O Hemocentro Regional de Pelotas divulga a importância da doação de sangue. Segundo o vídeo abaixo, as etapas da doação são as seguintes: cadastro, exames, entrevista clínica, voto de autoexclusão, coleta (450 ml), lanche, tratamento e exames laboratoriais do sangue coletado. O HEMOPEL atende das 8h às 18h, na Av. Bento Gonçalves 4569.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
Paulo Fontoura Gastal (1922-1996)
Nascido em Pelotas, o jornalista Paulo Fontoura Gastal
foi o maior crítico de cinema que o Rio Grande do Sul já teve.
Assim o descreve o blogue da Sala P. F. Gastal, pertencente à Secretaria de Cultura da cidade de Porto Alegre. Desde 25 de maio de 1999, o cinéfilo e promotor cultural empresta seu nome ao primeiro cinema municipal da capital gaúcha, em homenagem ao seu longo e notável trabalho pela cultura cinematográfica no Estado.
Perto dos 25 anos, Paulo Gastal mudou-se para Porto Alegre, onde ajudou a fundar o Clube de Cinema. Escreveu diariamente no Correio do Povo sobre cinema e literatura, por trinta anos (1949-1979), onde assinava como P. F. Gastal ou com pseudônimos, como Nilo Tapecoara.
Sua criativa e produtiva atuação se concentrou na capital, sem participar na vida cultural pelotense. O Espaço Delfos, da PUC-RS, que guarda o acervo de P. F. Gastal, publicou o seguinte resumo de sua criativa e produtiva história.
Paulo Fontoura Gastal nasceu em Pelotas, no dia 23 de janeiro de 1922, filho de um engenheiro agrônomo e de uma dona de casa. Tímido desde muito pequeno, os irmãos (cinco mais velhos e três mais moços) gostavam de amarrá-lo ao pé de uma mesa, com um cordão bem fino, e dizer: “Estás preso com uma corrente, não podes sair daí”. E ele lá ficava por horas, até que um adulto o soltasse ou um dos irmãos, com pena, viesse romper “os grilhões”. Esta mesma “concentração imaginativa” fez com que cedo se apaixonasse pelo cinema. Entrava escondido em todas as sessões que podia, e logo arranjou um trabalho como “ajudante” no Cine Capitólio [existente desde 1928], só para poder assistir a todos os filmes que lá passavam, quantas vezes quisesse.
No Ginásio Pelotense (o “Gato Pelado” da Félix da Cunha) envolveu-se em política estudantil e precisou dividir o tempo do cinema com a responsabilidade de presidente do Grêmio de Alunos. Foi por esta época que conheceu Dinah, com que dividiria o resto da vida e que nunca seria um entrave nas idas ao cinema, muito pelo contrário: sempre que podia, ia junto. Ainda em Pelotas, começou a escrever sobre cinema [desde 1941], primeiro o material de publicidade dos filmes que o Capitólio exibia, depois pequenos textos para o Diário Popular.
Cinéfilo e crítico
Em 1946 veio para Porto Alegre, indo trabalhar nos escritórios da A. J. Renner, indústria do vestuário. No caminho para casa passava pela frente do Cinema Carlos Gomes, e logo estava trabalhando também ali, fazendo o material de “publicidade” dos filmes e, claro, assistindo a todos quantas vezes pudesse.
Notícias pra cá, notícias pra lá, começou a escrever eventualmente para alguns jornais e revistas, até que entrou para equipe da “Revista do Globo”. Nela iniciou um trabalho crítico e de educação cinematográfica, diferente do que até então era costumeiro. Seus textos traziam uma visão social e política dos filmes, algo incomum em uma época em que o cinema era visto como mero entretenimento.
Libertário desde sempre, suas posições críticas em relação ao cinema comercial americano, somadas a um fascínio pelo cinema soviético, fizeram com que logo entrasse em uma lista de “suspeitos” de comunismo. Paradoxalmente, porém, era admirador de alguns grandes diretores americanos (como John Ford) e ingleses (Alfred Hitchcock) que de comunistas nada tinham, o que gerava confusão no estabelecimento de um rótulo político para colar nele.
Sua grande paixão, desde sempre e até a morte, foi Charles Chaplin, o “Carlitos”. Do personagem de Chaplin em “Luzes da Ribalta” [v. citações do filme], Gastal tirou o pseudônimo “Calvero”, o mais conhecido dos tantos quantos usou em vida. Chaplin era autor e personagem também de difícil rotulagem, ora parecendo um simples “cômico” (como se dizia então) alienado, ora pintado como perigoso representante da “ameaça vermelha”. Como ele, Gastal professava uma inquebrantável convicção na defesa da liberdade de pensamento, fosse qual fosse. Parecia comunista para os conservadores, conservador para os comunistas. E amava Cinema.
Comunicador e divulgador
Por isso, talvez, apesar de ter sido colaborador de publicações de orientação marcadamente de esquerda, como as revistas “Liberação”, “Nossos Dias” e “Horizonte”, não teve problemas para ingressar nos quadros do Correio do Povo, na época o maior veículo de comunicação do Rio Grande do Sul, de forte tendência conservadora, que Gastal conseguiu abrir ao longo dos anos à participação de pensadores dos mais diversos matizes.
Antes disto, contudo, no início dos anos 50 transferiu-se para o Rio de Janeiro, para tomar parte na equipe que, coordenada pelo cineasta Alberto Cavalcanti, estava encarregada de criar o Instituto Nacional de Cinema. Foi neste período que esteve mais próximo da realização cinematográfica prática, já que auxiliou Cavalcanti também na tentativa de estabelecer a Companhia Cinematográfica Vera Cruz como um grande centro de produção do cinema brasileiro, nos moldes dos estúdios norte-americanos, mas com a intenção (pelo menos por parte dele) de realizar filmes minimamente engajados. Desiludiu-se e voltou para Porto Alegre, para o Correio do Povo e para o Clube de Cinema, que, junto com um grupo de amigos intelectuais, havia criado em 1948. Nunca mais deixou qualquer um dos três [Porto, Correio e Clube].
Gestor cultural
Nas três décadas seguintes, os anos 50, 60 e 70, a “mesa do Gastal” na redação do Correio do Povo tornou-se o ponto de referência no panorama cultural de Porto Alegre. De lá coordenou os ciclos e festivais de cinema que iam dos filmes americanos e canadenses aos do Leste Europeu, principalmente poloneses, tchecos e soviéticos. Descobriu e se apaixonou pelo cinema japonês, e fez de Porto Alegre a cidade onde os filmes nipônicos fizeram maior sucesso no Brasil, chegando a rivalizar com São Paulo.
Participou do grupo que apoiou a criação da Feira do Livro (da qual, nos anos 80, foi patrono), protestou contra a derrubada no antigo (e belo) auditório Araújo Vianna, situado na Praça da Matriz, onde hoje se ergue a Assembleia Legislativa, mas aceitou administrar o novo auditório, no Parque da Redenção, desde sua inauguração, mantendo atividades permanentes em seu palco e fazendo dele um polo cultural da cidade.
Participou, com Oswaldo Goidanich e João Ribeiro, da criação, organização e promoção dos Festivais de Coros de Porto Alegre, que anualmente, em julho, traziam centenas, às vezes milhares, de cantores até a capital gaúcha.
Foi delegado do Instituto Nacional do Cinema, e depois representante da Embrafilme no Rio Grande do Sul. E, claro, com Horst Wolk, então prefeito de Gramado, criou o Festival do Cinema Brasileiro daquela cidade. Tudo isto sem abandonar a mesa do Correio do Povo, onde editava as páginas de cultura e o suplemento cultural semanal, além de escrever sobre cinema e livros. E de editar a página de cinema da Folha da Tarde, outro jornal da Caldas Júnior. E de produzir um programa diário, “Cinema na Guaíba”, para a emissora de rádio da empresa.
Por sua mesa passavam projetos, textos e ideias de produtores de cultura de todas as idades, alguns conhecidos, outros inéditos. Tratava a todos com a mesma atenção, mas nem sempre com o mesmo humor. Era capaz de ir da extrema cordialidade às raias da grosseria, mas esta nunca durava muito tempo e não deixava de ser compreensível, para quem tinha tantas atividades simultâneas.
Educador e pesquisador engajado
Na Folha da Tarde, na virada dos anos 60 para os 70, criou e manteve a “equipe das terças”. Era uma página semanal aberta para que estudantes universitários publicassem rápidas resenhas críticas dos filmes estreados na semana. Em pleno auge da ditadura, a página, ele e os estudantes não resistiram muito tempo, mas foi uma experiência única no jornalismo brasileiro.
O mesmo espírito liberal, capaz de garantir a todos (na medida do possível para a época) o direito de publicar suas ideias, mesmo aquelas com as quais não concordava, ele manteve no suplemento cultural “Caderno de Sábado”, considerado durante muito tempo, junto com o de “O Estado de São Paulo”, o melhor do país. Aí a independência custou-lhe um pouco mais caro. Um dia, acabaram com o caderno, substituindo-o por uma versão mais “leve”, “descompromissada” e “comercial”.
Pouco depois, a empresa [Caldas Júnior] entrou em crise e começou a atrasar os salários. Os funcionários entraram em greve. Do grupo dos funcionários mais antigos, Gastal e o poeta Mário Quintana foram os únicos a dar apoio ao movimento desde o primeiro momento. Foi demitido.
Não parou quieto. Passou a escrever uma coluna – sobre cinema – no recém criado “Diário do Sul”, que pouco durou, e depois no semanário “RS”, do colega Sérgio Jockymann. E dedicou todo o tempo livre à tentativa de organizar o acervo de livros, revistas, fotografias, recortes e filmes que durante toda a vida colecionara.
Faleceu no dia 12 de fevereiro de 1996. Virou nome de rua na zona sul [Rua Paulo Fontoura Gastal, Belém Novo, Porto Alegre] e de sala de cinema na Usina do Gasômetro. Seu acervo esteve no GBOEX e no SENAC, mas era demais para estas instituições. Hoje, faz parte do acervo Delfos, na PUC de Porto Alegre, onde pode ser visitado por quem ama ou estuda cinema. Contam que às vezes ele ainda pode ser visto andando por lá.
No Ginásio Pelotense (o “Gato Pelado” da Félix da Cunha) envolveu-se em política estudantil e precisou dividir o tempo do cinema com a responsabilidade de presidente do Grêmio de Alunos. Foi por esta época que conheceu Dinah, com que dividiria o resto da vida e que nunca seria um entrave nas idas ao cinema, muito pelo contrário: sempre que podia, ia junto. Ainda em Pelotas, começou a escrever sobre cinema [desde 1941], primeiro o material de publicidade dos filmes que o Capitólio exibia, depois pequenos textos para o Diário Popular.
Cinéfilo e crítico
Em 1946 veio para Porto Alegre, indo trabalhar nos escritórios da A. J. Renner, indústria do vestuário. No caminho para casa passava pela frente do Cinema Carlos Gomes, e logo estava trabalhando também ali, fazendo o material de “publicidade” dos filmes e, claro, assistindo a todos quantas vezes pudesse.
Notícias pra cá, notícias pra lá, começou a escrever eventualmente para alguns jornais e revistas, até que entrou para equipe da “Revista do Globo”. Nela iniciou um trabalho crítico e de educação cinematográfica, diferente do que até então era costumeiro. Seus textos traziam uma visão social e política dos filmes, algo incomum em uma época em que o cinema era visto como mero entretenimento.
Libertário desde sempre, suas posições críticas em relação ao cinema comercial americano, somadas a um fascínio pelo cinema soviético, fizeram com que logo entrasse em uma lista de “suspeitos” de comunismo. Paradoxalmente, porém, era admirador de alguns grandes diretores americanos (como John Ford) e ingleses (Alfred Hitchcock) que de comunistas nada tinham, o que gerava confusão no estabelecimento de um rótulo político para colar nele.
Sua grande paixão, desde sempre e até a morte, foi Charles Chaplin, o “Carlitos”. Do personagem de Chaplin em “Luzes da Ribalta” [v. citações do filme], Gastal tirou o pseudônimo “Calvero”, o mais conhecido dos tantos quantos usou em vida. Chaplin era autor e personagem também de difícil rotulagem, ora parecendo um simples “cômico” (como se dizia então) alienado, ora pintado como perigoso representante da “ameaça vermelha”. Como ele, Gastal professava uma inquebrantável convicção na defesa da liberdade de pensamento, fosse qual fosse. Parecia comunista para os conservadores, conservador para os comunistas. E amava Cinema.
Comunicador e divulgador
Por isso, talvez, apesar de ter sido colaborador de publicações de orientação marcadamente de esquerda, como as revistas “Liberação”, “Nossos Dias” e “Horizonte”, não teve problemas para ingressar nos quadros do Correio do Povo, na época o maior veículo de comunicação do Rio Grande do Sul, de forte tendência conservadora, que Gastal conseguiu abrir ao longo dos anos à participação de pensadores dos mais diversos matizes.
Antes disto, contudo, no início dos anos 50 transferiu-se para o Rio de Janeiro, para tomar parte na equipe que, coordenada pelo cineasta Alberto Cavalcanti, estava encarregada de criar o Instituto Nacional de Cinema. Foi neste período que esteve mais próximo da realização cinematográfica prática, já que auxiliou Cavalcanti também na tentativa de estabelecer a Companhia Cinematográfica Vera Cruz como um grande centro de produção do cinema brasileiro, nos moldes dos estúdios norte-americanos, mas com a intenção (pelo menos por parte dele) de realizar filmes minimamente engajados. Desiludiu-se e voltou para Porto Alegre, para o Correio do Povo e para o Clube de Cinema, que, junto com um grupo de amigos intelectuais, havia criado em 1948. Nunca mais deixou qualquer um dos três [Porto, Correio e Clube].
Gestor cultural
Nas três décadas seguintes, os anos 50, 60 e 70, a “mesa do Gastal” na redação do Correio do Povo tornou-se o ponto de referência no panorama cultural de Porto Alegre. De lá coordenou os ciclos e festivais de cinema que iam dos filmes americanos e canadenses aos do Leste Europeu, principalmente poloneses, tchecos e soviéticos. Descobriu e se apaixonou pelo cinema japonês, e fez de Porto Alegre a cidade onde os filmes nipônicos fizeram maior sucesso no Brasil, chegando a rivalizar com São Paulo.
Participou do grupo que apoiou a criação da Feira do Livro (da qual, nos anos 80, foi patrono), protestou contra a derrubada no antigo (e belo) auditório Araújo Vianna, situado na Praça da Matriz, onde hoje se ergue a Assembleia Legislativa, mas aceitou administrar o novo auditório, no Parque da Redenção, desde sua inauguração, mantendo atividades permanentes em seu palco e fazendo dele um polo cultural da cidade.
Participou, com Oswaldo Goidanich e João Ribeiro, da criação, organização e promoção dos Festivais de Coros de Porto Alegre, que anualmente, em julho, traziam centenas, às vezes milhares, de cantores até a capital gaúcha.
Foi delegado do Instituto Nacional do Cinema, e depois representante da Embrafilme no Rio Grande do Sul. E, claro, com Horst Wolk, então prefeito de Gramado, criou o Festival do Cinema Brasileiro daquela cidade. Tudo isto sem abandonar a mesa do Correio do Povo, onde editava as páginas de cultura e o suplemento cultural semanal, além de escrever sobre cinema e livros. E de editar a página de cinema da Folha da Tarde, outro jornal da Caldas Júnior. E de produzir um programa diário, “Cinema na Guaíba”, para a emissora de rádio da empresa.
Por sua mesa passavam projetos, textos e ideias de produtores de cultura de todas as idades, alguns conhecidos, outros inéditos. Tratava a todos com a mesma atenção, mas nem sempre com o mesmo humor. Era capaz de ir da extrema cordialidade às raias da grosseria, mas esta nunca durava muito tempo e não deixava de ser compreensível, para quem tinha tantas atividades simultâneas.
Educador e pesquisador engajado
Na Folha da Tarde, na virada dos anos 60 para os 70, criou e manteve a “equipe das terças”. Era uma página semanal aberta para que estudantes universitários publicassem rápidas resenhas críticas dos filmes estreados na semana. Em pleno auge da ditadura, a página, ele e os estudantes não resistiram muito tempo, mas foi uma experiência única no jornalismo brasileiro.
O mesmo espírito liberal, capaz de garantir a todos (na medida do possível para a época) o direito de publicar suas ideias, mesmo aquelas com as quais não concordava, ele manteve no suplemento cultural “Caderno de Sábado”, considerado durante muito tempo, junto com o de “O Estado de São Paulo”, o melhor do país. Aí a independência custou-lhe um pouco mais caro. Um dia, acabaram com o caderno, substituindo-o por uma versão mais “leve”, “descompromissada” e “comercial”.
Pouco depois, a empresa [Caldas Júnior] entrou em crise e começou a atrasar os salários. Os funcionários entraram em greve. Do grupo dos funcionários mais antigos, Gastal e o poeta Mário Quintana foram os únicos a dar apoio ao movimento desde o primeiro momento. Foi demitido.
Não parou quieto. Passou a escrever uma coluna – sobre cinema – no recém criado “Diário do Sul”, que pouco durou, e depois no semanário “RS”, do colega Sérgio Jockymann. E dedicou todo o tempo livre à tentativa de organizar o acervo de livros, revistas, fotografias, recortes e filmes que durante toda a vida colecionara.
Faleceu no dia 12 de fevereiro de 1996. Virou nome de rua na zona sul [Rua Paulo Fontoura Gastal, Belém Novo, Porto Alegre] e de sala de cinema na Usina do Gasômetro. Seu acervo esteve no GBOEX e no SENAC, mas era demais para estas instituições. Hoje, faz parte do acervo Delfos, na PUC de Porto Alegre, onde pode ser visitado por quem ama ou estuda cinema. Contam que às vezes ele ainda pode ser visto andando por lá.
Fonte: DELFOS
A Sala P. F. Gastal fica no 3º andar da Usina do Gasômetro (foto CEN 2011). |
Veja históricos e fotos da Sala P. F. Gastal: no sítio da Prefeitura, em nota do blogue Cineclube e na reportagem Quando todos os cinemas eram Paradiso.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
A crueza alegórica do cotidiano voraz
Jornalista Carlos Cogoy comenta “Relatos Selvagens”, em artigo que saiu ontem (24-2) no Diário da Manhã impresso. A produção Argentina/Espanha foi nominada para o Oscar 2015 (v. lista de indicados e vencedores) de Melhor Filme Estrangeiro. O filme é considerado uma comédia dramática ou "comédia negra" (v. Wikipedia em espanhol). Em Pelotas, ainda pode ser visto no Cineflix: até quarta em duas sessões (17h e 21:50) e a partir da quinta em uma só (16:40).
Após jejum de filmes razoáveis, uma bela obra em exibição no Shopping Pelotas. Em duas horas, seis relatos que espiam o abismo. Cada episódio uma sentença. Reunidos, chegaram com fôlego à indicação para o Oscar de filme estrangeiro.
“Relatos selvagens” não levou a estatueta. O que pouco importa, considerando-se que “Selma” – aborda a questão negra nos EUA – também não venceu como melhor filme. Enquanto o Oscar prossegue “selvagem”, contundentes e lúcidos relatos aguçam a sensibilidade e a inteligência.
No filme argentino, surpresas perante tramas inusitadas, apreensão com desfechos imprevistos, riso diante da ficção que espelha o cotidiano. Em cada história, atores transitam sobre o abismo que separa razão e loucura.
Com direção do talentoso Damián Szifrón, “Relatos selvagens” também remete à inescapável comparação com a produção cinematográfica no País que “Lava a Jato”. Nem tudo é ruim, mas têm sido frequentes as idiotices cujos elencos, para atrair bilheteria, escalam celebridades das novelas de tevê.
Pasternak
Na abertura, voo emblemático. No avião, poucos minutos são suficientes para inquietar. E a “turbulência” é tão intensa que sacode, além dos passageiros, também os espectadores na sala de cinema. Afinal, o que se insinua como o trivial início de viagem corriqueira, gradativamente vai se desdobrando num percurso rumo a destino tragicômico. Na bagagem, a bomba não é artefato explosivo, mas também possui elevada capacidade de destruição. Trata-se de viagem aos traumas do passado. E alegoricamente um psiquiatra está na aeronave. O pouso não será acidental.
Las ratas
O colesterol das batatas fritas é a causa para a morte de mafioso. Num café à beira de rodovia, o cliente é atendido por garçonete. Ela o identifica e recorda momento doloroso. A cozinheira do lugar ouve o desabafo da colega. Num dos momentos mais hilariantes, surge a dúvida se o “veneno para rato”, com validade vencida, torna-se mais eficaz ou menos nocivo. Ex-presidiária, a cozinheira afirma que “na prisão era mais livre do que essa m... toda”. Com a chegada de adolescente, filho do cliente, Fanta sobre a mesa.
El más fuerte
Pneu furado pode ser fatal. Numa rodovia, Audi tripulado por “bon vivant”. À frente, arrastando-se sobrecarregado, carro popular bem rodado. A estrada é o abismo entre dois mundos e realidades sociais antagônicas. O episódio é caricatura que transcende o vulgar litígio no trânsito. Trata-se de relato sobre o cotidiano voraz, sem inocência ou ingenuidade, tanto do endinheirado quanto do espoliado. A crueza acelera e o fim da viagem tem conotação que ridiculariza as pretensas diferenças. Todos rodam no mesmo chão.
Bombita
Numa teia burocrática com filas, guichês e funcionários treinados na “lógica binária” – sim e não –, armadilhas estão à espreita. As “minas” explodem no bolso do contribuinte. E podem estar armadas em banalidades como o simples estacionamento do veículo. O meio-fio não estava “marcado”, mas o carro foi guinchado. A vítima é o engenheiro interpretado pelo ator Ricardo Darín. Especialista em explosivos, ele desafia o sistema.
La propuesta
No penúltimo episódio, jovem de classe média alta atropela e mata gestante. O que sucede, em interpretações magistrais, é uma ciranda de venalidades, corrupção e propina.
Hasta que la muerte nos separe
Na festa de casamento, relato que encerra a obra, o ciúme gera uma comemoração surrealista. Aos convidados, ódio, rancor, ironia, cobiça, medo e ternura.
Após jejum de filmes razoáveis, uma bela obra em exibição no Shopping Pelotas. Em duas horas, seis relatos que espiam o abismo. Cada episódio uma sentença. Reunidos, chegaram com fôlego à indicação para o Oscar de filme estrangeiro.
“Relatos selvagens” não levou a estatueta. O que pouco importa, considerando-se que “Selma” – aborda a questão negra nos EUA – também não venceu como melhor filme. Enquanto o Oscar prossegue “selvagem”, contundentes e lúcidos relatos aguçam a sensibilidade e a inteligência.
Cartaz holandês de "Relatos Salvajes", retrato animado do nosso lado psicótico. |
Com direção do talentoso Damián Szifrón, “Relatos selvagens” também remete à inescapável comparação com a produção cinematográfica no País que “Lava a Jato”. Nem tudo é ruim, mas têm sido frequentes as idiotices cujos elencos, para atrair bilheteria, escalam celebridades das novelas de tevê.
Pasternak
Na abertura, voo emblemático. No avião, poucos minutos são suficientes para inquietar. E a “turbulência” é tão intensa que sacode, além dos passageiros, também os espectadores na sala de cinema. Afinal, o que se insinua como o trivial início de viagem corriqueira, gradativamente vai se desdobrando num percurso rumo a destino tragicômico. Na bagagem, a bomba não é artefato explosivo, mas também possui elevada capacidade de destruição. Trata-se de viagem aos traumas do passado. E alegoricamente um psiquiatra está na aeronave. O pouso não será acidental.
Las ratas
O colesterol das batatas fritas é a causa para a morte de mafioso. Num café à beira de rodovia, o cliente é atendido por garçonete. Ela o identifica e recorda momento doloroso. A cozinheira do lugar ouve o desabafo da colega. Num dos momentos mais hilariantes, surge a dúvida se o “veneno para rato”, com validade vencida, torna-se mais eficaz ou menos nocivo. Ex-presidiária, a cozinheira afirma que “na prisão era mais livre do que essa m... toda”. Com a chegada de adolescente, filho do cliente, Fanta sobre a mesa.
Banalidade no trânsito pode causar brutalidade. |
Pneu furado pode ser fatal. Numa rodovia, Audi tripulado por “bon vivant”. À frente, arrastando-se sobrecarregado, carro popular bem rodado. A estrada é o abismo entre dois mundos e realidades sociais antagônicas. O episódio é caricatura que transcende o vulgar litígio no trânsito. Trata-se de relato sobre o cotidiano voraz, sem inocência ou ingenuidade, tanto do endinheirado quanto do espoliado. A crueza acelera e o fim da viagem tem conotação que ridiculariza as pretensas diferenças. Todos rodam no mesmo chão.
Bombita
Numa teia burocrática com filas, guichês e funcionários treinados na “lógica binária” – sim e não –, armadilhas estão à espreita. As “minas” explodem no bolso do contribuinte. E podem estar armadas em banalidades como o simples estacionamento do veículo. O meio-fio não estava “marcado”, mas o carro foi guinchado. A vítima é o engenheiro interpretado pelo ator Ricardo Darín. Especialista em explosivos, ele desafia o sistema.
Ciúme desencadeia surpresas na festa de casamento. |
No penúltimo episódio, jovem de classe média alta atropela e mata gestante. O que sucede, em interpretações magistrais, é uma ciranda de venalidades, corrupção e propina.
Hasta que la muerte nos separe
Na festa de casamento, relato que encerra a obra, o ciúme gera uma comemoração surrealista. Aos convidados, ódio, rancor, ironia, cobiça, medo e ternura.
Carlos Cogoy
Imagens da web (1, 3) e Film1 (2)
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
Semana da Mulher 2015
Nota do Espeto, fev.2015 |
A Secretaria de Justiça Social (SJSS) denominou "Rede Mulher" ao conjunto de serviços especializados de atendimento à mulher em Pelotas: o Conselho da Mulher (CMDM), o Centro de Atendimento à Mulher (CRAM), Delegacia da Mulher (DEAM) e Patrulha Maria da Penha, da Brigada Militar (veja neste blogue a nota Patrulha Maria da Penha está em Pelotas).
Colunista do Diário Popular anunciou, há uma semana (v. imagem ampliada), a criação do Juizado de Violência Doméstica, com solenidade na quarta 11 de março. O Dia da Mulher atrai manifestações em todo o mundo: esta noite, atriz premiada com Oscar valeu-se da tribuna para pedir direitos iguais para as mulheres americanas (v. Facebook).
8 de março – domingo (Dia Internacional da Mulher)
- 15 h ― Divulgação das atividades da semana com as instituições envolvidas (CMDM, CRAM-SJSS, DEAM). No Shopping Mar de Dentro, Laranjal.
- 20h30 ― Concerto especial da OSPA no interior do Estado (v. nota temporada 2015 da OSPA inicia em Pelotas), inaugurando o Biênio de Simões. No Teatro Guarani, Lobo da Costa 849.
9 de março – segunda-feira
- 9h ― Café da Manhã. Na Câmara de Vereadores, Quinze de Novembro 207.
- 9h e 14 h ― "Desenvolvendo a autoestima das mulheres do presídio", com a Escola de Cabeleireiros Nair Rosselli / SJSS. No Presídio Regional de Pelotas, Ala Feminina.
- 10h ― Audiência Pública (Frente Parlamentar dos Homens Contra a Violência à Mulher) sobre Saúde Integral da Mulher e "Violência: Campanha Pelotas sem Medo". Na Câmara de Vereadores, Quinze de Novembro 207.
- 21h ― Música instrumental com o Trio Camará. No pub Diabluras Gastronômicas, Félix da Cunha 954.
10 de março – terça-feira
- 18h ― Ciclo de Cinema sobre questões de gênero – Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFPel. No Museu do Doce, Praça Coronel Pedro Osório, nº 8.
11 de março – quarta-feira
- 14h ― Campanha contra o Assédio no Trabalho. Na sede da Embrapa Clima Temperado, Rodovia BR 392, km 78, 9º Distrito - Monte Bonito, 3275 8100.
- 14h ― Palestra: "Violência Doméstica" / Psicólogo Francisco Vidal (CRAM). No CRAS Fragata / SJSS, Presidente de Morais 174. [atividade adiada para quarta 18-3]
- 14h ― Palestra “Mulher no Contexto Social” / Psicóloga Myryam Viegas (CRAM). No CRAS Areal / SJSS, Mário Peiruque 1521 - Bairro Bom Jesus.
- 16h ― Inauguração do novo Juizado Especial de Violência Doméstica e Familiar de Pelotas. No Foro da Comarca de Pelotas, av. Ferreira Viana 1134. [antecipada para terça 10-3, 14h30]
- 17h30 ― Caminhada no Calçadão: Mulheres pela Paz / Coletivo Giamarê. Concentração no Mercado Central.
- 19h30 ― Painel "Construindo a paz em casa", com informação à comunidade sobre solução pacífica de conflitos e medidas de prevenção, proteção e punição da Lei Maria da Penha. Na escola Cassiano do Nascimento, av. Dom Joaquim 671.
Fernanda Puccinelli (D) debateu sobre Lei Maria da Penha, em agosto de 2014, com delegada Lisiane (E) e psicólogos Francisco e Myryam. |
12 de março – quinta-feira
- 9h e 14h ― Palestra sobre Saúde da Mulher, com as equipes da Secretaria da Saúde e SJSS. No Presídio Regional de Pelotas, Ala Feminina.
- 13h30min ― Programa de rádio do COEP (rede Comunidades, Organizações e Pessoas) entrevista representantes da Rede Mulher Pelotas (CMDM e SJSS). Na Rádio COM, FM 104.5.
- 14h ― Oficina das Artesãs do Bairro Fragata. No CRAS Fragata / SJSS, Presidente de Morais 174.
- 19h30min ― Programa Entre Nós, de Fernanda Puccinelli, entrevista representantes da Rede Mulher Pelotas (CMDM e SJSS). Na TV Cidade (canal 20 Viacabo). Ao vivo no sítio virtual e reprises no canal 20 Viacabo (sexta 18h e domingo 11h) e canal 14 NET (sábado 14h).
13 de março – sexta-feira
- 14h ― Comemoração de Aniversário de 1 ano do Centro de Referência de Atendimento à Mulher em situação de violência – CRAM / SJSS, Tarde Rosa. No auditório do CREAS, Barão de Itamaracá 690 – Bairro Cruzeiro.
14 de março – sábado
- 11h ― Oficinas das Artesãs dos CRAS / SJSS. Divulgação dos serviços da Rede Mulher Pelotas (CMDM). No Mercado Central, até 18h.
- 18h ― Roda de Samba com o Grupo Renascença / SECULT / SDET. No Mercado Central, até 21h.
Inauguração do Centro da Mulher (CRAM), em 13 de março de 2014. Na mesa, representantes do Executivo, Legislativo, DEAM e CMDM. |
domingo, 22 de fevereiro de 2015
Temporada 2015 da OSPA inicia em Pelotas
Pela primeira vez em sua história de 65 anos, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre realiza um concerto de abertura de temporada no interior do Estado. O primeiro concerto da OSPA em 2015 será no Teatro Guarani de Pelotas, domingo 8 de março, às 20h30min, com entrada franca. O público deve antecipar-se a esse horário, pois os assentos serão ocupados por ordem de chegada.
A notícia saiu na imprensa há 10 dias (v. notícia de ZH em 10 de fevereiro) e esta sexta (20-02) no sítio da Fundação OSPA, órgão da Secretaria da Cultura (SEDAC-RS). Conforme divulgado, "a escolha do local do concerto marca a meta da nova gestão da OSPA de ampliar e tornar mais constante a sua presença no interior do Estado – um pedido feito pelo secretário estadual da Cultura" (o músico Victor Hugo Alves da Silva). O maestro Evandro Matté, novo diretor artístico da Orquestra, escolheu Pelotas como a primeira cidade a ser visitada.
O concerto marca também a estreia de Evandro Matté como regente da OSPA (v. currículo), na qual ingressou há 24 anos como trompetista. Ele continuará como maestro da UNISINOS Anchieta e como diretor musical do Festival Internacional SESC de Música. O mesmo programa do dia 8 será apresentado em Porto Alegre na terça 10, com entrada paga (entre R$ 10 e 40), e inclui as seguintes obras.
No vídeo abaixo, Yang Liu convida o público colombiano a presenciar um concerto realizado em 2014, há exatamente um ano, na Universidade Nacional de Bogotá. Conforme mencionado aqui no blogue (v. postagem), o destacado violinista chinês esteve em Pelotas em janeiro de 2012, no Festival SESC. Veja-o tocando o 1º movimento do Concerto para Violino de Mendelssohn, em concerto realizado em Beijing em 2009.
A notícia saiu na imprensa há 10 dias (v. notícia de ZH em 10 de fevereiro) e esta sexta (20-02) no sítio da Fundação OSPA, órgão da Secretaria da Cultura (SEDAC-RS). Conforme divulgado, "a escolha do local do concerto marca a meta da nova gestão da OSPA de ampliar e tornar mais constante a sua presença no interior do Estado – um pedido feito pelo secretário estadual da Cultura" (o músico Victor Hugo Alves da Silva). O maestro Evandro Matté, novo diretor artístico da Orquestra, escolheu Pelotas como a primeira cidade a ser visitada.
O concerto marca também a estreia de Evandro Matté como regente da OSPA (v. currículo), na qual ingressou há 24 anos como trompetista. Ele continuará como maestro da UNISINOS Anchieta e como diretor musical do Festival Internacional SESC de Música. O mesmo programa do dia 8 será apresentado em Porto Alegre na terça 10, com entrada paga (entre R$ 10 e 40), e inclui as seguintes obras.
- Jean Sibelius (1865-1957): poema sinfônico Finlândia, op. 26 nº 7 (v. gravação de agosto de 2011, com orquestra e coro sinfônico de Helsinque, dirigidos por J.-P. Saraste).
- Camille Saint-Saens (1835-1921): Concerto para Violino nº 3 em si menor, op. 61. Solista: Yang Liu (v. interpretação de Julia Fischer).
- Maurice Ravel (1875-1937): Pavana para uma Princesa Defunta, versão orquestral (ouça aqui partitura original para piano tocada pelo compositor em 1922).
- Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908): Capricho Espanhol, op. 34 (no vídeo acima, interpretação da Sinfônica Nacional Dinamarquesa, dirigida por Rafael Frühbeck de Burgos).
No vídeo abaixo, Yang Liu convida o público colombiano a presenciar um concerto realizado em 2014, há exatamente um ano, na Universidade Nacional de Bogotá. Conforme mencionado aqui no blogue (v. postagem), o destacado violinista chinês esteve em Pelotas em janeiro de 2012, no Festival SESC. Veja-o tocando o 1º movimento do Concerto para Violino de Mendelssohn, em concerto realizado em Beijing em 2009.
sábado, 21 de fevereiro de 2015
7ª campanha "Reciclando Materiais"
A campanha Reciclando Materiais busca reaproveitar os materiais escolares que, mesmo em condições de uso, eram jogados no lixo por quem desejava ter um material totalmente novo. A iniciativa foi criada em 2009 pelas irmãs Daniela Meine (diretora do Ágape, Espaço de Arte) e Denise Viana, que começaram arrecadando cadernos e lápis usados entre seus amigos e vizinhos. Em anos passados, o blogue informou sobre esta ideia pelotense que deu certo, nas postagens Reciclando material escolar (2012) e Reciclando materiais para estudar (2013).
O simples gesto de doar uma caneta ou uma borracha usada simboliza uma atitude de solidariedade, que se faz necessária em nossa convivência social. A campanha quer chamar a atenção para o fato de que algo a ser desprezado por uma pessoa com posses é de muita utilidade para quem nada tem.
Com o lema "O que é lixo para uns é luxo para outros", a campanha a cada ano vem ganhando mais doadores e voluntários. Hoje, a divulgação ultrapassou os conhecidos e é feita pela mídia local, que passou a ser de fundamental importância para o crescimento das doações. As principais fontes são as famílias e escolas mais ricas, onde sempre sobra algum material ainda em condições de uso.
Aceitam-se materiais aproveitáveis, como cadernos com folhas em branco, canetas com carga pela metade, lápis sem ponta, folhas soltas, um jogo de canetinhas incompleto, e todo material que possa ser usado na sala de aula. A campanha somente não aceita livros didáticos, pois são determinados pelas escolas e seu uso é grupal.
O material recolhido é recuperado e limpo, cadernos são encapados, lápis são apontados, e tudo é reunido em conjuntos que serão doados a quem necessita estudar e não tem os recursos para comprar material novo.
O trabalho de recuperação e reciclagem é voluntário. As organizadoras convidam adultos e crianças que queiram colaborar com este serviço generoso e prazeroso.
Nestes últimos anos, a soma de muitos gestos tem ajudado bastante a muita gente disposta a aprender e estudar. Em 2012, as organizadoras da 4ª edição da Campanha confeccionaram mais de 400 kits, que foram distribuídos para entidades como a Casa da Prece, a Escola Ferreira Viana e o serviço de pediatria da Faculdade de Medicina da UFPel.
Em 2014, os beneficiados foram o Núcleo Rotary Vila Castilhos, a comunidade da Igreja do Porto e a Escola da Colônia Z3. Também foi entregue material reciclado para a assistente social Daniela Fossati, que trabalha diretamente com a população carente no CRAS Areal.
Em 2015 a campanha ganhou novos parceiros, que funcionam como pontos de arrecadação: a Farmácia Uso Indicado (Voluntários 1050) e a Doceria Márcia Aquino (Av. Bento Gonçalves 3295).
Faça uma vistoria em seus materiais e presenteie aquilo que não for usar mais. Pense que suas coisas não usadas não são lixo, e serão úteis para alguém. O centro das doações é a casa do Ágape (Anchieta 4480). A segunda-feira 2 de março é a data limite para entrega. Quem não puder entregar pessoalmente, ligue para 3028 4480, 8416 6762 ou 8464 5231.
O simples gesto de doar uma caneta ou uma borracha usada simboliza uma atitude de solidariedade, que se faz necessária em nossa convivência social. A campanha quer chamar a atenção para o fato de que algo a ser desprezado por uma pessoa com posses é de muita utilidade para quem nada tem.
Com o lema "O que é lixo para uns é luxo para outros", a campanha a cada ano vem ganhando mais doadores e voluntários. Hoje, a divulgação ultrapassou os conhecidos e é feita pela mídia local, que passou a ser de fundamental importância para o crescimento das doações. As principais fontes são as famílias e escolas mais ricas, onde sempre sobra algum material ainda em condições de uso.
Aceitam-se materiais aproveitáveis, como cadernos com folhas em branco, canetas com carga pela metade, lápis sem ponta, folhas soltas, um jogo de canetinhas incompleto, e todo material que possa ser usado na sala de aula. A campanha somente não aceita livros didáticos, pois são determinados pelas escolas e seu uso é grupal.
O material recolhido é recuperado e limpo, cadernos são encapados, lápis são apontados, e tudo é reunido em conjuntos que serão doados a quem necessita estudar e não tem os recursos para comprar material novo.
O trabalho de recuperação e reciclagem é voluntário. As organizadoras convidam adultos e crianças que queiram colaborar com este serviço generoso e prazeroso.
Nestes últimos anos, a soma de muitos gestos tem ajudado bastante a muita gente disposta a aprender e estudar. Em 2012, as organizadoras da 4ª edição da Campanha confeccionaram mais de 400 kits, que foram distribuídos para entidades como a Casa da Prece, a Escola Ferreira Viana e o serviço de pediatria da Faculdade de Medicina da UFPel.
Em 2014, os beneficiados foram o Núcleo Rotary Vila Castilhos, a comunidade da Igreja do Porto e a Escola da Colônia Z3. Também foi entregue material reciclado para a assistente social Daniela Fossati, que trabalha diretamente com a população carente no CRAS Areal.
Em 2015 a campanha ganhou novos parceiros, que funcionam como pontos de arrecadação: a Farmácia Uso Indicado (Voluntários 1050) e a Doceria Márcia Aquino (Av. Bento Gonçalves 3295).
Faça uma vistoria em seus materiais e presenteie aquilo que não for usar mais. Pense que suas coisas não usadas não são lixo, e serão úteis para alguém. O centro das doações é a casa do Ágape (Anchieta 4480). A segunda-feira 2 de março é a data limite para entrega. Quem não puder entregar pessoalmente, ligue para 3028 4480, 8416 6762 ou 8464 5231.
Fotos: D. Meine
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
Chover no molhado, chover no inundado
Fernando Osório e Guilherme Wetzel formam um amplo espaço, que raramente inunda. Hoje a esquina do shopping Zona Norte ficou intransitável por um par de horas (fotos de S. Machado). |
Como acontece com frequência na região de Pelotas, baixa e úmida, uma forte chuva de poucos minutos alagou ruas e calçadas. A expressão "chover no molhado" é verificada com frequência, inverno e verão. O diferente foi que, desta vez, mais casas se viram afetadas e os carros estacionados ficaram tapados até acima das rodas em áreas que raramente inundam. Não houve feridos nem desabrigados.
O Facebook foi fonte de muitas imagens e algumas gozações com o governo municipal (v. Diário Popular). Cidadãos de caiaque faziam um protesto mudo e risível (jornal registrou um deles); veja foto de um navegante não virtual no MetSul. No meio da tarde, num sobrado da Voluntários, foi o andar de cima que inundou primeiro, com a água vazando para o térreo (vídeo aqui).
As primeiras gotas caíram às 14h30 e o toró somente aliviou às 17h, com reinício após as 19h. A imensa nuvem negra que chegava pelo sul indicava que a quantidade de "recurso hídrico" seria abundante.
Um ponto que é raro ver-se inundado é o da chamada "curva da morte", ante o centro comercial Zona Norte (foto acima). Ali, o estacionamento da Guilherme Wetzel ficou um lago, evitado por carros e ônibus.
A ampla área da Marcílio Dias com Sete de Setembro era outro lago; mas o estacionamento nessa esquina era elevado e não molhou o interior dos carros (vídeo de Thiciane Gomes). Cenas semelhantes foram vistas em vários pontos, com pessoas ilhadas, precisando de barcos.
Pelo canalete da Argolo, a vizinha tentava atravessar a rua sem ver o chão (foto à direita), e quase sem ver o canalete, que, desta vez, estava sendo tragado pela rua, o canal maior. Leitores do jornal Tradição enviaram fotos dessa área, que inunda com qualquer chuva. Na Anchieta com Major Cícero, onde jamais alaga, a água começou a entrar na loja da esquina (ver mais).
Na esquina dos generais (Osório com Argolo), onde não há o canalete aberto, a água entrava pelas casas. Numa delas, com vedação da porta transparente, podia-se ver, desde dentro, que a altura do pequeno mar ia acima dos joelhos. Confira abaixo a impressionante e inédita imagem. Como desgraça pouca é bobagem, aqui não se chove mais no molhado, somente no inundado.
O Facebook foi fonte de muitas imagens e algumas gozações com o governo municipal (v. Diário Popular). Cidadãos de caiaque faziam um protesto mudo e risível (jornal registrou um deles); veja foto de um navegante não virtual no MetSul. No meio da tarde, num sobrado da Voluntários, foi o andar de cima que inundou primeiro, com a água vazando para o térreo (vídeo aqui).
Canalete da Argolo foi inundado pela rua (fotos F.Añaña). |
Um ponto que é raro ver-se inundado é o da chamada "curva da morte", ante o centro comercial Zona Norte (foto acima). Ali, o estacionamento da Guilherme Wetzel ficou um lago, evitado por carros e ônibus.
A ampla área da Marcílio Dias com Sete de Setembro era outro lago; mas o estacionamento nessa esquina era elevado e não molhou o interior dos carros (vídeo de Thiciane Gomes). Cenas semelhantes foram vistas em vários pontos, com pessoas ilhadas, precisando de barcos.
Pelo canalete da Argolo, a vizinha tentava atravessar a rua sem ver o chão (foto à direita), e quase sem ver o canalete, que, desta vez, estava sendo tragado pela rua, o canal maior. Leitores do jornal Tradição enviaram fotos dessa área, que inunda com qualquer chuva. Na Anchieta com Major Cícero, onde jamais alaga, a água começou a entrar na loja da esquina (ver mais).
Na esquina dos generais (Osório com Argolo), onde não há o canalete aberto, a água entrava pelas casas. Numa delas, com vedação da porta transparente, podia-se ver, desde dentro, que a altura do pequeno mar ia acima dos joelhos. Confira abaixo a impressionante e inédita imagem. Como desgraça pouca é bobagem, aqui não se chove mais no molhado, somente no inundado.
A porta transparente vedada permitia ver o nível das águas lá fora (foto J. Machado). |
POST DATA
20-02-15
Veja mais 19 fotos do aguaceiro de ontem nas ruas do Rincão das Pelotas.
21-02-15
A informação (v. notícia) é que caíram 156 mm em sete horas da quinta-feira, mais que o normal para fevereiro (147mm). O momento mais forte da chuva teve 86mm em 45 minutos.
22-02-15
Vídeo de Débora Ramos no Facebook.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
Raízes uruguaias em Pelotas
No vídeo abaixo, da agência Maria Bonita Comunicação, Eduardo María Pereira Gozalbo apresenta o Setor de Literatura Uruguaia, criado em 2014 na Biblioteca Pública Pelotense (v. postagem neste blogue). Pereira coordena o projeto América & Pampa — também ligado à Biblioteca e fundado em 2003 — e preside o conselho da AURPAGRA em Pelotas, órgão ligado ao Ministério do Exterior uruguaio. Falando em espanhol, ele se refere à cidade de Pelotas, onde ele é parte da assim chamada colônia uruguaia, estimada hoje em 2500 pessoas. Há dez anos, a estimativa era de 1500 uruguaios em Pelotas, incluindo os não legalizados.
Em 2007, o cônsul Paulo Scheiner propôs oficialmente, ao prefeito Fetter Jr., a fundação de uma Casa de Cultura Uruguaio-Pelotense (v. notícia). O projeto era de uma equipe do curso de Letras da UFPel e deu origem ao blogue Casa de Cultura Uruguaya.
As ligações entre o Uruguai e Pelotas existem desde 1777, pelo menos, quando muitos portugueses vieram desde Colônia do Sacramento (hoje cidade uruguaia) à região que hoje é Pelotas. Naquele ano, o Tratado de Santo Ildefonso (v. Wikipédia) determinou a saída de todos os portugueses da Colônia. A vila nasceu em 1680 como um forte português e foi bombardeada pelos espanhóis durante quase um século, mas sempre resistiu (v. história de Colônia). A fronteira entre as possessões de além-mar não estava claramente definida e os portugueses a levaram ao ponto mais próximo de Buenos Aires, a margem oposta do Rio da Prata.
Com o tratado que os obrigava a sair do território espanhol (incluindo o lado oriental da Colônia e o lado ocidental de Buenos Aires), a maioria dos portugueses preferiu radicar-se em região próxima e pacífica, não afeta a ataques (em 1776, a Vila do Rio Grande havia sido reconquistada, após ocupação espanhola de uma década). No chamado Rincão das Pelotas já existiam famílias que se haviam refugiado nas proximidades de Rio Grande, aproximadamente desde 1766.
Fazendas e charqueadas no Rincão das Pelotas determinaram, desde o ano do tratado, a existência de habitantes "pelotenses" antes da criação da zona urbana . Assim, os primeiros colonizadores do Uruguai foram portugueses, e os primeiros colonizadores de Pelotas vieram da região uruguaia (quase todos, portugueses nascidos em território espanhol).
O plano de urbanização da futura cidade foi autorizado 35 anos depois, com a fundação da Freguesia de São Francisco de Paula por parte do rei português, então residente no Rio de Janeiro, em 7 de julho de 1812 (v. história de Pelotas).
Vídeo: Maria Bonita Comunicação
Em 2007, o cônsul Paulo Scheiner propôs oficialmente, ao prefeito Fetter Jr., a fundação de uma Casa de Cultura Uruguaio-Pelotense (v. notícia). O projeto era de uma equipe do curso de Letras da UFPel e deu origem ao blogue Casa de Cultura Uruguaya.
As ligações entre o Uruguai e Pelotas existem desde 1777, pelo menos, quando muitos portugueses vieram desde Colônia do Sacramento (hoje cidade uruguaia) à região que hoje é Pelotas. Naquele ano, o Tratado de Santo Ildefonso (v. Wikipédia) determinou a saída de todos os portugueses da Colônia. A vila nasceu em 1680 como um forte português e foi bombardeada pelos espanhóis durante quase um século, mas sempre resistiu (v. história de Colônia). A fronteira entre as possessões de além-mar não estava claramente definida e os portugueses a levaram ao ponto mais próximo de Buenos Aires, a margem oposta do Rio da Prata.
Com o tratado que os obrigava a sair do território espanhol (incluindo o lado oriental da Colônia e o lado ocidental de Buenos Aires), a maioria dos portugueses preferiu radicar-se em região próxima e pacífica, não afeta a ataques (em 1776, a Vila do Rio Grande havia sido reconquistada, após ocupação espanhola de uma década). No chamado Rincão das Pelotas já existiam famílias que se haviam refugiado nas proximidades de Rio Grande, aproximadamente desde 1766.
Fazendas e charqueadas no Rincão das Pelotas determinaram, desde o ano do tratado, a existência de habitantes "pelotenses" antes da criação da zona urbana . Assim, os primeiros colonizadores do Uruguai foram portugueses, e os primeiros colonizadores de Pelotas vieram da região uruguaia (quase todos, portugueses nascidos em território espanhol).
O plano de urbanização da futura cidade foi autorizado 35 anos depois, com a fundação da Freguesia de São Francisco de Paula por parte do rei português, então residente no Rio de Janeiro, em 7 de julho de 1812 (v. história de Pelotas).
Vídeo: Maria Bonita Comunicação
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
Blues continua em casa maior
O pub e petisqueria Diabluras Gastronômicas está em casa nova e bem maior, na Félix da Cunha 954 (ao lado da Fábrica Cultural), de segunda a sábado, com programas musicais diversos. Até 2014 e por poucos anos, o barzinho esteve num pequeno espaço que antes acolhera uma sorveteria, na Três de Maio com Alberto Rosa.
Nas quintas o Diabluras tem jazz, nas sextas tem música brasileira (choro, samba e bossa nova), aos sábados a Diávolos Band. Os nomes são meio endiabrados (em espanhol, diabluras significa "diabices", no sentido de "travessuras"). No final desta nota há uma explicação possível para esta relação entre música e sentimento.
Mas o projeto preferido da turma under anglofônica é nas terças-feiras: o Toca um blues aí, que veio como continuação do "Terça Diablues", desde março de 2014. Em maio, mencionamos aqui no blogue esta iniciativa, quando ainda soava no bairro do Porto (v. postagem Blues no Diabluras não para).
Segundo César Lascano, produtor do "Toca um blues aí", o objetivo é difundir este gênero musical, além de contribuir a valorizar e potencializar a cena musical de Pelotas (Diário da Manhã impresso, 27-1-2015, p. 15, nota de Marcelo Nascente "Yes, we got the blues").
Cada semana são convidados músicos da cidade e da região, o que faz que eles se reconheçam, improvisem e se entusiasmem com novas oportunidades. O projeto também permite que outros músicos presentes subam ao palco, mesmo não estando formalmente anunciados.
No vídeo acima, trecho da terça 15 de abril de 2014 (3ª noite do "Blues aí"), com César Lascano (gaita e vocais), Dione Martins (guitarra), Marcelo Valente (bateria) e Wallace Moraes (baixo). Precisamente hoje, volta Lascano (v. figura acima).
O blues nasceu na cultura afro-norte-americana, derivada dos negro spirituals, e originou outros gêneros como o jazz, o country, o soul e o rock and roll. A expressão "the blues" se refere aos diabos azuis (blue devils), que simbolizam a tristeza vivida pelos negros americanos (v. Wikipedia em espanhol).
Casualidade ou não, a expressão híbrida "diablues", criada em Pelotas, onde também houve muitos escravos, representa o mesmo sentido norte-americano do século XVIII. Onde houve sofrimento profundo, surgirá o blues negro ou similar.
O Diabluras teve interessantes apresentações em janeiro: na quinta 29 houve o reencontro histórico do Grupo Casagrande (jazz), e terça 27 foi o 14º show da série do blues, com Matheus Torres e Alinson Alaniz. A reativação do projeto musical foi reporteada pelo Diário Popular, esta semana. E não se pode esquecer que a gastronomia é o segundo ponto forte da casa, assinado pelo chef Márcio Peixoto (veja aqui outras delícias).
Lascano + Peixoto, hoje (3-2) no 15º Toca um Blues Aí |
Mas o projeto preferido da turma under anglofônica é nas terças-feiras: o Toca um blues aí, que veio como continuação do "Terça Diablues", desde março de 2014. Em maio, mencionamos aqui no blogue esta iniciativa, quando ainda soava no bairro do Porto (v. postagem Blues no Diabluras não para).
Segundo César Lascano, produtor do "Toca um blues aí", o objetivo é difundir este gênero musical, além de contribuir a valorizar e potencializar a cena musical de Pelotas (Diário da Manhã impresso, 27-1-2015, p. 15, nota de Marcelo Nascente "Yes, we got the blues").
Cada semana são convidados músicos da cidade e da região, o que faz que eles se reconheçam, improvisem e se entusiasmem com novas oportunidades. O projeto também permite que outros músicos presentes subam ao palco, mesmo não estando formalmente anunciados.
Théo Gomes criou o logo do "Toca um blues aí". |
O blues nasceu na cultura afro-norte-americana, derivada dos negro spirituals, e originou outros gêneros como o jazz, o country, o soul e o rock and roll. A expressão "the blues" se refere aos diabos azuis (blue devils), que simbolizam a tristeza vivida pelos negros americanos (v. Wikipedia em espanhol).
Casualidade ou não, a expressão híbrida "diablues", criada em Pelotas, onde também houve muitos escravos, representa o mesmo sentido norte-americano do século XVIII. Onde houve sofrimento profundo, surgirá o blues negro ou similar.
O Diabluras teve interessantes apresentações em janeiro: na quinta 29 houve o reencontro histórico do Grupo Casagrande (jazz), e terça 27 foi o 14º show da série do blues, com Matheus Torres e Alinson Alaniz. A reativação do projeto musical foi reporteada pelo Diário Popular, esta semana. E não se pode esquecer que a gastronomia é o segundo ponto forte da casa, assinado pelo chef Márcio Peixoto (veja aqui outras delícias).
O saudável steak de linguado é criação de Márcio Peixoto, chef do Diabluras. |
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