segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Entre a arte e o vandalismo
Foto de F. A. Vidal
domingo, 27 de fevereiro de 2011
As complicações do amor, para a psicanálise
A primeira palestra foi a do dr. Zimerman — que veremos nesta nota — e a segunda foi conduzida por Marciara Centeno, psicóloga em formação psicanalítica, que falou das dificuldades do amor relacionando-as com a autoestima. As duas reuniões atraíram numeroso público jovem, principalmente da área profissional da psicologia e da psicanálise, e ambas duraram pouco mais de duas horas (sem evasão), indicador do alto interesse desse público.
Concentrando-se no psicanalista britânico Wilfred Bion (1897-1979), Zimerman abordou o tema à base de quatro emoções vinculadoras: Amor, Ódio, Conhecimento e Narcisismo. Essas tendências vêm sendo tratadas pela psicanálise desde Freud, passando por Melanie Klein e Bion. Sobre este tema, o próprio Zimerman publicou o livro "Os quatro vínculos" (ArtMed 2010, veja o sumário), escrito posteriormente a esta conferência em Pelotas (veja resenha de 2009), e anteriormente "Bion da teoria à prática" (ArtMed, 2003).
Sobre o primeiro elemento, o especialista disse que o amor é um vínculo recíproco, uma relação de ida e volta. Há vínculo amoroso entre a mãe e seu bebê, entre namorados, entre analista e paciente. Para Bion, vínculo é “toda relação de união entre pessoas ou entre partes internas de uma pessoa”. Freud estudou esse tipo de pulsões, as libidinais ou amorosas. Melanie Klein se deteve nas emoções negativas (ódio, inveja e culpa).
Por sua parte, Bion valorizou o desejo de conhecimento, que se manifesta como um amor à verdade, perseverante mas não rígido. Nas relações pessoais, essa “pulsão epistemofílica” (desejo de investigar e de saber) nos faz querer conhecer o ser amado — sem deixar de respeitá-lo — e querer que este nos conheça em nossa verdade interna.
A teoria de Bion inclui as outras duas tendências (amor e ódio), cada qual com seu lado bom e mau: o amor tem seu lado negativo na possessão asfixiante do objeto amado e o ódio tem expressão positiva na agressividade, necessária para defender-se, proteger, avançar, mudar, criar.
Como nossas emoções são construtivas e destrutivas, assim as dirigimos à pessoa amada: amando-a — na medida em que nossas partes internas estejam encontrando o amor próprio — e odiando-a, na medida de nossa raiva, dor, conflito, culpa. Se o amor predominar sobre o ódio, a relação evoluirá para bem; se o ódio predominar, a relação será destrutiva.
Também há pulsões narcisistas, conhecidas como “egoísmo” (lado ruim das tendências à autossatisfação). Sem uma dose certa de narcisismo (preocupação consigo mesmo) não poderíamos sobreviver nem gostar de nós mesmos. Um nome popular dessa tendência em grau bom é a autoestima.
Em cada pessoa, então, essas variáveis formam as configurações vinculares, os diversos modos de amar e ser amado. O amor considerado sadio joga com esses quatro elementos, analisados numa relação entre duas pessoas: cada uma delas amando, odiando e conhecendo a outra, e relacionando-se com as partes de si mesma (não só numa autoestimação pura, mas também com possíveis elementos negativos).
Quanto às complicações: há a relação narcisista, a configuração triangular, o sado-masoquismo, o vínculo “tantalizante”, eterna e desesperante frustração (assim nomeado por Zimerman a partir do mito de Tântalo). Outra complicação do amor é a chamada gamofobia ou evitação do casamento, por medo ao sufoco ou a ser adulto (veja reportagem).
Precisamos equilibrar-nos entre certo grau de idealização e as inevitáveis desilusões, seja na vida de casal, seja no âmbito da psicoterapia. A melhor relação amorosa será uma configuração vincular “suficientemente boa”, onde é preservada a admiração e as desilusões podem ser toleradas.
Imagens da web
Piquenique cultural na Baronesa
- uma exposição de fotos de Adriane Santi (acima),
- um documentário da mesma Adriane, com bate-papo,
- oficina de nanquim com Janete Flores,
- coreografia para crianças com Brenda Furtado,
- percussão e canto dos Anjos e Querubins,
- Rádio Poste com Paulo Celente,
- Feira ao Quadrado,
- poemas urbanos com Daniel Moreira,
- roda de grávidas com Isane D'Ávila,
- feira de adoção de filhotes (dir.).
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Tia Yolanda Nunes faz 100 anos de vida
Precisaríamos reunir rolos e rolos de filmes para poder rodar tanta aventura, tanta luta, trabalho e - principalmente - amor, amor às crianças. Quantas e quantas pessoas passaram por sua vida... Qual é o segredo dessa longevidade, dessa sabedoria, de ter tanto espaço em seu coração para amar tanta gente que foi chegando: uns nascendo, outros se agregando à família, outros trazendo amizade.Tendo dedicado toda a vida a seu trabalho como professora e alfabetizadora, a Tia Yolanda criou, após sua aposentadoria, a primeira escola infantil particular de Pelotas, o Recanto Infantil.
Nós, seus familiares e admiradores, queremos agradecer por toda a educação que por ela nos foi dada e pela lição de vida e de respeito que continuamos a ter o prazer de aprender por meio de tão especial pessoa.
A história conta que o início foi em 10 de março de 1952, numa sala no Colégio São José. As crianças faziam, em cada um dos cantos, uma atividade diferente, daí o nome “Recanto Infantil“. Começou pequeno e se foi ampliando ao longo do tempo, sem nunca mais desaparecer.
Como escola pré-primária, o Recanto Infantil funcionou num casarão da rua Anchieta, esquina Almirante Tamandaré. Na época, o trecho ao sul da Praça Osório chamava-se Rua General Vitorino. A escolinha funcionava com níveis pré-escolares e algumas turmas do então Curso Primário, hoje Ensino Fundamental. Hoje ali se encontra um condomínio de apartamentos.
Em 1988, Dona Yolanda se "autoaposentou" como diretora - aos 77 anos de idade, depois de 36 anos do primeiro "recantinho" - passando seu empreendimento à professora Clarinda Wieczorek Coutinho, que dirige a Escola até hoje.
Os níveis superiores foram sendo oferecidos gradualmente, para que as crianças seguissem no "Recanto", até que em 1998, já completada a estrutura do Ensino Fundamental, os alunos adolescentes pediram a mudança do nome “Recanto Infantil“ para outro mais significativo para eles. Em votação de toda a comunidade escolar foi escolhido o nome de Castro Alves (veja uma biografia do Poeta dos Escravos).
Há treze anos, portanto, o que foi "Recanto Infantil" se denomina Escola de Ensino Fundamental Castro Alves, sob a mesma direção. A entrada principal (dir.) é pela Rua General Osório 366 (entre Gomes Carneiro e Três de Maio), com acesso aos níveis pré-escolares pela Gomes Carneiro (acima) e berçário Recanto Infantil pela Andrade Neves (informações disponíveis no Histórico da Escola Castro Alves).
Em março de 2012, a iniciativa da Tia Yolanda completará 60 anos. Caberia uma homenagem oficial do Município de Pelotas a sua querida educadora.
Fotos de F. A. Vidal
POST DATA
9-5-2013
Yolanda Nunes faleceu ontem (8), aos 102 anos.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Satolep de olhos cerrados
Nesse mesmo dia às 18h, a artista conversará com o público, falando de seus trabalhos e do processo de criação, que ela desenvolveu no curso de especialização sobre patrimônio cultural.
Kelly contará, por exemplo, que desde 2009 realiza a pesquisa "Deolhoscerrados: Visões sem lembranças", construindo uma espécie de inventário desta falsa modalidade arquitetônica, fruto do acaso e do abandono.
O Álbum SatolepCromos é um trabalho paralelo à exposição e ao mesmo tempo faz parte dela como uma de suas obras. Trata-se de um livro para colecionar e colar as fotografias da Satolep De Olhos Cerrados, que podem ser baixadas da internet. A pesquisa foi realizada junto a Universidade Federal de Santa Maria sob apoio da CAPES.
O Ágape Espaço de Arte está localizado na rua Anchieta 4480 (telefones 3028 4480 e 8416 6762). Pesquise mais fotos e vídeos no blogue de Kelly De Olhos Cerrados e no do Espaço Ágape.
Imagens: K. Wendt (1), F. A. Vidal (2) e D. Meine (3-4)
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Pierre Dutot inclui Pelotas no mapa
Por que sempre no sul do Brasil? Porque seu contato é seu ex-aluno Evandro Matté, regente da Orquestra UNISINOS e diretor do Festival de Pelotas.
O visitante não esconde seu contentamento por ter vindo a este curso internacional em Pelotas:
— O Festival coloca Pelotas no mapa mundial da música e traz a oportunidade para esta cidade conhecer o melhor da música e ajudar na formação de seus jovens.
Dutot foi entrevistado por Brigida Sofia, para o Jornal do Comércio (leia a reportagem). Para ele, o Brasil é um daqueles países que vem dedicando maiores espaços à cultura, ao lado de México e Venezuela. “Bem diferente de Inglaterra, Alemanha e mesmo a França, infelizmente”, opina.
O esforço e a motivação dos estudantes também são pontos positivos nestes cursos internacionais, pelo qual ele anima seus alunos a irem à França. Vencida a barreira dos custos da viagem, o professor acredita que as chances de sucesso são altas, pois os brasileiros que chegam ao seu país (ele leciona no Conservatório de Bordeaux) veem oportunidades que os franceses não aproveitam tanto.
— O Brasil tem uma imagem muito boa na França. Sempre digo a meus alunos franceses: "Vão ao Brasil porque lá as pessoas estão sempre sorrindo”.
No vídeo abaixo, Pierre Dutot interpreta Lazy Trumpeter, do norte-americano Edrich Siebert (1903-1984), acompanhado pela Orchestre d'Harmonie de Lannilis, dirigida por Claude Maine (fevereiro de 2010, em Milizac, Bretanha francesa).
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Notas sobre o I Festival SESC
O Campus I da UCPel foi sede de cursos e viu seus corredores se encherem de música, como se ali houvesse um conservatório permanente. Acostumada com equipamentos químicos, a laboratorista Rosimeri de Souza (abaixo à dir.) pôde ver e ouvir por primeira vez uma tuba (esq.).
O paulista Luke Faro, que lecionou bateria de jazz, disse que o evento superou suas expectativas, tanto quanto ao público como aos alunos, com grande riqueza de trocas de experiência entre os participantes (leia a reportagem da UCPel).
No vídeo abaixo, uma apresentação dele com Nicola Spolidoro na guitarra e Lucas Esvael no baixo (2º Batukeiros do Sul, Porto Alegre, dezembro de 2010).
O sítio do SESC-RS foi fonte informativa sobre o Festival e as personalidades, muito mais que outros veículos. Em suas notícias informou que uma das violinistas do Festival era Camille Gomes Foletto (abaixo), integrante da Orquestra Sinfônica de Santa Maria. A jovem de 16 anos começou a tocar aos 4, e já foi aprovada para estudar música na UFSM. Veio a Pelotas com sua mãe e, assim como os demais músicos, participou de aulas, ensaios e apresentações com grupos formados no evento (leia a nota).
As irmãs Gabriela e Juliana Roehrs - respectivamente flautista e violinista da Orquestra da UNISC - vieram de Santa Cruz do Sul para este evento. Juliana veio para assistir a participação da irmã, mas não podia perder este Festival, mesmo como espectadora.
São somente uns poucos exemplos humanos de como este evento musical, que já nasceu grande, envolve artistas, educadores, comunicadores e um grande público que aprecia a boa música, transformadora da alma e da vida das pessoas.
Confira o post Versos para o I Festival SESC de Música e outras notas no marcador Festival SESC.
Foto: W. Lima (1-2) e Fecomércio (3)
domingo, 20 de fevereiro de 2011
"Bastien e Bastienne" estreia em Pelotas
No Diário Popular, que não destina espaço à crônica de arte nem à crítica especializada, somente a colunista social Marina fez um relato do concerto, em um parágrafo (leia).
É interessante destacar que esta miniópera cômica foi filmada com crianças, em 1979, pelo diretor francês Michel Andrieu (dir.). No vídeo abaixo, veja o trecho inicial do filme (105 min em total).
Deste concorrido, movimentado e exitoso Festival Internacional de Música, por certo o genial Mozart (1756-1791) não poderia estar ausente e a mostra de sua criatividade ocorreu no breve transcurso de sua picaresca ópera Bastien und Bastienne, posta em cena e intensamente assistida em nosso Theatro Guarany.
De início se tornou notório o excelente ritmo da peça, tão bem musicada pela Orquestra Unisinos e simultaneamente traduzida em legível e imediata divulgação, sem prejuízo nem do texto original, nem de sua musicalidade, aliás belamente vocalizada pelo disposto e bem ensaiado elenco.
Ao compor esta ópera, o talento do jovem Mozart recém dava demonstração de uma enorme amplitude e qualificação. Nesta quinta-feira 10 de fevereiro, essa “artística brincadeira” (Singspiel) captou a atenção dos presentes e, a muitos de nós, incluso o cronista, por primeira vez nos possibilitou: assistir com curiosidade, admirar e apreciar o primeiro trabalho de iniciante a um trabalho difícil, abrangente e sutil em seus detalhes e arremates. Assim, pudemos aplaudir longamente o gênio de um autor que, vindo ao mundo há mais de dois séculos, sempre será alvo de merecido festejo e valorização por sua ampla e qualificada obra, profundamente marcada por um talento inato, mas pelas adversidades que soube enfrentar e vencer com coragem e fé inabaláveis!
A curiosa aparição (na abertura desta obra de Mozart, de 1768) de um trecho melódico da Sinfonia nº 3 de Beethoven, de 1804, deve-se ao acaso (e não a um plágio de Beethoven, que não a conheceu), diz o verbete em inglês da Wikipedia.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Bravo pelo Festival
Na foto, o trombonista argentino Pablo Fenoglio, dando aulas na Fábrica Cultural Música pela Música. Abaixo, a Orquestra UNISINOS, dirigida por Evandro Matté.
É com imensa alegria e orgulho que vejo Pelotas sediar o 1º Festival Internacional SESC de Música, transformando-se em palco de exímios instrumentistas, músicos do mais alto gabarito, que nos engrandecem com seu talento e sua virtuosidade.
Transformando-se não seria expressão correta. Pelotas é, por natureza, morada de grandes artistas, valorosos músicos, poetas, maestros. Não é à toa, certamente, que foi a cidade escolhida para sediar este tão importante evento, e acolher outros mestres.
Estética perfeita: músicos e seus instrumentos circulando por esta linda cidade, que guarda história e beleza, e reverencia arte diuturnamente.
Creio que estes quatorze dias de Festival hão de suscitar em cada pelotense (de nascimento ou por adoção)este elevado sentimento: esta cidade faz eco ao que há de mais sofisticado (no sentido da pureza e preciosidade) e termos de arte, em todas as suas formas de expressão.
Por isso, cala em mim o sentimento de que a vivacidade demonstrada pelo público em cada BRAVO! há de guiar esta cidade para a promoção da cultura, especialmente para a recuperação de nossos teatros (S.O.S. Teatro Sete de Abril), enfim para o aplauso sempre de pé às iniciativas de levar arte a todos, como um direito irrenunciável.
Fotos do Festival: M.Vasconcellos (1), R. Stoduto (2)
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Festival de Música SESC seguirá em Pelotas
A boa notícia foi confirmada esta noite pelo gerente de Educação, Assistência e Cultura do SESC/RS, Silvio Bento. Ao finalizar o concerto na Catedral, ele anunciou que o evento seguirá sendo realizado em Pelotas, e já tem data marcada: a começar na segunda-feira 9 de janeiro de 2012 e terminando no sábado 21 desse mês. O público que até com cadeiras de praia lotava a Catedral aplaudiu e gritou com entusiasmo.
A parceria entre o SESC, a Prefeitura Municipal, UFPel, UCPel e empresas deu certo, mas a aceitação do público - disse Bento - foi fator crucial para seguir realizando o encontro em nossa cidade. O êxito evidenciado nos teatros cheios levou a confirmar essa decisão, já esboçada nos dias prévios como uma possibilidade.
Maestro da Orquestra UNISINOS e diretor artístico do Festival, Evandro Matté foi o grande incentivador de que o evento se fizesse em Pelotas e agora é um dos partidários de que sua continuidade seja também aqui: a cidade tem as condições físicas e a comunidade deu pleno apoio. "O Rio Grande do Sul estava precisando de um festival assim. Desde 1982, não havia um evento deste porte no Estado", disse à reportagem da UCPel (leia nota).
Mais um presente para o Bicentenário de Pelotas, a ser comemorado durante o ano de 2012.
Foto de F. A. Vidal
Versos para o I Festival SESC de Música
Em cada esquina, um instrumento
Em cada quadra, uma clave de sol
Em cada rua, uma nova melodia
Em cada bairro, um show!
Durante 14 dias a cidade é mais musical, cultural e artística
Com música de Concerto, Instrumental e Jazz para resgatar nossa história
São sete países, com violino, clarinete e saxofone
Aprendizado e intercâmbio de experiências, com contrabaixo, trombone e canto lírico
São recitais, com sonhos e desejos
A música de câmara vem acompanhada de trompa, flauta e piano
Os concertos, com violoncelo, fagote e oboés
São apresentações de música instrumental, com alma e vibração
São sonatas de entrada franca
Onde o som se propaga e a música se espalha
Do Conservatório de Música para a Arena do Laranjal
Da Catedral São Francisco de Paula para o salão do Clube Brilhante
Viva intensamente, se entregue para esta sinfonia
Faça parte desta imersão musical
Participe desta orquestra, dance este tango
Entre neste jazz, toque nesta banda
Seja aluno, professor, espectador, músico
Permita-se viver esta frequência que no ar se propaga
Sinta esta onda entrar em suas veias
Venha flanar nesta escala musical pelotense
Faça sua própria música!
Jornalista (com graduação e mestrado), Taciane Corrêa não é de Pelotas mas viaja pelo mundo e escreve em jornais de várias cidades, com muita imaginação, graça poética e alegria de viver (veja sua autodefinição no blogue Pedagogia Criativa). Segundo seu perfil no Facebook, nasceu em Jaguarão e mora hoje em Porto Alegre.
O escrito acima saiu domingo passado (13) no Diário Popular (leia o texto completo), à base de dados de divulgação do Festival Internacional SESC de Música.
Fotos: M. Vasconcellos (1), W. Lima (2-3), T. Corrêa (4)quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
O retrato da Presidenta
No Salão Nobre da Prefeitura (esq.), os prefeitos de Pelotas não renunciam a seus retratos fotográficos, nos últimos 120 anos (veja o post). Já para um retrato mais autoral se requer maior compreensão da linguagem das linhas e das cores.
Leonardo D´Ávila, um feliz início no pincel
A obra apresentada foi o óleo "Tarde com amigos" (dir.), que obteve o terceiro lugar e chamou a atenção de Orayl Barcellos de Araújo, um dos curadores do Salão.
Com 35 anos de idade, era a primeira vez que Leonardo participava num concurso artístico, após somente dois anos de pintura como hobby, exercido num canto da sala, em seu apartamento no centro da cidade.
Foi logo incentivado pelo produtor artístico a fazer uma exposição individual, e o convite foi para o Espaço de Arte do Hospital São Francisco de Paula. Assim, por todo este mês de fevereiro, sete pinturas de Leonardo D'Ávila podem ser apreciadas no corredor de entrada do hospital universitário (Marechal Deodoro 1123). O portal da UCPel não mencionou, mas o Diário Popular deu destaque a esta mostra, com meia página no Caderno Zoom (edição impressa de 2 e 3 de fevereiro). A matéria destaca os elogios de Orayl :
— Ele é autodidata, mas muito maduro. Quando vi o quadro, percebi seu potencial, principalmente na questão das cores. Pelotas não pode perder esse artista.
Leonardo trabalha como acupunturista, já estudou engenharia, e vem descobrindo seus modos e técnicas de expressar-se pela arte: esboça com carvão e pinta somente a óleo. Como exercício de exploração e autodescobrimento, ele reelabora quadros de pintores reconhecidos.
Um exemplo dessa técnica de inspiração é "A fonte" (dir.), uma releitura que Leonardo fez do quadro "O Hussardo" (abaixo) de Carl Spitzweg (1808-1885).
Se o mestre alemão se concentrou na expressão realista e contrastante das luzes e sombras matinais, o aprendiz gaúcho mostra mais sua amabilidade e otimismo, evitando as asperezas e preferindo os traços curvos.
Vemos, assim, que o curador teve bom olho para detectar um artista em potencial e aqui o apresenta em fase de preparação para dizer com autonomia própria suas futuras mensagens.
Imagens: F. A. Vidal (1-2) e da web (Der Usar)
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Comentando Shakespeare em filmes
No segundo semestre daquele ano, o Instituto Profícere apresentou o ciclo de encontros mensais “A obra de Shakespeare no cinema-tragédia”. Foram projetados 4 filmes sobre textos de Shakespeare e a professora de inglês Flávia Adriana Andrade palestrou sobre cada livro e filme (Hamlet, Otelo, Rei Lear, e Romeu e Julieta).
Realizadas em sextas-feiras de agosto a dezembro, das 19h às 22h, as reuniões tiveram participação da palestrante e quatro pessoas como público espectador-debatedor. As versões de cinema escolhidas para análise estavam modernizadas, não dando a impressão de terem sido escritas há 400 anos. Um quinto filme (Macbeth) estava no programa mas terminou sendo cancelado.
O preço de 15 reais por sessão (destinado a cobrir a vinda da professora desde Porto Alegre) pôde ter causado o baixo número de interessados, mas nos anos seguintes novos ciclos foram realizados no Profícere de forma gratuita, com maior público. A experiência de 2007 foi positiva para os poucos participantes, mesmo tendo evidenciado a diferença socioeconômica e cultural que ainda temos com a capital.
No passado, Pelotas pôde estar em bom nível cultural, mas hoje não passa de uma cidade do interior que se esforça para acompanhar o ritmo moderno. Estaremos pensando em caveiras de mortos ilustres por ser desenterrados e vingados? É possível escolher entre ser ou não ser quem se é? Viver ou não viver?
O Shakespeare multivariado
Cada livro do dramaturgo inglês (1564-1616), é uma obra-prima que admite múltiplas leituras: literária, histórica, filosófica, psicológica, política. No cinema, a primeira filmagem de um texto seu foi em 1899 e até hoje se produzem novas versões de suas obras, inclusive transpondo-as a vários gêneros. Várias óperas e balês já se basearam em peças suas.
O filme “Planeta Proibido” (1956) se baseou em “A Tempestade”. O musical “Amor, Sublime Amor” (1961) revive a história de Romeu e Julieta no bairro West Side de Nova Iorque. A história do “Rei Lear” foi transportada ao oriente por Akira Kurosawa no filme "Ran" (1985) e trazido à época moderna por Jean-Luc Godard (King Lear, 1987). “A Sociedade dos Poetas Mortos” (1989) inspira-se em “Sonho de uma Noite de Verão”, obra shakespeariana que também Woody Allen reciclou a seu modo, em "Comédia Sexual de uma Noite de Verão" (1982).
Hamlet, uma tragédia edipiana
Baseada numa lenda da Dinamarca do século V, a história de “Hamlet” começa com a notícia da morte do rei desse país. Seu irmão Cláudio ocupa o trono e desposa a rainha viúva, mas o príncipe Hamlet acha que foi Cláudio quem matou seu pai para ficar com o poder (e com sua mãe). Cria-se um ódio mútuo e um tenta matar o outro.
A peça admite uma leitura política, mas se estrutura como um dramalhão familiar, e nesse sentido Sigmund Freud a comparou com o Édipo de Sófocles ("A Interpretação de Sonhos" e “Um Estudo Autobiográfico”). Ernest Jones desenvolveu o tema no livro "Hamlet e o complexo de Édipo" (Hamlet and Oedipus, 1949). Para assumir o poder (ao lado da rainha), Hamlet e Édipo, cada qual em seus contextos, se enfrentam à figura paterna, assim como cada um de nós precisa ocupar o lugar do genitor do mesmo sexo, para passar da infância à maturidade — é o que explica Freud.
Escrito cerca do ano 1600, “Hamlet” já inspirou uns 70 filmes dramáticos, desde 1907 até hoje. Os mais recentes são o de Kenneth Branagh (1996), situado no século XIX mas bem apegado ao texto original, e a versão de Michael Almereyda (2000), ambientada na neurótica vida americana dos dias atuais. Este último “Hamlet” foi o escolhido para abrir este Ciclo de Filmes Comentados, no Instituto Profícere.
Veja abaixo a cena em que a namorada Ofélia (Julia Stiles) devolve cartas que Hamlet (Ethan Hawke) lhe escreveu, enquanto os dois são espiados por Cláudio e pelo pai dela. Nesta modernização, a espionagem é feita mediante um microfone oculto, e tudo está rodeado pelos vertiginosos arranha-céus de Nova Iorque, inclusive as ainda existentes Torres Gêmeas.
Imagens da web
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Carmen Garrez vê Frida Kahlo
Com seu próprio sítio como vitrine virtual (link aqui), mantém-se produzindo, vendendo e comunicando-se com seu público no Brasil e em outros países.
Em 1990, Carmen foi premiada pela Bienal de Arte Mística (Governador Valadares, MG) e pelo Concurso para a capa da Listel da CTMR (Companhia Telefônica Melhoramento e Resistência), em Pelotas. Também ilustrou as capas de 3 livros de Manoel Magalhães: “Guerra Silenciosa" (1992), “Dois Textos Marginais" (1995) e “O Abismo na Gaveta” (1999).
Desde 1988 até 2007, a artista participou em mostras coletivas no Brasil, EUA e Europa (a próxima é em agosto de 2011, no México). Por outro lado, conta em seu currículo, no mesmo período de 20 anos, seis exposições individuais: Espaço de Novos na Prefeitura (Pelotas, 1989), Centenário da Revolução Farroupilha (Piratini, 1989), Espaço de Arte do Banco do Brasil (Pedro Osório, 1997), Sociedade Científica Sigmund Freud (Pelotas, 2000), Corredor Arte da FAU-UFPel (Pelotas, 2002) e Galeria da CliArte (Pelotas, 2007).
O ritmo das exposições individuais de Carmen (uma a cada 3 anos, em média) é bem mais baixo que o das participações coletivas (uma anual), e não por falta de produção, mas exatamente pelo contrário: sua criatividade está sempre gerando ideias e entregando obras, sem que reste muito tempo para montar exposições.
Um de seus quadros recentes mostra uma Frida Kahlo no estilo de Carmen Garrez, tropical por fora e melancólica por dentro. Belas cores rodeiam a imagem da mulher, como se a própria natureza quisesse adorná-la, com aves, flores e fundos celestes. Talvez para compensar a dor que a deixa amarrada a um corpo limitado e limitante; talvez para que a tristeza não a imobilize totalmente.Nesta imagem, no entanto, é só a alma que se vê frustrada e constrangida, pelo menos em seu lado feminino. Será o seu lado masculino que se sente menos inibido para agir? As mãos não estão bem visíveis, e aparecem debilitadas (pendurando das orelhas). Os olhos pensativos não enxergam longe nem veem coisas tão belas; precisam de lágrimas, e a lua é que chora por eles.
Assim como a maioria dos bons e verdadeiros artistas, Carmen mostra como é possível e liberador transformar em limonada os limões que a vida nos dá. Mas as limonadas de Carmen nos parecem mais doces. Será indicativo de uma doçura interna maior, ou de um maior talento para processar a amargura que a vida nos apresenta? Um dia talvez saibamos.
Foto de Carmen: F. A. Vidal
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Perda de substância
Ocorreu-me contar-lhes a passagem que li, um dia destes, sobre Frederico da Prússia, o ínclito morador de Sanssouci, o maravilhoso palácio de Potsdam.
Renato da Flauta falece aos 75 anos
O colunista do Diário Popular recorda: Renato começou a tocar com Avendano Júnior, nos tempos antigos do Johnny Drinks, bar na Voluntários da Pátria. Depois passou pelo Perdidos e Achados, do irmão Nadir Curi. Também tocou muito no Bar Liberdade (Marechal Deodoro 753).
Na foto tomada do blogue Avendano Junior, o primeiro elenco do regional, na década de 1960: Renato Pereira (flauta), Aloin e Milton (violão sete cordas), Carlos Nogueira (surdo), Avendano Júnior (cavaquinho), Roberval Silva (voz e cavaco centro), João Carlos (pandeiro).
A Moviola Filmes está preparando um curta-metragem sobre o Bar Liberdade, e obteve o financiamento no fundo municipal Procultura em 2010 (leia notícia). No vídeo abaixo, o trailer do documentário, filmado em 2008 — na ocasião sem a flauta de Renato.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Pinturas de André Winn no MAB
As obras pertencem à série "Gente" e levam os números VII, VIII e IX (dir.).
Em junho de 2010, este blogue destacou o trabalho de André em duas exposições que então realizava (veja os dois posts). Ao propor o "cubismo urbano" na pintura, ele se aproximava ao conteúdo humano, que nesta mostra é o tema principal.
Diríamos que as pessoas - esboçadas entre linhas aparentemente caóticas e cores fortes e contrastantes - estão todas em situação de encontro e querendo expressar intensidade de emoções.
A exposição começou em fevereiro, no andar superior da escola (onde André estuda), e segue mais alguns meses, pelo menos até abril próximo.
Foto de F. A. Vidal
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Fragata Futebol Clube associa-se à UCPel
O convênio foi assinado pelo Reitor da UCPel, Alencar Mello Proença, e pelo diretor do Clube, o ex-futebolista pelotense Émerson Ferreira da Rosa, conhecido como capitão da Seleção Brasileira em 2002 (na foto, com o microfone).
Émerson aposentou-se do futebol em 2009, após carreira profissional de 15 anos, e se dedica hoje a fomentar o esporte, a inclusão social e escolar, e a formação de valores esportivos e humanos.
Há poucos meses, o novo clube começou a selecionar adolescentes interessados em participar em seleções sub 13, sub 15 e sub 17, tendo em vista a participação já em 2011. A sede se encontra na Avenida Herbert Hadler, 1875 (setor do Distrito Industrial próximo à BR 116).
Nesta cerimônia, 60 jovens já foram apresentados e conheceram o centro de treinamento, que conta com três campos, alojamento, refeitório, vestiários, academia de ponta, departamento médico e diversas outras dependências (veja notícias de 2010).
Com esta parceria, a Universidade colocará estudantes e professores de Medicina, Fisioterapia, Psicologia e Direito, que farão prática na área esportiva. As negociações, que começaram em 2010, ainda pretendem ampliar a participação dos universitários de outros cursos.
— A ideia é aliar a UCPel com a imagem do atleta, e dar apoio a crianças para a área esportiva — disse a coordenadora de Extensão, Maria Clara Salengue (veja notícia da UCPel).
Além da formação técnica no esporte, os futuros jogadores terão também apoio de psicólogo, dentista e médico, acompanhamento e conscientização com os pais, palestras sobre drogas e programa de proteção ao meio ambiente.
— Nosso objetivo está baseado na formação de atletas profissionais de futebol, e mais ainda de cidadãos, porque o cidadão chega aonde quer — explicou Émerson.
O vice-presidente do Clube, Valdomiro da Silva, ressaltou:
— O nosso trabalho está a serviço dos outros clubes, pois ele atua como trabalho social. Émerson está dando um retorno à comunidade de Pelotas, onde tudo começou (v. Diário Popular de 2003 sobre sua história).
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Padroeira de navegantes, Rainha do mar
São tantas as semelhanças entre uma Orixá que preside o mar e uma Senhora que protege navios e pescadores que é mais difícil pensá-las como duas separadas do que como uma única figura com duas manifestações. Estudiosos da cultura encontram nelas uma só percepção da Mãe arquetípica, com traços divinos de amor e onipotência.
Fotos de Norma Alves
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Canto para Giamarê
A artista aceita com alegria visitas das 14h às 16h na Santa Casa de Misericórdia; para vê-la é só identificá-la pelo nome (Ligiamar), quarto 605 leito 34.
Cerca de vinte músicos organizaram shows especiais para arrecadar fundos para o tratamento da amiga cantora. Serão duas ocasiões, no Restaurante Ruella, Benjamin Constant 2036: sexta (4) e sábado (5), das 21h30 até depois da meia-noite (considerando somente 20 minutos por artista).
Sexta 4: Ana Mascarenhas, Janete Flores, Sônia Porto, Luciane Casaretto, Marco Primo, Alex Cruz, Possidônio Tavares e Maria Conceição.
Sábado 5: Daniela Brizolara, Dena Vargas, Biba Torres, Zé Ricardo, Celso Krause, Popó, Sulimar Rass e Ronaldo Pedra.
Uma noite: R$8. Duas noites: R$10. Informações e reservas: 9126 5202, 3278 3350.
No vídeo abaixo, produzido pela Moviola Filmes, trechos de ensaio do projeto "Giamarê e Odara: Tambores do Sul", com a voz de Giamarê e o grupo de dança e percussão africana Odara (todos de Pelotas).