domingo, 18 de novembro de 2012

Nauro traz um pouco de luz a este mundo

 "Náufrago de um mar doce" foi o best seller desta 40ª Feira do Livro de Pelotas e Nauro Jr. já é o único escritor local que requer mais de uma sessão de autógrafos para atender todos seus leitores. O mesmo fenômeno de público, nunca antes visto na cidade, ocorreu em seu livro anterior, "A noite que não acabou" (V. nota de 2009).

O autor, que é repórter fotográfico há vinte anos, aventurou-se a escrever com palavras, e ficou tão marcado com aquela grande reportagem à tragédia xavante que para liberar-se de tal peso precisou escrever outro texto, desta vez um roteiro cinematográfico de aposta na vida, na coragem e na verdade interior, à moda de Santo Agostinho e Ernest Hemingway.

Abaixo, entrevista de uma hora com Ubirajara Mello na TV Cidade e algumas das frases do Nauro filósofo, aventureiro e otimista incurável (veja entrevista de 2 min no Jornal do Almoço em Porto Alegre e entrevista de 4 min no JA Pelotas).


  • Eu não me considero escritor; eu sou um retratista que gosta de escrever. Escrever é um exercício de escrever a vida de outras pessoas, e isso incide diretamente na minha. É muito sofrimento.
  • O livro tem 70% de verdade, 20% de ficção e 10% de autobiografia. Como eu coloquei problemas meus no personagem, deixei que ele os resolvesse, e com isso poupei o dinheiro com o psiquiatra.
  • Fiz um curso de palhaço [há vinte anos], cheguei a me apresentar, mas eu sou muito sem graça. Tentei mas não deu, sou incompetente como palhaço. Depois conheci o Tholl, quando era OPTC, e me encantei com aqueles malucos.
  • Eu não aceitei convites para trabalhar em Porto Alegre, São Paulo, Brasília, e muitos me chamam de louco por isso. Mas eu apostei pela qualidade de vida, viver perto da natureza, passar uma tarde inteira com minha filha, isso é o que Pelotas me oferece, e isso eu não teria nos grandes centros. Eu gosto de Novo Hamburgo, mas minha cidade é Pelotas.
  • Eu acho que a vida é um naufrágio. Todos os dias temos uma batalha com a morte, mas a morte sempre vence no final. Um dia o mar vai me engolir. Mas eu vivo pra poder dizer no final da vida, como Santo Agostinho: "Valeu a pena eu ter trazido um pouco de luz a este mundo".
  • Eu quero contar verdades, tanto com a fotografia como com a literatura, e para poder fazer isso tem que acreditar que aquilo é verdade. Tem que ter a luz da tua alma. Se tu acreditas totalmente no que fazes, podes dirigir um fusca velho mas vais ser um piloto de fórmula um. Se não, vais ser um péssimo motorista de domingo.
  • Brigar com Deus é uma fria. Eu só brigo com meus amigos. Quem não é meu amigo eu ignoro.
  • Eu acho pouco viver 80 ou 90 anos, é pouco pra o que a gente precisa pra transformar o mundo num lugar melhor.

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