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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

"Zaoris": lendas gaúchas musicalizadas


A Gaia Cultura e Arte estreou a peça poético-musical "Zaoris", de sua produção, na cidade de Natal (RN). A obra foi idealizada por Fernando Keiber para ser exibida em bairros da periferia de Porto Alegre, como uma elaboração teatral dos contos e lendas do pelotense João Simões Lopes Neto. No entanto, o espetáculo teve sua estreia antecipada (e transferida ao Rio Grande do Norte) por ter recebido o patrocínio do Ministério da Cultura como uma das ações culturais durante a Copa do Mundo (v. notícia da Tribuna do Norte).

Fernando Keiber, diretor musical de "Zaoris",
caracterizado como músico da peça
Incluindo nove canções e duas esquetes sobre antigas lendas gaúchas relatadas por Simões há cem anos, a montagem foi encenada cinco vezes em Natal (de 20 a 24 de junho) por quatro atores, seis músicos e mais uma equipe de sete técnicos e produtores (v. resenha no portal Solto na Cidade).

No final do vídeo (acima) são identificados os nomes da equipe, todos gaúchos. Veja outras informações no sítio da Gaia Cultura e Arte e na sua página do Facebook.

O diário natalense Jornal de Hoje (leia notícia) anunciou este evento afirmando que os dois Estados (do sul e do norte) têm semelhanças culturais além das coincidências no nome: tanto no chão sulino como na secura do sertão, impõem-se a tradição pastoril e o uso da poesia como canal narrativo de histórias do folclore regional, escreve o editor. Isto não seria surpreendente se fossem vizinhos, mas estamos falando de uma distância de 4 mil km, em rota de estrada (v. mapa).

"Zaori" não está nos dicionários comuns em português. A palavra consta no "Vocabulário de J. Simões Lopes Neto", de Aldyr G. Schlee (2009), e no "Dicionário do Folclore Brasileiro" (1954), de Luís da Câmara Cascudo, que também se baseia no escritor pelotense (v. no sítio Jangada Brasil).

Segundo a pesquisa de Schlee, os zaoris aparecem 2 vezes nas "Lendas do Sul" (1913): numa descrição das lendas missioneiras e numa citação n' "A Salamanca do Jarau" (seção II). Sobre este livro centenário, leia o post Ciclo marca os 100 anos das Lendas do Sul.

Os zaoris são adivinhos lendários, de acordo ao mito espanhol que os denomina com termo de origem árabe (zahorí tem verbete no DRAE). Segundo a Wikipedia em espanhol, zahoríes são radiestesistas (pessoas que percebem radiações) ou rabdomantes, adivinhadores que encontram fluxos subterrâneos mediante uma varinha ou forquilha.

Uma outra aproximação entre o norte e o sul do Brasil se encontra justamente nos escritores acima citados: o gaúcho Simões Lopes Neto (1865-1916) e o natalense Câmara Cascudo (1898-1986). Mesmo distantes no tempo e no espaço, ambos foram pesquisadores de contos e lendas regionais. A obra e o nome de cada um deles são hoje cultivados por institutos culturais: o Ludovicus em Natal e o IJSLN em Pelotas (v. Facebook).

segunda-feira, 19 de maio de 2014

1º CenaRua

A rua como cenário e a calçada como palco: esta é a ideia do CenaRua, um festival cultural que destaca espetáculos e oficinas de Teatro, Circo e Dança. De 22 a 25 de maio de 2014, as ruas de Pelotas presenciarão o 1º Festival de Artes Cênicas na Rua, organizado pelo Teatro do Chapéu Azul e uma série de parceiros, como a produtora Dalida Artística, artistas independentes e grupos teatrais de Pelotas, Rio Grande e Santa Maria.

Junto à diversão que proporcionará ao público de todas as idades, o evento tem um sentido educativo, voltado para profissionais, estudantes universitários da área artística e comunidade em geral.


As atividades do 1º CenaRua serão no Centro Histórico, com encerramento no Piquenique Cultural, domingo 25 de maio, na Praça Francisco Xavier (rótula da Av. Juscelino Kubitschek e General Neto). Veja aqui os horário e lugares (entre parênteses, carga horária dos cursos e valor por aluno).

22 de maio, quinta

13h-17h – Oficina "O teatro é o outro", com Rodrigo Rocha (R$15). No Museu do Doce (Casarão 8). Informe-se na página do evento.

16h – Matinê dos Palhaços, com Palhaço Tomé e Encompanhia de Palhaços. Na Praça Cel. Pedro Osório. Confira a página do evento.

17h – "A Farsa do Advogado Pathellin". Na Praça Cel. Pedro Osório. Veja a página do evento.

19h – "A Cena na Rua: Experiências, Reflexões e Perspectivas", bate-papo com Prof. Chico Machado (UFPel), Maria Bonita Comunicação, Lóri Nelson, Fabiano Dôres da Silveira e Lara de Bittencourt. No Museu do Doce (Casarão 8). Detalhes na página do evento.

23 de maio, sexta

9h-12h  e 14h-17h – Oficina "Jogo teatral e lógica sensorial" (9h), com Lara de Bittencourt (R$25). No Museu do Doce (Casarão 8). Terceiro encontro no sábado, 14-17h. Página do evento.

Domingo, oficina de Perna de pau
15h – "A gaivota diferente", com a Cia Teatro do Sol (Rio Grande). Na Praça José Bonifácio (Catedral). Página do evento.

18h-21h Oficina "Estilo Tribal, Fusões Orientais e Expressividade", com Morgan Mahira. No Museu do Doce (Casarão 8). Página do evento.

19h-22h – Oficina "Irmandade bufa: Treinamento em bufo", com Fabiano Silveira (R$ 20). Na Casa do Trabalhador, Santa Cruz 2454 (entre Ruas Major Cícero e Dr.Cassiano). Página do evento.

24 de maio, sábado

9h-12h – Oficina "Como nascem os palhaços?" (página do evento), com Lóri Nelson (R$10). No Museu do Doce (Casarão 8).

9h – Oficina "Teatro de Rua" (página do evento), com Cristiano Bittencourt e Marcele Nascimento (R$ 15). Na Praça Cel. Pedro Osório.

10h30-12h30min – Oficina de Fotografia: "Valorização do Registro de Espetáculos de Rua" (página do evento), com Juliana Charnaud (R$ 20). Na Praça Cel. Pedro Osório. Continuação no domingo, no 24º Piquenique Cultural.

11h – Peça "Cont'Ação" (página do evento), com o Teatro Aqui-Agora. Na Praça Cel. Pedro Osório.

14h30min – Apresentações solo: "Cena Dança" (página do evento). Programação: Estilo Tribal, com Morgan Mahira e Clã Luas de Isis.  Na tentativa de contar você, com Taís Botelho. Outonar-se, com Letícia Lupinacci. Na Esplanada dos Artistas, em frente ao Teatro Sete de Abril.

15h – Peça "O Grande Circo Rataplan" (página do evento), com o Grupo MALV (Movimento Artístico Literário de Valorização Teatral). No Calçadão.

16h – Varal de Haikais (página do evento), performance com o Coletivo Arteirxs. Na Praça Cel. Pedro Osório.

16h45 – Peça TabaTaba (página do evento), com a Cia Teatral Aurora. Rua Conde de Porto Alegre, entre João Pessoa e José do Patrocínio (mapa abaixo). Término 17:45.
Localização da casa onde se encenará a pela "Taba Taba"
19h-22h – Oficina "Irmandade bufa: Treinamento em bufo" (9h), com Fabiano Silveira (R$ 20). Na Casa do Trabalhador, Santa Cruz 2454 (entre Major Cícero e Dr. Cassiano). Continuação na tarde de domingo, no 24º Piquenique Cultural.

25 de maio, domingo

9h-12h – Oficina "Perna-de-pau", com Miguel D’Ávila (R$15). No DCE UFPel, Gonçalves Chaves 660 esq. Sete de Setembro. Página do evento.

15h – "A Ida ao Teatro", com o Teatro Universitário Independente (Santa Maria/RS). No 24º Piquenique Cultural.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Elogio da dança


Quando danço entro em êxtase, todo o resto não importa, porque me plenifico. Me dissolvo no universo, me entrego, sinto. Expurgo as dores, sofrimentos, mágoas, me liberto. Vivo a alegria, o amor, o carinho, o querer bem, a vida!

O meu corpo pertence a Deus, as minhas emoções são do mundo, a minha pele arrepia. Através do meu suor, entro em contato com o divino em mim.

A minha alma fala, fala o que a boca não pode mais pronunciar, sou compreendida em todas as línguas e corações. Perco o medo, o receio, deixando transparecer o meu verdadeiro eu.

Se danço contigo, fazes parte de mim, te busco, te procuro, te abraço, te desejo, te amo.

Se danço sozinha, me abraço, me amo, me apaixono, me absorvo, compartilho a minha solidão.

Faço parte da música, da melodia, da criação. Mesmo pequena, cresço, mesmo frágil, me torno forte. Tudo é tão intenso, tão imenso que não cabe em mim. Me esvaio em sensações, morro pouco a pouco nas emoções para renascer novamente em mim, em ti, em tudo que existe!

Dançar é amar da forma mais sublime. Meus pés tocam o chão despertando os sentimentos da humanidade...
Janaína Madruga da Rocha
Janaína é pelotense, formada em Educação Física pela UFPel e professora de dança na Companhia da Dança e na Academia Adágio. Escreveu em 17-08-2011 esta homenagem à dança a partir de sua própria vivência como bailarina há vinte anos, e o publicou novamente neste Dia Internacional da Dança (29 de abril). Fotografia de Cléviston Pierobom.
Fonte: Facebook

sexta-feira, 28 de março de 2014

Amilton Fernandes, celebridade esquecida


Conversando com Kleiton e Kledir num de seus programas em 2011, Rolando Boldrin citou um ator pelotense com que havia contracenado em 1964 na novela "O Direito de Nascer": Amilton Fernandes (1919-1968). Ele foi um dos primeiros galãs da TV brasileira, ou pelo menos o primeiro herói de novela que se fez nacionalmente famoso (v. post Boldrin recebeu Kleiton e Kledir).

Apesar de ter sido uma celebridade por alguns anos e de ter morrido de modo inesperado, não se encontram dados biográficos sobre a origem e os anos jovens de Amilton Fernandes. Os mais velhos não o recordam bem e as gerações atuais nem ouviram falar dele.

Inícios da TV no Brasil

Amilton e Guy Loup, casal central
em "O Direito de Nascer" (Tupi, 1964)
Wikipédia apresenta uma lista de seus trabalhos no início da televisão brasileira, final da década de 1950. Com figuras como Lima Duarte e Paulo Gracindo, Amilton viu nascer a televisão, quando todas as transmissões ainda eram feitas ao vivo, antes da criação do videoteipe (v. histórico). Em 1958, ano em que Amilton estreou na TV, usou-se a gravação de imagens por primeira vez no Brasil, primeiramente sem a possibilidade de edição e montagem. Nos anos seguintes, o ator participou em diversas novelas e séries.

A radionovela "O Direito de Nascer", originalmente escrita em Cuba (v. Wikipedia em espanhol), foi levada ao ar no Brasil em 1951, com mais de dois anos de duração (confira aqui trecho de 2 min) e vozes como a de Paulo Gracindo (1911-1995). Em 1964 foi adaptada como telenovela (audiovisual) pela TV Tupi, no horário das 21h30 (v. Wikipédia).

A fama

Em dezembro daquele ano, o país sob o governo militar, a televisão era uma novidade no Brasil e o público assistiu ao "Direito" com ainda maior entusiasmo do que a radionovela. Os capítulos de TV iam ao ar ao mesmo tempo em São Paulo e no Rio de Janeiro, somente. Em agosto de 1965, o final teve tanto sucesso que o episódio final foi representado no Maracanã e seguiu sendo repetido diversas vezes ao vivo, ante milhares de pessoas, em visitas às capitais em que os atores eram aclamados como ídolos (ouça aqui a música tema com fotos da telenovela).

Leila Diniz e Amilton em
"O Sheik de Agadir" (Globo, 1966)
Imediatamente após "O Direito de Nascer", Amilton Fernandes seguiu na Tupi, com "O Preço de uma Vida", mas o sucesso não pôde ser repetido, apesar dos ingredientes muito semelhantes.

Em 1966, o ator passou à Globo, sendo um dos protagonistas de "O Sheik de Agadir", com Yoná Magalhães e uma jovem Leila Diniz (1945-1972), que teria trágica morte aos 27 anos (como Amilton, que morreria aos 48).

Sem pausas entre as consecutivas produções, o galã permaneceu na Globo, ainda no papel típico do moço rico e bonito de "A Rainha Louca" (1966).

Em 1967, foi passado ao novo horário da novela das oito, "Sangue e Areia" (v. Wikipédia), onde seria o vilão, enquanto o casal romântico seria feito pelas recém-chegadas aquisições da emissora (provenientes da TV Excelsior): Tarcísio Meira e Glória Menezes. Esta última, outra celebridade que nasceu em Pelotas (v. post Glória Menezes faz 75 anos).

O desenlace

Amilton fez o vilão Dom Ricardo,
de Sangue e Areia (Globo, 1968)
Durante o segundo mês desta novela, o ator ficou ferido num acidente de trânsito na zona norte do Rio de Janeiro. Hemofílico, não resistiu às seis cirurgias a que foi submetido, vindo a falecer dois meses depois, em abril, poucos dias antes de completar 49 anos de idade. A novela não podia parar e o roteiro teve que ser reformulado por Janete Clair (v. lista de personagens).

"Sangre y Arena" é um romance de 1908, do espanhol Vicente Blasco Ibáñez, que deu origem a vários filmes de sucesso. O título alude ao drama de um toureiro, dividido entre o amor e a morte, a pobreza e a fama. A adaptação da Globo pôs Amilton Fernandes como um rival amoroso do herói, com atitudes violentas.

Fora do mocinho que se acostumara a fazer, o ator conhecido por sua elegância e gentileza pode ter-se desacomodado do papel de assassino, a tal ponto de perder o controle da vida pessoal e se deslocar, inconscientemente, a uma situação de vítima. É uma possível interpretação dos motivos ocultos para aquele acidente, que levou embora esta celebridade do nosso meio e de nossa memória.

O blogue Astros em Revista reúne mais de 90 fotos de Amilton Fernandes em sua fase célebre, a única da qual temos registros. Veja um trecho de 1 minuto de "O Sheik de Agadir" (Globo, 1966-1967), com o beijo de lado entre Amilton Fernandes e Iris Bruzzi.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Um Príncipe chamado Exupéry

O piloto francês viajou pelo Brasil em voos diários.
Companhia Mútua de teatro e animação, atualmente estabelecida em Itajaí (SC), foi fundada em 1993 e pesquisa o teatro de animação desde 2002, além de dedicar-se ao clown, à pantomima e à narrativa cênica. Os integrantes principais são Mônica Longo e Guilherme Peixoto.

Um de seus 6 espetáculos, “Um príncipe chamado Exupéry” [pronúncia aproximada: ekzu-perrí], está numa maratona de apresentações iniciada no Rio Grande do Norte, algumas das quais acompanhadas de oficinas de animação teatral de bonecos. O Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2012, do Ministério da Cultura, viabiliza a turnê.

A obra se baseia na vida de Saint-Exupéry e no seu  livro "O Pequeno Príncipe" (v. Wikipédia), publicado originalmente em 1943, nos Estados Unidos, em inglês e em francês. O autor se encontrava no exílio desde 1940, após ter participado como piloto francês ante o ataque alemão, na Segunda Guerra Mundial.

No Brasil, a primeira edição do famoso romance é de 1945. Na época, a França estava em ocupação e a edição saiu somente em 1946 (v. artigo "O Pequeno Príncipe"" completa 70 anos).

No Rio Grande do Sul, a Companhia está visitando 4 cidades, cuidadosamente selecionadas: Caxias de Sul (11-3), Pelotas (hoje quinta 13-3), Porto Alegre (dias 15 e 16) e Passo Fundo (19).

Companhia Mútua é fiel à história dos personagens.
A decisão foi apresentar-se precisamente em cidades brasileiras onde, conforme os integrantes e colaboradores pesquisaram, Saint-Exupéry entregou cartas como piloto da Companhia de Correio Aéreo Aéropostale, nos anos 20 e 30, desde Natal (RN) a Pelotas (RS).

Dentro de um hangar construído no teatro, sem uma única fala, é encenada a peça “Um Príncipe Chamado Exupéry”, com capacidade para 60 pessoas e destinada ao público adulto. Desde 2010, a montagem já circulou por 15 estados, participou em festivais de teatro de animação e foi indicada pela Revista Bravo como melhor espetáculo, em fevereiro de 2013.

Em Pelotas, serão feitas duas apresentações no Tablado da UFPel (Almirante Tamandaré 275, com Alberto Rosa), às 19h e às 21h. A produção local é de Alexandre Mattos ( 8116 0377).

Manoel Jesus

Pois é uma pena que os pesquisadores tenham achado e recuperado, ao sul da França, os destroços do avião de Saint-Exupéry, o pai do Pequeno Príncipe. Ainda bem que não encontraram seu corpo, ou o que dele deve ter sobrado, já que ficou submerso desde julho de 1944 - cerca de 60 anos - quando o piloto francês deixou a Córsega para uma missão de reconhecimento da mobilização das tropas alemãs, em continente europeu.

Na verdade, verdade pura, que é a verdade da imaginação, sempre acreditei que, num determinado momento, antes do final, o Pequeno Príncipe (aquele que caiu na Terra, encontrou um aviador e procurava um amigo) apareceu junto ao ombro de Saint-Exupéry, espiou para fora e, vendo a tempestade que se aproximava, disse:

O mítico Antoine de Saint-Exupéry, autor e personagem
– Tens certeza que não queres voltar comigo para o meu planeta?

O aviador sorriu e perguntou se ele tinha uma outra rosa em seu pequeno mundo. Entre perplexo e surpreso, o garoto disse:

– É bem possível que sim. Faz tanto tempo que estou longe de casa!

E partiram. Mergulhando nas águas do Mediterrâneo, procurando uma tumba silenciosa e o melhor caminho para retornar ao pequeno planeta que, até hoje, os astrônomos teimam em procurar entre as diversas constelações. Esquecem da máxima com que Saint-Exupéry encerra sua obra maior que é o Pequeno Príncipe:

– E gosto, à noite, de escutar estrelas. É como ouvir quinhentos milhões de guizos...

Aí, exatamente, reside a única orientação astronômica dada pelo Pequeno Príncipe, recebida na conversa que teve com a sua amiga raposa: "Só se vê bem com o coração". E dá um desfecho capaz de sensibilizar até os mais céticos: "O essencial é invisível aos olhos".

E, então, já não há outro caminho que não seja o de dar valor aos pequenos grandes prazeres da vida. Podemos encontrar a beleza da obra deste aviador, que viveu tão intensamente seus 44 anos, quando nos damos conta que o sentido maior do viver está em encontrar prazer nas coisas simples: como uma rosa que se cultiva, uma amizade que mostra sua cumplicidade até no olhar, a possibilidade de poder olhar para as estrelas ou, quem sabe, um carneiro que se precisa cuidar para que não coma a única rosa existente no planeta.
Diário Popular, 19-4-2004
Imagens da web

POST DATA
13-3-14
Veja o post Saint-Exupéry esteve em Pelotas?

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Oficinas de circo no shopping


O Grupo Tholl ministra em janeiro oficinas circenses para crianças, todos os dias desde hoje (16) até fim do mês. O programa também inclui exposição de figurinos usados nos espetáculos e, nos fins de semana, apresentações especiais dos integrantes do grupo (v. notícia do Grupo Tholl).

A atividade pertence à Escola de Circo Tholl e se realiza gratuitamente, no Shopping Pelotas por primeira vez, defronte às Lojas Americanas (estacionamento pelo dia: R$3). Atenção à futura mudança de preços para carros, com cobrança eletrônica, ainda sem data precisa (R$3 por 4 horas, mais 1 real por hora adicional), segundo notícia do Diário Popular.

Tholl vai aonde está seu público e capta futuros integrantes.
Foto: P. Rossi 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Semana do Folclore 2013


Dia Mundial do Folclore: 22 de agosto. PROGRAMAÇÃO EM PELOTAS.

Segunda 19 de Agosto

14h Oficina de Danças e Brincadeiras Folclóricas. Responsáveis: Cleyce Colins, Tauana Oxley e Sandra Silva. Local: Escola Dr. Francisco Simões (Quinze de Novembro 263).

Terça 20 de Agosto

14h Oficina de Danças Folclóricas. Responsáveis: Profª Gislene Barboza de Campos e Prof. Antonio Décio. Local: E.E.E.F. Professor Luis Carlos Corrêa da Silva (Dr. Arnaldo da Silva Ferreira 100, Fragata).

19h Webconferência “Possibilidades Pedagógicas para o Ensino do Folclore”. Responsável: Profª. Rose Miranda. Local: Agência da Lagoa Mirim (Lobo da Costa 447, ou acesso de qualquer computador conectado).

Quarta 21 de Agosto

9h Folclore no Poéticas. Responsáveis: Profª. Eleonora Santos e Ana Teresa Souza. Local: Sede da antiga CTMR.

10h e 15h30 Vivências de Capoeira Angola. Responsável: Prof. Cláudio Baptista Carle. Local: E.E.E.F. Professor Luis Carlos Corrêa da Silva (Dr. Arnaldo da Silva Ferreira 100, Fragata).

14h Encontro de Dança e Cultura - O Grande Tambor. Responsável: Mônica Borba. Local: Escola Dr. Francisco Simões (Quinze de Novembro 263).

14h Oficina de Danças e Brincadeiras Folclóricas. Responsáveis: Cleyce Colins e Sandra Silva. Local: Instituto Nossa Senhora da Conceição (Barão de Butuí 352).

Quinta 22 de Agosto

14h Oficina de Danças Folclóricas. Responsável: Profª. Jaciara Jorge. Local: EEEM. Cel. Pedro Osório (General Osório 818).

19h Palestra “O Corpo no Carnaval de Rua de Pelotas” com Prof. Thiago Amorim. Responsável: Profª. Viviane Saballa. Local: Auditório da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPel (Benjamin Constant 1359)

Sexta 23 de Agosto

16h Oficina “Percussão, Corpo e Movimento”. Responsáveis: Profª Carmen Anita Hoffmann e Prof. Zé Everton. Local: Tablado (Almirante Tamandaré com Alberto Rosa, prédio dos Cursos de Dança e Teatro).

19h Oficina de Repertório Musical Folclórico para Professores de Educação Infantil. Responsável: Profª. Isabel Bonat Hirsch. Local: Colégio Municipal Pelotense (Marcílio Dias 1597)

19h30 Diálogos Contemporâneos “Desafios de Resistência Étnico-Religiosa Hoje”, com Prof. Diego Pereira e Profª Eliane Rubim. Responsáveis: Hélcio Fernandes e Leandro Haerter. Local: Sala 352, Auditório da Faculdade de Educação UFPel (Alberto Rosa 154)

Sábado 24 de Agosto

11h Ensaio Aberto de Danças Brasileiras. Responsável: Prof. Thiago Amorim. Local: Sala do Globo – Prédio UFPel (Alberto Rosa 580, antiga AABB).
Informações: Facebook e nucleodefolclore@gmail.com

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Poema para um teatro calado


Teatral ... Mente

Somos deste teatro ... deusas e deuses
Neste palco estupefacto
Nestes diálogos mal conectados ... sorrisos e choros precipitados

Quando? Onde? Como? Por quê?
Personas sociais ... as quais interpretamos
sem saber/querer

[TRAVESSÃO] O teu fatalismo trágico
: sussurrou Melpômene

[TRAVESSÃO] O teu deboche fatalístico
: retrucou Tália

Quem abriu os sete ... personagens ?
Onde está nosso palco?
Até quando será negado este representar?
... nos será negado ?

A distância entre a vontade de fingir e o interpretar ... há

Afasta-te, Tália
Aproxima-se a tragédia de um povo sem palco

sete ... sete ... sete

Abriu? Reabriu?

Nesse cotidiano palco estúpido
Personagens sociopatas calados ... aturdidos
Neste nosso fatídico espaço cênico

E o que sabemos desta tragédia ?
... que amanhã é um novo dia ...

[TRAVESSIA]

ANASTTACIO N.
São Paulo - SP

Fotos: F. A. Vidal

sexta-feira, 5 de julho de 2013

2º Festival Dança Pelotas

A Associação de Dança de Pelotas organiza por segunda vez o Festival Dança Pelotas, nos dias 5, 6 e 7 de julho de 2013.

O evento é aberto à comunidade em geral, e é de alto interesse para professores e alunos de dança, teatro e educação física. Atende objetivos de ensino e criatividade na área da dança, mercado de trabalho, divulgação, turismo e intercâmbio cultural (v. página do festival).

Além de um Concurso de grupos inscritos (de diversas cidades), haverá uma Mostra de coreografias (somente de grupos de Pelotas), um espetáculo de uma companhia convidada, todos no Teatro Guarani, começando às 18h e terminando à meia-noite (v. programação). Em outros locais e horários, realizam-se um fórum de debates, oficinas e apresentações em bairros.

Domingo (7), 18h: espetáculo de Aldo Gonçalves
O grupo convidado é a Essência Companhia de Dança, do Centro de Arte de Porto Alegre, dirigido pelo professor e bailarino Aldo Gonçalves. A coreografia Dreams for Romance foi criada por ele em 2012 para os 18 anos da Essência, e será apresentada no encerramento do Festival. Em onze canções, o espetáculo mistura com irreverência as técnicas do jazz dance e do balê clássico.

Na sua 1ª edição (julho de 2012), o Dança Pelotas teve público de 4 mil pessoas, cerca de 120 coreografias inscritas, 50 escolas participantes de 17 municípios e dois estados.

Em 2013, 80 coreografias foram inscritas, nas modalidades Ballet Clássico, Danças Urbanas (hip-hop, funk, break e outros), Danças Populares (tango, bolero, samba, salsa, danças inspiradas no folclore e danças étnicas), Dança Contemporânea (incluindo a dança-teatro), Estilo Livre e Jazz.

Os participantes são de Pelotas, Arroio Grande, Bagé, Porto Alegre, Capão do Leão, Jaguarão, Guaíba, Dom Pedrito, Rio Grande, São Paulo e Uruguai.

Ingressos R$ 10 (na bilheteria do Teatro Guarani). No vídeo abaixo, imagens do Festival Dança Pelotas 2012.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

GRUD, um coral de corpos na UFPel


O GRUD é o Grupo Universitário de Dança da UFPel, ligado à ESEF, Escola Superior de Educação Física. Define-se como um projeto de extensão da UFPel, destinado a promover a prática da dança e o intercâmbio cultural entre comunidade e Universidade. Sua coordenadora é a professora Maria Helena Klee Oehlschlaeger (Malê).

Criado em 1993, o Grupo desenvolve as modalidades de dança contemporânea, jazz, sapateado americano, livre, técnicas de composição coreográfica, expressão corporal e improvisação. Em 20 anos de trabalho, já produziu 40 shows coreográficos e participou em eventos de dança municipais, nacionais e internacionais (veja mais no blogue do GRUD).

Assim como os corais universitários, os integrantes do Grupo de Dança da ESEF são estudantes ou provêm da comunidade. No elenco atual estão: Bruna Teixeira Baungarten (curso de Relações Internacionais), Isadora Klee Oehlschlaeger (Direito), Kaio Nascimento e Mariana da Silva (ESEF), David de Lima (Agronomia), Carolina Leal (Dança) e da comunidade: Carolina Estrela, Maiara Borges, Eliane Dias, Everton da Silva, Pablo Deniz e Francine Darley.

O Grupo tem agendamento para todos os meses do ano. Em abril passado, participou do Dia Internacional da Dança, promovido pela Associação de Dança de Pelotas. Ontem (11 de junho), apresentou, no palco da FENADOCE, o espetáculo "Insônia". Em julho, estará no Festival de Dança de Pelotas e no 31º Festival de Joinville, importante encontro mundial de dança.

O Grupo ensaia nas quartas e sextas à noite, na sede da ESEF (Rua Luiz de Camões, 625, Cohab Tablada). Para participar do projeto é necessária alguma experiência com ballet, dança moderna ou, no caso dos homens, danças tradicionais gaúchas.
Fotos e informações: UFPel

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Rio de Sangue, na charqueada

Rio de Sangue é um espetáculo montado pela Cia. de Dança Afro Daniel Amaro, com base na história do negro no Rio Grande do Sul, especialmente em Pelotas, onde existiu a cultura do charque, desde fins do século XVIII até inícios do século XX. Os escravos trazidos da África no anos de 1779 e 1780 contribuíram decisivamente, ainda que de modo forçado, para o enriquecimento econômico e cultural da região, gerando assim um rio de sangue e sofrimento que se estende até nossos dias.

O espetáculo propõe uma análise da alma da cidade, enfocando o simbolismo do sal e do enxofre, presentes na história da indústria do charque e nos tradicionais doces pelotenses. Desde o olhar negro daqueles que aqui nasceram e através do movimento da dança afro, o grupo pretende recontar a história de uma Pelotas negra, feita não só do doce, mas também do sal. O simbolismo do sal e do enxofre na história de Pelotas foi explicado pela psicóloga Rose Mary Kerr de Barros (veja nota), que atualmente segue o curso de formação como analista no Instituto Junguiano do Rio Grande do Sul.


O espetáculo de dança tem montagem única no Teatro Guarani, no sábado 8 (v. cartaz).

Antes disso, haverá dois ensaios ao ar livre, abertos ao público, na Charqueada São João (sábado 1 e domingo 2). Agendar presença pelo fone: 3228 2425 ou pelo sítio virtual da charqueada (link acima).

Intérpretes e bailarinos: Anderson Martha, Carolina Paz, Carolina Rodrigues, Cauã Kubaski, Fernanda Chagas, Janaína Gutierres, Jaqueline Vigorito, Karina Azevedo, Lisia Peixoto, Paula Farias, Thomas Marinho, Thuani Siveira.

Outros artistas e técnicos: Júlio Barbosa (figurino e cenário), Neco Tavares (fotografia), Roger Terres (edição de imagens), Fabiana dos Santos e Victória Amaro (assistentes de direção), Iver Folha e Douglas Passos (contra-regra), Mano Amaro (coreografia) e Daniel Amaro (coreografia e direção artística).
Imagem: divulgação 
Informação: Dalida Artística

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Alívio Imediato, teatro terapêutico

"Alívio imediato" estreou em outubro de 2012
“Alívio Imediato” é um experimento poético do aluno de Teatro Carlos Eduardo Pérola, sob a orientação do professor Adriano Moraes. A peça foi criada dentro do Núcleo de Teatro Universitário da UFPel e estreada em outubro de 2012.

Cada sessão admite 10 espectadores. Desde sua estreia, já houve sete apresentações, que foram presenciadas por cerca de 80 pessoas. Agora, ao longo de maio de 2013, encontra-se em nova temporada, sextas e sábados, sempre na sede do Núcleo (Andrade Neves 1149).

No primeiro ano do curso, Carlos já havia pesquisado o tema “O Trabalho do Ator com Síndrome de Asperger”. Trata-se de uma forma de autismo que altera a afetividade e a sociabilidade, mas não as habilidades de linguagem e fala (v. na Wikipédia).

O próprio acadêmico descobriu no teatro (antes estudava História) uma forma de enfrentar essa síndrome e desenvolver-se como pessoa. Com este experimento, ele propõe entre linhas que o teatro seja um modo de liberação para a pessoa com inibições emocionais e do comportamento.

Na peça teatral, ele obtém "alívio imediato" para algumas inquietações inerentes à síndrome. As palavras centrais são catarse e reabilitação.

De acordo à nota de divulgação (ver no sítio da UFPel), o experimento se realiza numa casa com vários quartos e salas, e o único ator conduz o público pelos cenários, à medida que constrói uma espécie de brincadeira linguística. Ele se diverte com a pronúncia, o movimento e o gesto concreto, sem se importar com os significados nem o idioma usado, envolvendo o espectador nessa diversão e originando, também neste, um "alívio". A atividade permite reflexões sobre a mentalidade infantil nos primeiros anos de vida e sobre a recuperação de transtornos psíquicos.
Andrade Neves 1149, Pelotas

O espaço teatral cria uma dimensão paralela à realidade e permite, assim, em jogos muito básicos, que se realizem fantasias e extravasem dificuldades pessoais. Portanto, esta criação experimental encontra-se mais próxima à psicopedagogia e à psiquiatria, analogamente ao Psicodrama, do que à área literária e dramatúrgica.

O experimento tem direção teatral de Adriano Moraes e Elias Pintanel; cenários e figurinos de Marcelo Silva. Informações e reservas para as apresentações: ufpel.teatro@gmail.com. Veja mais sobre Carlos Eduardo Pérola em seu blogue Alívio Imediato.
Imagens da web

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Os Bacharéis, opereta pelotense de 1894

Instituto João Simões Lopes Neto foi criado em 1999.
Sua casa foi inaugurada em 9 de dezembro de 2005.
A comédia opereta “Os Bacharéis” – com música de Manuel Acosta y Olivera, sobre o libreto de João Simões Lopes Neto e José Gomes Mendes – foi “reestreada” ante uma plateia de convidados na sexta-feira 9 de dezembro de 2005, no Teatro Sete de Abril, mesmo cenário da estreia (v. reportagem do Diário Popular Os Bacharéis continua atual). A apresentação anterior havia sido em 1914, e a motivação central do grande esforço (de pesquisa e de interpretação artística) foi abrilhantar a inauguração, naquele dia, da Casa do Instituto João Simões Lopes Neto.

Não foi meramente uma nova apresentação, mas uma reconstrução de toda a obra, fruto do trabalho esmerado de especialistas do Conservatório de Música da UFPel. Como só se dispunha do texto escrito e de algumas partituras para piano, houve que fazer uma reconstituição, encaixando as falas com as melodias, e uma orquestração de acordo com a original e no estilo da música que se usava nos teatros. Foram assim recuperadas 13 peças dentro da obra completa de 20 canções. Por outro lado, o texto também foi abreviado, para ficar na duração de 90 minutos, sem intervalo.

Se hoje já não é fácil constituir orquestras em Pelotas, em 1894 – sem um Conservatório de Música – deve ter sido uma proeza para o maestro uruguaio Manuel Acosta compor, reger e promover o trabalho orquestral desta obra, além de outras que fazia. Naquele ano, o sucesso de “Os Bacharéis” foi tal, que houve até um convite para levá-la ao Rio de Janeiro.

A esta reestreia que muito honrou Pelotas assistiram altas autoridades estaduais, municipais e do Conservatório, além de artistas como Tarcísio Filho, descendente de pelotenses, e a atriz Carmen Silva, nossa conterrânea. O Sete de Abril não cabia em si de tão orgulhoso; dezenas de cadeiras extras foram necessárias, nos corredores laterais. O público sorria, surpreendido por delicados detalhes – como o programa, por exemplo: um livrinho de 88 páginas, trazendo artigos, documentos gráficos e o libreto completo.
"Os Bacharéis" no Sete de Abril, dezembro de 2005
A história se centra em Pombinho e Caricina, dois jovens que são impedidos de casar, por arte de um bacharel, apaixonado pela moça. A razão aduzida pelo advogado é um enredo de parentescos, abrindo-se então um leque de motivos para satirizar os costumes da época, que ainda são da nossa: a fofoca e a hipocrisia, a malandragem de políticos, a relação de domínio entre marido e mulher, a Igreja “em cima do muro” etc. Passam os anos, Pombinho estuda Direito e termina descobrindo, como “doutor”, que não havia impedimento legal para casar... Que retrato do nosso Brasil!

A linguagem original, cheia de rimas e trocadilhos, foi conservada em grande parte mas se compreendia bem, especialmente com a excelente pronúncia e projeção vocal dos atores, todos gaúchos, dirigidos por Elcio Rossini, que também se ocupou da cenografia e da adaptação do texto. Quando surgia alguma palavra desusada, a expressão cênica, vocal e gestual, muito bem pensada, ajudava a entender e a se identificar com as personagens.

Também pareceu adequado que os atores não fossem cantores líricos, por tratar-se de música ligeira, com o sentido de aproximar ao espectador a mensagem do texto. Daí o seu sucesso tão grande, ontem e sempre.

O maestro Cláudio Ribeiro, que também domina bem a expressão cênica, foi a batuta firme que manteve a agilidade e o interesse em todo momento, conduzindo a sintonia dos doze atores no palco com os dezenove músicos no fosso, imprimindo graça, solenidade ou malícia às mazurcas, valsas, marchas, tango e outros ritmos.

Esperamos que todos os apoios institucionais e os talentos pessoais que temos em Pelotas e no Rio Grande do Sul nos sigam proporcionando joias como esta versão d'Os Bacharéis e o orgulho de ser gaúchos e pelotenses!
Fotos: UFPel (1),  M. Vasconcellos (2)

quarta-feira, 20 de março de 2013

Lobo da Costa nasceu há 160 anos

Tatiana, Marina, Juliana, Ândrea, Lídia e Helen
"A Vida e a Época de Lobo da Costa" é uma montagem teatral de Daniel Furtado, com atuações de Ândrea Guerreiro, Helen Sierra, Juliana Barbachã, Lídia Rosenhein, Marina Machado, Roberta Rangel e Tatiana Duarte, alunas de Teatro da UFPel (esq.), e participações especiais de Vagner Vargas e Carol Pinto (b. vídeo sobre a montagem).

As últimas apresentações serão sábado (23) e domingo (24) às 20h, no Tablado. Já houve duas no fim de semana passado e o público aprovou.

Artes da representação, musicais, literárias e audiovisuais se encontram nesta homenagem ao escritor pelotense que nasceu em julho de 1853 (v. Wikipédia). Sua peça teatral "O Filho das Ondas" (drama em verso, de 1883) tem um destaque especial nesta criação multiartística.

Numa cidade que enriquecia pelas charqueadas, o jovem Francisco Lobo da Costa viu nosso primeiro telégrafo (onde foi seu primeiro emprego juvenil), o Sete de Abril, o Mercado Central, a Praça da Regeneração, a Santa Casa e o Paço Municipal (que pertencia à Câmara, pois no regime imperial o governo era parlamentarista).

O poeta foi contemporâneo do escritor João Simões Lopes Neto (1865-1916), mas não houve diálogo entre esses dois grandes da literatura nacional. Quando Lobo da Costa morreu, aos 34 anos, Simões ainda tinha 22. No primeiro se lê a tragédia do coração; no outro, a tragédia social. Ambos tiveram vidas breves e intensas.

Lobo da Costa morreu em junho de 1888, um mês depois da abolição da escravatura. Partidário da República, não presenciou a caída do Imperador, em 1889, nem conheceu os bondes e os cinemas, fenômenos do século XX.

Retirar senhas gratuitas no local, a partir das 19h. O Tablado fica na Almirante Tamandaré, 275. Informe-se mais do evento por sua página no Facebook.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Imagens do Teatro antes de fechar


Em 23 de outubro de 2009, o Teatro Sete de Abril lotado assistiu ao espetáculo "Assuma Sua Negritude", de Geanine Escobar e equipe, dentro do 3º Encontro de Teatro de Pelotas (veja nota). No palco, Geanine e o percussionista Daniel Simões dos Santos, com cenografia de Aloisio Licht; na plateia e camarotes, alunos de escolas municipais e grupos convidados.

A fotografia é um dos últimos registros do Teatro em atividade, o qual foi interditado em março de 2010 e segue fechado até hoje. Vale a pena recordar a importância da arte e do teatro na educação, para aprendermos a cuidar do que é nosso capital cultural. Veja mais imagens do Sete de Abril no vídeo Espetáculo Assuma Sua Negritude.
Foto: R. Marin (Facebook)

domingo, 9 de dezembro de 2012

Procópio Ferreira e seu maior aplauso

Teatro Guarani lotado, em 2010, no 1º Festival de Jazz
A Geral, acima das 2 linhas de camarotes, foi fechada nos anos 60
O teatro era o Guarany. O ano exato não me recordo, mas devia ser na década de 1940. No palco, Procópio Ferreira e Suzana Negri. Sei que a peça chamava-se “Ciúme”, de autoria de Louis Verneuil.

A casa estava lotada e aquele trabalho teatral tinha a singularidade de ser, todo ele, um diálogo entre os dois protagonistas citados. Procópio estava soberbo e Suzana Negri, experimentada atriz, seguríssima no seu personagem.

Eis que, em determinado momento, alguns engraçadinhos começam a proferir gracinhas lá no “poleiro”, a chamada “geral”, onde os preços eram bem populares. Naquele tempo, excluindo o Capitólio, todos os demais cinemas e teatros possuíam essa dependência, de cambulhada com pessoas que procuravam diversão a baixo custo. Frequentavam-na muitos maus elementos que com frequência prejudicavam o bom filme ou a boa apresentação teatral, com assovios e algumas piadas pesadas, acobertados sempre pela luz tênue do ambiente.

A princípio, Procópio mostrou-se com aparente indiferença e, com sua grande experiência teatral, continuou representando, sem se mostrar agastado com as impertinências. Os recalcitrantes, cada vez mais importunos.

O grande Procópio, então, ergue sua mão direita para Suzana Negri, que com ele contracenava, pedindo-lhe que interrompesse o diálogo. Suzana, frente a uma lareira crepitante, à direita do palco, silenciou e assumiu uma postura digna e elegante.

Procópio volta-se para a plateia, de frente, dando uns passos até a boca de cena. Faz, de início, um breve silêncio, como a medir as palavras, dominando o público, em estado de nervosa expectativa.

Então fala mais ou menos assim: cabeça erguida para a galeria perturbadora:
Biografia editada em 2000 pela Rocco
Senhores, eu sou um artista que ganha para representar. Muito jovem iniciei minha carreira. E enfrentei diversos públicos com minha arte. Daí conhecer inclusive a espécie de público que hoje se manifesta em lugar errado. Desde que a casa esteja lotada, como hoje, eu poderia fazer apenas o meu trabalho e sair daqui satisfeito, apesar do mau comportamento de meia dúzia de cidadãos que por certo erraram a porta.  
Estou a lhes dizer isto, não pela desatenção ao nosso trabalho, meu e de Suzana, mas pelo insulto que estão proferindo com tal conduta, à platéia de Pelotas, que aqui está (apontando para os camarotes), frisas e cadeiras todos estão tomados, literalmente, com que esta cidade tem de mais representativo: esta platéia que, pelo seu elevado grau de cultura é respeitada em todo o País. 
Creiam, eu não me sinto pessoalmente ofendido pelo seu condenável procedimento, a não ser, como já disse, por este público que aprendi a adorar nas diversas vezes em que aqui estive em seu convívio. 
Por isto tudo é que eu, inimigo da violência, prometo-lhes: se não se comportarem adequadamente, em consideração ao meu público, mandarei evacuar as galerias!

Voltou-se para Suzana Negri, e retomou o diálogo da peça, imperturbável. Mas teve de parar novamente por cerca de dez minutos, enquanto ouvia, emocionado, o que talvez tenha sido o maior aplauso de toda sua vida.

Rubens Amador

  • João Álvaro de Jesus Quental Ferreira (1898-1979), o Procópio Ferreira, viveu 80 anos [v. biografia]. Adotou o nome artístico por haver nascido no dia de São Procópio, 8 de julho.
  • Esteve em Pelotas em várias ocasiões, uma delas em 1947, que pode ter sido a referida nesta crônica. Em 1969, foi declarado Cidadão Pelotense pelo Prefeito Municipal (v. lei 1784).
  • A Editora Rocco lançou uma biografia baseada em seus manuscritos: Procópio Ferreira apresenta Procópio.
  • "Ciúme" (1946), com Bette Davis e Paul Henreid, baseou-se na peça de Verneuil (v. sinopse do filme com vídeo do trecho do concerto para violoncelo).

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ator Carlos Simioni em Pelotas

Carlos Simioni, ator co-fundador do LUME (núcleo teatral de Campinas), ministrou por primeira vez em Pelotas a oficina "Da energia à ação". Alunos dos cursos de Teatro, Dança e Música da UFPel aprenderam formas de treinamento vocal e corporal, técnicas de emprego da energia e de expansão do corpo no tempo e no espaço (veja o anúncio), que o mestre de mímica ensina na UNICAMP e em viagens pelo Brasil.

Há dez anos, a jornalista e historiadora Marta Maia entrevistou Simioni para o sítio cultural Barão em Revista (leia o texto). Ao projeto Boca de Cena (abaixo), o ator fala desta experiência em Pelotas.


sábado, 21 de abril de 2012

Arte na Rua, um ato pelo Teatro

A jornalista Joice Bacelo descreveu para o jornal ZH o ato público em prol da reabertura do Teatro Sete de Abril, realizado ontem à noite, ao longo de mais de duas horas (veja no texto abaixo).

Magicamente, a fachada se transformou em cenário e a rua em plateia para que o público pelotense falasse ao seu Teatro, um dos prédios mais antigos desta cidade de 200 anos.

Outro veículo da RBS de Porto Alegre mostrou o evento, mas aí o repórter alterou a data de fundação do teatro (confira no Jornal do Almoço deste sábado). Dados mais precisos na matéria do Diário Popular.

Grupo Tholl dança ao som do coral Linguagem de Emoções, defronte ao Sete de Abril
Mesmo se os 520 lugares estivessem liberados, o espetáculo da noite desta sexta-feira não poderia ter sido realizado na parte de dentro. Uma multidão compareceu em frente ao Theatro Sete de Abril, em Pelotas, onde foi montado um palco para apresentações de mais de 20 grupos de artistas. O evento faz parte de uma série de protestos previstos para ocorrer até a reabertura do teatro – interditado há mais de dois anos por problemas na estrutura.

De cinco em cinco minutos, uma nova atração subia no palco da rua, sem faixas nem apitaço, apenas para mostrar a sua arte. Uma espécie de clamor em sequência por aplausos, como se o barulho das palmas da plateia – que em vez das poltronas do teatro, acomodava-se em cadeiras de praia – fosse acordar o senhor de 180 anos que vive de fachada no Centro Histórico de Pelotas, no sul do Estado. Lanternas e celulares foram usados para iluminar o prédio, como em uma analogia ao ditado de que “pode haver luz no fim do túnel”.

Idealizado por artistas da dança, música, artes cênicas e do circo, o evento Arte na Rua poderá entrar para o calendário de espetáculos da cidade. Pelo menos é isso o que garante a organização, que fez um pacto: usar a arte como forma de protesto pela reabertura do Sete de Abril. Leia a matéria completa no Segundo Caderno de ZH.

Sely Mauricio e seus fantoches engajados
Fotos: Facebook Nauro Júnior (1) e Cynthia Yurgel (2)

domingo, 4 de dezembro de 2011

Bolaxa, o palhaço que pesquisa


O projeto Boca de Cena entrevistou o ator pesquisador Lóri Nelson, para conhecer seus métodos na arte da cena e sua trajetória com o "Palhaço Bolaxa" (veja nota neste blogue). O artista tem uma agenda repleta de apresentações e participações em congressos de teatro, em diversas cidades gaúchas, do Brasil e em países vizinhos.

O projeto Boca de Cena é uma ação de extensão da UFPel que busca ensinar aos alunos de Teatro o uso comunicacional de mídias digitais, com diversos fins: documentar as ações de teatro em Pelotas, fazer pesquisa transdisciplinar, aplicar novas possibilidades às artes da cena, e divulgar os trabalhos dos cursos de Teatro e Dança.

POST DATA (13-02-12): Veja nota sobre o Palhaço Bolaxa.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Mulheres dançam

O espetáculo de dança MULHERES é resultado de uma disciplina do Curso de Licenciatura em Dança, da UFPel. A apresentação será este fim de semana, no Teatro do Círculo Operário Pelotense (v. agenda cultural do blogue).

As seis alunas/bailarinas são criadoras e intérpretes da coreografia, nascida dos seus questionamentos sobre o que é ser mulher hoje. Elas são: Alexandra Latuada, Andressa Bittencourt, Gessi Könzgen, Jaciara Jorge, Mônica Borba e Taís Prestes.

Com suas diferentes visões e experiências, elas buscam encontrar identidades, dentro da grande diversidade do universo feminino: as angústias, as vaidades, a sensualidade, os desejos das mulheres.

A Direção e Orientação Coreográfica é da professora Maria Falkembach. Veja seu blogue Dramaturgia do Corpo.

Sábado (10) e domingo (11), às 20h. Rua Almirante Barroso, 2540. Entrada franca.