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segunda-feira, 30 de março de 2015

Pré-escola pode prevenir dificuldade de aprendizagem

Professor Antônio Correa Candiota
Cursando mestrado em desenvolvimento motor, o professor de Educação Física Antônio Ricardo Correa Candiota propõe que as habilidades motrizes e sensoriais das crianças, se fossem bem diagnosticadas e bem preparadas nos níveis da educação infantil, poderiam prevenir muitos dos posteriores fracassos escolares devidos a "dificuldades de aprendizagem".

A proposta pode significar, implicitamente, que a própria escola ocasiona alguns desses fracassos e não os soluciona nunca, antes responsabiliza o aluno, a família e a sociedade. Repetentes, desadaptados, "preguiçosos" e analfabetos funcionais poderiam ser grupos minoritários numa Pátria Educadora.


Revertendo o insucesso escolar
Reportagem de Carlos Cogoy

Entre 2013 e 2014, o professor Antônio Ricardo Correa Candiota testou 643 alunos entre 4 e 6 anos, na região de Pelotas. Cerca de 40% foram considerados dispráxicos (v. definição de dispraxia), ou seja, com sinais específicos de dificuldades de aprendizagem. Do grupo, 83% apresentaram problemas no fator estruturação espaço temporal (portanto, nas noções de simultaneidade, ordem, sequência, duração de intervalos e ritmo). Tal déficit compromete a futura alfabetização. Explica o pesquisador:
A defasagem nesse fator influencia diretamente no processo de alfabetização da criança, na sua locomoção espacial, bem como no domínio dos gestos. Aparecem dificuldades na movimentação, bem como na utilização de folhas e cadernos. Ainda, profunda desordenação no futuro, por exemplo ao utilizar as linhas nos cadernos. Em relação ao ritmo, pode levar a rapidez ou lentidão. Já com a dificuldade de memorização auditiva, não consegue absorver o que lhe é narrado. Sem diferenciar sons, dificuldade também no reconhecimento dos sons das palavras.  
Outro fator preocupante diz respeito à lateralidade. Muitas das crianças avaliadas apresentaram lateralidade cruzada, ou seja, dominâncias laterais em lados diferentes. Casos como a dominância da mão direita e dominância visual do olho esquerdo. É o que autores denominam "assimetria funcional", que afeta o processo de alfabetização, autonomia da leitura, escrita e cálculo, ordenação da informação codificada, confundindo entre soma e subtração ou entre multiplicação e divisão. A escrita e os números são invertidos e, em casos graves, como se estivessem refletidos num espelho.
No 1º Congresso de Negros e Negras de Pelotas, Candiota explanou sobre o programa que oferece, orientando educadores para detectar as dificuldades, bem como as dicas para instigar o desenvolvimento psicomotor. Em 2014, o professor ministrou edições – em Pelotas e Rio Grande – da Jornada Pedagógica de Educação Psicomotora, que terá sequência no segundo semestre de 2015.

As etapas do Programa de Testagem do Perfil Psicomotor e suas Interferências nas Aprendizagens são, de acordo ao professor:
  • Identificar crianças sem as competências psicomotoras necessárias à aprendizagem.
  • Analisar crianças com dificuldades psicomotoras, observando nelas os componentes do comportamento psicomotor, e identificando o grau de maturidade motora. 
  • Sugerir, a partir da identificação das dificuldades psicomotoras, a aplicação de tarefas que visem minimizá-las, alavancando o sucesso na aprendizagem.
No Facebook o professor Antônio Candiota coordena a página Desenvolvimento psicomotor na escola, onde ele informa um endereço de contato. Confira mais declarações do pesquisador e especialista:
O Programa aponta o déficit psicomotor, que entrava as aprendizagens e o processo de alfabetização, que é o início de tudo. Mas as principais causas dos entraves são a falta de trabalhos específicos, ou seja trabalhos psicomotores, por parte dos profissionais da educação infantil, até porque os procedimentos didático-pedagógicos privilegiam muito mais o cognitivo, e muito menos o psicomotor, quando deveria ser ao contrário. 
Por outro lado, os cursos de formação dos profissionais que trabalham com crianças na educação infantil, como a pedagogia, em geral não enfatizam o desenvolvimento psicomotor nos currículos. E o pior é que temos auxiliares, trabalhando com os professores, que têm pouco conhecimento. São cuidadores sem habilitação para promover trabalhos específicos. 
Alfabetização deficiente leva, com certeza, aos insucessos na vida escolar. Hoje não temos evasão, em razão das obrigatoriedades jurídicas, que pressionam os pais a manterem as crianças estudando, ou na escola, mas mesmo assim, os terceiro e quarto anos estão ficando lotados. As crianças estão parando nestes anos, por conta das alfabetizações deficientes. 
Outro aspecto é que os processos são muito arcaicos, salvo a boa performance de alguns abnegados e responsáveis professores, que sempre buscam subsídios para melhoras. Sinto isto pois tenho alguns alunos que me procuram, falam comigo, da graduação e mesmo da pós-graduação. Eles necessitam de informações e subsídios. Mas estes são pequena parcela de interessados. Infelizmente, a sociedade é que logo estará sentindo o resultado dessa grave questão.
Fotos: DM (1), MelhorAmiga (2), DesenvolvimentoMotor (3)
Texto: Diário da Manhã

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Paulo Fontoura Gastal (1922-1996)

Nascido em Pelotas, o jornalista Paulo Fontoura Gastal 
foi o maior crítico de cinema que o Rio Grande do Sul já teve.

Assim o descreve o blogue da Sala P. F. Gastal, pertencente à Secretaria de Cultura da cidade de Porto Alegre. Desde 25 de maio de 1999, o cinéfilo e promotor cultural empresta seu nome ao primeiro cinema municipal da capital gaúcha, em homenagem ao seu longo e notável trabalho pela cultura cinematográfica no Estado.

Perto dos 25 anos, Paulo Gastal mudou-se para Porto Alegre, onde ajudou a fundar o Clube de Cinema. Escreveu diariamente no Correio do Povo sobre cinema e literatura, por trinta anos (1949-1979), onde assinava como P. F. Gastal ou com pseudônimos, como Nilo Tapecoara. 

Sua criativa e produtiva atuação se concentrou na capital, sem participar na vida cultural pelotense. O Espaço Delfos, da PUC-RS, que guarda o acervo de P. F. Gastal, publicou o seguinte  resumo de sua criativa e produtiva história.


Paulo Fontoura Gastal nasceu em Pelotas, no dia 23 de janeiro de 1922, filho de um engenheiro agrônomo e de uma dona de casa. Tímido desde muito pequeno, os irmãos (cinco mais velhos e três mais moços) gostavam de amarrá-lo ao pé de uma mesa, com um cordão bem fino, e dizer: “Estás preso com uma corrente, não podes sair daí”. E ele lá ficava por horas, até que um adulto o soltasse ou um dos irmãos, com pena, viesse romper “os grilhões”. Esta mesma “concentração imaginativa” fez com que cedo se apaixonasse pelo cinema. Entrava escondido em todas as sessões que podia, e logo arranjou um trabalho como “ajudante” no Cine Capitólio [existente desde 1928], só para poder assistir a todos os filmes que lá passavam, quantas vezes quisesse.

No Ginásio Pelotense (o “Gato Pelado” da Félix da Cunha) envolveu-se em política estudantil e precisou dividir o tempo do cinema com a responsabilidade de presidente do Grêmio de Alunos. Foi por esta época que conheceu Dinah, com que dividiria o resto da vida e que nunca seria um entrave nas idas ao cinema, muito pelo contrário: sempre que podia, ia junto. Ainda em Pelotas, começou a escrever sobre cinema [desde 1941], primeiro o material de publicidade dos filmes que o Capitólio exibia, depois pequenos textos para o Diário Popular.

Cinéfilo e crítico

Em 1946 veio para Porto Alegre, indo trabalhar nos escritórios da A. J. Renner, indústria do vestuário. No caminho para casa passava pela frente do Cinema Carlos Gomes, e logo estava trabalhando também ali, fazendo o material de “publicidade” dos filmes e, claro, assistindo a todos quantas vezes pudesse.

Notícias pra cá, notícias pra lá, começou a escrever eventualmente para alguns jornais e revistas, até que entrou para equipe da “Revista do Globo”. Nela iniciou um trabalho crítico e de educação cinematográfica, diferente do que até então era costumeiro. Seus textos traziam uma visão social e política dos filmes, algo incomum em uma época em que o cinema era visto como mero entretenimento.

Libertário desde sempre, suas posições críticas em relação ao cinema comercial americano, somadas a um fascínio pelo cinema soviético, fizeram com que logo entrasse em uma lista de “suspeitos” de comunismo. Paradoxalmente, porém, era admirador de alguns grandes diretores americanos (como John Ford) e ingleses (Alfred Hitchcock) que de comunistas nada tinham, o que gerava confusão no estabelecimento de um rótulo político para colar nele.

Sua grande paixão, desde sempre e até a morte, foi Charles Chaplin, o “Carlitos”. Do personagem de Chaplin em “Luzes da Ribalta” [v. citações do filme], Gastal tirou o pseudônimo “Calvero”, o mais conhecido dos tantos quantos usou em vida. Chaplin era autor e personagem também de difícil rotulagem, ora parecendo um simples “cômico” (como se dizia então) alienado, ora pintado como perigoso representante da “ameaça vermelha”. Como ele, Gastal professava uma inquebrantável convicção na defesa da liberdade de pensamento, fosse qual fosse. Parecia comunista para os conservadores, conservador para os comunistas. E amava Cinema.

Comunicador e divulgador

Por isso, talvez, apesar de ter sido colaborador de publicações de orientação marcadamente de esquerda, como as revistas “Liberação”, “Nossos Dias” e “Horizonte”, não teve problemas para ingressar nos quadros do Correio do Povo, na época o maior veículo de comunicação do Rio Grande do Sul, de forte tendência conservadora, que Gastal conseguiu abrir ao longo dos anos à participação de pensadores dos mais diversos matizes.

Antes disto, contudo, no início dos anos 50 transferiu-se para o Rio de Janeiro, para tomar parte na equipe que, coordenada pelo cineasta Alberto Cavalcanti, estava encarregada de criar o Instituto Nacional de Cinema. Foi neste período que esteve mais próximo da realização cinematográfica prática, já que auxiliou Cavalcanti também na tentativa de estabelecer a Companhia Cinematográfica Vera Cruz como um grande centro de produção do cinema brasileiro, nos moldes dos estúdios norte-americanos, mas com a intenção (pelo menos por parte dele) de realizar filmes minimamente engajados. Desiludiu-se e voltou para Porto Alegre, para o Correio do Povo e para o Clube de Cinema, que, junto com um grupo de amigos intelectuais, havia criado em 1948. Nunca mais deixou qualquer um dos três [Porto, Correio e Clube].

Gestor cultural

Nas três décadas seguintes, os anos 50, 60 e 70, a “mesa do Gastal” na redação do Correio do Povo tornou-se o ponto de referência no panorama cultural de Porto Alegre. De lá coordenou os ciclos e festivais de cinema que iam dos filmes americanos e canadenses aos do Leste Europeu, principalmente poloneses, tchecos e soviéticos. Descobriu e se apaixonou pelo cinema japonês, e fez de Porto Alegre a cidade onde os filmes nipônicos fizeram maior sucesso no Brasil, chegando a rivalizar com São Paulo.

Participou do grupo que apoiou a criação da Feira do Livro (da qual, nos anos 80, foi patrono), protestou contra a derrubada no antigo (e belo) auditório Araújo Vianna, situado na Praça da Matriz, onde hoje se ergue a Assembleia Legislativa, mas aceitou administrar o novo auditório, no Parque da Redenção, desde sua inauguração, mantendo atividades permanentes em seu palco e fazendo dele um polo cultural da cidade.

Participou, com Oswaldo Goidanich e João Ribeiro, da criação, organização e promoção dos Festivais de Coros de Porto Alegre, que anualmente, em julho, traziam centenas, às vezes milhares, de cantores até a capital gaúcha.

Foi delegado do Instituto Nacional do Cinema, e depois representante da Embrafilme no Rio Grande do Sul. E, claro, com Horst Wolk, então prefeito de Gramado, criou o Festival do Cinema Brasileiro daquela cidade. Tudo isto sem abandonar a mesa do Correio do Povo, onde editava as páginas de cultura e o suplemento cultural semanal, além de escrever sobre cinema e livros. E de editar a página de cinema da Folha da Tarde, outro jornal da Caldas Júnior. E de produzir um programa diário, “Cinema na Guaíba”, para a emissora de rádio da empresa.

Por sua mesa passavam projetos, textos e ideias de produtores de cultura de todas as idades, alguns conhecidos, outros inéditos. Tratava a todos com a mesma atenção, mas nem sempre com o mesmo humor. Era capaz de ir da extrema cordialidade às raias da grosseria, mas esta nunca durava muito tempo e não deixava de ser compreensível, para quem tinha tantas atividades simultâneas.

Educador e pesquisador engajado

Na Folha da Tarde, na virada dos anos 60 para os 70, criou e manteve a “equipe das terças”. Era uma página semanal aberta para que estudantes universitários publicassem rápidas resenhas críticas dos filmes estreados na semana. Em pleno auge da ditadura, a página, ele e os estudantes não resistiram muito tempo, mas foi uma experiência única no jornalismo brasileiro.

O mesmo espírito liberal, capaz de garantir a todos (na medida do possível para a época) o direito de publicar suas ideias, mesmo aquelas com as quais não concordava, ele manteve no suplemento cultural “Caderno de Sábado”, considerado durante muito tempo, junto com o de “O Estado de São Paulo”, o melhor do país. Aí a independência custou-lhe um pouco mais caro. Um dia, acabaram com o caderno, substituindo-o por uma versão mais “leve”, “descompromissada” e “comercial”.

Pouco depois, a empresa [Caldas Júnior] entrou em crise e começou a atrasar os salários. Os funcionários entraram em greve. Do grupo dos funcionários mais antigos, Gastal e o poeta Mário Quintana foram os únicos a dar apoio ao movimento desde o primeiro momento. Foi demitido.

Não parou quieto. Passou a escrever uma coluna – sobre cinema – no recém criado “Diário do Sul”, que pouco durou, e depois no semanário “RS”, do colega Sérgio Jockymann. E dedicou todo o tempo livre à tentativa de organizar o acervo de livros, revistas, fotografias, recortes e filmes que durante toda a vida colecionara.

Faleceu no dia 12 de fevereiro de 1996. Virou nome de rua na zona sul [Rua Paulo Fontoura Gastal, Belém Novo, Porto Alegre] e de sala de cinema na Usina do Gasômetro. Seu acervo esteve no GBOEX e no SENAC, mas era demais para estas instituições. Hoje, faz parte do acervo Delfos, na PUC de Porto Alegre, onde pode ser visitado por quem ama ou estuda cinema. Contam que às vezes ele ainda pode ser visto andando por lá.

Fonte: DELFOS

A Sala P. F. Gastal fica no 3º andar da Usina do Gasômetro
(foto CEN 2011).
Há mais dados biográficos no artigo de João Aveline "O que a cultura deve a P. F. Gastal" (Macaco preso para interrogatório, 1999, Ed. AGE, p. 77-79) e no artigo de Eduardo de Souza Soares Um Modesto Rabiscador de Notas Cinematográficas: Paulo Fontoura Gastal e a Construção de Espaços Culturais na Década de 1940 em Porto Alegre

Veja históricos e fotos da Sala P. F. Gastal: no sítio da Prefeitura, em nota do blogue Cineclube e na reportagem Quando todos os cinemas eram Paradiso.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Vinholes fala em programa canadense

Vinholes trabalhou no Canadá doze anos e ainda é um ativo articulador cultural.
A Rádio CKCU FM 93.1, emissora ligada à Universidade Carleton, de Ottawa (Ontário, Canadá), começou a apresentar, esta quinta (4-12), uma série de 3 programas sobre a vida e obra do pelotense Luiz Carlos Lessa Vinholes. O trabalho pioneiro e criativo do diplomata, músico e escritor brasileiro é reconhecido no mundo todo como uma contribuição cultural ao entendimento entre as nações.

Conduzido pelo professor aposentado e pesquisador cultural Lloyd Stanford, o programa chama-se Third World Players (Jogadores do Terceiro Mundo) e, à base de uma entrevista entre Stanford e Vinholes, realizada em outubro passado no Canadá, constituiu esta série, a qual toma o título “Sobre música, poesia e diplomacia: L. C. Vinholes”. O primeiro capítulo (33 min) pode ser ouvido nesta página da rádio (ícone "Listen now").

A CKCU se mantém com doações.
Não transmite anúncios comerciais.
Os próximos capítulos poderão ser acompanhados ao vivo (ícone LISTEN LIVE), nos dias 11 e 18 de dezembro, sempre às 21h (hora de Brasília), ou na lista de programas, quando o áudio estiver disponível (v. o do dia 11 e o do dia 18).

A entrevista está em inglês e, além do diálogo, reproduz gravações das peças musicais de Vinholes Tempo-Espaço VIII (1974) e Tempo-Espaço IX (1975), para conjunto de câmara, gravadas pela Orquestra Sinfônica Nacional do Rio de Janeiro sob a regência do maestro Leandro Gazineo.

A informação acima foi enviada hoje por email a este blogue, pelo próprio Vinholes, que em novembro passado esteve em Pelotas, como patrono da 42ª Feira do Livro (v. artigo sobre ele neste blogue). Atuante na área cultural desde a década de 1950, o diplomata trabalhou no Japão, Paraguai, Canadá, Itália e Brasil, além de visitar outros países.

Em seu sítio virtual, a rádio CKCU se apresenta como a primeira rádio canadense com base num campus universitário. Desde novembro de 1975, a emissora oferece uma programação cultural, não comercial, à comunidade universitária, assim como aos ouvintes de todo o seu alcance, num raio de 100 km (atualmente incluindo o planeta inteiro, pela internet). Transmite sem interrupção, todos os dias do ano (v. mais informação na Wikipedia em inglês).

A rádio da Universidade Carleton transmite do 5º andar do prédio central.
Imagens: D.M. (1), CKCU (2), Examtime (3)

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Vinholes, patrono da Feira

O pelotense Luiz Carlos Lessa Vinholes foi escolhido patrono da edição 2014 da Feira do Livro de Pelotas, que será aberta oficialmente esta quinta (30-10). No dia anterior, a UFPel inaugurou o novo espaço da Discoteca do Centro de Artes, agora batizada com o nome de L. C. Vinholes (v. notícia).

L. C. Vinholes aos 80, entrevistado pelo Correio Braziliense
O nome do poeta concretista, pioneiro da música aleatória no Brasil, crítico musical e divulgador da cultura brasileira foi sugerido pela SECULT e aceito pela Câmara Pelotense do Livro.

O secretário Giorgio Ronna diz que Vinholes não se destaca somente na música, mas também na cultura em geral e na literatura em especial, como criador de poesia concreta, como tradutor e como organizador de antologias literárias (v. notícia da Prefeitura).

O orador oficial da 42ª Feira do Livro é outro músico pelotense, o professor Mário de Souza Maia, pesquisador em música antiga e conhecedor da obra de Vinholes, a partir de sua dissertação de mestrado em História (PUC-RS, 1999) "Serialismo, Tempo-Espaço e Aleatoriedade: a obra do compositor Luiz Carlos Lessa Vinholes" (v. abstract). Outra pesquisa sobre o trabalho de Vinholes é a tese de doutorado em Música de Valério Fiel da Costa, Vinholes e Cage: teorias, indeterminação e silêncio (UNICAMP, 2005).

Na programação cultural da Feira (v. lista de atividades), o patrono Luiz Carlos Vinholes ministrará duas palestras, abertas ao público interessado:
  • “Retrospectiva do fazer e divulgar poesia: a ponte Brasil-Japão”, sábado 1 de novembro, 20h, na Bibliotheca Pública Pelotense.
  • “Retrospectiva do compor e criar em música: a música como liberdade”, quarta 5 de novembro, 19h, no Centro de Artes da UFPel, Auditório 2 (Álvaro Chaves 65).

Vida e obra de Vinholes

Luiz Carlos Vinholes nasceu em abril de 1933. Aos 16 anos iniciou os estudos de composição com o maestro José Duprat Pinto Bandeira, enquanto se desempenhava como tenor no Coro da Catedral e estudava canto com a professora Lourdes Nascimento, no Conservatório de Música. Aos 18, em 1951, quando participava na Orquestra Sinfônica de Pelotas, conheceu o maestro Hans Joachim Koellreutter e foi trabalhar com ele em São Paulo.

Entre 1952 e 1957 estudou canto, teatro e dança com diversos professores, em São Paulo, e começa sua primeira fase como compositor, mediante a técnica dodecafônica (de doze notas em vez das clássicas sete). Na mesma década, escreveu crítica musical para os jornais Diário Popular, A Opinião Pública, de Pelotas, e o Diário de São Paulo. Como compositor, ganha bolsa de estudos para a Universidade de Tóquio, no Japão, onde pesquisa música oriental (japonesa, chinesa e coreana). Iniciando como adido cultural no Japão, segue carreira diplomática desde anos 60, até a década de 1990 (v. biografia completa).

Vinholes no Museu do Colégio Pelotense
No final da década de 1990, Vinholes retornou ao Brasil, onde dedica parte do seu tempo ao projeto de informatização de sua técnica composicional Tempo-Espaço e à compilação de sua antologia poética “Retrato de Corpo Inteiro”, recentemente concluída, e que reúne poemas de 1947 a 2007.

Vinholes foi articulador do tratado que geminou Pelotas e Suzu, em 1963, ligando por primeira vez uma cidade japonesa com uma brasileira. Em 2013, o diplomata pelotense doou ao Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo peças de cerâmica e gravuras japonesas, reunidas por ele nas décadas em que viveu no Japão.

Também o Museu do Colégio Pelotense recebeu doações de 83 peças, incluindo objetos de uso caseiro, religioso e artefatos utilizados como decoração que compuseram a coleção pessoal de Vinholes (v. notícia no Diário da Manhã, agosto 2014).

Outras referências

Sobre o trabalho de Vinholes há duas teses e uma dissertação: PUC-RS 1999, UNICAMP 2005 (citadas acima) e UNICAMP 2011 (citada abaixo). Confira também a reportagem resumida Tradutor fala sobre conexão poética entre Brasil e Japão (Correio Braziliense, junho de 2013) e o artigo de Vinholes 80 minutos para comemorar 80 anos (v. o anúncio do concerto realizado em 26 de abril de 2013, e detalhes do programa). Entrevistas com o compositor no canal de vídeos lcvinholes.

A professora Thaís Rochefort, mestre em Letras, publicou no Diário Popular (16-06-11) o seguinte artigo sobre Vinholes, obviamente sem suspeitar que ele seria, dois anos depois, o patrono da Feira do Livro.
O compositor, músico e poeta pelotense Luiz Carlos Lessa Vinholes, radicado em Brasília, está satisfeito por haver recebido, há dias, a versão final/oficial da tese que a professora Lilia de Oliveira Rosa [v. sítio profissional] defendeu na UNICAMP, dia 24 de fevereiro de 2011 [Três peças aleatórias de L. C. Vinholes numa abordagem pedagógica para criança]. 
O trabalho de Lilia, que fica além de todas as expectativas, apresenta, discute e explora as possibilidades oferecidas por três obras de 1961, 1962 e 1979 do mestre pelotense e cria o sítio L. C.Vinholes para divulgar o trabalho que, há muitos anos, o compositor vem desenvolvendo principalmente no campo da música. O espaço virtual pode ser visitado e recebe comentários e críticas, principalmente, daquelas pessoas envolvidas com o complexo e fascinante estudo da produção musical. 
Mário Maia, L.C. Vinholes e Úrsula da Silva, em 2011
Antigo colaborador do Diário Popular, Vinholes iniciou seus estudos no Conservatório de Música de Pelotas, continuou-os em São Paulo, com o apoio de uma bolsa concedida pela prefeitura (gestão de Mário Meneghetti), e lhes deu seguimento no país e no exterior, onde exerceu missões culturais e diplomáticas em diversas embaixadas. 
Pioneiro da música aleatória no Brasil e introdutor da poesia concreta no Japão, Vinholes é conhecido pela obra produzida e consagrado por sua cultura. [...] 
Há poucos meses, Vinholes doou sua biblioteca particular de dez mil volumes a diversas instituições brasileiras, como o Arte na Escola (Pelotas), o Instituto de Cultura Japonesa da PUC (Porto Alegre) e a Casa das Rosas [v. nota]. 
Thaís de Almeida Rochefort


Fotos: CB (1), DM (2), PAE (3)

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Vicente Pimentero, cozinheiro de eventos binacionais


A agência Maria Bonita Comunicação (veja seu canal de vídeos) tem registrado uma série de músicos locais e visitantes, no gênero popular. Um deles é o uruguaio Vicente Botti, que mora em Pelotas há anos e criou em 2007 a banda Pimenta Buena (v. Facebook), junto a colegas brasileiros.

No vídeo acima, publicado esta semana, a praça Coronel Pedro Osório como cenário natural, visto do piso superior semiabandonado de um café central. Maria Bonita descreve Vicente com as seguintes características:
O hibridismo entre a latinidade do pampa, a vivência em Pelotas, com passagens em Jaguarão, berço uruguaio e soma de referências na musicalidade brasileira...
O músico tem participado em criativos projetos culturais que usam a música para dar sabor e "calentar" o ambiente humano na região, como a própria Pimenta Buena, o restaurante Madre Mia e o Poesia no Bar. Com o nome artístico de Vicente Pimentero, ele se apresenta como compositor e produtor cultural, e em cada espetáculo ele é o vocalista de suas músicas, geralmente em espanhol. Um de seus sucessos é "La Celeste", hino dedicado à seleção uruguaia de futebol, apresentado em 2010 no restaurante Mercado del Puerto (v. notícia)

Acompanhe aqui uma entrevista mais longa de Vicente, realizada em 2012 pela jornalista Ediane Oliveira (13 min). Abaixo, o documentário oficial da Pimenta Buena, elaborado pela produtora pelotense Moviola Filmes em 2008.

domingo, 29 de junho de 2014

Corações unidos: isso muda o jogo

Para esta Copa do Mundo, o Banco Itaú preparou o curta-metragem Brasileiros de Coração, com 9 miniepisódios filmados ao longo do Brasil. A apresentação por partes começou há dois meses e esta semana foi divulgado o filme completo (vídeo abaixo).

O documentário de 15 minutos mostra 9 brasileiros apaixonados pela Seleção, cada um por um motivo especial. Cada personagem doa ao time canarinho as batidas de seu coração, gravados numa bola, conformando assim uma Batucada de Coração, com 200 milhões de torcedores.

Um deles é Aldyr Garcia Schlee, que há 60 anos desenhou, mediante concurso, o atual distintivo e a camiseta oficial do futebol nacional. O 5º episódio, "O pai da camisa", é o mais visitado pelos internautas, hoje com mais de 5 milhões de visualizações. Neste blogue sobre Pelotas, onde Schlee também é uma celebridade há muitos anos, seu nome já foi citado em 30 postagens (confira aqui).


Cada fanático ensina sua fórmula para o sucesso no jogo, para fazer as coisas darem certo (vale para a vida em geral). Clique nos títulos para ver os clipes (entre 2 e 3 min cada) na sequência em que foram lançados (ordem diferente do filme completo).
  • 1 O colecionador: O paulista José Renato preserva e enriquece uma coleção, iniciada por seu avô nos anos 30, com tudo o que tem a ver com a Seleção.
    "Passar esse orgulho de geração em geração".
  • 2 Mulher do galo: No Rio de Janeiro, Maria de Lourdes veste seu galinho Fred Pereira da Silva com as cores da bandeira nacional e o tem como talismã.
    "Juntar todo mundo para torcer pela Seleção".
  • 3 O locutor: No município de Westfália (RS), Ido Alhert cultiva o idioma alemão divulgando o amor pela Seleção Brasileira.
    "Ser brasileiro de coração".
  • 4 O roupeiro: O carioca Rogélson Barreto está em sua 6ª Copa como ajudante da Canarinho. No vestiário, ele mentaliza as vitórias, amaciando chuteiras e falando com elas (v. nota do Globo e vídeo da Record).
    "Sentir-se parte da Seleção".
  • 5 O pai da camisa: O gaúcho Aldyr Schlee [chlê] conta como chegou a desenhar a camiseta Canarinho, que até 1954 era branca.
    "Ter amor à camisa".
  • 6 A promessa: Conheça o que o fanático campinense Nelson Paviotti fez em 1994 ante o Tetra e o que ele promete se a Seleção conquistar o Hexa em 2014.
    "Defender as nossas cores".
  • 7 O pai do gol: O mineiro José Silvério é locutor esportivo há 51 anos (está na Wikipédia).
    "Soltar a minha voz".
  • 8 O sincretista: O baiano José Rogério Oliveira tem, em seu radinho de pilha, um altar cheio de "santos", um time celestial que torce pela Seleção.
    "Acreditar".
  • 9 Desde menino, David Luiz Moreira Marinho sonhava que seria jogador da Seleção, e hoje é zagueiro da Canarinho. É o que conta a família que o viu crescer em Diadema (SP).
    "Se doar pela Seleção".

domingo, 9 de junho de 2013

Cronista de arte há 60 anos

Francisco Dias da Costa Vidal
(foto tomada pela neta Potira aos 3 anos)
Em 2013, o psicólogo Francisco Dias da Costa Vidal completou 60 anos como colaborador do Diário Popular. Seu primeiro trabalho nesse jornal abordou a atuação do pianista franco-suíço Sebastian Benda, que residiu no Brasil de 1952 a 1981. O recital foi organizado em abril de 1953, pela Sociedade de Cultura Artística, no Conservatório de Música.

Nos anos 50, Vidal assinava com o pseudônimo de Franco Villa. Até hoje, ele já publicou uns 3 mil artigos, entre crônicas de viagens, críticas de arte e notas sobre educação e psicologia. Hoje (9) ele completa 84 anos de vida.

Confira nesta postagem: 
  • transcrição do artigo publicado em 1953, 
  • link de um relato em áudio sobre a vida do pianista, 
  • um vídeo em que Benda (1926-2003) toca com seu filho violoncelista (brasileiro), e 
  • artigo de Clayr Lobo Rochefort sobre os 50 anos de atividade do cronista.

Sebastian Benda

Capa do programa do Sarau nº 146
da Sociedade de Cultura Artística
Ainda sob os efeitos da impressionante interpretação musical de Sebastian Benda, aqui concluo não haverem palavras exatas que descrevam esse raro fenômeno de sublimidade em forma de pianista.

É compreensível a existência dessa realidade, porque ela decorre e aparece numa linhagem que já se distinguia e praticava a mesma atividade, lá pelos tempos de Bach.

Mas, se por um lado acredita-se no aperfeiçoamento de uma função e sua transmissão através das gerações, o fato é que se trata de algo de extraordinário, e me atrevo mesmo a afirmar: jamais ouvi um pianista que me impressionasse tanto.

É a segunda vez que recebemos a visita de S. Benda, e desta feita ele se exibiu num programa onde pôde demonstrar a plasticidade da sua arte.

Começou com uma Fuga de Bach — o idolatrado de Frederico o Grande, em cuja corte atuaram antepassados de Benda — que o recitalista coloriu de uma luminosidade interpretativa fora do comum. Aliás, esta uma de suas características: sente-se um colorido vibrante em toda a sua interpretação, constituindo paisagens sonoras de uma nitidez impressionante.

E a agilidade? Sim, esta jamais esteve divorciada da clareza, da sincronia absoluta, da precisão interpretativa, em seus mínimos detalhes. Foi o que generosamente admiramos nos dois Estudos de Liszt-Paganini e na Rapsódia Húngara nº 12. Esteve admirável nos Prelúdios de Gershwin, acompanhando-lhes o sabor característico e o ritmo leve.

Que beleza! Quanta perfeição, senhores! Só ouvindo, para sentir-se até que ponto um ser humano pode atingir o sublime! Uma justeza e uma precisão na técnica e na alma da ação, que, sem exagero, dá vontade de se rir de pura satisfação e encantamento...

O distinto auditório não se conteve e exigiu dois extras, que foram: Rondó Caprichoso de Mendelssohn e Giga de Bach. Nesta última, seus dedos longos e treinados dançavam e — no cruzado das mãos — saltavam com tal elegância e justeza como se fossem autênticos bailarinos clássicos, esvoaçando ritmados sobre o teclado preto e branco. Só este detalhe de execução encheria a noite.

Sebastian Benda: para onde fores, em imaginação te acompanharemos e, em espírito, presenciaremos o teu Êxito inevitável, enquanto, ansiosos, aqui estaremos aguardando o teu pronto regresso.
Franco Villa
Francisco Dias da Costa Vidal
Diário Popular, 23 de abril de 1953

Ouça neste link um relato sobre Sebastian Benda, gravado em 2010 pela Universidade Federal de Santa Maria por ocasião dos 50 anos da instituição. Abaixo, Christian Benda e seu pai, Sebastian Benda, num trecho de "Pohádka" ("Conto de Fadas", para cello e piano), de Leos Janacek.


50 anos de crônica

Na edição de 23 de abril, 50 anos passados, o Diário Popular publicava a primeira crônica de arte de um colaborador que se tornaria assíduo e eficiente nas páginas do jornal. Falo de Francisco Dias da Costa Vidal, engenheiro agrônomo, psicólogo, psicanalista, professor aposentado, aficionado musicista e escritor – o terceiro mais antigo colaborador do Jornal em atividade, depois do ministro Mozart Victor Russomano e do professor Alvacyr Faria Collares. Franco Villa era então seu pseudônimo.

Meu antigo colega de aula, nos sete anos de Colégio Gonzaga, e companheiro de conjunto musical com o saudoso Barbosa Lessa, Mílton Ceia, também já falecido, Germano Pinho e outros, o vi iniciar-se no mister jornalístico pela mão do velho jornalista Waldemar Coufal, cronista de arte do Diário Popular, o mais competente da sua época e certamente ainda não igualado até hoje, em Pelotas. Com Vidal, na mesma época, freqüentavam a "escolinha" de Coufal o Carlos Alberto Motta, que já nos deixou, e o Luiz Carlos Lessa Vinholes, todos amantes da música, do canto, das artes plásticas, do teatro etc.

Impressionante, a forma como o aluno assimilou o estilo do professor, ainda hoje presente nas suas longas e eruditas apreciações sobre os eventos artísticos e culturais da cidade. Culminando, depois de vários roteiros turísticos, Vidal lança um livro de crônicas de viagens, muito elogiado por seu conteúdo cultural, pela riqueza de informações e pela leveza do texto.

Recordo que, iniciando suas andanças por Santiago do Chile (publicou um série infindável de crônicas sob o título "Santiago outra vez..."), Vidal acabou apaixonado pela capital e pelo Chile todo, de tal modo que lá foi encontrar sua cara-metade, a Ana Elisa, sua companheira de mais de 40 anos. O casal tem cinco filhos e é pioneiro do Movimento Familiar Cristão. Mas, Vidal e Ana não apenas pregam, senão que constituem singular exemplo de vida a dois, dedicada à prole, aos amigos, à comunidade.

Como colega e amigo de tantos anos, companheiro de lides jornalísticas e irmão do mesmo credo, envio ao Vidal, por este meio, um cordialíssimo abraço, que por certo lhe darei em pessoa, bem assim em seus familiares, no dia 27, quando o Conservatório de Música da UFPel lhe prestará justa homenagem. Ao cumprimentá-lo, o Diário Popular expressa seu reconhecimento a Francisco Vidal pela prestimosa colaboração de todos esses anos.

Clayr Lobo Rochefort, Jornalista
Diário Popular, 23-4-2003

domingo, 7 de abril de 2013

Pesquisa sobre afrodescendentes peruanos


As pesquisadoras brasileiras Gabriela Watson e Danielle Almeida vinham estudando, por separado, a realidade dos afrodescendentes e decidiram reunir o material num documentário de 45 minutos (acima, nota do Jornal da Gazeta).

Denominado "Nosotros, Afroperuanos", o filme foi exibido ontem (6) em São Paulo, no Memorial da América Latina. Também houve um debate com as produtoras-diretoras, e uma apresentação musical de Danielle Almeida e o coletivo Insorama, com canções afro-peruanas (detalhes no anúncio à esq.).

O documentário estreou no 6º Encontro de Cinema Negro, em novembro de 2012, o único encontro brasileiro que reúne cineastas negros de toda a diáspora. Também foi exibido no Centro Cultural de España, em Lima, e na 2ª Muestra de Cine Independiente de Osorno, no Chile.

Após a apresentação em São Paulo, já existem outras em vista, sempre com o fim de estimular a discussão sobre a questão racial e sobre a aproximação entre as nações latino-americanas.

Danielle Almeida, que é bacharel em Música pelo Conservatório da UFPel, está há mais de nove anos estudando sobre cultura negra latino-americana, com foco no aspecto musical. Em 2011 ela foi pesquisar no Peru, sem saber que, meses antes, Gabriela havia abordado a realidade da população negra nesse país do ponto de vista jornalístico. Formada em Comunicação Social, desde 2006 ela produz reportagens sobre a cultura afro-brasileira, e desde 2008 visita cidades afro-peruanas. 

Gabriela Watson e Danielle Almeida
Inicialmente, em 2011, Gabriela pretendia fazer uma reportagem curta, mas a grande quantidade de filmagens que as duas pesquisadoras geraram permitiu preparar um documentário mais longo.

Em 2012 e 2013 elas voltaram ao Peru, com recursos próprios, e ampliaram sua pesquisa, agora com apoio de ONGs e do Consulado do Peru no Brasil. Veja mais informações sobre este trabalho no portal Afro Press.
Imagens: Rose/Pérola Negra (1) e G. Watson (2)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Padre Carlos, cem anos de vida

O padre Carlos era alemão de nascimento, educou-se na Bélgica mas sua formação religiosa foi no Brasil. Viveu entre nós de 1930 a 1970, voltou ao país natal, onde também foi pároco, mas quis passar seus últimos anos em Pelotas, de 1989 a 2004 (notícia de sua morte). 

Foi homenageado em 2003 (v. artigos Padre Johannes comemora 90 anos, de 25-02, e Catedral homenageia Padre Carlos, de 12-03) e várias vezes de forma póstuma: em 2006 foi dado seu nome ao salão de eventos da Casa da Criança (v. nota) e há algumas semanas formou-se uma comissão para preparar o centenário de seu nascimento, que se completa hoje (25 de fevereiro). Cláudio Milton Cassal de Andrea, membro da comissão, publicou há uma semana o artigo abaixo.



Padre Carlos Johannes – Um Homem Santo

No dia 26 de janeiro deste ano [2013] a senhora Maria Eulalie Mello Fernandes escreveu um artigo de muita sensibilidade [Padre Carlos Johannes – Um Homem de Deus]. Como discípula e orientanda espiritual, como ela mesma afirma, ressalta todas as suas virtudes, chamando-o de Mestre ao conectá-lo com diversas passagens do Evangelho. [...]

Seguirei em outra direção, mostrando-o aos leitores [em] passagens de sua vida [e em] seus serviços prestados à comunidade, que o venerava por sua Santidade. Quem não teve a Graça de conhecê-lo, fatalmente perdeu de se aproximar de uma figura ímpar, de um verdadeiro Homem Santo.

Da Alemanha a Pelotas, duas vezes

Pe. Karl Sebastian Johannes aportuguesou nome.
Ele nasceu em Merzig na Alemanha no dia 25 de fevereiro de 1913. Fez seus primeiros estudos na Congregação de La Salle na Bélgica. Com 17 anos desembarcou em Pelotas motivado por uma fotografia do Colégio Gonzaga levada por um Lassalista que aqui estivera.

É de se imaginar a fibra, a perseverança deste jovem que abandona sua pátria, se distancia da família e parte para o desconhecido. Após seus estudos, em 7 de dezembro de 1946 recebeu a ordenação diaconal pela imposição das mãos de Dom Antônio Zattera – Bispo de Pelotas – e exatamente um ano após, foi ordenado presbítero.

De 1970 a 1989 retornou à Alemanha, onde foi vigário na Diocese de Trier. Neste período conquistou sua aposentadoria e retorna a Pelotas, pois segundo suas próprias palavras, quando do recebimento do título de Cidadão Pelotense [veja lei municipal], seu foco se voltava sempre para esta cidade que tão bem lhe acolhera, para se colocar a serviço do povo necessitado que ele escolheu para Amar.

Um missionário do amor

Não deixava de celebrar missas em sua paróquia de sua cidade. Era tanta a credibilidade que ele transmitia que os paroquianos, ao terminar a Missa, colocavam em seus bolsos euros, os quais transformava em obras aqui na sua diocese.

Eis algumas delas: o grandioso Cenáculo, a Capela do Bom Pastor, a Capela (abaixo) e uma ajuda importante no restaurante da Sociedade São Vicente de Paulo, a maquinaria da fábrica de lençóis da Casa da Criança São Francisco de Paula e a presença financeira sempre em boa hora ao Instituto de Menores, Instituto São Benedito, comissão de obras da Catedral e muitas outras.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Edson Luís passa à TV Câmara

Edson Luis Planella deixa o Linha Aberta
O jornalista Edson Luís Planella (está no Facebook) é uma das vozes que identifica a R.U., Rádio Universidade Católica de Pelotas, especialmente como narrador de futebol. Há uma semana ele fez o último "Linha Aberta" de 2012 e nos primeiros dias de suas férias foi chamado para coordenar a TV Câmara (confirmado por Edson).

A notícia foi dada ontem (4) por seu substituto Wolney Rosa de Castro, que aceitou voltar ao programa somente por janeiro. Como Wolney se define já "aposentado", a Rádio terá que achar outro apresentador para o espaço das 10h ao meio-dia.

Em 2012, Edson Luís convidou-me a falar aos ouvintes sobre minha área de trabalho, a psicologia. Cada quarta, de junho a dezembro, enfrentei as suas inteligentes e improvisadas perguntas sobre o comportamento das pessoas, principalmente em relação à violência doméstica. O contato inicial  tinha sido feito em maio, numa visita ao programa de duas gerentes municipais (Denair Rosa, da Casa de Passagem/SMCAS, e Maria José Garcia, de Projetos Especiais/SIS), as quais divulgavam informações sobre o Fórum de Discussão Permanente sobre Violência Doméstica e Familiar, no qual participei de maio a dezembro.

Fernanda Puccinelli, anterior coordenadora da TV Câmara, passou a ser a jornalista da presidência da Câmara Municipal, segundo informação do Diário da Manhã de hoje (5). Antes dela, estava o jornalista Luís Antônio Caminha, que agora é o assessor de comunicação do prefeito Eduardo Leite.
Foto: F. A. Vidal

POST DATA
7-01-13
Diário da Manhã de hoje diz que Fernanda Puccinelli é a jornalista "responsável por toda a comunicação do Legislativo, inclusive da TV Câmara".

sábado, 6 de outubro de 2012

Padre Affonso Bandeira

O pelotense Affonso Mazzara Bandeira faleceu ontem (5), aos 86 anos, em sua residência. Era o mais antigo dos sacerdotes formados no Seminário São Francisco de Paula (fundado em 1939, segundo nota da Diaconia Norte). O amigo pesquisador Jonas Klug escreveu hoje a seguinte nota em seu espaço do Facebook, incluindo link para o trecho de Ofertório do Requiem de Verdi (abaixo).

No Santuário de N. S. de Guadalupe,
Distrito da Cascata
Padre Bandeira era mais que um bom cristão, ou um bom sacerdote. Era um dos seres humanos mais íntegros que eu jamais conheci, para quem a verdade, a justiça e, sobretudo, a caridade estavam totalmente acima de quaisquer convenções ou legalidades. Um sacerdote que, por amor à sua fé e à sua vocação, lutou contra inúmeros desvios dentro da própria Igreja, passando, por isso, por duras provas, que enfrentou com bravura, perdoando seus ofensores.

Dono de uma inteligência privilegiada, direcionou-a em primeiro lugar para o estudo dos temas da religião, sendo reconhecido pela profundidade e erudição em qualquer ocasião em que devesse atuar como pregador ou orientador de consciências. Tive o imenso privilégio de desfrutar desse tesouro intelectual e espiritual em vários anos de convívio, além de seus conhecimentos musicais.

Era neto do patriarca da mais tradicional família de músicos de Pelotas, o maestro e compositor João Pinto Bandeira, e filho do também maestro José Duprat Pinto Bandeira, regente da antiga Orquestra Sinfônica Pelotense e maestro-de-capela do grupo orquestral que atuou na Catedral S. Francisco de Paula até meados dos anos 1950, juntamente com seu irmão Domingos, organista. No antigo Seminário Central N. Sra. da Conceição, em São Leopoldo, o Pe. Bandeira, como estudante, atuou como regente da banda e da orquestra.

Pe. Bandeira no dia de seus 85 anos (14-1-11)
Nas últimas duas visitas que lhe fiz, cerca de dois meses atrás, manifestei-lhe minha intenção de recolher suas memórias musicais, ao que ele acedeu, com a humildade de sempre, fazendo pouco de seus dotes. Conversamos por várias horas, e ele mostrou-me fotografias suas com as duas agrupações musicais do seminário, alguns documentos e uma bela foto de seus pais em Rosario, Argentina, aonde seu pai havia ido como violinista de uma companhia lírica italiana e conheceu D. Raquel, sua mãe, filha de imigrantes italianos. Atrapalhado com vários contratempos, não consegui mais voltar lá.

Fica na minha memória um acervo de informações sobre a história da igreja e da música em Pelotas que, certamente, ele não dividiu com mais ninguém da minha geração, registrado com o som de sua voz grave e pausada, seu linguajar impecável e sua expressão fisionômica de franqueza e amizade.

Requiem aeternam dona ei, Domine, et lux perpetua luceat ei. Requiescat in pace. Amen.
Jonas Klug

Fotos: J. Klug (1) e F. A. Vidal (2)

sábado, 26 de maio de 2012

Carruagens fúnebres em restauração


Em novembro passado, a jornalista Maíra Lessa reporteou para a RBS-Pelotas sobre carruagens fúnebres. Num depósito municipal, alunos e professoras do Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis (do Instituto de Ciências Humanas da UFPel) estudam duas delas, doadas à Prefeitura em 1989, tendo em vista um projeto maior de restauração de obras sacras, no valor de 700 mil reais. Em 2003, o projeto ainda estava emperrado em burocracias (v. notícia).

A informação acima já fora dada em agosto pelo Diário Popular (veja a notícia). Na época, a formanda Luciane dos Santos Machado desenvolvia o trabalho de conclusão de curso "A presença de iconografia maçônica nos ornatos das carruagens fúnebres de Pelotas", com a orientação da professora Luíza Fabiana Neitzke de Carvalho.

O tema fora pesquisado anteriormente por Fernanda Brauner Ferreira, na monografia da especialização em Patrimônio Cultural "Carruagens fúnebres: pensando a conservação de um patrimônio cultural pelotense" (UFPel, 2003), com orientação de Mario Osorio Magalhães (leia seu artigo de agosto de 2011 Carruagens e carros fúnebres).

As duas que restam na cidade são a Carruagem Nobre (preta, vinda do Rio de Janeiro em 1853) e a Carruagem dos Anjinhos (branca, trazida da Europa em 1861), ambas fotografadas por Paulo Rossi em agosto passado (acima).

Após ser desativado, o primeiro desses carros teve três reaparições: levando os restos mortais de D. Pedro I no Sesquicentenário da Independência (Porto Alegre, 1972), com os despojos do general Osório (Pelotas, 1993) e como figurante na minissérie de TV "Incidente em Antares" (Pelotas, 1994). Estas últimas informações sobre as duas carruagens encontram-se no Dicionário de História de Pelotas, de Loner, Gill e Magalhães (UFPel, 2010, p. 43-44).


Fotos: P. Rossi (1), blogue Satolepto's (2) e Nauro Jr (3)

domingo, 22 de janeiro de 2012

Clayr Lobo Rochefort

Faleceu este domingo (22) Clayr Lobo Rochefort, ex-diretor do Diário Popular (veja a notícia no sítio do jornal). Nascido em 25 de maio de 1928, chegou de Piratini em 1941 para seguir os estudos médios (no Colégio Gonzaga) e superiores (Curso de Direito). Sua carreira começou como revisor de textos em 1948, época em que não existia o curso de jornalismo no Brasil.

Na década de 1930, o Diário Popular esteve fechado em dois períodos (1932 e 1937), em choque com o Estado Novo, reabrindo definitivamente em 1938, já sem a atuação político-partidária que tinha no início. Clayr veio conhecer o Diário Popular nessa segunda época, de ações sociais, anúncios comerciais, reportagens do cotidiano e colunas de opinião. Também foi redator-chefe do vespertino A Opinião Pública, de 1952 até 1961.

O jornalista entrou na vida político-partidária em 1963, como vereador pelo PSD, sendo, após o golpe militar, chefe de gabinete de Edmar Fetter, quando este foi prefeito em Pelotas (1966-68) e depois, em Porto Alegre, quando Fetter foi vice-governador (período Euclides Triches, 1971-75). Ainda no regime militar, Clayr fez a opção pelo jornalismo, deixando a função política, e radicado em Pelotas. Desde então, passou a conduzir o Diário, em sua terceira fase, de modernização (pós 1977).

Foi sob sua direção que o Diário Popular se pôs em dia com os tempos, deixando atrás os linotipos em favor do off-set, adotando o formato tabloide e a impressão em cores. O jornalista da velha máquina de escrever adaptou-se aos computadores e levou o jornal que nascera no século XIX a um público mais amplo e menos ideologizado.

Em 2002, o redator de editoriais e reportagens tomou posse de uma cadeira na Academia Pelotense de Letras, tendo como patrono o jornalista Antônio Joaquim Dias (leia notícia).

Em 2008, completando 60 anos de atividade no Diário Popular, recebeu homenagens (leia a reportagem com testemunhos de amigos) e em 2010 despediu-se da vida jornalística com o que melhor sabia fazer: um artigo em forma de uma crônica autobiográfica sobre seus 62 anos de trabalho, Jornalismo, escola de vida.

No primeiro semestre de 2011, fragilizada sua saúde, retirou-se do trabalho silenciosamente, como era seu estilo. Em janeiro, contou-me um detalhe que o Diário jamais publicou: desde 1977 estão guardados, numa gaveta, os originais ainda inéditos do livro que o cronista Irajá Nunes havia terminado em vida. O texto foi digitado após sua morte, mas os arquivos digitais ficaram desatualizados e voltaram à estaca zero, ainda esperando edição e publicação.

Hoje (22) Manoel Soares Magalhães anunciou em seu blogue Cultive Ler o falecimento do ex-colega de jornal:
Natural de Piratini, Clayr tinha um jeito interiorano de ser, calmo e pacifico, afeito à diplomacia. Em noites de boêmia, décadas atrás, quieto a um canto, meio aos veteranos do Diário, mais de uma vez ouvi Clayr cantar e tocar violão na companhia de Irajá Nunes, Honório Sinot, Hernani Cavalheiros, entre outros jornalistas, de uma época em que fazer jornalismo confundia-se com romantismo, idealismo. Em sua passagem pela direção da Gráfica Diário Popular, o velho matutino engrenou uma "primeira" e entrou de vez na modernidade.
Leia O guardião da memória de Pelotas, de Clayton Rocha.

Fotos: Diário Popular (1-2), Facebook Rest Bavária (3)

POST DATA 
- 9 maio 2012
Leia o artigo Lição de Amor, da jornalista Iracema de Rochefort.

- 15 fevereiro 2013
Reminiscência de Ubirajara Timm num artigo sobre Clayr e os anos 50.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Vilmar Tavares, fotografado em 2010 (post nº 900)

Em 1 de julho de 2010, o fotógrafo Paulo Rossi improvisou um retrato do colega Vilmar Tavares, enquanto esperavam uma entrevista coletiva no Exército. O jogo de sombras na parede projeta o personagem a um plano superior, como se o víssemos no céu (Vilmar faleceria em 2011; veja nota).

Paulo Rossi postou a foto no Flickr e, na época, o próprio "modelo" ainda comentou:

— A sombra com a luz... atividade e descanso, como a noite e o dia... estrelas refletem nesta bela imagem.

domingo, 2 de outubro de 2011

Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas

O Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas (IHGPel) busca preservar a história do município e levar o conhecimento à comunidade. Seus principais objetivos são conservar a memória étnico-cultural da Zona Sul e desenvolver pesquisas genealógicas e geográficas que revelem fatos marcantes no desenvolvimento da cidade.

Maria Roselaine Santos, atual presidente, informa que o IHGPel foi criado em julho de 1982 por um grupo de pessoas que identificou a necessidade de preservar a documentação da história de Pelotas. O instituto recebe o material por doações e o orçamento provém de 60 associados.

O local (esq.) abriga 80 anos da história de Pelotas, em 4 tipos de acervo: biblioteca, hemeroteca, arquivo histórico e núcleo de genealogia. Há 1500 documentos originais da Câmara Municipal e cinco mil livros que retratam a história da cidade, alguns da época imperial (1822-1889), quando o município investia no patrimônio arquitetônico e na expansão das artes.

A sede do IHGPel recebe visitas de pesquisadores, com agendamento de segunda a sexta (13:30 -17:30), fone (53) 3227 9009 ou na Casa dos Conselhos, Rua Três de Maio, 1060.
Texto tomado da nota IHGPel resgata memória da cidade (17-5-11)
Foto de Marcel Ávila (DP)

sábado, 13 de agosto de 2011

Premiação Trezentas Onças de 2011

Esta sexta-feira (12) o Instituto João Simões Lopes Neto entregou uma nova edição do Prêmio Trezentas Onças (leia no Diário Popular a matéria assinada por Max Cirne). Durante um século, três personalidades ligadas à obra do escritor pelotense receberão anualmente este destaque, instaurado em 2005.

Nesta ocasião as pesquisadoras Lígia Chiappini e Alda Jaccottet e e o empresário Theo Bonow (a partir da esq., na foto) receberam a honraria, que está inspirada no conto de Simões (leia neste blogue Trezentas Onças para a cultura de Pelotas).

Desde 27 de julho de 2011, o Instituto conta com um novo conselho e nova diretoria, presidida pelo advogado Antônio Carlos Mazza Leite (v. nota no Diário Popular).
Foto: Moizés Vasconcellos

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Tia Yolanda Nunes faz 100 anos de vida

A professora Yolanda Nunes completou esta quinta-feira (24) cem anos de vida e foi homenageada por seus entes queridos mediante um testemunho no Diário Popular. Na verdade, é toda a comunidade pelotense que lhe deve uma homenagem em vida. Leia a seguir uma parte do texto.
Precisaríamos reunir rolos e rolos de filmes para poder rodar tanta aventura, tanta luta, trabalho e - principalmente - amor, amor às crianças. Quantas e quantas pessoas passaram por sua vida... Qual é o segredo dessa longevidade, dessa sabedoria, de ter tanto espaço em seu coração para amar tanta gente que foi chegando: uns nascendo, outros se agregando à família, outros trazendo amizade.

Nós, seus familiares e admiradores, queremos agradecer por toda a educação que por ela nos foi dada e pela lição de vida e de respeito que continuamos a ter o prazer de aprender por meio de tão especial pessoa.
Tendo dedicado toda a vida a seu trabalho como professora e alfabetizadora, a Tia Yolanda criou, após sua aposentadoria, a primeira escola infantil particular de Pelotas, o Recanto Infantil.

A história conta que o início foi em 10 de março de 1952, numa sala no Colégio São José. As crianças faziam, em cada um dos cantos, uma atividade diferente, daí o nome “Recanto Infantil“. Começou pequeno e se foi ampliando ao longo do tempo, sem nunca mais desaparecer.

Como escola pré-primária, o Recanto Infantil funcionou num casarão da rua Anchieta, esquina Almirante Tamandaré. Na época, o trecho ao sul da Praça Osório chamava-se Rua General Vitorino. A escolinha funcionava com níveis pré-escolares e algumas turmas do então Curso Primário, hoje Ensino Fundamental. Hoje ali se encontra um condomínio de apartamentos.

Em 1988, Dona Yolanda se "autoaposentou" como diretora - aos 77 anos de idade, depois de 36 anos do primeiro "recantinho" - passando seu empreendimento à professora Clarinda Wieczorek Coutinho, que dirige a Escola até hoje.

Os níveis superiores foram sendo oferecidos gradualmente, para que as crianças seguissem no "Recanto", até que em 1998, já completada a estrutura do Ensino Fundamental, os alunos adolescentes pediram a mudança do nome “Recanto Infantil“ para outro mais significativo para eles. Em votação de toda a comunidade escolar foi escolhido o nome de Castro Alves (veja uma biografia do Poeta dos Escravos).

Há treze anos, portanto, o que foi "Recanto Infantil" se denomina Escola de Ensino Fundamental Castro Alves, sob a mesma direção. A entrada principal (dir.) é pela Rua General Osório 366 (entre Gomes Carneiro e Três de Maio), com acesso aos níveis pré-escolares pela Gomes Carneiro (acima) e berçário Recanto Infantil pela Andrade Neves (informações disponíveis no Histórico da Escola Castro Alves).

Em março de 2012, a iniciativa da Tia Yolanda completará 60 anos. Caberia uma homenagem oficial do Município de Pelotas a sua querida educadora.
Fotos de F. A. Vidal

POST DATA
9-5-2013
Yolanda Nunes faleceu ontem (8), aos 102 anos.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Dez anos do Corredor Arte

Em 18 de setembro de 2000, abria a primeira exposição de artes plásticas no Hospital da FAU. O novo projeto se inseria nos objetivos de saúde mental para pacientes, famílias e trabalhadores do Hospital, numa parceria com o Instituto de Artes da UFPel.

Em setembro de 2009, o marco alcançado foi o das 200 mostras sem interrupção (leia nota sobre os 9 anos). Ao cumprir uma década, o número de exposições quase chega a 220.

Na próxima sexta-feira (17), a atividade comemorativa dos dez anos de exposições será a palestra Arte e saúde: um campo de possibilidades (cartaz à direita). Na sala acadêmica Professor Carlos Saul, do Hospital-Escola, a psicóloga e artista plástica Cynthia Yurgel falará sobre os efeitos benéficos da arte na saúde física, emocional e mental. Os inscritos terão certificado de participação (informações pelo telefone 3284 4944).

Desde hoje (15), o Corredor Arte abriga uma exposição coletiva de mais de vinte artistas que produziram telas especialmente para esta mostra e irão doar parte do valor das vendas para melhoria do espaço de arte. O Movimento dos Artistas Plásticos de Pelotas colaborou na organização desta mostra comemorativa (convite à esq.).

Um dos fatores de sucesso do Corredor tem sido a coordenação realizada pelo departamento de comunicação do Hospital, a Agência Completa, coordenada por Ana Lúcia Brod. A equipe faz um cuidadoso e eficiente trabalho de organização e divulgação das mostras de arte, que em Pelotas é exemplar, e dentro da UFPel é simplesmente o único.