terça-feira, 8 de janeiro de 2013

"Encuentro en el estudio": Ramil em Buenos Aires

"Encuentro en el Estudio" é um programa do canal educativo Encuentro, do Ministério da Educação argentino. Em cada edição, o experiente apresentador Lalo Mir conversa com cantores e grupos destacados da cena argentina e latino-americana, dos mais diversos gêneros. Em agosto de 2012, durante a 5ª temporada do programa, foi a vez do músico brasileiro Vítor Ramil.

Durante uma hora, o entrevistado pelotense falou sobre sua obra e cantou as seguintes músicas, acompanhado pelo argentino Carlos Moscardini: Não é céu; Ramilonga; Milonga de los morenos; Deixando o pago; Noite de São João; Estrela, estrela. O programa completo se encontra no vídeo abaixo.

O nome "Encuentro en el Estudio" se deve ao fato de ser gravado nos estúdios ION, onde foram registradas as músicas mais importantes da Argentina nos últimos 50 anos (Piazzolla, Pugliese, Mercedes, Charly, Fito). Alguns brasileiros que já estiveram nessa sala de gravação: Vinícius, Toquinho, Maria Creusa, Betânia e João Gilberto. Todos eles, verdadeiras lendas da música. O engenheiro de som (Jorge "Portugués" da Silva, de cabelos brancos) e o radialista Lalo Mir também são grandes nomes, em suas áreas.


Vítor defende o direito de ser parte de outro Brasil, o não tropical, e fala de uma confusão de identidade dos brasileiros do sul, os gaúchos, pois vivem em clima frio, com costumes hispanizados, mas devem rezar pela cartilha cultural dos centros do norte quente.

Por outro lado, nesta entrevista ele se apresenta como filho de uruguaio e neto de espanhol, talvez para não parecer tão distante, até porque ele fala espanhol platino normalmente. Tal definição de mistura também não é aceitável pelos castelhanos, pois identificam num descendente de hispânicos, como ele, um verdadeiro hispânico, somente com roupa e aparência de brasileiro. Autores platinos também já falaram do templadismo e do subtropicalismo, que são outros nomes da ramiliana Estética do Frio.

A verdade é que Vítor como gaúcho lusófono está definindo um novo lugar cultural, uma referência que não foi valorizada nem como parte do Brasil, nem como algo que seja autêntica e puramente hispânico, mas de uma nação diferente. Subjaz um separatismo gaúcho, mas do século XXI, sem bravatas sanguinárias nem fronteiras burocráticas. No Rio de Janeiro, o crítico Sérgio Martins já inclui Vítor como parte do Brasil, aplicando-lhe o epíteto de "o segredo mais bem guardado da MPB" (veja entrevista, em vídeo de 7 min).

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