Há oito meses, a quadra dos dez bares foi “visitada” por fiscais de três secretarias municipais, acompanhados da força pública (no Amigos de Pelotas os leitores fizeram 44 comentários). Ao longo dos meses, o sítio da RBS abriu um título para notícias sobre Barulho. Desde então a rua tem estado mais silenciosa e se pode caminhar normalmente à noite.
Este ano -mas basicamente em resposta a reclamações dos vizinhos - a fiscalização interditou casas noturnas, instaurou a proibição de estacionar na Gonçalves Chaves entre 22h e 6h e não permite mais que os bares sirvam bebidas nas calçadas. Na verdade, não há garçons nas calçadas nem mesas (exceto numa casa), mas alguns bares "emprestam" as garrafas e copos para que os clientes bebam usando o espaço público. É preciso dizer que no trecho entre D. Pedro II e General Teles não há somente bares, mas também edifícios de residências, lan house, farmácia e uma escola de idiomas.
Convivendo nessa heterogeneidade de sóbrios e ébrios, há -na linha do meio- um bar-café com nome de lanchonete: o Sandwich & Cia, que atende público de todos os horários (das 8h às 24h) e de todos os dias da semana. Até o século passado era um local de fotocópias, mas o dono apostou no ramo da alimentação, que já vinha sendo mais solicitado pelos estudantes. Ali se pode tomar café da manhã, conversar com calma, ver um jogo de futebol e até mesmo estudar, nem tudo no mesmo horário mas sempre com o normal respeito da convivência civilizada.
Bem na esquina da Gonçalves Chaves com a Dom Pedro II, o ponto tinha mesas na calçada, mas a recente proibição (antes era permitido?) pôs os clientes para dentro. No inverno isto não significou um grande problema, mas o verão obrigará a deixar as janelas sempre abertas.
O sentido multivariado e democrático do estabelecimento fica mais notório ao vermos que seus clientes podem ser alunos da faculdade, moradores vizinhos, taxistas da esquina e os mesmos festeiros noturnos que põem barulho na vida dos anteriores. Se o nome deste bar fosse “Cerveja e Cia”, não seria tão inclusivo: parece ser o sanduíche que promove o consenso pacífico.
Além de muita “loira gelada” e os velhos keep cooler (vinho com gás e saborizantes), a casa vende, da manhã até a meia-noite, refrigerantes da linha Pepsi, bebidas energéticas, café de máquina, salgados e doces terceirizados, e sua especialidade: os “sanduíches universitários” (R$ 4), assim chamados por seu volume e abundância de ingredientes, na medida da fome de alguém que estuda muito e necessita restaurar forças.
Os universitários tradicionais (os que estudam) e os trabalhadores com pouco tempo de almoço precisam nutrir-se com estes sanduíches de três fatias e com duas camadas de recheio. O pão de forma, bem macio mas consistente, é partido ao meio e envolto em plástico, uma metade sobre outra, aparentando ter seis níveis. Os recheios são de proteína animal, variando entre presunto, peito de peru, salame, frango, atum e coração de galinha, a maioria deles incluindo uma fatia de queijo. Não há recheios vegetais ou só com lácteos.
Nem todos esses seis tipos estão sempre disponíveis, mas sempre são confeccionados no dia e no local. O estado de conservação é bom, o que mantém o gosto dos ingredientes e a suavidade do pão. O de frango desfiado é o de recheio mais volumoso, com um pingo de ketchup que melhora o sabor e ganhando uma inesperada crocância com fios de alface fresca.
Sugestão para acompanhá-lo: a energética Gladiator, bebida gaseificada com cafeína e guaraná, nos sabores frutas selvagens ou frutas cítricas (lata de 473 ml, R$ 7). A ser dividida com alguma boa companhia, além do sanduíche.
Fotos de F. A. Vidal
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