quinta-feira, 31 de julho de 2014

Vicente Pimentero, cozinheiro de eventos binacionais


A agência Maria Bonita Comunicação (veja seu canal de vídeos) tem registrado uma série de músicos locais e visitantes, no gênero popular. Um deles é o uruguaio Vicente Botti, que mora em Pelotas há anos e criou em 2007 a banda Pimenta Buena (v. Facebook), junto a colegas brasileiros.

No vídeo acima, publicado esta semana, a praça Coronel Pedro Osório como cenário natural, visto do piso superior semiabandonado de um café central. Maria Bonita descreve Vicente com as seguintes características:
O hibridismo entre a latinidade do pampa, a vivência em Pelotas, com passagens em Jaguarão, berço uruguaio e soma de referências na musicalidade brasileira...
O músico tem participado em criativos projetos culturais que usam a música para dar sabor e "calentar" o ambiente humano na região, como a própria Pimenta Buena, o restaurante Madre Mia e o Poesia no Bar. Com o nome artístico de Vicente Pimentero, ele se apresenta como compositor e produtor cultural, e em cada espetáculo ele é o vocalista de suas músicas, geralmente em espanhol. Um de seus sucessos é "La Celeste", hino dedicado à seleção uruguaia de futebol, apresentado em 2010 no restaurante Mercado del Puerto (v. notícia)

Acompanhe aqui uma entrevista mais longa de Vicente, realizada em 2012 pela jornalista Ediane Oliveira (13 min). Abaixo, o documentário oficial da Pimenta Buena, elaborado pela produtora pelotense Moviola Filmes em 2008.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Adolescente converte shopping em espaço amoroso

Gabriel "H-Biel" Gouvêa está por fazer 17 anos e já se aproxima ao verdadeiro amor. Ele diz não saber o que é estar apaixonado nem quais as decisões que devem ser tomadas nessa situação, mas já percebe que a chave está nos sentimentos.
Um erro que cometi em todos os meus relacionamentos foi me jogar de braços logo no inicio, foi ser apressado e não esperar ver, perceber o que as pessoas realmente são...
Hoje ele gosta de uma menina e, como bom leonino, decidiu arriscar uma declaração em público, deixando seu medo e sua paixão registrados em vídeo. Nos tempos modernos, nada mais público que um shopping center. O jovem pensou assim, sem sequer ver uma relação entre o amor romântico e o mercado comercial.

O que ele não esperava era que o público consumidor não estivesse interessado em comprar as emoções de uma criança a descobrir o mundo. Gabriel é poeta e acaba de impregnar a folha em branco de um Shopping, supostamente não humano nem subjetivo, com as cores fortes de um coração idealista. Seu verdadeiro público está na internet (em duas semanas já tem 11 mil visualizações).

Fonte: Facebook

terça-feira, 29 de julho de 2014

Ecos do passado em Satolep

O fotógrafo Rafael Takaki começou a produzir a série "Satolep - Ecos do Passado", com aspectos de Pelotas em épocas diversas, que ele denomina "portais temporais". Dentro de uma mesma imagem, duas fotos são superpostas, criando um efeito de viagem no tempo, sensação que aliás é muito comum nas pessoas que passeiam pelo centro histórico da cidade.

Nesta primeira montagem, ele superpôs ao atual Teatro Sete de Abril uma antiga fotografia de família, relativa aos filmes que ali eram projetados na ocasião, início da década de 1930. Um deles era o curta-metragem (19 min) "Perfect Day", com o Gordo e o Magro, que mostrava os desastrados preparativos de uma família para um passeio de carro.

É em alusão a esse veículo do filme que a foto foi preparada, ante o teatro mais antigo de Pelotas, já com cerca de cem anos na ocasião. Rafael publicou sua criação no Facebook com este comentário:
Um fato curioso sobre a foto: o motorista do Ford Modelo A é meu tio avô. Na ocasião, queriam um veículo para colocar na frente do teatro para fazer o retrato. Ele topou, mas com uma condição: apenas ele dirigia o carro, e aí está o registro. O Ford permaneceu com ele, estacionado em sua garagem, até seu falecimento em julho de 2000.
Os outros filmes anunciados na foto são "Love among the millionaires" (1930) e "King of the wild" (1931), todos já da era do cinema sonoro (com diálogos audíveis mas com intensa linguagem mímica). Veja abaixo um trecho de 3 minutos da comédia "Perfect Day" (1929), que teve o título "Delícias de um automobilista" (divulgada no cartaz com a chamada "Aventuras de um automobilista"). 

Fonte: Facebook

POST DATA
1-8-14
Na segunda imagem da série, um casal no presente é observado por um homem no passado.
5-8-14 Monumento ao Coronel Pedro Osório, de Antonio Caringi.

domingo, 27 de julho de 2014

Alabê Ôni promove música afro-gaúcha


Nesta terça (29-07) o Sonora Brasil Sesc traz a Pelotas o grupo Alabê Ôni, que está numa turnê pelo Estado. A apresentação será na Biblioteca Pública às 20h.

O grupo Alabê Ôni, formado especialmente para o projeto Sonora Brasil do SESC, é integrado por Richard Serraria, Mimmo Ferreira, Pingo Borel e Kako Xavier. Os quatro músicos se dedicam à recuperação da história do tambor de sopapo, o Grande Tambor, e trazem um repertório de maçambiques, quicumbis, alujás e candombes, manifestações da cultura negra gaúcha ligadas à tradição religiosa. Conheça os músicos no blogue Alabê Ôni e na página do grupo no Facebook.

Há duas semanas o mesmo grupo se apresentou no Largo Edmar Fetter, durante o Mercado das Pulgas (sábado 12-07). Veja fotos no álbum do DP Espetáculo Alabê Ôni.

Saiba mais sobre o tema "Tambores e Batuques" nas Unidades do Sesc/RS, no sítio do Sonora Brasil e na página do evento no Facebook. Conheça

sábado, 19 de julho de 2014

Luísa Kurtz atua no Messias de Haendel

Coral da Cidade de São Paulo e a Orquestra Acadêmica de São Paulo, dirigidos por Luciano Camargo
Neste mês de julho, a soprano Luísa Kurtz se apresenta no Oratório O Messias, de Haendel, na Sala São Paulo (terça 22, sábado 26 e domingo 27), segundo notícia do Ópera Atelier.

Os concertos com a versão integral do "Messias" reúnem o Coral da Cidade de São Paulo, a Orquestra Acadêmica de São Paulo e os solistas Luísa Kurtz (soprano), Luciana Pansa (contralto), Giovanni Tristacci (tenor) e Sebastião Teixeira (barítono), sob regência de Luciano Camargo.

Com ingressos a preços populares, haverá três apresentações na Sala São Paulo, nos dias 22, 26 e 27 de julho, sempre às 21 horas. A pré-estreia, no sábado 19 às 16h (com entrada franca ao público), não inclui a atuação dos solistas (v. página do evento no Facebook).

No sábado 12, as solistas Luísa Kurtz e  Luciana Pansa estiveram na Casa Mozart para um Café Cultural sobre a carreira e os estudos de canto lírico, sobre as oportunidades e experiências do estudo no Exterior e a expectativa para os concertos na Sala São Paulo. A conversa foi mediada por Luciano Camargo, e incluiu uma fala do maestro sobre a obra-prima de Handel (v. nota no portal Concertino). 
Estreado em 1742 em Dublin, na Irlanda, ao longo do tempo o "Messias" firmou-se como uma das obras corais mais conhecidas e apresentadas da música ocidental. 
Cantada em inglês, a obra possui três partes, 17 cenas e mais de 50 "movimentos", entre coros, árias e recitativos. Narra a trajetória de Cristo, do nascimento à morte e ascensão e, no final, deixa uma mensagem de fé e renovação.
São raros os concertos com a partitura integral do "Messias", em parte devido à sua extensão (2h e meia). Isso torna sempre especiais as apresentações completas do oratório, como as três que serão feitas em São Paulo em julho, com os 4 solistas, mais de 200 coralistas e cerca de 44 instrumentistas (leia mais sobre este espetáculo).
Aprecie (vídeo abaixo) My heart is inditing ("Meu coração transborda", do Salmo 45), o último dos quatro Hinos de Coroação, de G. F. Haendel, com integrantes do Coral da Cidade de São Paulo e da Orquestra Acadêmica de São Paulo, dirigidos pelo maestro Camargo.


Para conferir o desempenho das mesmas agrupações de São Paulo em formação completa, veja também um trecho de Carmina Burana, de Carl Orff, em concerto de 2012 na Sala São Paulo.

Como solista, Luísa Kurtz cantou, em dezembro de 2007, a ária para soprano do "Messias" de Haendel I know that my redeemer liveth, com a Orquestra da Universidade de Caxias do Sul, em gravação realizada na Catedral de Santa Teresa. Clique no vídeo abaixo, acompanhe a letra e a tradução (o primeiro trecho é do Livro de Jó, seguido de um versículo da 1ª Carta aos Coríntios).


I know that my Redeemer liveth,
and that he shall stand
at the latter day upon the earth.
And though worms destroy this body,
yet in my flesh shall I see God.

For now is Christ risen from the dead,
the first fruits of them that sleep.


Sei que meu Redentor está vivo
e que no último dia se levantará acima da terra.
Mesmo que os vermes destruam este corpo,
ainda em carne viva eu verei a Deus [Jó 19, 25-26].
Pois agora Cristo ressuscitou dos mortos,
como primeiro fruto daqueles que dormem [1Cor 15:20].

POST DATA
23-07-14
Na primeira foto deste post, acrescentada hoje, aparece cantando o barítono Sebastião Teixeira, com os demais solistas líricos sentados no extremo esquerdo. Abaixo, os quatro agradecem junto ao maestro Luciano. Veja no Facebook mais fotos desta apresentação com solistas, tomadas por José Antônio Vieira. 


Sebastião Teixeira, Giovanni Tristacci, Luciana Pansa, Luísa Kurtz e o maestro Luciano Camargo
Fotos: J.A.Vieira

quarta-feira, 16 de julho de 2014

4 poetas locais

O escritor Márcio Ezequiel lança novas edições do Terapia Literária, miniprogramas de 1 minuto sobre literatura para a Rádio Com. A gravação com os primeiros poetas (homens) e suas produções foi feita em vídeo pela agência Maria Bonita Comunicação, com imagens de Márcio Costa. O áudio já está indo ao ar pela Rádio Com. Confira abaixo os poemas nas vozes de seus autores: 
  • "O Corpo": Márcio Ezequiel
  • "Tempo de Nascer": Alvaro Barcellos
  • "Dona": Daniel Moreira
  • "Tenho": Rogério Nascente

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Biblioteca abre setor de literatura uruguaia


A Biblioteca Pública Pelotense (BPP) convida para a inauguração do Setor de Literatura Uruguaia, com atividades na sexta-feira 18 de julho:
  • Às 11h, o ato formal de abertura ao público. A sala, que fica no térreo da BPP, tem cerca de 60 metros quadrados.
  • Às 18h, Conversa Sobre Literatura Uruguaia, com Aldyr Garcia Schlee. O escritor publica nos dois países e nos dois idiomas, e é entusiasta pesquisador da cultura de fronteira.
O apoio institucional neste evento da BPP é de duas entidades que reúnem os uruguaios radicados na região de Pelotas: o Conselho Consultivo local (Pelotas e Região) do Departamento 20 e a Associação dos Uruguaios Residentes na Pátria Grande (AURPAGRA).

Literatura Uruguaia, novo setor da Biblioteca
A criação do Setor de Literatura Uruguaia é uma iniciativa que dá continuidade ao grande Projeto Cultural América e Pampa, iniciado pela BPP em 2003. Contando com o apoio da comunidade uruguaia residente, o projeto tem em vista a interação cultural com a América hispânica e, em particular, com o vizinho Uruguai.

A preparação do novo espaço foi acompanhada pela bibliotecária Luciana Franke Nebel, Aldyr Schlee (convidado especial na inauguração) e Eduardo Pereira, representante da comunidade uruguaia em Pelotas (dir.).

Sociedade civil fundada em 14 de novembro de 1875 (época imperial) por um grupo de republicanos, a Biblioteca Pública Pelotense oferece acesso público e gratuito a um acervo de cerca de 200 mil livros e a uma coleção de 30 mil periódicos, que cobre 140 anos de história, de forma contínua. O centenário prédio da Biblioteca foi construído em etapas entre 1878 e 1915.


Imagens: BPP

POST DATA
18-7-14, 18h
Veja mais informações na reportagem do Diário Popular A integração pela cultura.

25-09-14
O projeto América&Pampa iniciou a série de Conversas sobre Uruguai e Fronteira, na última segunda-feira de cada mês. 
Em 25 de agosto, na primeira edição dos encontros, coordenados pelo escritor Aldyr Garcia Schlee, o diálogo foi com o professor e artista plástico uruguaio José María Mujica Miralles (dir.).
A próxima conversa será na segunda-feira 29 de setembro, às 18h30.

domingo, 13 de julho de 2014

Semana tem variada agenda cultural


O Centro de Artes da UFPel organizou o Seminário Arte em Pelotas: Contexto cultural, atuação artística, espaços expositivos. A atividade será realizada semanalmente, até a primeira terça-feira de dezembro, no auditório do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo.

O primeiro encontro será às 18:15 desta terça-feira (15-7), com as palestras "Casa Redonda: Simultaneidades afetivas em arte colaborativa", pelo professor Paulo Renato Viégas Damé, e "Elementos ornamentais do ecletismo: relações entre o Rio de Janeiro e Pelotas", pelo professor Carlos Alberto Ávila Santos.

As inscrições seguem abertas até completar a lotação do auditório. São gratuitas, bastando dar nome e telefone no Núcleo de Extensão, na sede da rua Alberto Rosa. A seguinte dupla de palestras será em agosto, no mesmo local.


Em seu quarto ano de atividade, o Ágape Espaço de Arte criou para este mês o Ateliê da Música, uma série de apresentações para grupos pequenos.

A ideia é trazer mais músicos ao espaço da Anchieta 4480, que tem sido mais conhecido pelas artes plásticas, gastronomia e psicologia.

Nesta terça (15-7) às 20h, o trio de Celso Krause (guitarra), Gustavo Barbosa (baixo) e Maurício Veiras (percussão) interpretam a música de Djavan, com a participação especial das vozes de Cibeli Barbosa e Ana Mascarenhas

Reserve no Ágape (3028 4480) pois há somente 30 lugares disponíveis, a R$ 20 por pessoa.

As equipes de Nauro Júnior e Tânia Bellora inauguram esta quarta (16-7) a exposição Expedição FucAmérica, com fotos e vídeos das primeiras aventuras deste projeto, que tem como objetivo percorrer a América do Sul a bordo de um Fusca. Entrada franca.

Acompanhe pela página no Facebook os movimentos de Nauro Júnior e Caio Passos.


Esta quarta-feira (16) no Teatro Guarani (v. Blueticket), o baiano Caetano Veloso (nascido em 7-8-42) manda aos pelotenses um Abraçaço.

O mais recente CD de Caetano foi lançado em dezembro de 2012, contendo a canção com este nome (clique à dir.) e suas sonoras rimas espaço, pedaço, estardalhaço, amasso, palhaço, cansaço, que juntas terminam ganhando mais que um abraço.


Quinta (17-7) às 19h, o jaguarense Sérgio Veleda, que já morou em Pelotas, estreia seu livro Só acredito em um Deus que saiba dançar, na Vanguarda do Shopping Pelotas. O autor é um dos coordenadores da entidade Vale do Ser: Desenvolvimento Humano, Arte, Cultura, Ecologia e Convivência Cooperativa.

Em 408 páginas, o livro apresenta um mapa de trabalho interior a partir do sufismo, em busca de um Deus Devir, um Deus Movimento, um Deus que dança. O título está tomado de Nietzsche (1844-1900) em "Assim Falou Zaratustra", capítulo "Ler e Escrever" (v. trecho).

Mesclando poesia, filosofia e história, Veleda ousa apresentar o poeta Arthur Rimbaud como um sufi, e ligar sufismo e budismo. V. Diário da Manhã.


Além destas atividades, a sexta-feira (18-7) traz opções em literatura e música:
  • a inauguração do novo Setor de Literatura Uruguaia da Biblioteca Pública (11h), 
  • palestra sobre literatura do Uruguai com o escritor Aldyr Schlee, na Biblioteca às 18h.
  • o V Ciclo de Cinema e Filosofia, com o filme Música para os olhos (Brasil, 2006), documentário sobre o músico Cartola, no Centro do MERCOSUL, às 20h. Debate após o filme. Entrada franca.
  • Eduardo Maycá, cantor nativista de Santo Ângelo, traz a música missioneira a Pelotas, com Alzevir Maicá no acompanhamento ao violão: restaurante Mercado del Puerto, QUINTA 21h,
  • idem anterior, no restaurante Rincão Nativo, SEXTA 21h.
Estas 10 atividades não são todas as que se realizam esta semana, mas foram as que conheci de modo antecipado para publicar o post na segunda-feira. As que pude compilar ficam anotadas na Agenda Cultural, página deste blogue. 

sábado, 12 de julho de 2014

Epigramas de Airton Moraes

Desde 2 de setembro de 2012 até o domingo passado (6-07-14), este blogue publicou a cada fim de semana um pensamento de Airton Leite de Moraes no espaço Epigrama de Domingo. Ele foi o segundo autor local que divulgamos neste gênero poético.

O primeiro foi o cronista Rubens Amador, cuja produção inédita de pensamentos tiramos da gaveta durante um ano e meio, desde janeiro de 2011 até agosto de 2012 (confira os Epigramas de Rubens Amador). Seu estilo visita a filosofia dos valores, a espiritualidade, a sabedoria popular e a psicanálise.

Os epigramas podem ser definidos como um coquetel literário feito com doses de humor, filosofia e romanticismo. Para escrever este tipo de minipoemas em prosa, se requer, além do poder de síntese e originalidade, a humildade e o detalhismo de quem se manifesta em pequenas doses. O gênero ficou esquecido pela mídia (mesmo em tempos do Twitter, que somente publica textos de duas linhas).

As 90 frases de Airton foram tomadas de seu blogue Autor Próximo, que arquiva suas colunas esportivas para o Diário da Manhã de Pelotas, e do Facebook, onde ele assina como Moi Aussi. Acompanhe-as a seguir, na mesma ordem em que foram publicadas. Sua produção continua saindo nesses dois sítios, onde ele comenta e ironiza sobre a política brasileira, o esporte, o amor, a existência e o comportamento humano (ele foi apresentado em 2009 no post Vida Norte, jornal pelotense).

O banho das nereidas (Pelotas)

As meninas dos nossos olhos nacionais prostituíram-se!

A virtude está no meio, / com a paixão de permeio!

Nunca vá de jegue a Brasília. Ele pode não retornar!

A dor da gente não sai no jornal... nem do coração!

As notícias violentas de hoje são as tragédias do ontem.

O silêncio dos coniventes / faz os governantes ausentes.

Deus é brasileiro, mas o diabo é dirigente oficial.

Atrás de um grande homem há sempre uma mulher ultrapassando-o.

No mundo de hoje se vê: o passado não tinha futuro!

A seriedade do voto da urna contrasta com a molecagem que outros fazem brotar dela, por quatro anos.

A vida é um livro finito, com palavras efêmeras.

Casa de passarinho (Porto Alegre)
Para tudo há um tempo, menos para as surpresas!

Ninguém volta no tempo, mas ele volta com as pessoas.

A Natureza é um espetáculo e o homem, seu cambista!

Os Humanos pensam ser.../ o que correm para obter.

No Natal, só Jesus recebe menos presentes do que merece.

Em cada homem julgado, a coletividade é mal perdoada.

Eleições: sai a Lei de Gerson e entra a Lei do Gesso!

A paixão cabe nas mãos; a saudade... em todo o corpo!

Mata-se antes a consciência e, após, os recursos naturais.

O povo tem memória: só não lhe dão explicações.

Se não há bê-á-bá, nem á-bê-cê, prolifera o blá-blá-blá.

Supositório popular: corrupção e voto obrigatório.

O grito da sociedade é um solfejo orquestrado e baixo.

Sim, Deus é para todos... mas a sorte não sabe disso!

Poupem-me da melhor idade, porque a terceira idade é um Tsunami, com epicentro no mar das farmácias.

O único olho do Rei furou. Nu, sempre esteve!

Como acordar ao teu lado, se não me deixas dormir?

Cartão Corporativo oculto do Lado Esquerdo do Pleito?

Novas causas não existem. O tempo as traz de volta!

Olhares (Curitiba)

O mundo prende seus loucos nos piores parlamentos.

Alguns brasileiros fazem de coração o que o Governo deveria fazer por obrigação: trabalhar em favor dos desassistidos.

O primeiro celular brasileiro foi um espelhinho europeu. O Arcabuz apenas pôs ordem na fila.

O Poder não precisa de conhecimentos. Portanto, não há surpresa quando os ignorantes mandam. Nivelam-se!

A Economia é uma ciência humana. Os humanos, porém, não sabem disto. Beber água não é saber nadar.

Deixe-se assaltar, deixe-se morrer, deixe que lhe enterrem indigente... ou vote e tenha um kit com tudo isto.

O povo nem reclama tanto de cartolas e dos políticos; apenas acha que eles não prestam... contas!

Um coração em chamas / é o que me resta quando me chamas.

Diplomas, Cartões de Crédito e Corporações não são licenças de fraudar. Mas depende de quem for utilizar.

Diplomas e pimentas só ardem nos olhos alheios, mas misturados deixam um caldo e tanto.

A politicagem federal movida por espetáculos de mídia fazem do país do futebol... um imenso urinol.

Jardim andante
Um sorriso de invulgar beleza é o que me serves... de sobremesa.

Euforia, picardia e verdades fabricadas por poucos... são cobradas em bolso alheio.

Quando o silêncio da sociedade faz barulho, um mau governo vira entulho.

De tanto pensar em sim e não, a razão se apaixona.

É duro ver a bandeira brasileira como um cheque em branco nas mãos dos privilegiados, e como um atabaque nas mãos dos explorados.

A unanimidade só é burra quando não é bem paga.

Ó, Pai, perdoa-os agora... porque já sabem o que fazem!

Olimpismo faz bem aos dedos, mas são os anéis que andam pelos cinco continentes.

Com o desarmamento do povo, só o Governo e os bandidos terão armas. A proporção é desconhecida.

O silêncio agora nem é mais dos inocentes, mas de todos os que ainda poderiam falar.

A história consagrou o pão e o circo. Aqui, no entanto, o circo já nasceu pronto e o governo nem lembra que falta o pão.

Para votar use seu irrisório saber. Os de notório saber, nem sabem de você.

Mariposas só precisam de Luz. Não se apaixone por crisálidas!

Às vezes, contemplar o nosso interior é sair pela vida!

Urnas são sapatinhos de cristal: elas vivem de sonhos descumpridos e eles já vêm quebrados. Sem recall!

Correndo atrás do prejuízo / também se perde o juízo.

Uma parede branca é pura expectativa para quem pinta.

No Brasil, a qualidade desaparece quando, com o nosso voto, as pessoas fazem arranjos e nós ficamos com o custo dos desarranjos.

Quando um não quer, dois não brigam, mas se alguém se meter morrem três.

Um, dois (Curitiba)

Ainda se pode viver bem. Basta esquecer o Passado, desprezar o Futuro e pagar muito pelo Presente!

O Brasil é o melhor lugar do mundo. Enquanto você se ufana, os estranhos e os nativos lhe afanam.

Seu lar e sua casa estão seguros. Os que estão à solta são os que lhe roubam e os que lhe obrigam à clausura.

Penso no que posso e no que devo, esqueço do que quero e do que preciso.

Toda vez que alguém vira especialista em alguma coisa, as demais coisas viram nada ou coisa nenhuma.

Governo é como namoro. Inicia com promessas e com beijos. Termina quando eles desaparecem.

Por melhor que seja a festa, há sempre quem falte.

Na janela, o mundo não mudou, nem o ano trocou de local e data.

A próxima obra grandiosa e superfaturada será o Farol da Liberdade?

Não pergunte ao Governo o que fará por você. Pergunte a quem lhe assalta. Com sorte, ele até responde.

Sem bolo e sem cereja, / somos nós as sobremesas.

Imagem de Pelotas
A paz tem muitos autores; / a violência, muitos atores.

O outono chegou e a vida ficou mais longa.

A vida é muito curta pra quem só conta o tempo!

A política é a arte do agora que se movimenta com celeridade, para inventar as artimanhas do futuro.

Quando a gente implica, / Freud explica.

Rir é o melhor remédio para quem faz a piada. Quem sofre nunca é consultado!

Dizer o que se diz, / nem sempre é ser feliz!

Mesmo com uvas verdes, todos os vinhos são maduros.

Por onde ando, a luz me procura, mas a sombra persegue meus pés!

Não é preciso tanto, nem pouco. Basta o essencial.

Eu ando muito bem, procurando a vida. Espero que ela me encontre.

Quando eu amo dói um pouco!

Urna eletrônica é máquina do tempo. Aperte uma vez e ganhe quatro anos, de imposto e vários desgostos.

Não fuja dos seus arrependimentos. Os prepotentes conseguem e se reeditam.

Eu sei que sou chato, mas já passei por baixo de sua porta.

No trânsito da cidade, os condutores estacionam quando recebem uma mensagem de celular. Seria ótimo, se não fosse... em fila dupla.

Para mau entendedor, frases ou orações inteiras são apenas desperdícios.

Deus é brasileiro, mas os coletores de impostos, não!

Boa memória e boas lembranças, juntas são imbatíveis.

Fuga (Pelotas)
Fotos: Marcelo F. Soares

sexta-feira, 11 de julho de 2014

A linha fria do horizonte, no Canal Brasil


"A Linha Fria do Horizonte" (2014) é um documentário musical, dirigido pelo curitibano Luciano Coelho, que mostra a criação conceitual conhecida no sul do Brasil como Estética do Frio e na Argentina e Uruguai como Templadismo ou Subtropicalismo. No vídeo acima, versão de 8 minutos divulgada na internet em julho de 2013.

O Canal Brasil, que produz o filme junto à Linha Fria e ao Projeto Olho Vivo, divulgou a seguinte resenha.
O brasileiro Vitor Ramil, os uruguaios Daniel e Jorge Drexler e o argentino Kevin Johansen são alguns dos artistas que, por meio de suas criações, cada um à sua maneira, refletem sobre as questões da identidade local e global permeadas pelo frio. Longe do discurso separatista e das padronizações de estilo, trata-se de um filme que mapeia esse universo do Pampa Gaúcho. 
Admirador de Ramil, Coelho resolveu investigar a extensão do impacto das temperaturas mais baixas e dos cenários que as acompanham, na produção sonora não apenas do sul do Brasil, mas do continente. 
Em meio à geada, esses personagens entoam milongas ultrapassando barreiras alfandegárias para discutir, melodicamente, sobre a própria região. Uma música que durante anos foi estigmatizada por sua raiz interiorana, popular e folclórica com trejeitos, temas e sotaques até hoje usados como estereótipos, mas agora tratada de uma forma ampla e universalista.
Assista o filme completo no Canal Brasil na segunda 21 de julho, às 22h, na quarta 23 às 15h, e no domingo 27-7, às 13h30 (v. teaser de 30 segundos). Acompanhe a evolução do projeto em sua página no Facebook. Veja a resenha de Roger Lerina, com dez canções da Linha do Frio. Abaixo, trailer de 3 minutos publicado este ano.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Brasil x Alemanha repercute em Pelotas

Neste 8 de julho, a seleção alemã venceu a brasileira por 7 a 1, a décima maior goleada da história dos Mundiais (Revista Placar levantou a lista top ten). Foi a maior derrota do Brasil nas Copas, agravada a surpresa pelos fatos de (a) ser o único pentacampeão mundial, (b) estar jogando em casa, (c) vir jogando sem derrotas, e (d) cair um passo antes da final, sob a observação de todo o planeta. Por que esta tragédia está próxima de nós?

As cores Os pelotenses viram este jogo com especial interesse, talvez porque as cores dos dois times coincidiam com as do clássico local (Bra-Pel): o áureo-cerúleo do Esporte Clube Pelotas (semelhante ao modelo Canarinho) e o rubro-negro do Grêmio Esporte Brasil (combinação da camisa alemã).

Os técnicos Outra ligação nossa com a Seleção é o treinador Luiz Felipe Scolari, gaúcho que morou e trabalhou em Pelotas, e seu assessor mais próximo há 31 anos, Flávio da Cunha Teixeira, técnico pelotense conhecido como Murtosa.

Os setes A cidade de Pelotas celebrou seu aniversário de fundação no dia anterior (segunda-feira 07-07), e não sonharia que este dígito fosse também o número de gols sofridos pela Seleção. Muito menos que o placar ainda acompanhasse a data, marcando 7+1, igualando o número do dia. Veja outra análise estatística no Facebook.

O cão de rua O cachorro conhecido como Alemão morreu no dia 7 de julho à noite. O cão não tinha ascendência germânica nem era um pastor alemão; seu apelido humanizado se devia à pelagem clara. Rondava lancherias, manifestações e faculdades, e passou seus últimos dois anos adotado por uma universitária amiga dos animais. Tinha dois perfis no Facebook. O fato aparentemente banal foi notícia para o Diário da Manhã (O Alemão nos deixou) e o Diário Popular (Cachorro Alemão morre em Pelotas). Pacífico, sociável e bon vivant, como bom brasileiro.

Alemão (2012)
Fotos: Sol e Camafunga

terça-feira, 8 de julho de 2014

Vítor Ramil lança em Pelotas seu 3º romance

Queridos amigos de Satolep.
Ponto de Interrogação
é personagem de Ramil.
Certa manhã pintou-se um quadro negro: uma palavra-caminhão, dessas que trafegam ameaçadoramente inclinadas, carregadas de letras garrafais, atropelou um ponto em uma esquina de frases e fugiu.  
Revoltada, a pontuação que a tudo assistira, aglomerou-se no local do acidente. Exclamações nervosas e interrogações confusas logo instalaram o caos, provocando um avanço descontrolado de palavras seguido de grave engavetamento, ao fim do qual uma palavra-pneu rodou na direção de uma padaria... [Leia aqui o trecho inicial do livro].
Eu também estava lá. O acontecido e seus desdobramentos me impressionaram tanto que resolvi escrever um livro sobre o assunto.

Quinta-feira (10-07), lanço este trabalho, A primavera da pontuação, com coquetel e muita conversa com os amigos na Livraria Vanguarda do Shopping Pelotas. Adoraria que vocês estivessem lá. Aqui está o convite. Alea jacta est!
Vitor Ramil
Facebook


Sinais e grafemas ganham vida e personalidade,
ocupando - além da mancha gráfica - o espaço narrativo.
Hoje (08-07), o editor de cultura do Diário da Manhã, Carlos Cogoy, publicou a seguinte resenha sobre este terceiro romance de Vítor Ramil, autor de "Pequod" e "Satolep", este último também lançado em gelada tarde de inverno (v. resenha neste blogue).


Pontuação desvairada sai da frase feita. População ensandecida sai às ruas. Ponto “morto” desencadeia exclamações. Atropelamento é o estopim para a insatisfação popular. O caminhão, autor involuntário, tem ônibus como esposa. O casal sem filhos, acolhe o “ponto” desfalecido. A fatalidade poderá ser o ponto de partida para vida revigorada? A trama, que mistura fatos recorrentes na cena brasileira e as regras de pontuação, é o eixo do livro cuja peculiaridade é a alegoria. 
Destaque ao jogo meticuloso que recobre de camadas uma perspectiva jocosa e descompromissada. Ali estão terroristas “radicais”, como “Grego” e “Latino”, ou o repórter de tevê “Vocativo”. 
Além desse mosaico com sinais em polvorosa, o livro é uma aventura à imaginação de cada leitor. Assim, tanto poderá instigar a primavera quanto o inverno.
Carlos Cogoy
Diário da Manhã

Vítor e suas reticências (3 cadeiras do Cine Pelotense).

POST DATA 
12 de julho
A Livraria Vanguarda publicou ontem (11-07) a seguinte notícia.
A noite agradável e convidativa de quinta-feira (10.07), levou centenas de leitores e fãs do escritor e músico pelotense Vitor Ramil até a Livraria Vanguarda, do Shopping Pelotas. A Vanguarda foi a parceira para o lançamento do 3º romance do autor, “A Primavera da Pontuação”, da Editora Cosac Naify. Os outros dois foram “A Estética do Frio” (2004) e “Satolep” (2008). 
A nova obra transcorre no mundo da linguagem. Nele o leitor entrará fascinado para confundir-se com os protagonistas da língua e acompanhar a lógica de suas ações. 
Ficção científica, farsa e romance pop convergem nessa obra divertida e inteligente, em que o conhecimento da língua ao mesmo tempo fabula, explica e provoca.
Durante as quase 4 horas de evento, Vitor foi atencioso, carismático e paciente ao autografar quase duas centenas de exemplares do livro e posar para fotos. 

Olinda Allessandrini


A pianista gaúcha Olinda Alessandrini retorna a Pelotas esta quarta (09-07), apresentando às 19h, na Biblioteca Pública, um programa com autores brasileiros e europeus, com entrada franca (v. notícia no Diário da Manhã). Às 10h da quinta, ela palestra na sede da Lobo da Costa 1877, atividades coordenadas pelo professor Marcelo Cazarré.

Veja o currículo artístico de Olinda Alessandrini na página do evento, uma entrevista de 2009 no programa Autografando da TV FEEVALE, e no Programa do Roger Lerina em março de 2014.

POST DATA
19-07-14
Leia no Diário Popular a crônica de Francisco Dias da Costa Vidal Recital de Olinda Allessandrini.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Museu da Colônia Francesa inaugura duas mostras

Profª Carla Gastaud, sra. Sônia Crochemore
e o pesquisador Leandro Ramos Betemps
Nos festejos de aniversário do Museu da Colônia Francesa, este domingo (6-07) na Vila Nova (Quilombo, 7º Distrito) foi inaugurada a exposição Das linhas Latécoére à Aéropostale.

O projeto da mostra foi tratado em Pelotas pela historiadora Mônica Cristina Corrêa (USP), com o objetivo de resgatar a memória da Aéropostale nas cidades brasileiras atendidas pela empresa nos tempos da Primeira Guerra Mundial.

O evento foi organizado pela Professora Carla Gastaud (UFPel), coordenadora do Museu da Colônia Francesa, e por bolsistas do Museu, que tem apoio direto da UFPel. Entre os diversos convidados, estiveram a Vice-Prefeita Paula Mascarenhas e dona Sônia Maria Crochemore, Presidente da Sociedade Francesa de Santo Antônio e responsável pela manutenção do Cemitério da Colônia Francesa.

Na ocasião também foi feita a inauguração da mostra O Patrimônio Cultural Quilombola, para destacar a história da etnia negra no distrito de Quilombo, a cargo da historiadora Cristiane Bartz de Ávila.

Cristiane concluiu recentemente sua dissertação "Entre esquecimentos e silêncios: Manuel Padeiro e a memória da escravidão no Distrito de Quilombo" (Mestrado em Memória e Patrimônio, UFPel, 2014).

De acordo com essa pesquisa, houve em Pelotas, após terminada a Revolução Farroupilha (1835-1845), uma caçada aos quilombolas da Serra dos Tapes. Foi oferecido um prêmio de 400 mil-réis para quem capturasse o líder, conhecido como Manuel Padeiro. Em 1848, houve um forte ataque armado que exterminou o grupo de quilombolas, com seu líder.

Hoje existem 3 comunidades reconhecidas como remanescentes de quilombos: Vó Elvira, Alto do Caixão e Algodão. A região serrana de Pelotas ainda guarda as marcas do passado, se bem a população local e os descendentes dos quilombolas não falam do assunto. Os conflitos entre as diversas etnias (negra, italiana, francesa, pomerana, alemã) e a dor e o medo ainda fazem que os fatos históricos permaneçam no espaço simbólico pré-consciente, "entre o esquecimento e o silêncio".

O Museu da Colônia Francesa comemorou desta forma o 7º aniversário de sua fundação (14/07/2007) e o 5º aniversário de abertura do Museu ao público (14/07/2009). Vale a pena visitar e conhecer mais sobre esses dois importantes trabalhos que envolvem o município de Pelotas.

Museólogos, equipe de apoio e visitantes do Museu da Colônia Francesa
Fotos: Facebook

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Café Aquários, a referência de Pelotas

Às 11h deste sábado (05-07), no Café Aquários, o Projeto Pelotas Memória apresenta o documentário "Vítreo Habitat: Café Aquários e suas Histórias", gravado na esquina da Quinze de Novembro com Sete de Setembro. Trata-se de uma homenagem dessa Página do Facebook ao povo de Pelotas no aniversário nº 202 de fundação da Freguesia de São Francisco de Paula (07-07-1812). A expressão "vítreo habitat" foi cunhada por Vilmar Gomes em 2013 (confira o Soneto para o Café Aquários). Sobre a esquina da Quinze com Sete veja a postagem Esquina 22 há cem anos.

A publicação do vídeo foi anunciada hoje (04-07) por Leonardo Tajes Ferreira na página de Nauro Júnior, um dos entrevistados. Novo-hamburguense chegado a Pelotas nos anos 90, Nauro aprendeu no espaço do Café a relacionar-se com a cidade que o acolhe até hoje.

Eduardo Leite dá depoimento ante Leonardo Tajes.
A produção de Leonardo e equipe recolhe histórias do Café em entrevistas com frequentadores do estabelecimento. O objetivo do trabalho do Pelotas Memória é "relembrar a cidade de ontem e descobrir a Pelotas de hoje, suas personalidades, sua gente, seu cotidiano popular".

Este é o documentário visual que faltava fazer, para valorização visual e universal do Aquários, mas não é a primeira vez que estudantes universitários se interessam por uma descrição antropológica deste foco de políticos, poetas, especuladores e saudosistas.

Em outubro de 2009 realizaram-se em Pelotas o XVIII CIC (Congresso de Iniciação Científica), o XI ENPOS (Encontro de Pós-Graduação) e a I Mostra Científica (v. página da UFPel). Um dos trabalhos apresentados na área humanística foi: "Café Aquários: um espaço peculiar de sociabilidade", de Vinicius Schwochow Paiva (apresentador) e Renata Menasche (orientadora). Em 2011, os mesmos apresentaram trabalho semelhante sob o título "Gastronomia, memória e identidade em uma casa de café" (v. nota).

Os antropólogos estudam o comportamento urbanos nos cafés como espaços públicos de socialização, ambientes em que as pessoas praticam, repetem e renovam hábitos e valores ligados à memória social da cidade. No estudo de 2009, Paiva e Menasche tomaram o Café Aquários como ponto de observação (na época, ainda era permitido fumar no interior e o estabelecimento fechava às 22h). No dizer dos pesquisadores,
pode-se dizer que há, entre o lado de dentro e o de fora do Café, não apenas uma conexão, mas uma interação contínua, que por vezes tem seu fluxo invertido, devido às altas temperaturas das estações mais quentes da úmida cidade de Pelotas, quando a preferência da clientela é mesmo pelo lado exterior da mais famosa cafeteria pelotense. Neste contexto, constata-se que a parte exterior do Café faz parte do ambiente de sociabilidade tanto quanto a parte interior. [Leia resumo completo].
No início do século XX ali existiu o Cinema Ponto Chic, um dos primeiros da cidade. A partir dos anos 30 funcionaram cafés, que se transformaram em pontos de encontro social para homens e mulheres, inclusive jovens, mas sem incluir pessoas de etnia negra. Após a construção do edifício da Associação Comercial, manteve-se o café, mas com predomínio absoluto de público masculino. Mulheres, jovens e negros voltaram a integrar-se ao espaço com o passar das décadas. Proprietários sucederam-se, mas o ponto de encontro social foi conservado.

Em Pelotas, pode-se tomar café na barra em mais de um ponto comercial (Ponto Chic, Armazém, Feira), mas o Aquários é o maior e o mais antigo, é marca que identifica a cidade, uma verdadeira "grife de Pelotas", como diz Eduardo Leite na entrevista.

O nome do café é citado nas músicas Pelotas (Kleiton e Kledir), Doce Princesa (Alex Cruz) e Hino do Bicentenário (Marco Aurélio do Nascimento). No livro de ficção "Satolep", Vítor Ramil identifica o "Café Aquário" pelo nome e pelas suas características próprias (páginas 36-64). Veja neste blogue mais histórias do Aquários (35 postagens).


Foto: G. Mansur

POST DATA
5-7-14
Confira a reportagem do Diário Popular, com mais informações sobre o Café, incluindo artigo de Max Cirne.