

Fotos de F. A. Vidal
Olhando-se a sudoeste, perante a abundante vegetação da Praça Osório a mesma nossa "conífera" adquire uma aparência ainda mais falsa, minúscula, estrangeira e anacrônica. A vista é de duas grandes árvores (canafístulas), que mudam de aspecto segundo a época do ano (verão, na foto abaixo). Elas é que deveriam causar nossa admiração e ser enfeitadas, se fosse para significar algo grandioso e eterno.
Fotos de F. A. Vidal (1 e 3)
As artistas plásticas Elenise Cassal de Lamare e Nauri Saccol, ativas participantes do MAPP, se uniram para expor 13 obras no Corredor Arte do Hospital Escola da UFPel. A mostra pode ser visitada até 2 de dezembro, das 7h às 22h.
Elenise é formada em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Pelotas. Conta que desde pequena tanto gostava de arte que não brincava com bonecas, mas argila, tinta e lápis.
A julgar pelo conteúdo figurativo (acima e esq.), sua pintura parece simples, mas também é visível seu gosto pelo trabalho cuidadoso e sua capacidade de atenção para os detalhes cotidianos e as irregularidades da vida humana, o que estimula o espectador a refletir sobre si mesmo.
Nauri usa uma linguagem mais abstrata (dir. e abaixo), mas ainda sugerindo traços da natureza, como fazendo uma ponte entre dois mundos, o visual e o racional, o ingênuo e o crítico.
Quinta-feira (19), uma dezena de pessoas assistiu à penúltima apresentação do projeto Sete Imagens deste ano. Apesar de não estar chovendo, às 18h30 daquele dia somente havia três pessoas no teatro: as fortes chuvas dos dias anteriores tinham afetado o sucesso desta reunião.
Em 2008 o Sete de Abril iniciou esta interessante forma de estimular a produção local de vídeo e cinema, divulgando 7 curtas-metragens pelotenses e debatendo sobre o processo criativo com artistas e público. Em 2009, as sessões mantiveram o formato (projeção e debate), mas a mostra passou a incluir produções de todo o Estado.
Nesta ocasião, programou-se o filme Gol a Gol (veja o anúncio), segunda obra dirigida pelo produtor e montador Bruno Carvalho, cineasta gaúcho da geração nascida nos anos 80.
O curta de 12 minutos (veja ficha técnica) já havia sido exibido em outubro de 2008 pela RBS no seu projeto Histórias Curtas, amostragem de 8 produções gaúchas por ano. Os atores infanto-juvenis provêm da agência porto-alegrense de modelos Guri e Guria.
Após a projeção, o público recebeu a notícia de que ninguém tinha vindo de Porto Alegre para falar sobre o filme e por esse motivo não haveria o acostumado diálogo.
Às vezes os encarregados anulam os objetivos de seu próprio projeto por desconhecer o significado da palavra "debate". Sentindo-se incapacitados para conduzir uma discussão grupal, deixam de ouvir o que o público tem a dizer e se perde uma ocasião educativa. Verdade que o povo não está acostumado a debater, como se viu na passada Feira do Livro, mas é em momentos assim que se pode aprender. O que teríamos a dizer sobre este filme, e não pudemos? A opressão segue instalada em nossos próprios medos e omissões.
POST DATA
28 de novembro 2009
Este post foi reproduzido por Deco Rodrigues no e-Cult e respondido por Bruno Carvalho, diretor do filme (leia). Diz ele que tinha a intenção de vir, mas os organizadores não dispuseram o dinheiro das passagens. Ele informa ali um e-mail para contato com os alunos de Cinema de Pelotas.
O episódio mostra a falha de comunicação com os convidados e com o público. Aqui em Pelotas muitos artistas pagam para trabalhar (e não recebem), mas isso nem sempre é assumido publicamente.
Devo acrescentar que ao público não foi passado que ninguém de Porto Alegre tivesse querido vir, mas que não haviam podido vir, em função das últimas chuvas e inundações. Verossímil? Para mim, não; se fosse verdade, teria havido um debate sem o convidado. As coisas que não podem ser ditas são cobertas por eufemismos e fantasias. Daí também a pobreza intelectual que freia o debate (as verdades poderiam sair à tona, é o que diz o ditador dentro de nós).
30 de janeiro 2012
Foi feito em Curitiba, um ano após este "Gol a Gol", um longa-metragem com o mesmo nome (veja o blogue Gol a Gol). Acrescento aqui o making of do curta gaúcho.
A Banda Musical do Colégio Gonzaga fez uma bela apresentação no entardecer do último sábado da Feira do Livro.
O Maestro Getúlio Soares Vargas regeu o conjunto em posição fixa, colocando os instrumentos de sopro no nível da rua e os de percussão e de cordas no palco (dir.).
A formação inclui desde pré-adolescentes até músicos com vasta experiência, inclusive na mesma banda, que começou sendo "marcial" em 1958 e ficou famosa nos anos 70.
O público presente na praça de alimentação escutou admirado e aplaudiu com entusiasmo o desempenho desta banda que orgulha Pelotas. Os músicos mostram excelente disciplina e sincronização, sempre concentrados na partitura ou no instrumento.
Como sempre há exceções, um grupo juvenil em primeira fila esteve concentrado no jogo, alheio ao "fundo musical" (esq.).
Paradoxalmente, os que estavam atentos não sabiam estar também alheios ao que ocorria a poucos metros dali.
De pé, o Mor Nedi Fernandes da Rosa observava satisfeito esta união de talentos (dir.). A certa altura, um dos jovens integrantes deixou o clarinete e subiu ao palco para interpretar canções dos Beatles, com a orquestra de apoio e acompanhando-se no violão ele mesmo.
Simultaneamente a este espetáculo e aos que se seguiram nessa noite no palco da Feira, ocorria a 5ª Mostra Brasil-Uruguai, na Biblioteca Pública.
Por um desentendimento entre os organizadores, Daniel Viglietti e outros músicos apresentaram no Salão Nobre a homenagem que a Feira prestava ao escritor uruguaio Mario Benedetti.
Não houve interferências sonoras entre estes dois shows da melhor qualidade, mas com a música lá fora a homenagem de dentro ficou reduzida a um evento paralelo (leia a nota). Com tudo isso, nenhum desses espetáculos foi mencionado no folheto oficial da Feira.
A gritante divergência humana e a inexplicável omissão ficam na história como um modelo de erro a não ser reproduzido pelas futuras produções da Feira.
Fotos de F. A. Vidal
Imagens da web (3º Milênio)
A Editora da UFPel comemorou seus 40 anos com um projeto que ao mesmo tempo favoreceu a comunidade intelectual pelotense e fez a entidade marcar um recorde nacional entre as editoras universitárias brasileiras (veja a notícia). A inovação foi o selo OPEL (OPortunidade de Editar um Livro) e o recorde consistiu em lançar nada menos que 121 títulos, de uma só vez (19 destes não ficaram terminados).
O projeto teve alta aceitação pois permitia editar obras em baixa tiragem, sem cores e a baixo custo - para o escritor e para o comprador. Foi desenhada uma capa básica para todas as obras, onde o título de cada uma diferenciava a apresentação externa. Logo, o autor escolhia o número de exemplares que poderia pagar inicialmente (de 30 a 300).
Houve tantos interessados que o pouco pessoal da Editora (oito funcionários) não conseguiu terminar todo o trabalho, mesmo com a recente modernização do parque gráfico (impressora digital colorida, encadernadora, laminadora para plastificar capas, perfuradora de espirais e seis computadores). Os 121 títulos envolveram 278 autores, e originaram-se 8.780 exemplares, totalizando 1.273.100 páginas no tamanho A5 e 1.250 páginas A4.
A pressão dos prazos e a quantidade de nomes também causaram problemas na organização da Feira do Livro, que teve um total próximo a 170 obras em lançamento (incluindo as da UFPel e as demais). Com vários autores pedindo mudanças de datas ou simplesmente não chegando às sessões de autógrafos, a consequência foi que a imprensa não dispôs a tempo das listas de escritores e o público em geral não ficou sabendo quem autografava em que dia.
Mesmo com tais problemas, a iniciativa é um bom sinal, pois mostra a capacidade de produção dos autores pelotenses, o crescimento quantitativo da Universidade e a necessidade de melhor administrar e divulgar esta produção.
Alguns autores com mais imaginação e ousadia souberam promover seu trabalho, como o músico Alex Cruz (autor de "O grande circo sem lona dos nossos dias") e sua colorida e teatral trupe de palhaços - na foto (dir.)com a artista Rejane Botelho, que produziu pesquisa escrita e fotográfica em "Detalhes de uma Princesa".
Para este blogue, fica a relativa frustração de só poder informar de menos que a décima parte das 170 obras.
Fotos de F. A. Vidal