pelotense de verdade). Quem  ler o texto abaixo ficará com vontade de pegar o primeiro Embaixador para a Capital, mesmo que já tenha o livro. 

Paulo Rossi fotografou o Náufrago e seu pai.

Amigos, amigas, amigos dos amigos, inimigos que gostam de literatura, desafetos que querem me criticar, parentes, pescadores de peixes, pescadores de sonhos, pescadores de ilusão, fotógrafos, canetinhas, gente que precisa de motivos para falar mal de mim, pobres, ricos, remediados, xavantes e áureos cerúleos desgarrados, gremistas e colorados, homens, mulheres, os que não querem ser nenhuma coisa nem outra, colegas que querem me defender como um multimídia, ex colegas, colegas dos ex-colegas, amigos virtuais e cosmopolitas em geral:

Depois de lançar o livro na minha amada Satolep, em São Paulo e Rio de Janeiro, dia 16 estarei dando todos os motivos que vocês precisam para opinar sobre mim.

Finalmente vou lançar o meu livro Náufrago de um Mar Doce na capital de todos os gaúchos.

Espero encontrar a todos por lá pra bater um papo e espero também que este convite se transforme em um viral no face. Valeu.


Veja o documentário jornalístico da Globo Lagoa dos Patos, que mostra cidades desde Viamão até Rio Grande, passando por Pelotas, e Mestre Batista no fundo musical.

Um documentário gaúcho, com visão mais humanística e cultural, sobre a Laguna conhecida como Mar de Dentro: Velejando a Lagoa dos Patos (Alberto Blank Schwonke, 2008).

Veja também Um Mar Quase Doce, com enfoque científico biológico (Ulrich Seeliger, 2008).

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Ensaio aberto da OSPA, com pouco público

Emmanuele Baldini ensaia Piazzolla com a OSPA.
O ensaio da OSPA, aberto ao público, foi a primeira atividade do 3º Festival SESC de Música, ainda que sem as formalidades de um concerto noturno. Das cinco às sete da tarde, no Teatro Guarani, o regente Evandro Matté e os músicos que atuaram no concerto de abertura afinaram detalhes do programa desta noite (14).

O concerto que abre o Festival está a cargo da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, que tocará duas obras de Beethoven (Abertura Coriolano opus 62 e Sétima Sinfonia opus 92) e "Quatro Estações Portenhas", para violino e orquestra, de Astor Piazzolla. O solista é o italiano Emmanuele Baldini (v. minibiografia), que atualmente faz parte da OSESP, na função de spalla (chefe dos primeiros violinos).

Mesmo com reduzido público, Evandro Matté pediu um microfone para ser ouvido e dar pequenas explicações sobre o programa, sem se referir aos aspectos propriamente musicais das obras. Ciente de que o público de um ensaio aberto tem maior conhecimento e maior interesse musical que o que vai aos concertos formais, o regente teve este gesto como uma especial gentileza aos presentes.

O Secretário desfrutou o ensaio completo em primeira fila.
Num breve comentário, Matté agradeceu a presença do Secretário de Estado da Cultura, Luís Antônio de Assis Brasil (dir.), que veio oficialmente a Pelotas para assistir à abertura do Festival (veja nota).

O Secretário foi um espectador modelo, quanto ao interesse e à educação: ficou o mais perto possível do palco, esteve do começo ao fim, não gerou ruídos ou distrações para o resto (como levantar-se, conversar, comer ou beber), sinais de que estava entendendo e gostando do ensaio.

A primeira obra a ser preparada foi a que finalizaria o programa, com o solista Emmanuele Baldini. As Estações Portenhas foram compostas por Piazzolla separadamente, de 1965 a 1970, para seu quinteto (bandoneón e cordas). O arranjo que aqui se preparou, para violino e orquestra, foi feito após a morte do argentino, por um compositor russo que buscou remarcar as ligações com a obra de Vivaldi, como se Piazzolla tivesse reescrito a seu modo as famosas Quatro Estações do barroco. Após algumas correções feitas pelo regente, o solista se retirou e a orquestra revisou as outras duas obras.

Houve provas de som e luz, com o programa em dois telões.
A assistência a este ensaio foi bem menor do que se esperaria, considerando o alto interesse do Festival e do concerto de abertura: pouco menos de uma centena de pessoas (menos de 10% da lotação do Teatro Guarani).

Dois fatores, em ação conjunta, aumentam o público de um ensaio aberto: a qualidade da música e a capacidade auditiva dos espectadores. Quanto melhor a orquestra, mais se aproxima o ensaio à sonoridade definitiva do show, e isto atrai mais apreciadores da música de alta qualidade. A OSPA é um bom conjunto no contexto brasileiro, mas em Pelotas os ouvidos que podem distinguir e desfrutar dessa qualidade sonora parecem não ser mais que uma centena, hoje (abaixo).

Um ensaio aberto é uma ocasião para aprender detalhes sobre a música e sobre os intérpretes, mesmo que se presenciem pequenas interrupções ou repetições. O regente fala aos músicos, e os técnicos fazem seu trabalho ao mesmo tempo, caminhando ou testando luzes. Todos eles usam roupas informais, mas mantêm a concentração no trabalho. O público pode entrar e sair, mas, como o interesse é alto, quase ninguém o faz. Não é necessário aplaudir, mas quando as coisas saem bem, a plateia mostra seu reconhecimento.

Muito poucos quiseram comparar o ensaio com o concerto.
O concerto de abertura esgotou entradas uma semana antes, deixando de fora muitas pessoas interessadas, que esta noite não foram ao Guarani tentar uma vaga de última hora. Curiosamente, isto deixou o teatro com algumas cadeiras vazias.

A organização do SESC deveria considerar que uma proporção de pessoas que compra entradas (inclusive em concertos caros) não vai ao teatro, por diversos motivos (às vezes, baixo interesse pela música). Qual essa proporção em Pelotas?

O respeito máximo deveria ser dado, como fez o regente neste ensaio, a quem realmente aprecia a qualidade do espetáculo, por exemplo:
  • permitindo espectadores de pé, 
  • colocando um ou dois telões fora da sala,
  • abrindo a geral do teatro, espaço acima dos camarotes, que foi fechado há uns 50 anos,
  • advertindo sobre a possibilidade de vagas de última hora. 
Se o interesse pelos concertos no Guarani for realmente tão alto, não se explica tão pouca gente no ensaio aberto nem se pode deixar de lotar o teatro sob o pretexto de cumprir regulamentos cujo fim é melhorar o atendimento ao público. Se somente se conta com 1200 cadeiras, a organização deve entregar pelo menos 1400 convites e não desestimular a entrada de mais pessoas.

Por outro lado, o Festival SESC merece uma sala com boa ventilação e cadeiras cômodas e silenciosas, para que o evento siga melhorando e atraindo visitantes. Com o tempo, o concerto de abertura e o de fechamento teriam que ser feitos num espaço para mais de 2 mil pessoas e de boa acústica. Assim, ou o Guarani melhora sua estrutura (e o SESC facilita a entrada do público) ou ficará somente para os concertos dos grupos acadêmicos.
Fotos: F. A. Vidal

Pinturas de Marly Gonçalves

Detalhes de Paris num dia de outono (Marly Gonçalves, 2011)

Marly do Nascimento Gonçalves expôs, em dezembro de 2012 no Corredor Arte, 26 quadros com cenas do cotidiano urbano e rural, flores e figuras humanas. Nesta postagem, destaque para uma cena parisiense e uma paisagem rural.

Obras de Marly no Corredor Arte
Esta foi sua primeira mostra individual, após algumas participações em mostras coletivas do grupo de pintura do SEST-SENAT. Foi em 2009 que Marly ingressou nesse grupo e se iniciou na técnica de pintura a óleo com direção de uma instrutora.

Em 2012, Marly expôs um trabalho na coletiva "200 anos de Pelotas", realizada no Bistrô da SECULT (v. fotos da mostra). O grupo do SEST-SENAT era coordenado por Guiomar Neves, que orientava as participantes nas técnicas artísticas (veja nota). Essa foi a terceira exposição do grupo em associação com a SECULT, sendo a primeira na sala conhecida como Bistrô.

A primeira mostra individual de Marly foi a 254ª exposição do Corredor Arte, projeto de saúde mental que faz parte da Política de Humanização do Hospital Escola da FAU-UFPel. Localizado no acesso principal de entrada ao Hospital (rua Prof. Araújo, 538), o Corredor Arte está permanentemente aberto à visitação.

Cena de uma propriedade rural (Marly Gonçalves, 2011)
Imagens: Corredor Arte

domingo, 13 de janeiro de 2013

Calçadão do Laranjal virou shopping popular

O negócio cresce quando se junta a fome com a vontade de vender.
Em 2012 o assim chamado calçadão do Laranjal ganhou espaços de lazer, que estão sendo usados pela comunidade, mas o que não se esperava era que esta via de 2 km se desenvolvesse como uma galeria comercial a céu aberto.

Há três anos contei 31 vendas fixas funcionando no caminho dos pedestres e dos banhistas do Laranjal. Este domingo (13) de janeiro, constatei nada menos que 55 pontos comerciais, instalados seja na areia ou nos lugares para estacionamento de carros (os estacionados saem de cena quando não há público). Além desses pontos, havia algumas "bancas institucionais", sem fins de lucro, como ocorre em feiras e shoppings (bombeiros, Secretaria de Saúde, SESC e doação de animais).

As 55 vendas incluíam 47 pontos de alimentação (desde simples carrinhos até casas instaladas na areia, passando por vans e trêileres de vários tamanhos), um aluguel de parapente aquático com skate e 7 bancas de produtos artesanais. Cerca de 10% do espaço para banhistas e dos estacionamentos estava ocupado por negociantes informais e suas cadeiras. Alguns carros do público estacionavam também de modo informal, em lugares indevidos, avançando sobre o espaço de circulação da avenida.

A contagem dos pontos comerciais foi feita passando de carro, e omitiu os carrinhos que transitavam pelo calçadão ao lado dos pedestres. Não foi verificado quais teriam autorização legal, função que compete a fiscais da Prefeitura. Alguns chegaram este ano ou no ano passado; outros levam décadas.

Um trêiler e suas cadeiras podem ocupar a vaga de dois ou três carros.
Estava à venda a comida rápida que o povo gosta: kreps (crepes no palito), pastéis, cachorros-quentes e panchos, churrasquinhos, camarão, milho, churros, batatas fritas, doces, sanduíches e lanches diversos, além de refrigerantes e cerveja.

Os nomes dos pontos identificavam a origem popular dos comerciantes: Capetinha, Rei do Pancho, Churraskito do Dindo, Pastelaria Paladar, Choupana Bar, Ringo III, Só Lanches II, Katrina's Bar, Krep's do Idemar, Krep's da Tia Rosa, Maneka-Dog, Lanches Shrek, Fera, Rei do Krep's, Saboroso, O Poderoso. Por outro lado, a falta de nome em 20 destes 55 pontos de alimentação denunciava a informalidade dos negócios (eufemismo para clandestinidade).

Tanto se o comércio fosse do tipo informal ou autorizado pela Prefeitura, o fato é escandaloso, pois um caos no respeito às leis e à convivência se instalou gradualmente, com tolerância do povo e do governo. O mesmo fenômeno já se vê nas calçadas do centro de Pelotas e nas áreas centrais das avenidas Bento Gonçalves e Duque de Caxias.

Para os diretamente envolvidos, tudo está bem: para os vendedores, trata-se de um meio de subsistência, e o público comprador agradece a possibilidade de comprar o que mais precisa por preços acessíveis. Prefeitura não consegue solucionar, vereadores apoiam os vendedores, e o ponto turístico de Pelotas vai sendo ocupado pelos mais ousados. Leia sobre o conceito de favela, que pode aplicar-se à expansão do comércio ilegal.

O que era um espaço turístico virou um corredor de camelôs. Foto de 2010 ainda é atual.

Fotos: F. A. Vidal (1-2), Amigos de Pelotas (3)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Uma odisseia audiovisual: debates sobre Kubrick

O Zero 3 Cineclube começa o ano com um novo ciclo, desta vez focado no trabalho do diretor norte-americano Stanley Kubrick (1928-1999). O retorno dos ciclos de cinema no Centro de Artes da UFPel (Alberto Rosa 62) é este sábado (12), com a exibição de "O Grande Golpe", suspense noir de 1956.

Nos próximos seis sábados, até 23 de fevereiro, serão debatidos filmes do cineasta nova-iorquino, em ordem cronológica de produção: dos anos 60, Dr. Fantástico e 2001; dos 70, Laranja Mecânica; O Iluminado, dos 80; De Olhos Bem Fechados, dos 90 (clique no cartaz à direita). Todos são verdadeiros clássicos, em gêneros diferentes, mostrando a versatilidade e o perfeccionismo do diretor.

A obra toda de Kubrick - 13 longas em 47 anos - também pode ser descrita como uma grande sequência de suspense, com muitas pausas, surpresas e golpes bem dados. O Zero 3 tomou o subtítulo do filme "2001: uma Odisseia no Espaço" e o aplicou com exatidão à carreira do cineasta: "Uma odisseia audiovisual".

Neste ciclo especial dedicado a um autor, o cineclube traz uma promoção oferecida somente para alunos do Centro de Artes da UFPel: sorteio de 6 horas no estúdio de produção musical "A Vapor" (v. informação). Também haverá sorteio de revistas Teorema e degustação de Garage Bakery. Sessões sempre às 15h, com entrada gratuita (tomar senhas a partir das 14h 45min).

O primeiro filme desta "odisseia de imagens e música", The Killing, conta a história de um grande plano tramado por Johnny Clay (vivido pelo ator Sterling Hayden) para o assalto de um hipódromo. Enquanto o grupo de ladrões se organiza, a mulher de um deles planeja outro golpe para ficar com o roubo de Clay. A narração se concentra em como o "crime perfeito" é preparado e em como as pessoas e o acaso fazem que tudo fracasse.

O suspense prende o espectador justamente pelo modo de relato não linear, desde mais de um ponto de vista, como um quebra-cabeça que somente se entende quando todas as peças são colocadas. Por sua técnica narrativa revolucionária, "O Grande Golpe" foi o primeiro filme de grande reconhecimento na carreira de Stanley Kubrick, se bem ficou esquecido depois de suas obras cada vez mais inovadoras e inquietantes.

Não seria exagerado dizer que o escritor Aldyr Garcia Schlee se inspirou neste recurso multifocal (do uso de diversos pontos de vista), que foi ousado no filme de Kubrick e é ousado na literatura, para a concepção do livro de contos "El Día en que el Papa fue a Melo" (Ediciones de la Banda Oriental, 1991). Foi um exercício narrativo, mais do que o relato de uma história, para mostrar o vertiginoso contraponto psicológico à realidade social supostamente objetiva (um golpe de luva na cara do positivismo).

Cartaz dinamarquês
The Killing significa a matança, mas este título não foi traduzido literalmente nem no Brasil ("O grande golpe") nem em Portugal ("Um roubo no hipódromo"). Em outros idiomas o título teve um incrível número de variações. Na América hispânica, por exemplo, ficou como Casta de malditos. Veja outras versões, segundo o IMDB, e seus significados, todos diferentes, como se as palavras ao redor do mundo tentassem buscar o mesmo efeito de terror do filme original.
  • Atraco perfecto (Espanha): Assalto perfeito.
  • Rapina a mano armata (Itália): Assalto à mão armada.
  • L'ultime razzia (França): O último ataque.
  • Die Rechnung ging nicht auf (alemão): Não abra o bilhete.
  • Coup manqué (Bélgica): Tiro em falso.
  • I klopi (grego): O roubo.
  • Det store gangstercup (dinamarquês): O grande roubo.
  • Spelet är förlorat (sueco): O jogo está perdido.
  • Peli on menetetty (finlandês): O jogo terminou.
  • Son darbe (turco): Golpe final (tiro de misericórdia).
Veja abaixo a cena da luta no bar do hipódromo, em que um homem contratado arma confusão enquanto ocorre o roubo. O brigão é o lutador e enxadrista Kola Kwariani (1903-1980). Na primeira fila do público que observa (1.18) está, como extra, o humorista Rodney Dangerfield (1921-2004). A locação é o hipódromo de Bay Meadows, que existiu na cidade de San Mateo, California, de 1934 a 2008.
Imagens da web (2-3) e Zero3 (1)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Recuperada antiga sede do Jockey Club

Construído estimativamente na década de 1830, o palacete situado na Sete de Setembro com Félix da Cunha foi propriedade de Domingos de Castro Antiqueira (1774-1852), o Visconde de Jaguari, e ali residiu seu neto, Domingos Soares de Paiva (n. cerca de 1834, m. 1900). 

O Visconde morava no casarão da esquina em diagonal (hoje sede do SANEP), onde se diz que Dom Pedro II teria pernoitado em 1846 (v. referência). Segundo o artigo de Rodrigues e Santos (UFPel, 2011), que abunda em referências históricas e arquitetônicas sobre a casa do neto do Viscondeo Imperador teria ficado neste casarão, certamente de construção posterior.

O Visconde de Jaguari fez  (ou deixou) a casa para seu neto. 
Desde 1948, este prédio serviu de sede social ao Jockey Club de Pelotas, que passou a alugá-lo para cobrir dívidas, até a sua venda em leilão, em 2003. Nos anos 60, foi alugado por partes, para cobrir dívidas do clube. Em 2003, foi comprado por Dario Lorenzi, que o reformou, mantendo traços da construção original. O térreo foi destinado ao Cartório Lorenzi, inaugurado em dezembro de 2012.

Leia a seguir reportagem de Júlia Otero, publicada ontem (9) no sítio de Zero Hora (v. texto completo). 


O prédio foi o primeiro em Pelotas a ser parcialmente financiado com recursos privados pelo Projeto Monumenta, que recupera fachadas e coberturas. Hoje ali funcionam o 4º Tabelionato de Pelotas, reinaugurado no final de 2012, e uma casa de festas com lugar para 300 pessoas.

A recuperação do edifício trouxe à tona outros detalhes esquecidos — ou criados — pelo passar do tempo. Um deles é que Dom Pedro II teria passado uma noite na casa quando o local pertencia a uma família nobre da região.

Dejane e Dario Lorenzi, artista e tabelião
Com 870 metros quadrados, o prédio foi erguido em meados de 1830 e, em 1948, vendido ao Jockey Club. "Era a sede social, fazíamos festas de eleições do clube, os associados podiam franquear o local para eventos particulares", lembra Jarbas Plinio de Mello, que trabalhou por mais de 30 anos no Jockey Club.

No entanto, dívidas forçaram a instituição a alugar espaços do prédio. "Tinha uma barbearia, boate, restaurante, bar e até jogatina nos fundos", lembra Dejane Lorenzi, artista plástica que acompanhou a restauração.

Pelo fato de ter abrigado diferentes estabelecimentos comerciais, a casa sofreu diversas intervenções. "Na construção original, não tinha churrasqueira, mas como foi alugado para um restaurante, no andar térreo havia mesas e churrasqueiras que tivemos de remover", recorda Rudelger Leitzke, arquiteto responsável pelo projeto.

Restaurante Diehl alugou o piso superior
"Queríamos deixar o corrimão da escada apenas de madeira, da forma original. Raspamos e tinha mais de 10 cores ali: azul, rosa, amarelo e por aí vai", conta Dejane, que exibe uma foto da fachada do prédio, também colorida (dir.).

Há 10 anos, o Ministério Público entrou com uma ação para demolir o imóvel, em razão de problemas na estrutura. "Fizemos um laudo dizendo que o prédio poderia ser recuperado, barrando a intenção do Ministério Público", lembra o professor de arquitetura e urbanismo da UFPel, Sylvio Jantzen.

Por conta de dívidas, em 2003, a casa foi a leilão. E o tabelião Dario Lorenzi vislumbrou a oportunidade de adquirir um prédio próprio. Na época, o Projeto Monumenta, de caráter nacional, escolhia em conjunto com a prefeitura projetos de restauração privados. "Depois de comprar a casa, consegui um financiamento de R$ 370 mil para restauro da fachada e da cobertura, que parcelei em 10 anos. O restante da reforma, tirei das minhas economias", calcula Lorenzi, que não sabe precisar o valor total da obra.

Vitral do piso superior foi preservado
Considerado patrimônio histórico da cidade, o prédio não foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Por isso, foi possível fazer modificações nas áreas internas.

As salas brancas estão bem equipadas: com internet, ar condicionado, parte do arquivo computadorizado e salas individualizadas. A lembrança do passado está espalhada no imóvel: na fechadura, na porta, nas janelas, na parede, no vitral do salão de festa e em toda arquitetura externa.

As grandes portas originais de madeira são abertas todas as manhãs, mas, para manter o interior do prédio climatizado, há portas automáticas de vidro que funcionam com sensores. Dentro, a sala principal conta com atendimento em guichês, separados por madeiras de reconstrução da própria obra mesclados com materiais atuais. Os funcionários atendem de branco, combinando com as paredes e a decoração em madeira e tonalidades claras.

O segundo andar é dividido entre quatro salões, compostos por mesas e cadeiras e com janelas grandes em cada compartimento. Os móveis também são antigos, que contrastam com os banheiros, de arquitetura moderna, com pias ovuladas e torneiras finas.
Júlia Otero
Recursos privados e do governo federal permitiram recuperar o palacete de um charqueador.
Fotos de Marcel Ávila

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Prefeito Leite reestrutura o segundo escalão

Leite entrega os novos organogramas

O prefeito Eduardo Leite reuniu ontem (8) os secretários municipais, por primeira vez após a posse (dia 1), para iniciar a execução do novo organograma (leia a notícia).

Anteontem (7) já havia sido exonerado o pessoal de confiança (CC, cargos em comissão) da gestão anterior, restando nas secretarias uma pequena porção de funcionários, a maioria deles concursados em funções gratificadas (FG). Ainda não se sabe se alguns dos CC despedidos serão chamados.

Em dezembro, o prefeito eleito anunciou os nomes das secretarias e de seus titulares, sem se referir à estrutura interna de cada órgão. Agora a proposta foi entregue aos gestores, com a instrução de darem seus pareceres já no dia seguinte (9) pela manhã.

A rapidez dos procedimentos se fez notar antes da posse: todo o trabalho de reformulação feito por Leite durou cerca de 2 meses, enquanto Fetter Júnior levou uns quatro anos preparando e ajustando toda a reestruturação, com mudança da nomenclatura e com enxugamento do organograma. O ritmo da burocracia foi respeitado, e parecia que nunca mudaria a velha estrutura, arraigada por muitos anos. Em fevereiro de 2011 o novo esquema ficou terminado, com a posse de secretários, superintendentes, gerentes e supervisores.

A seguinte tarefa dos secretários será colocar dentro desse esquema administrativo os novos nomes, dando preferência a técnicos com alto conhecimento das áreas administradas. Leite tem sempre frisado a importância da eficiência por sobre os critérios partidistas para a distribuição de cargos. Até agora, Beatriz Araújo, Secretária de Cultura, foi a única a nomear alguns gestores (veja notícia).
Foto: R. Marin

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

8 de janeiro, dia do fotógrafo

A artista plástica Norma Alves felicita a todos os fotógrafos, de profissão e de coração, pelo dia de hoje e deseja a todos um excelente ano 2013.

A modo de felicitação a tantos amigos e colegas, publica no Facebook uma "oração do fotógrafo" (texto assinado em 2008 por Gil Maria Vieira no blogue Grande Ponto).

Santa Verônica é considerada a padroeira dos fotógrafos, por ter obtido em seu véu, há dois mil anos, uma imagem do rosto de Jesus antes da crucifixão (veja uma oração a Santa Verônica).


Oração do Fotógrafo

Senhor,
Fazei de mim um bom profissional,
Onde houver alegria
Que eu possa fotografá-la,
Onde houver um pôr do sol
Que eu tenha a sensibilidade de alcançá-lo
Através da câmera mágica do meu olhar atento…

Que eu possa estar onde as imagens precisam ser eternizadas,
Que eu tenha ética para não deturpá-las…
Que eu seja justo ao precificá-las.

Ó mestre,
Fazei que eu procure cada vez mais o conhecimento
Sem perder jamais o sentimento
Do quão sensível deve ser
O coração daquele que fotografa…

Fazei com que eu possa através das imagens
Triste ou alegres,
Feias ou bonitas,
Construtivas ou destrutivas
Contribuir para o registro
Da história
Da trajetória
Da vida.

E, se abençoado eu for,
Puder registrar na minha retina
A imagem maior do amor.

Senhor,
Que seja através da fotografia
Que eu consiga alcançar
O pão …
O alento …
A alegria…

Amém!
Gil Vieira

Uma fotografia é um recorte fixo de uma realidade em movimento, que, na verdade,
retrata o ponto de vista de quem fotografa (Barco no Laranjal, segundo Norma Alves)
Foto: N. Alves

"Encuentro en el estudio": Ramil em Buenos Aires

"Encuentro en el Estudio" é um programa do canal educativo Encuentro, do Ministério da Educação argentino. Em cada edição, o experiente apresentador Lalo Mir conversa com cantores e grupos destacados da cena argentina e latino-americana, dos mais diversos gêneros. Em agosto de 2012, durante a 5ª temporada do programa, foi a vez do músico brasileiro Vítor Ramil.

Durante uma hora, o entrevistado pelotense falou sobre sua obra e cantou as seguintes músicas, acompanhado pelo argentino Carlos Moscardini: Não é céu; Ramilonga; Milonga de los morenos; Deixando o pago; Noite de São João; Estrela, estrela. O programa completo se encontra no vídeo abaixo.

O nome "Encuentro en el Estudio" se deve ao fato de ser gravado nos estúdios ION, onde foram registradas as músicas mais importantes da Argentina nos últimos 50 anos (Piazzolla, Pugliese, Mercedes, Charly, Fito). Alguns brasileiros que já estiveram nessa sala de gravação: Vinícius, Toquinho, Maria Creusa, Betânia e João Gilberto. Todos eles, verdadeiras lendas da música. O engenheiro de som (Jorge "Portugués" da Silva, de cabelos brancos) e o radialista Lalo Mir também são grandes nomes, em suas áreas.


Vítor defende o direito de ser parte de outro Brasil, o não tropical, e fala de uma confusão de identidade dos brasileiros do sul, os gaúchos, pois vivem em clima frio, com costumes hispanizados, mas devem rezar pela cartilha cultural dos centros do norte quente.

Por outro lado, nesta entrevista ele se apresenta como filho de uruguaio e neto de espanhol, talvez para não parecer tão distante, até porque ele fala espanhol platino normalmente. Tal definição de mistura também não é aceitável pelos castelhanos, pois identificam num descendente de hispânicos, como ele, um verdadeiro hispânico, somente com roupa e aparência de brasileiro. Autores platinos também já falaram do templadismo e do subtropicalismo, que são outros nomes da ramiliana Estética do Frio.

A verdade é que Vítor como gaúcho lusófono está definindo um novo lugar cultural, uma referência que não foi valorizada nem como parte do Brasil, nem como algo que seja autêntica e puramente hispânico, mas de uma nação diferente. Subjaz um separatismo gaúcho, mas do século XXI, sem bravatas sanguinárias nem fronteiras burocráticas. No Rio de Janeiro, o crítico Sérgio Martins já inclui Vítor como parte do Brasil, aplicando-lhe o epíteto de "o segredo mais bem guardado da MPB" (veja entrevista, em vídeo de 7 min).

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Arte embaixo, arte acima

Além de equilibrar a composição visual dos prédios históricos (Mercado do século XIX, antigo Banco do Brasil no século XX), o fotógrafo quis enfatizar a importância do chão, que esquecemos normalmente ao caminhar pela cidade. Olhamos para cima a imponência das construções, como às vezes observamos os chapéus e maquiagem mas deixamos de ver os sapatos que as pessoas usam.

Como as lajotas e ladrilhos são feitos em cimento, habitualmente se conservam tanto ou mais tempo que um casarão (cerca de um século ao ar livre). Paralelamente à arquitetura, em Pelotas também se desenvolveu a arte dos pisos, com a fabricação de ladrilhos hidráulicos de variados desenhos. A Fábrica de Mosaicos ainda vende estes produtos para todo o Brasil.
Foto: Rafa Marin
Fonte: Facebook

Os mais visitados em 2012 (post nº 1200)

Esta é a postagem nº 1200, e está dedicada a lembrar as notas mais acessadas deste blogue. Em 8 de janeiro de 2009, comecei a publicar notas sobre a vida cultural de Pelotas, com o objetivo de resgatar muitas informações perdidas para os pelotenses, e reanimar a criatividade nos que fazem a cultura hoje. O ritmo médio de postagem tem sido, portanto, de 300 notas por ano.

Nestes 4 anos, o capital cultural se enriqueceu e ganhou novos narradores, complicando a tarefa deste blogue. Há novos festivais, novos cursos universitários e mais pesquisadores mapeando a cultura e a história da cidade. Nos próximos anos, é previsível que o trabalho de divulgação, registro e crítica fique distribuído em certos núcleos, e não tão disperso como hoje.

Os 3 posts mais visitados, entre os 1200 já publicados, são:
Corte da FENADOCE em visita à RBS, em março de 2012
  • Corte da FENADOCE 2012:
    Em outubro de 2011, apresentei a rainha Melissa e as princesas Jéssica e Cibele quando de sua escolha. Esse post teve o dobro de acessos daquele de 2010, sobre a Corte 2011.

    Já publiquei outras notas sobre as rainhas da FENADOCE, mas a corte que gerou maior interesse nacional foi esta, sem dúvida em função do bicentenário. A 20ª corte real coincidiu com os 200 anos de Pelotas e os 25 anos da festa (que foi bienal nos primeiros anos). 
Muitos mais leitores se interessaram pela história dos britânicos na cidade, com maior foco no século XIX: cerca do triplo dos que visitaram o relato da batalha no século XX. O primeiro artigo, que seria só um complemento, ficou rapidamente com o maior número de comentários já anotado aqui no blogue, feitos por pesquisadores e descendentes de britânicos.
Um dos quartos do porão na Casa nº 6.
  • Casarão e senzalas: em novembro de 2010, descrevi o aspecto histórico e sociológico da casa nº 6 da Praça Coronel Pedro Osório, quando de sua restauração. 
Outro post relatou o momento da abertura ao público (Casarão nº 6, restaurado e aberto para visitação), mas a análise histórica teve dez vezes mais acessos, reproduzida em citações de outros sítios da internet (v. Facebook, agosto 2012). 
A novidade que pode ter mais chamado a atenção é a lembrança viva da escravidão dentro de uma residência do centro da cidade (o Casarão nº 6), resgatando o contraste do estudo sociológico Casa Grande e Senzala (Gilberto Freyre, 1933).
Estas duas últimas notas, que são propriamente históricas e se referem a elementos culturais permanentes (não rotativos e comerciais como a FENADOCE), mostram o interesse dos leitores sobre o tema central do blogue: o capital cultural de Pelotas, de todas as épocas, que ajuda a entender o sentido do presente e abrir novos caminhos a serem trilhados.


As seguintes foram as notas publicadas em 2012 que tiveram mais visitas (cerca de 3 vezes menos que as três citadas acima), mas não geraram comentários:
  • Um pórtico polêmico, sobre a inauguração do monumento à tradição cultural de Pelotas, em reunião aberta da Academia Pelotense de Letras.
  • O poema Pelotas, minha cidade, escrito por Sérgio Siqueira em 1968.
  • Modelo do futuro Shopping Pelotas, reportagem com vídeos sobre a inauguração do Shopping Via Verde em Rio Branco, primeiro shopping moderno do Estado do Acre, igual ao que está sendo construído em Pelotas e será inaugurado no segundo semestre de 2013.

Fotos: RBS (1) e R. Botelho (2)

domingo, 6 de janeiro de 2013

Remendo como remédio, na estrada

"Remendo como remédio", Nauro Júnior, 2011
Há um ano, profissionais da RBS ganharam 3 dos 5 prêmios de jornalismo dados pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (SETCERGS) e um deles foi para um fotógrafo de Pelotas (veja notícia): Nauro Cardoso Machado Júnior.

Nauro já ganhara diversos prêmios fora de Pelotas, inclusive com esta foto, mostrando um dos dois desvios improvisados na BR-116 após um forte temporal. A estrada é pavimentada desde a década de 1960 e seu trânsito é intenso e perigoso, sendo urgente uma duplicação da via (já aprovada pelo governo federal).

A imagem sugere que quanto maior o remendo menor a qualidade da estrada. Mesmo pequeno, o desvio se impõe visualmente sobre as imensas linhas retas do caminho e do horizonte.

Por outro lado, a ideia de remédio mostra o desejo de que não se interrompesse a comunicação terrestre entre Pelotas e Porto Alegre. Na verdade, entre Pelotas e todas as cidades ao norte.

Mas o fotógrafo nascido em Novo Hamburgo (que fica ao norte), que criou raízes físicas e espirituais em nossa cidade, não havia sido condecorado aqui mesmo, até que o Pelotas Treze Horas escolheu esta foto como a melhor do ano, no último dia de 2011. Mais uma vinculação de amor e reconhecimento entre a cidade e o filho adotivo. Sobre o "gostinho especial de vencer em casa" Nauro escreveu o seguinte (texto tomado do Blog do Editor de Zero Hora).
Santo de casa não faz milagres. Este ditado serve bem para quem busca a aprovação dos seus pares. Trabalho na sucursal de Pelotas há 15 anos. Durante este tempo ganhei alguns prêmios, mas sempre tive que viajar para buscar minhas condecorações. 
No último dia de 2011, o programa Pelotas 13 Horas, da Rádio Universidade Católica, escolheu os melhores do ano. Todos os anos eu me inscrevo neste concurso, mas desde que moro aqui só tinha vencido uma vez. Foram várias fotos inscritas na categoria "Melhor fotografia do ano em Pelotas" e fui para a final com o editor de fotografia do Diário Popular, Carlos Queiroz. 
Nós dois escutamos, juntos, em um radinho de pilha, a transmissão ao vivo da votação final. Desta vez, levei a melhor, acabei vencendo por 7 votos a 6, com a foto "Remendo como Remédio", a mesma foto que venci o Prêmio Setcergs em 2011. A diferença de um prêmio para o outro? O gostinho de ganhar em casa é muito melhor.
Veja as reportagens do primeiro prêmio no blogue da RBS De olho nas estradas.

Cores da natureza

Relógio, de Olga Leão, no estilo bauernmalerei 
Olga Leão Vieira da Cunha apresentou em novembro de 2012 a exposição “Cores da natureza”, pinturas de adorno sobre objetos de utilidade no lar.

Seu estilo se baseia no bauernmalerei, antigo tipo de artesanato alemão que utiliza temas rurais, à base de cores simples e pinceladas suaves. A artista aplicou a técnica em antiguidades como relógios, cabides, espelhos e placas de identificação de portas.

O trabalho de Olga foi mostrado no Corredor Arte, projeto de saúde mental do Hospital da FAU-UFPel que busca humanizar o ambiente hospitalar, geralmente cheio de tensões e preocupações.

Quanto mais delicada a mensagem do artista, com maior sentido terapêutico poderá tocar a sensibilidade das pessoas que trabalham com a saúde e a vida de outros, sejam médicos, acompanhantes ou familiares, que são os que atuam diretamente com os pacientes. Daí que estas obras tenham ido tão de acordo com este projeto que existe em Pelotas há doze anos.

A artista foi entrevistada pela coordenação do Projeto Corredor Arte e falou sobre seu trabalho. Ela é formada em Artes Plásticas e em Espanhol pela UFPel, mas sempre conviveu no ambiente artístico.
Nasci nesse meio, meu pai era ator e meus avós, músicos. A arte faz parte da minha vida desde a infância, cresci em um ambiente onde aprendi a lidar com a sensibilidade transformando-a em arte. 
Acredito que a vida sem arte é insossa, pesada... conviver com a arte é essencial. A sensibilidade abre inúmeras portas.
Ao ver uma peça com pintura na casa do meu filho, me interessei por essa técnica de artesanato rústica alemã, cujas origens remontam ao século XVII. Bauernmalerei em sua tradução significa "pintura campestre", e veio ao encontro do meu estilo de vida simples e alegre.
O Corredor Arte pode ser visitado todos os dias do ano, das 7h às 22h, na rua Prof. Araújo, 538.

Fotos: Divulgação do Corredor Arte

sábado, 5 de janeiro de 2013

Edson Luís passa à TV Câmara

Edson Luis Planella deixa o Linha Aberta
O jornalista Edson Luís Planella (está no Facebook) é uma das vozes que identifica a R.U., Rádio Universidade Católica de Pelotas, especialmente como narrador de futebol. Há uma semana ele fez o último "Linha Aberta" de 2012 e nos primeiros dias de suas férias foi chamado para coordenar a TV Câmara (confirmado por Edson).

A notícia foi dada ontem (4) por seu substituto Wolney Rosa de Castro, que aceitou voltar ao programa somente por janeiro. Como Wolney se define já "aposentado", a Rádio terá que achar outro apresentador para o espaço das 10h ao meio-dia.

Em 2012, Edson Luís convidou-me a falar aos ouvintes sobre minha área de trabalho, a psicologia. Cada quarta, de junho a dezembro, enfrentei as suas inteligentes e improvisadas perguntas sobre o comportamento das pessoas, principalmente em relação à violência doméstica. O contato inicial  tinha sido feito em maio, numa visita ao programa de duas gerentes municipais (Denair Rosa, da Casa de Passagem/SMCAS, e Maria José Garcia, de Projetos Especiais/SIS), as quais divulgavam informações sobre o Fórum de Discussão Permanente sobre Violência Doméstica e Familiar, no qual participei de maio a dezembro.

Fernanda Puccinelli, anterior coordenadora da TV Câmara, passou a ser a jornalista da presidência da Câmara Municipal, segundo informação do Diário da Manhã de hoje (5). Antes dela, estava o jornalista Luís Antônio Caminha, que agora é o assessor de comunicação do prefeito Eduardo Leite.
Foto: F. A. Vidal

POST DATA
7-01-13
Diário da Manhã de hoje diz que Fernanda Puccinelli é a jornalista "responsável por toda a comunicação do Legislativo, inclusive da TV Câmara".

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Um pouco de Pelotas (poema)


UM POUCO DE PELOTAS (EM MIM!)

Nas ruas da cidade molhada
Eu ando a falar bobagens e a divagar.
Devagar ando sobre o luar
Que em outras cidades não há.

Ah que saudades,
Bento Gonçalves lotada
e a gurizada no bar.
Descer pela Andrade,
no Porto chegar
E botar Papuera no ar.

Nas tardes de junho provar alguns doces
E sentir o inverno chegar.
Roupas de lã, mate, ponche e lareira,
Na casa da vó esperando minuano soprar.

Em Santa Terezinha, domingos
Da infância, como é bom recordar.
Velejando Fragatas foi nesse pedaço
Do sul aonde vim ancorar.

Pelotas, um pouco de ti eu tenho em mim,
Não importa onde andar
Te levarei no meu pensar.
Dizem que sou louco!
Posso sair por aí,
Mas é para cá que quero voltar!
4/5/2007 (13:45h)
Fábio Gonçalves Zündler
Tomado do blogue Insanos Caminhos do Pensamento

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A cidade sobre a ponte

Olhando para Pelotas, Gustavo Batista enxergou este ângulo, ao passar pela ponte Alberto Pasqualini, desativada em 1974. Se há 40 anos a velha ponte PelotasRio Grande tivesse sido destruída, esta visão da ponte nova (Leo Guedes) não teria sido possível.

Muitos passam por ali mas não relacionam a linha da ponte com a da cidade. Outras cidades terão suas pontes, mas é improvável que alguém ache um ângulo parecido.

Para imaginar coisas sobre uma ponte é preciso criatividade e capacidade simbólica. Assim, ele batizou a foto "The city over the bridge".

Por que uma cidade estaria ali, num lugar de passagem? Será uma cidade que evolui ou transita com facilidade? Talvez nossa cidade esteja precisando mudar de etapa, ou mandar mais elementos seus para uma ponte e fazer nexos com outras.

Segundo a página de Gustavo no Facebook, ele é bageense e estuda Jornalismo na UCPel. Veja mais fotos tomados por ele

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Virada do ano com virada do tempo

Precipitações começaram na Argentina após meio-dia (foto de Gastón Berne: Rio da Prata visto desde Montevidéu)
No último dia do ano, pela tarde, todo o Rio Grande do Sul estava com temperaturas entre 30 e 35 graus, enquanto no meio da Argentina começava uma forte instabilidade, com muita chuva, ventos de uns 90 km/h e um pouco de granizo.

Após o meio-dia já chovia forte em Buenos Aires (a foto acima dá uma ideia de como o temporal começou). Nas horas da tarde, os ventos faziam o céu mudar no sul do Brasil. No Natal, as temperaturas gerais de 40 graus em todo a região sul, incluindo Santa Catarina, foram amenizadas por uma virada de tempo seco, ficando as mínimas, pelo menos por um dia, ao redor dos 20 graus.

Em Quaraí, a frente de rajada entra em território brasileiro (dia 31 à tarde).
Em Quaraí, a frente vista de lado (registros de Daniel Arbiza).

O céu ao norte de Pelotas muda ao anoitecer (foto de Artur Rocha)
As fotos, publicadas pelo MetSul, mostram como a grande massa avançou, com incrível rapidez, chegando até Porto Alegre em questão de doze horas. Antes de aguar o réveillon na capital, o céu já se havia nublado e haviam caído chuvas esparsas, tranquilizando muita gente quanto a mais precipitações.

No Cassino, a chuvarada chegou antes da meia-noite e a festa nas ruas foi suspensa. Mas em Porto Alegre os fogos do Ano Novo se confundiam com os raios e relâmpagos e houve muita confusão. Em Pelotas, a hora mais pesada foi das 22h às 23h.

Pela inusual rapidez e pela inconveniência do feriadão mundial, o fenômeno tomou a imprensa de surpresa em todo o Estado. Somente foi acompanhado pela empresa gaúcha de meteorologia METSUL, durante todo o dia 31 até as 3h de terça (1). Na internet, o Diário Popular fez uma pequena menção à tempestade. O evento foi significativo, pois em uma hora choveu um quinto da média mensal, nas cidades mais afetadas da região.

Em Porto Alegre choveu à tarde (foto de Luciano Alcântara).
O toró foi na virada do ano novo.
Fotos: MetSul

A paixão aumenta a esperança e a fidelidade

"My God" é uma das músicas da comédia Mudança de Hábito (1992). Trocando somente uma palavra da letra original de William "Smokey" Robinson (My Guy), a canção de amor que fez sucesso em 1964 na voz de Mary Wells (veja aqui) ganhou uma segunda leitura: como um hino de louvor a um Deus íntimo, pessoal e amável.

Quem ama não quer nem consegue ficar longe do amado, e o desejo vai gerando desejo. A ideia de "grudar-se em Deus" foi lançada pelo apóstolo Paulo, na Carta aos Romanos (8, 38-39). Que saibamos apegar-nos à felicidade e desgrudar-nos das mágoas.


Nothing you could say could tear me away from my God.
Nothing you could do, 'cause I'm stuck like glue to my God.
I'm sticking to my God like a stamp to a letter,
Like birds of a feather we stick together.
I'm tellin' you from the start, I can't be torn apart from my God.

Nothing you could do could make me untrue to my God
Nothing you could buy could make me tell a lie to my God
I gave my God my word of honour to be faithful, and I'm gonna.
You best be believing I won't be deceiving my God.

As a matter of opinion I think he's tops
My opinion is he's the cream of the crop.
As a matter of taste, to be exact,
He's my ideal, as a matter of fact.

No muscle bound man could take my hand from my God.
No handsome face could ever take the place of my God.
He may not be a movie star, but when it comes to bein' happy, we are.

There's not a man today who could take me away from my God.
(V. tradução nos comentários)